UFPB
As Sementes da Paixão são aquelas que, ao longo dos séculos foram desenvolvidas e vêm sendo manejadas por agricultores familiares, quilombolas, indígenas e outros povos tradicionais, integrando desta forma o patrimônio de diversos povos que ao longo dos tempos vêm conservando, resgatando, selecionando e valorizando variedades e espécies vegetais, mantendo a agrobiodiversidade adaptada a cada região. Os Bancos Comunitários de Sementes (BSC) são espaços utilizados para guardar estoques coletivos de sementes e trazem consigo a proposta de conservar a diversidade de sementes, valorizando gestos de solidariedade entre as famílias agricultoras, constituindo-se uma forma de resistência frente às politicas públicas que anualmente distribuem sementes de variedades comerciais sem nenhum vínculo com a estratégia de estoque das famílias nos bancos de sementes. Em 2018 o Projeto Semente da Paixão identificou que os 60 bancos de sementes comunitários(BSC) localizados em 12 municípios do Território da Borborema (Alagoa Nova, Arara, Areial, Casserengue, Esperança, Lagoa de Roça, Lagoa Seca, Massaranduba, Montadas, Queimadas, Remígio, Solânea), armazenaram, conjuntamente, 22,1 toneladas de sementes crioulas distribuídos em 13 espécies (feijão de arranque, feijão de corda, feijão guandú, fava, milho, hortaliças, forrageiras, bucha, cabaço, fruteiras, gergelim, amendoim e, árvores) e 157 variedades, atendendo mais de 1500 famílias associadas. Os estudos apontam um aumento de 25% nas variedades com relação ao estoque de 2017. O projeto FEIRA DE TROCA DE SEMENTES: Intercambio para preservar a Cultura, Memória e Patrimônio das Sementes da Paixão no Território da Borborema-PB, propõe-se a desenvolver e implementar um sistema de informações para facilitar o intercâmbio de sementes entre os 60 Bancos de Sementes Comunitários (BSC) da agricultura familiar de base agroecológica do Território da Borborema-PB, de forma a disponibilizar as informações sobre as espécies e variedades de Sementes da Paixão existente em cada BSC permitindo aos gestores e agricultores monitorarem, tomarem decisões e, assim, melhorarem a gestão dos estoques de Sementes da Paixão. Assim, busca-se contribuir para a preservação das sementes crioulas, fortalecendo o patrimônio cultural e genético da agrobiodiversidade, contribuindo com preceitos da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), para produção de alimentos saudáveis, com quantidade suficiente e adequada do ponto de vista ambiental e social, expressando uma riqueza de conhecimentos e práticas associadas (UN, 2015). A proposta do projeto, através da educação e formação de recursos humanos de qualidade; desenvolvimento e implementação de iniciativas científicas e tecnológicas inovadoras; desenvolvimento de tecnologias sociais e colaboração direta com a sociedade, está alinhado com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e, com a Agenda para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Discentes dos cursos de Engenharia de Produção, Agroecologia, Ciências Agrárias, Pedagogia