UFPB
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) estão incorporadas à cultura de um povo em alguma região ou país, incluem diversos sistemas médicos e de cuidado à saúde que não se enquadram na medicina convencional (NCCAM, 2011). Este vasto campo de saberes compõe um arcabouço heterogêneo de formas de atenção e cuidado à saúde, incluindo desde práticas físicas como yoga, ou energéticas como o reiki, práticas autônomas disseminadas na população como o uso de plantas medicinais, até sistemas médicos complexos como a medicina tradicional chinesa e a homeopatia (LUZ, 2000).
Além das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as PICS têm avançado nos últimos anos em função de vários motivos. A crise na biomedicina evidenciou as principais limitações do modelo biomédico com relação à complexidade dos fatores que influenciam o processo saúde e doença da população, abrindo espaço para o avanço de outras racionalidades médicas (SOUZA, LUZ 2009). Cabe destaque também aos méritos próprios das PICS, como o estímulo de reequilíbrio e auto cura do usuário (JONAS; LEVIN, 2001), o maior vínculo afetivo e melhor relacionamento criado entre o terapeuta e o usuário (SALLES, AYRES 2013), e o aumento da autonomia dos usuários (TESSER; BARROS, 2008).
No Brasil, as PICS foram paulatinamente inseridas no sistema público de saúde, a partir da década de 1980. Entretanto, somente em 2006, foi editada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (BRASIL, 2006b), que define como Práticas Integrativas e Complementares (PICS) diversos sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos com a finalidade de ?estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento de vínculos e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade? (BRASIL, 2006b).
O conjunto de práticas de cuidado à saúde, reunidas sob o rótulo de PICS é abrangente e possui grande heterogeneidade (TESSER, 2009). No Brasil, ao reconhecer que esta denominação engloba práticas de tratamento muito distintas, (LUZ, 2000) categorizou as formas de tratamento em um esquema analítico, produzindo uma matriz de análise, a qual denominou de ?racionalidade médica?. As racionalidades médicas são compostas por cinco dimensões: morfologia (anatomia na biomedicina), dinâmica vital (fisiologia), sistema de diagnóstico, sistema terapêutico e uma doutrina médica própria (explicações sobre o adoecimento e a cura), permeadas por uma sexta dimensão subjacente que é uma cosmologia ou cosmovisão. Aplicando-se tais critérios em estudos sobre práticas de cura, foi possível uma diferenciação entre sistemas médicos complexos como a homeopatia, biomedicina, medicina tradicional chinesa e medicina ayurvérdica (consideradas racionalidades médicas) e outras terapias ou práticas de menor complexidade, como florais de Bach e a iridologia, que não contemplam as seis dimensões. Dessa forma, as PICS compõem um conjunto de racionalidades médicas e práticas terapêuticas e de cuidado à saúde (LUZ, 2000; TESSER, 2009).
O reconhecimento e aceitação das PICS tem ganhado espaço no campo popular e em parte do campo científico, principalmente pelo estímulo do potencial de reequilíbrio e cura do próprio paciente (JONAS; LEVIN, 2001). Portanto, o seu uso possibilita novas alternativas aos usuários, uma vez que tais práticas consideram o sujeito como um todo, levando em consideração os aspectos físicos, mentais e emocionais. A PNPIC enfatiza a inserção das PICS na Atenção Básica (AB), condizentes com os dados da literatura internacional, que reconhece a vocação natural das PICS neste âmbito da atenção.
A Atenção Básica representa a porta de entrada principal do SUS e tem como finalidades o cuidado comunitário aos adoecimentos, a prevenção de agravos, a promoção da saúde e o estímulo a autonomia dos usuários, construindo uma atenção integral aos indivíduos. Tais preceitos estão de acordo com a PNPIC, porém as afinidades entre as PICS e a AB parecem não ter sido reconhecidas e exploradas extensivamente, talvez devido às diferenças epistemológicas do cuidado baseado na biomedicina (ou outras profissões da saúde) e outras racionalidades médicas. O modelo de atenção que embasa o ensino dos profissionais da AB é a biomedicina, diferentemente de outras racionalidades médicas (LUZ, 2000) pertencentes ao campo das PICS. Porém, são encontrados preceitos semelhantes na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e na PNPIC, com relação aos aspectos de prevenção de agravos, manutenção e promoção da saúde, maior resolubilidade no cuidado aos adoecimentos, valorização dos vínculos e aumento da autonomia.
Nesse contexto, desde 2018 o Projeto de Extensão Plataforma Digital: Ferramenta de suporte para as Práticas Integrativas e Complementares nas Unidade Básicas de Saúde vinculadas à Residência de Medicina de Família e Comunidade , tem desenvolvido várias ações com o objetivo de implementação e qualificação do uso de uma plataforma digital, composta por um banco de dados, para identificar o conjunto de PICS existentes nas oito UBS, onde são desenvolvidas as ações clinico-pedagógicas.
Dentre os objetivos do Projeto aprovado no PROBEX 2019 ( PJ178-2019), destaca-se o desenvolvimento de encontros temáticos com os envolvidos e referencias vinculadas aos grupos para aprimorar as discussões sobre o uso da PICS como estratégica de cuidado e acolhimento no âmbito da Atenção Básica. Nesse sentido, propõe-se a realização do evento denominado Rodas de Conversa sobre PICS no SUS, com objetivo de discutir algumas das PICS realizadas no município de João Pessoa.
Encontro I
Dia 12/08/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Convidados:
Patrícia Margarete Barbosa
Shirley Melo Guimarães
Dailton Alencar Lucas de Lacerda
Tema da Roda de Conversa:
As Práticas Integrativas e Complementares como estratégia de ampliação do acesso no SUS.
Encontro II
Dia 26/08/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Maria do Carmo de Amorim
Auriculorerapia como dispositivo terapêutico para a melhoria do cuidado.
Encontro III
Dia 09/09/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Mércia Gomes de Oliveira de Carvalho
Reike como Prática Integrativa : novas possibilidades do cuidado a saúde.
Encontro IV
Dia 23/09/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Rinalda Araújo Guerra de Oliveira
Uso da na redução do uso de medicamento: o que é possível fazer?
Encontro V
Dia 18/10/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Terapeuta do Projeto Cuidar-se
Uso dos florais no âmbito das práticas de cuidado na Atenção Básica: teoria e prática
Encontro VI
Dia 01/11/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Convidado:
Thiago Pelúcio Moreira
Meditação como Prática Integrativa no SUS
Encontro VII
Dia 22/11/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Aldenildo Araújo de Moraes Fernandes Costeira
Janine Azevedo do Nascimento
O Projeto PalhaSUS e as contribuições para as PICS em João Pessoa.
Encontro VIII
Dia 02/12/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Maria Claudia Gardia Gato
Biodança no SUS: Dançando a vida na Atenção Básica
Encontro IX
Dia 09/12/2019- CCM ? UFPB ? Sala Geral 1 - De 17:00 ? 19:00
Pedro dos Santos Cruz
Rezadeiras e Benzendeiras : o respeito ao conhecimento popular como caminho para cuidar das pessoas.
Docentes, Discentes dos cursos da área de saúde e afins
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