PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (PPGL)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Dissertações/Teses


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2024
Descrição
  • THIAGO DIAS DA SILVA
  • ANÁLISE DOS SENTIDOS COM EXPRESSÕES DE BOCAS (SATISFEITO E INSATISFEITO) NO POEMA INGENUIDADE
  • Orientador : EDNEIA DE OLIVEIRA ALVES
  • Data: 31/10/2024
  • Hora: 14:30
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  • A literatura surda brasileira está se constituindo enquanto área do saber nas universidades brasileiras e está se fortalecendo como manifestação cultural da comunidade surda, portanto, é um objeto riquíssimo a ser investigado. Assim, esta pesquisa surge como um dos trabalhos pioneiros da pesquisa com base nos conceitos-chave de Bakhtin e da verbo-visualidade de Brait. Para tanto, o objetivo geral deste trabalho foi analisar a dialogicidade do poema Ingenuidade e os objetivos específicos foram: assinalar os aspectos verbovisuais existentes no poema; descrever gênero e a esfera discursiva presente no poema; verificar o sentido da expressão da boca satisfeito e insatisfeito no poema Visual Vernacular “Ingenuidade”. A metodologia adotada foi a pesquisa do tipo qualitativa e documental. Como resultados principais foram encontrados que o gênero discursivo foi o literário, que a esfera discursiva consiste na cultura surda, na qual a narrativa poética é utilizada para contar história, contribuindo para a literatura em Libras, a cultura nordestina. A autoria foi definida pela interseção de identidades: mulher, negra, surda, poeta, artista e educadora que assume a posição de protagonista ao dar voz às experiências de uma mulher surda e que o movimento de boca acrescenta o sentido de intensidade das expressões de emoção.
  • SILMARA APARECIDA RODRIGUES
  • A composição da sátira menipeia em O Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov
  • Orientador : LUCIANE ALVES SANTOS
  • Data: 30/09/2024
  • Hora: 14:00
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  • Este trabalho consiste no estudo do romance O Mestre e Margarida, de Mikhail Bulgákov, como um exemplar moderno de sátira menipeia. A obra, que conta a história da visita do Diabo acompanhado de uma comitiva de demônios a Moscou dos anos de 1920, recebeu uma primeira publicação póstuma na década de 1960, porém com trechos censurados; sem cortes, foi publicada na Rússia apenas em 1989. Por meio de nossa pesquisa, buscamos contribuir para a fortuna crítica do romance bulgakoviano, levando em consideração tanto os aspectos constitutivos da menipeia e sua integração ao campo sério-cômico, conforme definição de Mikhail Bakhtin (2018), quanto a caracterização defendida por György Lukács (2011) da sátira como um modo literário. Nesse sentido, analisamos a prosa satírica de O Mestre e Margarida a partir da intertextualidade estabelecida com dois textos influentes da literatura ocidental: do Novo Testamento, o episódio de julgamento e condenação de Jesus por Pôncio Pilatos, presente no Evangelho de Mateus, e do Fausto de Goethe, a interação entre os personagens Fausto, Mefistófeles e Margarida. Nossa hipótese de análise orientou-se pela observação de procedimentos estéticos empregados no romance, tendo em vista as perspectivas teóricas bakhtiniana e lukácsiana para uma sistematização da menipeia, assim pudemos examinar procedimentos que se mostraram profundamente integrados entre si no romance bulgakoviano, denotando uma atualização na forma expressiva da menipeia: a mencionada intertextualidade, a estrutura em mise en abyme e o fantástico, todos realçados por particularidades da linguagem empreendida na narração. Finalmente, destacamos as principais bases teóricas e de fortuna crítica nas quais nos apoiamos a fim de fundamentarmos nossa análise: Bakhtin (2018), Lukács (2011), D’Onofrio (2001) e Sá Rego (1899), para abordarmos a constituição da sátira e de sua vertente menipeia; bem como Andrade (2002), Perpétuo (2021), Gourg (1999) e Milne (2005), para contextualizarmos Mikhail Bulgákov e sua produção literária, em especial O Mestre e Margarida.
  • ALESSANDRA GOMES COUTINHO FERREIRA
  • Labirinto de um feminino: o mal de Fedra em Hipólito de Eurípides
  • Orientador : ALCIONE LUCENA DE ALBERTIM
  • Data: 26/09/2024
  • Hora: 14:30
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  • A tragédia grega surgiu entre o final do século VI a. C. e início do século V a. C. Teve seu apogeu e queda no intervalo desse último século. Este gênero literário apresenta em sua estrutura textual situações conflitantes entre as personagens do drama. A personagem trágica é uma “personagem em queda”, conforme as categorias aristotélicas em seu livro Poética. Trata-se de personagens que suportam grandes sofrimentos. A tragédia grega ao mostrar em cena afetos difíceis de serem expressos, como o amor, a paixão, o horror, a dor de existir, a vontade de morrer entre outros, põe em evidência a conflitiva humana, através da construção literária, suscitadora de sensibilidades e de representações imaginárias. Assim, tem-se no domínio da palavra o entrelaçamento entre a Literatura e a Psicanálise. O sofrimento, o mal-estar é um tema fundamental para a Psicanálise, com grande desenvolvimento teórico de Freud e, posteriormente, de Lacan, o que estabelece uma profícua afinidade entre a tragédia grega e a Psicanálise. A proposta dessa pesquisa consiste em investigar o mal de Fedra, um mal de amor pelo viés trágico – em direção à desmedida amorosa – que denota nessa arte uma orientação ética que ilumina a ética da Psicanálise, a ética do desejo. No texto da tragédia não há recalque para o pior do ser humano, que habita o mais profundo do ser e que se desconhece, pois de acordo com o aforismo de Lacan “o inconsciente é o discurso do Outro” – este é uma espécie de exterioridade que habita o mais íntimo do ser, ao mesmo tempo, orienta e revela que o ser humano também é comandado por esse Outro como objeto que falta e direciona a existência de um ser desejante. O corpus a ser pesquisado é a tragédia Hipólito, de Eurípides, no entanto, far-se-á um estudo prévio da origem literária de alguns males da humanidade na épica e em algumas tragédias de Eurípides. Na sequência, demonstrar-seá alguns aspectos filosóficos e psicanalíticos dos males a partir de Aristóteles, Freud e Lacan, a fim de compreender as semelhanças e as diferenças de como se elaborava o mal como forma de sofrimento. E por fim, o estudo aprofundado do corpus proposto, analisando o mal de Fedra a partir das relações entre o amor amargo, a angústia da mulher de pior sorte e o agir conforme um desejo como fios de um labirinto feminino.
  • FRANCYLLAYANS KARLA DA SILVA FERNANDES
  • LITERATURAS SURDAS EM QUADRINHOS: UM OLHAR SOBRE A SUBJETIVIDADE NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
  • Orientador : EDNEIA DE OLIVEIRA ALVES
  • Data: 23/09/2024
  • Hora: 14:30
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  • Mediante a diferença linguística do sujeito surdo, as produções literárias produzidas por pessoas ouvintes podem ser compreendidas como um elemento que não dialoga com as questões identitárias e culturais desse povo, uma vez que, com base na perspectiva socioantropológica da pessoa surda, são as experiências vivenciadas por esse grupo de sujeitos, através de sua língua (Libras) que produções literárias são criadas, revelando os interesses do grupo, partilhando o sentimento de pertencimento e a subjetividade, a qual tem total relação com a construção ideológica individual do sujeito, mas que se manifesta no coletivo, sendo a Literatura Surda Brasileira uma das possibilidades de manifestação das vivencias desses sujeitos. Será utilizada como base teórica os estudos do Círculo de Bakhtin e a verbo-visualidade, realizando a análise de uma das obras em quadrinhos produzidas pelo autor surdo Lucas Ramon Alves, visando alcançar o sistema de significação utilizado pelo autor, tendo como foco as marcas da subjetividade dos sujeitos surdos presentes nas produções. Assim, o objetivo dessa pesquisa é discutir a presença da subjetividade surda na Literatura Surda Brasileira em quadrinhos estabelecendo relação entre a individualidade presente na narrativa e os elementos da coletividade do povo surdo. Trata-se de uma pesquisa de análise intuitiva da obra, como análise e reanálise da obra com foco nos enunciados. A análise dos dados da narrativa em quadrinhos foi de natureza qualitativa utilizando categorias do Círculo de Bakhtin para identificar elementos da subjetividade surda na obra. Como resultados identificamos a influência das vivências desses sujeitos em seus processos de constituição subjetiva e da Língua Brasileira de Sinais-Libras e dos recursos imagéticos como mediadores do acesso ao mundo.
  • EMANUEL JUNIO REIS
  • JOGOS EDUCATIVOS E A EDUCAÇÃO LITERÁRIA: DIÁLOGOS E TENSIONAMENTOS COM A BNCC
  • Orientador : ALYERE SILVA FARIAS
  • Data: 29/08/2024
  • Hora: 09:00
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  • O presente estudo pretende problematizar a relação entre Jogos Educativos, Educação Literária, e Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Essa relação triangular se funda em meio a diversos diálogos e tensionamentos entre o mercado e a educação. Assim, levanta-se a hipótese de que, alinhada a um projeto de formação instrumental, a Base favorece o aparecimento e o fortalecimento de projetos educacionais tais como os das editoras Devir e Galápagos, que visam integrar seus jogos ao sistema de ensino. A fim de chegar ao entendimento dessas questões, o trabalho adota uma abordagem qualitativa e divide-se em três partes: na primeira, discutem-se os conceitos de jogo, de ludicidade e de leitura, a fim de entender quais são os possíveis agenciamentos em torno de experiências lúdicas e estéticas (Freire, 1989, Certeau, 1998; Brougère, 1998; Chartier, 2001 e 2002; Abreu, 2004; Retondar, 2013; Luckesi, 2014; Larrosa, 2017; Baptista, 2018; Fragoso & Suelly, 2018). Na segunda parte, questionam-se os conceitos, as proposições, os paradigmas e os espaços ofertados ao jogo, à leitura e à educação literária, a partir de uma análise crítica da BNCC (Rezende, 2013; Leahy-Dios, 2004; Zilberman, 2018; Butlen, 2018; Cechinel, 2019; Ipiranga, 2019; Cosson, 2021). Na terceira parte, analisam-se os conceitos de jogo, de leitor e de literatura a partir do corpus, composto por três cartilhas didáticas desenvolvidas pelas editoras Devir e Galápagos, a saber, Atividades Extracurriculares (s/d); BNCC e Jogos de Mesa (2018) e Catálogo de Jogos Educativos (2022). Por fim, os resultados da pesquisa revelam que as cartilhas analisadas se alinham à Base em relação ao tratamento dado ao jogo educativo e à educação literária, bem como apontam para a necessidade de: a) ampliar nosso entendimento a respeito do complexo funcionamento do sistema literário; b) reconhecer que, apesar de haver uma economia em torno de atividades como o jogo e a leitura, suas experiências se dão de forma não controlada; c) permanecer atentos à composição de práticas sociais e culturais lúdicas inovadoras; e finalmente, d) pôr em prática uma formação leitora mais atenta à valorização da autonomia, da diversidade e da liberdade dos sujeitos.
  • MARIA APARECIDA MARQUES SARAIVA
  • MOVIMENTOS DE TRONCO EM LIBRAS NA PRODUÇÃO POÉTICA DE ISABEL ALVIM: A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS EM ANÁLISE
  • Orientador : EDNEIA DE OLIVEIRA ALVES
  • Data: 15/08/2024
  • Hora: 09:00
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  • Este estudo analisa a produção de sentido em um texto verbo-visual em Língua Brasileira de Sinais (Libras) na poesia "8 de Março: Dia Internacional da Mulher" de Isabel Alvim, com foco no movimento do tronco utilizado na sinalização. As abordagens teóricas baseiam-se sob a perspectiva dos estudos de Bakhtin (2008) e da verbo-visualidade de Brait (2009; 2013). Os objetivos partiram da seguinte pergunta de pesquisa Como se configura a dialogicidade na obra "8 de Março: Dia Internacional da Mulher" de Isabel Alvim? Como objetivo geral pretendeu-se: análise dialógica da obra "8 de Março: Dia Internacional da Mulher" de Isabel Alvim. Os objetivos específicos foram: conhecer a esfera e gênero discursivo e a autoria do texto, examinar o tema do poema em seu contexto sócio-cultural, investigar a produção de sentidos do texto verbo-visual que emerge do movimento do tronco presente na sinalização produzida na poesia surda; examinar o papel que o movimento do tronco desempenha na produção de sentidos dentro da sinalização e verificar se a verbo-visualidade é constituinte do sinal por meio do movimento de tronco. Adotamos a metodologia qualitativa de caráter documental para análise da produção de sentido no texto verbo-visual "Dia Internacional da Mulher", produzido em vídeo pela poetisa Isabel Alvim, nos quais a pesquisadora adotou a escrita de sinais para sistematização, organização, visualização e registro do movimento do tronco que serão analisados. Analisando os aspectos socioculturais presentes, que por sua vez, são compostos por recursos imagéticos atrelados à realidade cultural do sujeito surdo na investigação da poesia. A análise percorreu por alguns eixos: Esfera e Gênero discursivo: A obra em questão é identificada como pertencente ao gênero literário, utilizando a forma poética para explorar o tema. A poesia surda, tipicamente sinalizada, destaca-se pela expressão artística e literária que emerge da comunidade surda, incorporando elementos visuais e espaciais (Sutton-Spence, 2021). Autoria: Isabel Alvim revela sua identidade surda ao incorporar o "eu surdo" em seu poema. Embora aborde a temática feminina, o eu poético se identifica como surda, reconhecendo-se como uma mulher surda na obra. Assim, o eu autoral se funde com o eu poético. Tema do poema: O poema de Isabel Alvim celebra o Dia Internacional da Mulher, destacando as experiências, lutas e conquistas das mulheres ao longo da história. Análise do movimento de tronco e os efeitos de sentidos: os movimentos do tronco na sinalização em Libras nos ajudam a entender e interpretar os sinais de maneira mais completa, considerando as nuances e intenções transmitidas por esses movimentos. Isso nos permite apreciar a riqueza e complexidade dessa língua como um meio de comunicação e expressão artística. Os resultados da pesquisa apresentam que o movimento do tronco se configura como um elemento crucial na diferenciação do sentido de um sinal, pois permite apresentar a intensidade de um movimento, bem como o sentido e significado gerado dentro da sinalização, respeitando sempre o contexto histórico-cultural, por exemplo um dos sentidos mais marcantes que o movimento do tronco agrega ao discurso é a ênfase, destacando sinais e intensificando as emoções.
  • ELAINE MORAIS LOURENÇO
  • MEMÓRIA E CORPO: INSCRIÇÃO DA SUBJETIVIDADE FEMININA NEGRA NA POESIA DE ELISA LUCINDA
  • Orientador : SAVIO ROBERTO FONSECA DE FREITAS
  • Data: 09/08/2024
  • Hora: 09:00
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  • A presente dissertação busca evidenciar a desconstrução do silêncio e o rompimento dos estereótipos envoltos ao corpo da mulher negra brasileira, através da poesia da artista contemporânea Elisa Lucinda. Ao longo da historiografia literária que constitui o cânone brasileiro, deparamo-nos com clássicos que enrijecem vários aspectos em relação à condição da mulher negra, que é frequentemente inferiorizada, o que ultrapassa o período escravocrata no Brasil, e tornam tais reminiscências as heranças hediondas da atualidade. A fim de guiar nossos estudos, buscamos nas pensadoras negras brasileiras o reajuste da presente deformidade social. A identidade de objeto, por exemplo, imposta aos corpos de mulheres negras, é captada e denunciada pela ativista do movimento negro brasileiro e escritora Sueli Carneiro (2001), estimulando reflexões que atingem uma determinada linha do movimento feminista, que não reconhece as particularidades situacionais das mulheres negras. Nesse sentido, os modelos de ficcionalização atribuídos aos estudos da professora Leda Maria Martins, contribuem para o intuito de desnudar o pensamento colonial, responsável pelas agruras protagonizadas pelos corpos de mulheres negras, desde o período escravista. Para ela, a memória dos saberes que constitui a cultura afro-brasileira dissemina-se por inúmeros atos de performance artística, sendo um mais-além do registro gravado pela letra alfabética. Nossa investigação, portanto, se deu por meio de análises das reminiscências que se presentificam na escrita e na performance poética de Elisa Lucinda, contribuindo com a tese levantada. Portanto, constatamos que a literatura negra feminina produzida no Brasil tem um singular papel na exaltação da voz, do corpo e do posicionamento da mulher negra, uma vez que objetiva sua emancipação, legitimada pela memória, através da inscrição de uma história que, por muito tempo, manteve-se exclusivamente pelo viés eurocêntrico.
  • POLLYANA STEPHANIE DE OLIVEIRA ALVES E BATISTA
  • Componentes psicofisiológicos e o desenvolvimento da Competência Tradutória intermodal à luz da pesquisa narrativa
  • Orientador : DANIEL ANTONIO DE SOUSA ALVES
  • Data: 31/07/2024
  • Hora: 14:30
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  • Esta dissertação, que visa lançar luz sobre a possível relação entre os componentes psicofisiológicos e o desenvolvimento da Competência Tradutória intermodal de Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais (Tils) que atuam, ou atuaram no Ensino Superior ou em contextos de conferência; (b) a possível influência do contexto de aprendizado destes no seu perfil profissional; e (c) possíveis impactos destes elementos na sua atuação, fazendo, para tanto, uso das narrativas de onze Tils que se encaixam no perfil acima mencionado. A pesquisa é organizada em cinco capítulos que se desenvolvem da seguinte maneira: no primeiro capítulo são apresentados (i) o porquê da escolha do tema; (ii) conceitos chave relacionados à vivência do profissional Tils; (iii) aspectos ligados à inserção de tal profissional na comunidade surda; (iv) a pergunta que move a presente pesquisa; e (v) seus objetivos geral e específicos. No capítulo seguinte, são apresentados modelos componenciais de Competência Tradutória, justificando a escolha das pesquisas do grupo PACTE (2003, 2005) como modelo adotado para esta investigação, passando a utilizar-se de conceitos dos Estudos da Tradução, apresentados por Gonçalves (2005), Hurtado Albir (2017), Rodrigues (2012 a, 2018 b) e Zampier (2021). No que se refere aos Tils e sua atuação, são utilizados os conceitos de Quadros (2004), Santos (2006) e Strobel (2008). O capítulo seguinte aponta para a necessidade da pesquisa narrativa na investigação dos componentes psicofisiológicos, devido à sua natureza particular e interna ao sujeito, utilizando-se dos estudos de Alves e Detmering (2021), Barbosa (2008), Clandinin, Cave and Berendonk (2016), Connelly e Clandinin (1990), Muylaert et al.(2014) e Paiva (2008) para fundamentar o uso da pesquisa narrativa nos Estudos da Tradução. Neste capítulo é mostrado também o desenho piloto das entrevistas semi estruturadas utilizadas para a coleta de relatos, é indicada a percepção da importância das palavras utilizadas na pergunta feita aos participantes a fim de promover o máximo da sua expressão livre sem, no entanto, condicionar a sua resposta e, a percepção da necessidade de ajuste no léxico utilizado e de uma nova rodada de entrevistas piloto a fim de ajustar o método. No capítulo quatro são apresentados e discutidos os dados encontrados nas quatro entrevistas piloto, trazendo recortes das falas dos entrevistados que apontam para como aspectos dos componentes psicofisiológicos tais como a curiosidade intelectual, a motivação, o rigor, e a racionalidade lógica dentre outros moveram o desenvolvimento da sua Competência tradutória; estratégias que os ajudaram a desenvolver confiança na sua atuação, dentre outras coisas. Finalmente, no capítulo cinco, são apresentadas conclusões finais e possíveis caminhos para novas pesquisas envolvendo os componentes psicofisiológicos.
  • DUINA MOTA DE FIGUEIREDO PORTO
  • Não verás ‘Brasil’ nenhum: literatura distópica e direitos humanos através de Ignácio de Loyola Brandão
  • Orientador : LUCIANE ALVES SANTOS
  • Data: 31/07/2024
  • Hora: 09:00
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  • A pesquisa de mestrado ora apresentada visa a investigar conexões entre as áreas de Literatura e de Direito a partir do livro Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão. O romance se situa em um apocalíptico futuro indefinido, na cidade de São Paulo, degradada por uma crise ambiental e submetida ao “Esquema”, sistema autoritário e violento de poder que oprime a população. Narrado em primeira pessoa por Souza, ex-professor aposentado compulsoriamente e que desperta para a realidade após constatar um inusitado furo em sua mão, o enredo possui vários aspectos das narrativas distópicas, de modo que a distopia emerge como categoria analítica temática do trabalho. O problema da pesquisa consiste em averiguar que elementos caracterizam a obra como uma distopia e como essa categoria se relaciona com os direitos humanos no contexto brasileiro. A hipótese principal é a de que estão presentes no corpus os elementos das distopias que afetam a liberdade (de escolha, locomoção, pensamento, expressão) e violam o direito fundamental à existência digna (dignidade da pessoa humana); tais fatores se estruturam através do espaço que formata o ambiente distópico. Assim, propõese o diálogo entre ficção e realidade – Literatura e direitos humanos – mediante a adoção de uma metodologia de pesquisa bibliográfica e qualitativa. O escopo teórico desta investigação partirá dos conceitos de Candido (2011), Godoy (2011), Karam (2017), Mittica (2015) e Trindade (2023), em relação aos liames estabelecidos entre os estudos literários e os de Direito; quanto à distopia, serão importantes os conceitos de Baccolini (2003), Clayes (2017) e Moylan (2023). Por fim, as relações de poder e direitos humanos serão pensadas a partir dos estudos de Arendt (2012), Bobbio (1992), Kant (1989) e Piovesan (2004).
  • JOSEANY LUNGUINHO GOMES PERINELLI
  • Mediação de Leitura Literária na Primeira Infância: um olhar sobre a prática docente na educação infantil
  • Data: 30/07/2024
  • Hora: 15:00
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  • As primeiras experiências com a linguagem acontecem desde cedo com bebês e crianças pequenas. Por meio de acalantos, da conversa dos adultos e das histórias contadas desde a mais tenra idade, elas experimentam a literatura. Desse modo, a presença do universo literário no cotidiano infantil potencializa o desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança. Ademais se configura como formação leitora já na primeira infância, bem como, contribui para a aquisição de competências futuras. Não obstante, nas últimas décadas temos observado um crescimento de pesquisas acadêmicas que tomam como corpus o universo da literatura na primeira infância. Ao refletir acerca das práticas com o texto literário na Educação Infantil, como lugar privilegiado do encontro entre esses sujeitos e a literatura, cabe ponderar o papel fundamental do docente nesta ação. Nessa direção, está pautada a presente dissertação, intitulada: Mediação de leitura literária na primeira infância: um olhar sobre a prática docente na Educação Infantil. Uma pesquisa aplicada do tipo exploratório com abordagem qualitativa, em que apresenta como fito principal voltar o olhar sobre os modos como a mediação de leitura literária se dá no cotidiano da creche e pré-escola, analisando as práticas pedagógicas das docentes, bem como as concepções das professoras sobre a leitura literária nesta etapa da Educação Básica. Para tanto, adotamos como percurso metodológico a utilização da pesquisa bibliográfica e de campo, realizada em uma instituição pública de Educação Infantil do município de João Pessoa/PB. No que se refere aos instrumentos de pesquisa, foram utilizados: a observação direta com o diário de campo como instrumento de registro dos dados coletados, o questionário e a entrevista com o método focal. O aporte teórico, desta investigação dialoga com os estudos de Abramovich (2009), Bajar (2016), Bakhtin (1997), Candido (2017), Colomer (2009, 2017), Corsino (2010), Costa (2013), Freire (1987, 1989, 1996), Girotto e Souza (2016), Kuhlman Jr. (2007), Martins (1997), Núcleo Ciência Pela Infância (2014), Rasteli (2013), Reyes (2010, 2014, 2016, 2017), Vigotsky (2005, 2007, 2010), entre outros interlocutores que investigam os temas abordados neste estudo. Os dados coletados apontam para a necessidade de investir na formação das docentes da rede municipal de educação que atuam na Educação Infantil, principalmente no que tange à finalidade primeira do trabalho com a literatura na infância que é o do brincar, uma vez que se tem observado que, embora as docentes tenham consciência da importância da leitura literária no desenvolvimento das crianças, ainda é comum o uso do texto literário com finalidades pedagógicas.
  • MARIA GILLIANE DE OLIVEIRA CAVALCANTE
  • Vamos resolver casos? Estratégias de compreensão leitora com textos literários para turmas de 2º ano do ensino fundamental
  • Data: 29/07/2024
  • Hora: 09:00
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  • A presente pesquisa intitulada Vamos resolver casos? Estratégias de compreensão leitora com textos literários para turmas de 2º ano do ensino fundamental, do Programa de Pós-graduação em Letras e da linha de pesquisa: Leituras Literárias, tem como objetivo principal analisar as dificuldades de docentes para o ensino das estratégias metacognitivas de compreensão leitora, propondo atividades com livros de Milton Célio de Oliveira Filho em turmas de 2º ano do ensino fundamental. O papel da literatura infantil dentro do contexto escolar é inquestionável, especialmente no tocante ao desenvolvimento da leitura e da compreensão. No entanto, muitos autores, como Saldanha e Amarilha (2018) e Faria (2010), revelam que a maioria dos docentes que atuam nos primeiros anos do ensino fundamental apresentam carências e dificuldades para mediar textos literários em suas práticas pedagógicas. Por vezes, lhes faltam procedimentos metodológicos que resguardem o teor artístico e estético presente nestas obras. Neste contexto, este estudo identificou as principais dificuldades enfrentadas pelos docentes em relação ao ensino com textos literários e à utilização das estratégias de compreensão leitora. A abordagem metodológica é de caráter qualitativo, tipificando-se como estudo de caso e, como instrumentos para coleta de dados, optamos por fazer uso de entrevistas semiestruturadas e questionário com quatro docentes de uma escola da região periférica de João Pessoa - PB. O presente estudo é composto por quatro capítulos e as considerações finais. Os resultados desta pesquisa revelaram que, segundo as docentes, as estratégias metacognitivas de compreensão leitora mais desafiadoras para o ensino são a inferência, a sumarização e a síntese. Com base nesses achados, propomos a implementação de atividades sistematizadas voltadas para o ensino dessas estratégias, que corroboram para a promoção e o fomento da educação literária.
  • WILSON DE CARVALHO SILVA ARAÚJO
  • Escurecendo o futuro: interseccionalidade e afrofuturismo em Quem teme a morte, de Nnedi Okorafor
  • Data: 26/07/2024
  • Hora: 14:00
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  • No movimento afrofuturista uma perspectiva recorrente é o resgate do passado ao passo em que se constrói o futuro. Pois uma vez que o processo colonial da Europa sobre a África em muito contribuiu para um apagamento do que os povos africanos haviam construído, projetar futuros também deveria considerar o resgate do passado. Na construção desses futuros, por sua vez, deve-se considerar que as subjetividades das pessoas negras, africanas e afro- diaspóricas, são compostas por uma série de categorias identitárias que interseccionam-se. Deve-se considerar, portanto, a lógica da interseccionalidade, que aborda justamente isso. Essa pesquisa, assim, busca realizar uma análise do romance Quem teme a morte, de Nnedi Okorafor, a partir das perspectivas do Afrofuturismo e da interseccionalidade. Na narrativa o racismo e a violência de gênero são questões relevantes, de modo que busca-se ompreender como a protagonista do romance procura mudar sua realidade em benefício de pessoas como ela, levando em conta tanto os atravessamentos de uma identidade interseccional complexa, que por vezes a faz ser vítima de múltiplas violências, quanto a perspectiva de que o futuro pode ser moldado no sentido de combater a essas violências. Utilizamos como base teórica Cheikh Anta Diop (1985), Elisa Larkin Nascimento (2008), José Rivair Macedo (2015), Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí (2021) e John Henrik Clarke (2021), sobretudo no que diz respeito à África, sua história e aspectos culturais; Kimberlé Crenshaw (2002), Angela Davis (2016), Carla Akotirene (2018), Patrícia Hill Colins e Sirma Bilge (2020), Lélia Gonzalez (2020), sobre a teoria da intersecionalidade; Mark Dery (1994), Lu Ain-Zaila (2019), Waldson Gomes de Souza (2019), Fábio Kabral (2020) e Ytasha L. Womack (2024), sobre o Afrofuturismo, dentre outros autores. Percebe-se que no romance a luta contra os sistemas de opressão ocorre em conjunto com a ideia de projeção de futuro, de modo que o reconhecimento e valorização dos aspectos interseccionais da identidade são essenciais para isso.
  • ANNA AMÉLIA APOLINÁRIO DA SILVA
  • JOYCE MANSOUR E A CORPOESIA QUE GRITA, GOZA E AGONIZA
  • Data: 25/07/2024
  • Hora: 14:00
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  • A presente dissertação possui como cerne a análise da tessitura poética de Joyce Mansour (1928-1986), especificamente em poemas da obra Cris (Gritos), seu livro de estreia publicado em 1953. Joyce Mansour é uma escritora e poeta de origem síriojudaica, nascida em Bowden (Inglaterra), viveu parte de sua vida no Egito, escreveu e publicou livros de poesia e prosa em língua francesa. Joyce colaborou inclusive com a revista surrealista brasileira A Phala (1967), dirigida por Sérgio Lima e Leila Ferraz. Aqui celebro a relevância da poética de Joyce e sua contribuição ao Surrealismo, não apenas como presença de autoria feminina nesse movimento de vanguarda, mas pela pertinência dos temas trazidos por essa poesia: erotismo, corpo, prazer, desejo, violência, morte, elementos de transgressão, chaves de leitura e símbolos que sintetizam a força transformadora de sua lírica.Com essa urdidura dissertativa busco compreender a expressão das pulsões (Eros ou pulsão de vida e Tânatos: pulsão de morte, destruição) como elementos da constituição subjetiva do sujeito lírico na poesia de Mansour. Observo, outrossim, as modulações e complexidades da sexualidade erótica feminina, delineadas no âmago da linguagem poética mansouriana. A leitura aqui empreendida constitui-se de alento psicanalítico, almeja a construção de diálogos profícuos entre Literatura e Psicanálise, abordando a temática da poesia erótica enlaçada aos conceitos e construtos psicanalíticos como um dos aportes teóricos para a análise do corpus. O arcabouço teórico analítico está focado na teoria das pulsões desenvolvida pelo médico neurologista, psiquiatra e criador da Psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939) e à luz dos escritos do filósofo e escritor francês Georges Bataille (1897-1962), utilizando como substrato teórico a sua obra O Erotismo (1957,) e O ensaio da poeta, filósofa e psicanalista Lou Andreas-Salomé (1861-1937) intitulado O Erotismo (1910).
  • RAFAELA DE SOUZA VIANA
  • A REPRESENTAÇÃO DE IMAGENS ARQUETÍPICAS DO FEMININO NOS ROMANCES SAB E ÚRSULA: UMA REMANESCÊNCIA MEDIEVAL NA LITERATURA CONTRA-HEGEMÔNICA DE AUTORIA FEMININA LATINO-AMERICANA
  • Data: 19/07/2024
  • Hora: 15:00
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  • Esta dissertação tem como objeto de análise os romances Sab (1841), da autora cubana Gertrudis Gómez de Avellaneda, e Úrsula (1859), da autora brasileira Maria Firmina dos Reis. Sendo essas obras escritas em sociedades constituídas por meio do processo de colonização de países ibéricos, encontramos nelas um imaginário sobre o feminino cujas impressões remanescem das visões elaboradas pelas sociedades cristãs ibéricas medievais. Nesse sentido, essa investigação parte da relação mito e arquétipo para observar como se dá a construção de modelos do feminino desde o medievo até o século XIX através da análise da formação cultural das imagens arquetípicas de donzela, órfã e mulher fatal. Investiga-se como o imaginário criado durante a Idade Média em torno do mito de Eva e de sua relação dicotômica com a imagem de Maria se manifesta nas personagens femininas presentes em Sab e Úrsula transfigurado nas imagens arquetípicas citadas. Para compreender como se dá o processo de assimilação e adaptação desse imaginário nas sociedades cubana e brasileira oitocentistas e, consequentemente, na literatura de Gertrudis Gómez de Avellaneda e de Maria Firmina dos Reis, apresentamos uma análise fundamentada pela Teoria da Residualidade, do professor Roberto Pontes (2017), associada à abordagem da semiótica da cultura, de Iúri Lótman (Machado, 2003), e à teoria arquetípica, de Carl Jung (2000, 2014, 2016). Contamos também, ao longo do trabalho, com o aporte de estudos de autoras e autores sobre as sociedades medievais, as sociedades cubana e brasileira oitocentistas e a literatura de autoria feminina. Desse modo, ao verificarmos a presença de um imaginário medieval remanescente nessas obras, constatamos como a presença da voz autoral das escritoras subverte o uso dessas imagens arquetípicas residuais para compor uma perspectiva contra-hegemônica com o intuito de criticar e denunciar a perpetuação dessas visões e de suas consequências para a vida das mulheres nas sociedades cubana e brasileira do século XIX.
  • HELLEN JACQUELINE FERREIRA DE SOUZA DANTAS DE AGUIAR
  • A LITERATURA SILENCIADA NA ESCOLA: A violência de assédio sexual e abuso no Ensino de Literatura Juvenil
  • Data: 19/07/2024
  • Hora: 14:00
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  • A presente pesquisa teve como objetivo verificar como se dão as práticas de leitura de temas fraturantes presentes na literatura destinada ao público juvenil nas escolas municipais da cidade de Campina Grande no estado da Paraíba. Ocorreu por meio de pesquisa qualitativa interpretativa. Analisou-se a (não) presença dos temas fraturantes, notadamente de assédio sexual e abuso contra jovens presentes na literatura brasileira e na sala de aula. De forma específica, foram objeto de estudo professores de língua portuguesa de quatro escolas do município de Campina Grande – Paraíba, cada escola estando em uma região geográfica do município. Foram analisados documentos como a BNCC, Diretrizes Currculares Nacionais e PCNs, questionários aplicados com os professores das respectivas escolas. A análise dos dados ocorreu de forma teórica na discussão sobre os temas fraturantes dentro da perspectiva de sala de aula com base nos pressupostos de Cosson (2013), Machado (2009), Brasil (2020, 2021), Resende (2008), Riche (2010, dentre outros autores. Os resultados indicaram que os trmas fraturantes ainda não estão presentes na formação do professor de língua portuguesa e, em consequência desse desconhecimento, também não estao presentes na sala de aula. Esse resultado reflete questionamentos sociais que impôem à sala de aula uma “proteção” silenciosa e questionável dos temas tabus, impedindo a reflexão, discussão e quiçá proteção desses jovens por meio da ampla divulgação dessas temáticas. Os resultados desta pesquisa podem contribuir decisivamente para o desenvolvimento e fortalecimento de teorias e de discussões sobre a importância do preparo paa lidar com esses temas na sala de aula.
  • KIMBERLLY IOHHANA DA SILVA
  • Mapeamentos da experiência estética com os romances Amada, de Toni Morrison e Os íntimos, de Inês Pedrosa: embaraços emancipativos entre fluxos da consciência, conflitos cognitivos e perspectivas textuais em tema e horizonte
  • Orientador : FABIANA FERREIRA DA COSTA
  • Data: 19/07/2024
  • Hora: 14:00
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  • A Teoria do Efeito Estético e a Antropologia Literária formuladas pelo crítico literário alemão Wolfgang Iser nasceram da necessidade de mudar os constructos teóricos imanentistas e inserir o leitor numa esfera de sujeito ativo durante a realização da leitura e produção de sentido dos textos literários. Assim, a leitora-pesquisadora, a partir de sua experiência estética com os romances Amada (2018), da escritora estadunidense Toni Morrison, e Os íntimos (2010), da escritora portuguesa Inês Pedrosa, elaborou a hipótese de que narrativas literárias com narrador em terceira pessoa e um intenso fluxo da consciência podem dificultar a percepção da estrutura de tema e horizonte e otimizar a emancipação do leitor. Partindo dessa hipótese, utilizamos o Mapeamento da Experiência Estética (MAPEE) definido por Santos e Costa (2020) como um modo de descrever os metaprocedimentos cognitivos envolvidos no ato de leitura de um leitor real, no caso deste trabalho, a leitora-pesquisadora com os supracitados romances. O uso do MAPEE pode servir para testar a hipótese da presente pesquisa, comparando o mapeamento da experiência estética com os dois romances. Esta comparação subsidiará uma análise da percepção da dinamicidade da estrutura de tema e horizonte – que organiza as perspectivas textuais durante a leitura - e a posterior emancipação cognitiva e afetiva da leitora-pesquisadora. Dessa forma, esta pesquisa pode ser importante para fornecer uma análise e reflexão para o professor no que se refere ao ensino de leitura literária, pois narrativas que são símiles aos corpora deste trabalho podem causar efeitos semelhantes em alunos, sobremodo, aos que estão inseridos no Ensino Médio e têm contato com textos com as especificidades supracitadas.
  • ANA PAULA HERCULANO BARBOSA
  • TERRITÓRIOS E AFETOS: DECOLONIALIDADE EM VASTO MAR DE SARGAÇOS, DE JEAN RHYS
  • Data: 19/07/2024
  • Hora: 10:30
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  • Os estudos decoloniais surgem como um movimento de reelaboração de perspectivas na produção do conhecimento, possibilitando o reposicionamento e revisão dos processos colonizatórios nas Américas. Partindo desse viés decolonial, analisamos o nosso corpus de pesquisa, o romance Vasto mar de sargaços ([1966]2012) da escritora caribenha Jean Rhys. Através da narrativa rhysiana passamos a conhecer Antoinette, protagonista do romance, que é acompanhada da infância até a vida adulta em seus trânsitos por diferentes territórios; ela, uma mulher crioula vinda da elite local, cresce na Jamaica colonial após o Ato de Emancipação de 1833 (Freitas, 2017; Silva, 2021), sob a forte influência do sistema moderno-colonial. Ao casar-se com um homem inglês aristocrata, Antoinette passa a sofrer de maneira mais direta com práticas violentas disseminadas pelo regime colonial. Com o intuito de empreendermos a análise do romance rhysiano partindo do giro decolonial (Segato, 2021;2022), tratamos dos conceitos de território, corpo, afeto e violência a partir dessa perspectiva. Dessa forma, discutimos as violências perpetradas contra a protagonista e outras duas mulheres - sua mãe Annette e sua antiga babá Christophine, a partir da leitura dos corpos delas como territórios. Também pensamos as reações desses corpos-territórios frente às violências que sofrem, sendo esses atos violentos apoiados pelas políticas do sistema moderno-colonial. Ainda tratando do conceito de território, agora vinculado aos afetos, pensando estes como potência, analisamos o poder da territorialidade em afetar o sujeito, direcionando nosso olhar para a maneira pela qual os territórios influenciam Antoinette. Para alcançarmos tais objetivos, tratamos, inicialmente, da obra rhysiana e a produção acadêmica brasileira sobre as narrativas de Rhys. Para adentrarmos a discussão sobre decolonialidade recorremos a autoras/es como: Quijano (1992), Maldonado-Torres (2018), Mignolo e Walsh (2018), Segato (2012;2021;2022), Mendoza (2010), Ballestrin (2013), Dussel (2000) e Lugones (2014;2020). Tratando de terminologias que envolvem o giro decolonial e que possibilitaram o desenvolvimento das seções seguintes, nas quais discutimos os atos violentos dos quais as personagens foram vítimas e suas reações frente a essas violências. Ao tratar da relação entre territórios e afetos, realizamos discussões sobre o termo afeto e o viés que optamos seguir ao utilizá-lo em nossa pesquisa, trabalhando com autoras/es como: Ahmed (2014), Almeida (2015a;2015b), Deleuze (2019), Haesbaert (2020;2021), hooks (2021), Lara (2020;2021), Solana e Vaccarezza (2020a;2020b), entre outras/os. Ao tratar dos territórios de afetos enfatizamos a influência da territorialidade sobre as subjetividades. O percurso empreendido nos permitiu estabelecermos conexões entre a decolonialidade e a releitura da figura da vítima passiva, lugar esse que não é ocupado pelas personagens Antoinette, Annette e Christophine, além de podermos averiguar a importância da territorialidade e dos afetos para as práticas de resistência da protagonista Antoinette.
  • DIÓGENES DE FIGUEIREDO LEITE
  • METÁSTASES DO ÓDIO: UM OLHAR PSICANALÍTICO SOBRE AS NUANCES DA OPRESSÃO SULISTA E SEUS EFEITOS EM TO KILL A MOCKINGBIRD
  • Data: 19/07/2024
  • Hora: 09:30
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  • Esta pesquisa investiga as dimensões psicanalíticas do ódio e suas metástases socioculturais, focando particularmente no contexto da segregação no Sul dos Estados Unidos, conforme retratado na obra pertencente ao subgênero Gótico Sulista To Kill a Mockingbird de Harper Lee (1960). A análise inicia-se com a concepção de ódio na Grécia arcaica, traçando como a gênese e o papel desempenhado pelas Erínias, foram capazes de conceber uma das primeiras concepções do ódio através destas deusas, por elas estarem diretamente associadas a vingança e a justiça retributiva, em seguida amparados pela interpretação filosófica Aristótelica, trançaremos um paralelo entre a concepção mítica e filosófica desta emoção. Subsequentemente, mediante uma análise histórica da escravidão nos Estados Unidos, investigaremos como o ódio alimentou as estruturas capitalistas sulistas desde o período colonial perpassando pelo Antebellum, durante e pós guerra civil americana, e como o ódio racial se perpetuou depois da era da Reconstrução com as leis Jim Crow até os Movimento pelos Direitos Civis. Ademais, o estudo engaja-se com perspectivas psicanalíticas a partir das obras Totem e Tabu, Psicologia das massas e análise do eu, e o Mal-estar na civilização de Sigmund Freud, afim de tentarmos desvendar a origem e o desenvolvimento do ódio amparados no contexto da psicanálise para uma melhor compreensão de como este sentimento se expressou e se amplificou tanto individualmente quanto em grupos sociais de massas através do discurso, das injustiças e da hipocrisia da sociedade sulista americana dentro do contexto da obra prima de Harper Lee, onde o ódio e a injustiça compartilharam na ficção uma triste realidade contextualizada que pormenoriza a realidade dos afroamericanos antes da conquista dos seus direitos civis, além de desvendarmos como o ódio se metamorfoseou-se no preconceito e no ódio racial que atravessaram séculos, soma-se como ferramenta neste empreendimento às percepções do psiquiatra Frantz Fanon sobre preconceito e discriminação racial, como o ódio é gerado e perpetuado dentro do sistema colonial, as implicações emocionais e psicológicas relacionadas as injustiças e principalmente a alienação da identidade negra, bem como a desumanização inerentes ao colonialismo. A conclusão desta obra é um exame matizado dos temas de ódio, injustiça e preconceito em To Kill a Mockingbird, que oferece uma compreensão abrangente das raízes psicológicas da segregação e seu infame legado duradouro na sociedade americana.
  • JOSÉ ETHAM DE LUCENA BARBOSA FILHO
  • Hamilton, três vezes: uma abordagem do gênero dramático a partir de esquemas actanciais e mapeamentos da experiência estética
  • Data: 05/07/2024
  • Hora: 14:00
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  • Quais são os diferentes procedimentos de ficcionalização e associação de sentidos utilizados na expectação e leitura de obras teatrais? Com essa pergunta, a presente dissertação teve o objetivo de evidenciar os metaprocedimentos de seleção e associação de sentidos a partir do mapeamento da experiência estética do leitor-pesquisador com a peça teatral Hamilton: Um Musical Americano (2016). A hipótese de trabalho foi de que o Mapeamento da Experiência Estética permite a emancipação cognitiva e emocional na medida em que o espectador do teatro se envolve ativamente em um processo complexo de seleção e associação de sentidos a partir da narrativa encenada, não importando se a interação é feita com o texto ou a representação. Levando em conta essa dimensão dupla, a partir de um panorama das perspectivas adotadas pelos manuais de literatura (Silva, 2018; Moisés, 2012; Hamburger, 2013) em relação à dicotomia texto-representação, foram considerados os modelos actanciais do drama, propostos por Anne Ubersfeld (2013), como ponto inicial de elaborar um esquema de leitura próprio e adequado à natureza dupla do teatro. No panorama desenvolvido, observou-se que os estudos literários de maneira geral preservam um afastamento do teatro do seu contexto representacional, tomando-o como literatura somente quando na sua forma textual. As bases teóricas da pesquisa foram fundamentadas nos prospectos da Teoria do Efeito Estético e da Antropologia Literária, ambas de Wolfgang Iser (1996a; 1996b; 2013), e suplementadas pelas pesquisas de Santos (2009) e Costa (2020a; 2020b). A metodologia utilizada foi o Mapeamento da Experiência Estética (MAPEE), que parte de uma análise metaprocedimental dos eventos da leitura do pesquisador para fazer inferências acerca dos efeitos de sentido e significação. Realizada a análise do corpus com a metodologia supracitada, articulou-se os conceitos da Teoria do Efeito Estético com o modelo actancial, advindo da semiótica, sob a hipótese de que a perspectiva da personagem assume papel privilegiado na construção da estrutura de tema e horizonte. Ao fim da pesquisa, concluiu-se que os modelos actanciais, embora trabalhem em apenas um dos níveis do texto literário, ganha importância numa arte como o teatro, cuja dinâmica centra-se na figura da personagem; o Mapeamento da Experiência Estética. Os resultados corroboram a hipótese de uma metodologia abrangente, capaz de descrever os eventos mentais e afetivos do leitor com uma peça de teatro.
  • ISAQUE DA SILVA MORAES
  • Representações posit(hiv)as na literatura juvenil brasileira: uma análise de O dono dos pés (1996)
  • Data: 03/07/2024
  • Hora: 09:00
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  • As duas últimas décadas do século XX foram um período de grande ebulição cultural no Brasil. No campo literário, por exemplo, ocorreu o amadurecimento e a consolidação da literatura direcionada ao público jovem, por meio das instâncias de consagração, o aumento da produção de textos e a distinção de autores que deram esse enfoque aos seus livros. Paralelo a isso, no cenário social despontou a epidemia de HIV/aids, que gerou respostas políticas, educacionais e culturais de diversos âmbitos da sociedade. À vista disso, diversos textos literários surgiram com a temática em questão, uma vez que a relação entre literatura e sociedade é intrínseca, como evidenciou Candido ([1965] 2023). Posto isso, a presente pesquisa objetiva compreender as representações do HIV/aids a partir do romance juvenil O dono dos pés (1996), de Jussara Rocha Koury. De modo específico, são finalidades do estudo: i) investigar o cenário brasileiro da década de 1990; ii) realizar um panorama histórico das obras com a temática; iii) apontar como a inclusão dessa e outras temáticas auxiliaram na consolidação de tal literatura e o apagamento dos textos na crítica literária; iv) produzir material para a fortuna crítica da autora; v) comparar as edições do livro que configura o corpus; e vi) analisar como se deu a tematização no romance e a sua abordagem dentro do escopo da teen sick-lit. Como percurso metodológico, o estudo possui uma abordagem qualitativa e segue o método dialético, uma vez que investiga o surgimento e as transformações de tal temática na literatura juvenil, e, para tanto, foi procedido tecnicamente o levantamento dos dados de maneira bibliográfica e documental. Para o levantamento dos dados sobre a escritora, especificamente, foi realizada uma entrevista episódica (Flick, 2013), na qual ela narrou acontecimentos diretamente relacionados ao cerne da pesquisa. A base teórica deste trabalho está fundamentada em dois campos principais: a) estudos sobre literatura juvenil e sobre a tematização de doenças nesses textos, com autores como Coelho (1991), Lacerda (1998), Ceccantini (2000), Souza (2006), Gregorin Filho (2011), Elman (2012), Souza (2015), Silveira e Silveira (2016; 2019) e Lajolo e Zilberman (2022); e b) estudos teórico-críticos sobre a relação entre literatura e HIV/aids, a partir de estudiosos como Bessa (1997; 2002), Moriconi ([2006] 2020), Sousa (2015a; 2015b; 2016), Inácio (2016), Fonseca (2022; 2023), dentre outros. O percurso empreendido, a título de resultados, permitiu: a positivação (ou seja, ter ciência acerca) da produção literária juvenil brasileira que tematiza o HIV/aids, publicada de maneira impressa, no período delimitado entre 1980 e 2020; a compreensão do contexto de surgimento e as transformações da representação do HIV/aids nessa literatura; os aspectos que propiciaram o apagamento dessas obras nos estudos teórico-críticos; a tessitura de procedimentos críticos para o alargamento das relações entre os campos; e o delineamento das especificidades dessa produção literária no Brasil; indicadores para a fortuna crítica da autora; a identificação das particularidades das edições do romance juvenil e seus efeitos de sentido; e o arranjo multifacetado do HIV/aids presente na narrativa, precipitando, inclusive, aspectos do manejo temático que se sucederam com o avanço da compreensão sobre o vírus e a doença.
  • STEFANE DE ALMEIDA DOS SANTOS
  • "Nós, professorasmediadoras": os efeitos da parceria escola-universidade na mediação da leitura literária
  • Data: 28/06/2024
  • Hora: 15:00
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  • A contar do decurso sócio-histórico secular, no qual a escola enseja o prelúdio da produção de livros endereçados ao público infantil, Literatura e Educação constituem faces da mesma moeda: a educação literária. Igualmente, sob a égide da formação de leitores junto ao seu letramento literário, o ambiente escolar se torna uma das instituições de maior circulação da literatura infantil, conferindo àquela os ônus e os bônus de ser um espaço privilegiado. Desse privilégio decorre a responsabilidade pela mediação de leitura, de modo tal que, organicamente, quem a assume é a figura docente. Nesse prisma, tomamos como premissa a relevância de uma parceria com a instituição universitária, sobretudo no que se refere à extensão acadêmica, como uma estratégia para envolver leitores e mediadores nesse processo. Posto isso, essa dissertação objetiva investigar os efeitos da parceria entre escola e universidade na mediação da leitura literária realizada por um grupo de professoras da Escola Municipal Profª. Lúcia Giovanna Duarte de Melo, em João Pessoa/PB, a partir das ações desenvolvidas, de 2020 a 2022, pelo Projeto de Extensão intitulado Cultura literária na escola: para ler, ouvir, ver e sentir, por sua vez vinculado à Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Em termos de metodologia, esta pesquisa possui natureza aplicada, cujo caráter é, simultaneamente, exploratório e explicativo, pois visa trazer à baila “quais” são os efeitos, “como” eles se revelam e o “porquê” da sua relevância, com argumentos sustentados nos escritos de Cerrillo (2002; 2007), Colomer (2002; 2007; 2017), Imbernón (2010), Munita (2014), e outros. Não obstante, trata-se de uma investigação alinhada à abordagem qualitativa, cujos procedimentos combinam o estudo de caso, a pesquisa-ação e a pesquisa participante, bem como, no tocante à técnica de coleta de dados, soma a observação do contexto acadêmico-escolar à realização de entrevistas individuais e com grupos focais. Os sujeitos, então, constituem um grupo de 10 (dez) professoras da supracitada escola, as quais estiveram envolvidas durante todo o triênio de parceria. Como resultado do processo investigativo, apontamos três efeitos macros, os quais são constituídos por camadas e nuances que unem os saberes aos fazeres, sendo eles: 1) Construção de uma comunidade de leitores formada por sujeitos da Educação Básica e do Ensino Superior, inclusive com a elaboração coletiva de um projeto de leitura escolar permanente que aloca a literatura em um lugar de privilégio tanto no currículo quanto na prática pedagógica; 2) Aproximação entre Escola e Universidade a partir da produção de saberes e trabalhos científicos (livros, capítulos, dissertações e monografias) graças à união entre o fazer docente e a pesquisa acadêmica; e 3) Reverberação da parceria na mediação de leitura a partir da dimensão sociocultural, estética e profissional.
  • LEONARDO MONTEIRO DE VASCONCELOS
  • CONFISSÕES DE UM DESAMPARADO: DO GOZO (JOUISSANCE) A EXPERIÊNCIA HOMOERÓTICA EM BERKELEY EM BELLAGIO, DE JOÃO GILBERTO NOLL
  • Orientador : HERMANO DE FRANCA RODRIGUES
  • Data: 28/06/2024
  • Hora: 14:00
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  • Esta tese explora a dinâmica do desamparo, gozo e o infamiliar (Das Unheimliche) na formação da subjetividade e do sofrimento psicológico, partindo das perspectivas psicanalíticas de Sigmund Freud e Jacques Lacan, juntamente com considerações sobre a temática do homoerotismo. O estudo se concentra no romance Berkeley in Bellagio, de João Gilberto Noll (2003), elucidando a mediação desses fenômenos por estruturas sociais e culturais e sua identidade fragmentada enquanto sujeito do inconsciente, nos mecanismos de defesa individual e na expressão do desejo. O objetivo principal desta investigação é examinar as manifestações de desamparo, gozo e o infamiliar e desejo homoerótico no narrador-personagem do romance. A metodologia de pesquisa integra análise literária à luz da teoria psicanalíticas, aproveitando conceitos-chave das obras de Freud (1919/2019; 1926/2014a), Lacan (1962-1963/2005), Safatle (2016; 2020) para interpretar as experiências narrativas do romance. Por meio das análises conduzidas, fica evidente que os encontros do narrador-protagonista, caracterizados pela desterritorialização, desamparo e conflitos com os padrões culturais, oferecem insights sobre a dinâmica do sofrimento psíquico e da formação de identidade em contextos de marginalização e resiliência.
  • JOAES CABRAL DE LIMA
  • Os ilustradores de Lobato e as suas interpretações de Narizinho, de 1920 a 1970: uma comparação entre o texto e a construção gráfica da personagem
  • Orientador : DANIELA MARIA SEGABINAZI
  • Data: 28/06/2024
  • Hora: 09:00
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  • Partindo da necessidade de se obter novas e maiores discussões acerca dos ilustradores das obras de Monteiro Lobato, em perspectivas que ampliem não apenas o nosso conhecimento de tais artistas, mas que tragam uma renovação na leitura das composições e influências da arte de cada um deles, além é claro, da própria história da ilustração livresca brasileira, tão carente de trabalhos que deem mais visibilidade para os seus idealizadores, objetiva-se por meio desse trabalho, analisar a evolução da personagem lobatiana, Narizinho, procurando expor e discutir os traços de brasilidade existentes na sua representação gráfica e a proximidade desta com a que foi idealizada pelo seu criador, no texto escrito. E, desse modo, investigar a vida e os principais trabalhos dos artistas por trás das ilustrações da obra infantil de Lobato, evidenciando como o espaço da publicidade e das revistas ilustradas foram significativos nichos dos ilustradores que construíram todo um legado da arte gráfica livresca no Brasil. Para tanto, a partir de uma perspectiva histórico-cultural, a pesquisa que pretendemos desenvolver ultrapassa o caráter meramente descritivo. Logo, por tratar-se de uma análise bibliográfica, comparativa e discursiva, é necessário organizar o percurso da pesquisa no que diz respeito à natureza das fontes disponíveis, sejam estas impressas ou eletrônicas. Ressaltamos que, com o passar do tempo, não apenas a estrutura textual foi mudando, como também o aspecto físico da personagem Narizinho passa por uma transformação, embora não em relação ao texto, mas no tocante ao seu corpo, afinal, por meio das ilustrações, evidenciamos as mudanças que ocorrem com a personagem. Trata-se da menina que vai dando lugar a uma mulher. Como aporte teórico, buscamos respaldo em Arroyo (1990), Camargo (1995), Koshiyama (2006), Lima (2019), entre outros estudiosos da ilustração.
  • JAINE DE SOUSA BARBOSA
  • Morte, infância e cultura: um olhar sobre a abordagem da morte em obras infantis brasileiras
  • Data: 27/06/2024
  • Hora: 09:00
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  • A presença do tema morte está nos textos destinados à infância há muito tempo; desde os contos clássicos europeus que traziam cenas de falecimento decorrentes da fome, da pobreza, da maldade humana ou como um simples acontecimento. Desse modo, vemos que não há como afastar das crianças aquilo que é comum à natureza humana, mesmo quando o conceito de infância ainda não era bem estabelecido. Com o passar do tempo, através da consolidação desse ideal e de todas as mudanças que isso acarreta, a morte foi sendo higienizada e afastada desse público ano após ano, e na literatura infantil brasileira isso não seria diferente, afinal a relação que se fazia com os textos europeus, por exemplo, ainda era bastante estreita. Foi a partir dos anos 1920, com as obras de Monteiro Lobato, que pudemos perceber a presença efetiva de uma literatura nacional voltada às crianças. As obras do autor abriram espaço para o universo da fantasia e da discussão de alguns temas, como a guerra, a maldade, a pobreza e, inclusive, a morte. A partir de então nossa literatura cresceu, com o surgimento de autores e ilustradores cada vez mais preocupados em valorizar aquilo que era ofertado às crianças através dos livros, abrindo espaço para a criatividade, para o questionamento e também para os temas considerados tabu. Os anos 1970 foram cruciais nessa nova fase, uma vez que abriram espaço para discussões sobre as realidades que envolvem a infância, suas particularidades e seus problemas. A partir desse “boom”, novas obras e autores foram surgindo e continuaram a se expandir até chegarmos aos textos contemporâneos, que são o corpus de nossa pesquisa, cujo objetivo é realizar um mapeamento da produção literária infantil brasileira acerca da temática da morte desde os anos 2000 até 2020, a fim de destacar aquelas em que o morrer é evento central no texto. Cada título será separado e inserido num bloco de categorias dentro do universo do morrer, tais como Morte de parentes; Morte de animal de estimação; Morte e cultura popular; Morte, infância, medo, amizade e outros temas. Nessa análise destacaremos alguns pontos importantes conforme eles aparecerem nas obras. Esses pontos serão analisados em subcategorias que serão divididas em enlace narrativo, abarcando literariedade: o espírito criativo e questionador da obra; elementos da narrativa que são utilizados para atrair a atenção do leitor e os modos de representar a morte; a materialidade do livro, trazendo aspectos do projeto gráfico e do design que compõe a obra; as ilustrações, atentando para as cores, o tipo de desenho e o ritmo que eles conferem aos textos; e, por último, os elementos paratextuais e como eles influenciam na construção do texto através das capas e demais partes. Esse mapeamento será feito a partir das premiações, obras de referência no âmbito da Literatura Infantil, em acervos pessoais, pesquisas em sites e através de buscas em bancos de teses e dissertações. Nesse processo compreenderemos como se dá a construção das representações da morte na literatura infantil brasileira, tomando como base os textos de autores renomados na área, tais como Arroyo (2011), Coelho (1993/ 1985), Zilberman e Magalhães (1982); bem como aqueles que dedicaram suas pesquisas ao estudo sobre a morte numa perspectiva sócio-histórica, tais como Ariès (2012), Rodrigues (1983) e Elias (2001). A presente tese, como pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo-interpretativo, será organizada em quatro capítulos, os quais discutirão, em primeiro momento, a morte sob um viés social, histórico e também filosófico; em segundo, como ela é abordada na literatura infantil brasileira; em terceiro, com o processo de construção do catálogo das obras escolhidas e as categorias de análise; e em quarto, com a análise das obras selecionadas. Através dos estudos realizados ao longo desse trabalho, pudemos perceber que os escritores de literatura infantil brasileira têm se empenhado, em sua maioria, a não apenas discutir o tema da morte com crianças, mas principalmente de contribuir para a construção do imaginário desses leitores no que diz respeito ao assunto. Além disso, na variedade de obras analisadas, destacamos que há uma predominância dos subtemas falecimento de avó/avô e de animais de estimação como forma de introduzir o morrer na vida das personagens e também das próprias crianças, que se deparam tanto com a partida de um bichinho quanto de um familiar próximo. Quanto às questões estéticas, observamos também que tem havido uma intensa preocupação com a materialidade do livro enquanto objeto que traz consigo não apenas ilustrações com grande qualidade, mas todo um projeto gráfico que, por vezes, influencia em seu conteúdo.
  • OTÁVIO WASHINGTON LIMA SILVA
  • VIDA E OBRA DA CORDELISTA SURDA KLÍCIA CAMPOS: UM ESTUDO SEMIÓTICO E CULTURAL
  • Orientador : JANAINA AGUIAR PEIXOTO
  • Data: 25/06/2024
  • Hora: 14:00
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  • A literatura de cordel é um gênero literário popular fortemente difundido no nordeste brasileiro e explorado na contemporaneidade por grupos e setores sociais diversos. Atualmente o português não é o único idioma em que este gênero é produzido, sendo possível encontrar produções traduzidas, adaptadas e criadas em Língua Brasileira de Sinais (Libras). Contudo, é importante frisar que esta iniciativa é recente e conta com a importante contribuição de Klícia de Araújo Campos, uma cordelista surda paraibana que também é professora universitária, pesquisadora, poeta, tradutora, e muito mais. Dadas estas considerações, esta pesquisa objetiva estudar a vida e a obra da cordelista surda Klícia Campos para fomentar a valorização deste gênero na Literatura Surda Brasileira. De modo específico, objetivamos com esta pesquisa: 1. Realizar um levantamento biográfico da cordelista surda Klícia Campos; 2. Catalogar as obras em cordel que foram criadas, traduzidas e adaptadas por Klícia Campos; 3. Catalogar todas as atividades realizadas pela cordelista Klícia Campos relacionadas ao cordel em Libras; 4. Analisar a obra selecionada com base no percurso semiótico de significação proposto por Greimas, e que se apresenta nos níveis fundamental, narrativo e discursivo; 5. Identificar os artefatos culturais surdos presentes na obra a ser analisada semioticamente. Metodologicamente, este estudo é de abordagem qualitativa (Oliveira, 2014) e do tipo exploratória (Silveira e Córdova, 2009), sendo os dados obtidos através da análise de entrevistas e do levantamento de informações nas redes sociais e na internet, estando na técnica qualitativa a estratégia utilizada para a análise dos dados obtidos. Ao término desse estudo foi possível concluir que a cordelista Klícia Campos vem construindo uma trajetória acadêmica, profissional, tradutória e artística sólida, tendo como fonte de inspiração primária a família, que desde a infância atravessam a cordelista de inúmeros modos, contribuindo para a sua constituição enquanto artista popular que se ancora no cordel e na temática nordestina para levar a arte sinalizada para surdos e ouvintes interessados no assunto. No que concerne a análise semiótica da obra selecionada, foi possível constatar a riqueza de elementos presentes na narrativa que retratam a realidade de vida da pessoa surda, inclusive através dos artefatos culturais presente na HQ Sinalizada, sendo a vida de Campos a fonte primária de inspiração para a construção de todo o enredo. Assim, acreditamos que através do presente estudo foi possível fortalecer o cordel em Libras enquanto uma produção da Literatura Surda Brasileira, principalmente por biografarmos a vida de primeira cordelista surda do Brasil.
  • ANDREINA SILVA TAUMATURGO
  • VERBO-VISUALIDADE À LUZ DE BAKHTIN: análise da história em quadrinhos emformato de cordel "Kika e a estrela encantada"
  • Data: 17/06/2024
  • Hora: 15:00
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  • Esta dissertação tem como foco analisar a obra verbo-visual “Kika e a estrelaencantada”, de Klícia de Araújo Campos, professora surda, nordestina e cordelista. A obra foicriada em formato de história em quadrinhos e narra a história de uma menina surda quevivencia barreiras de comunicação no âmbito familiar, na cidade de Teixeira, interior daParaíba. O objetivo geral da análise foi inferir os sentidos presentes na produção artístico-cultural em formato de história em quadrinhos “Kika e a estrela encantada”. Para tal,destacamos a sequência dos objetivos específicos que foram: identificar a composição verbo-visual da produção artístico-cultural na obra, distinguindo a importância da leitura conjunta do verbo-visual, tendo em vista que não se pode ler tal informação de forma individualizada;verificar as categorias bakhtinianas presentes na obra e relacioná-las com as composiçõesverbo-visuais da HQ; apresentar, através das categorias apontadas, os sentidos identificadosna obra considerando a cultura e as vozes presentes na narrativa e correlacionar aspectosculturais com os sentidos produzidos na obra, pois os aspectos culturais desempenham papelfundamental na construção da narrativa e dos sentidos produzidos pela HQ. Para atingir essesobjetivos, foi adotado um percurso metodológico qualitativo de análise documental. O corpusdo estudo é composto por textos verbo-visuais que foram analisados página por página. Aanálise começou pela capa da obra, identificando categorias bakhtinianas como sentido,ideologia, autoria, cronotopo e polifonia, além da verbo-visualidade de Brait, presentes nascomposições verbo-visuais, seguindo a mesma sistemática para as demais páginas danarrativa. Obtivemos nos resultados a identificação das categorias propostas e percebemos,por exemplo, a presença da cultura surda e nordestina brasileira na composição da obra, assimcomo constatamos a importância da língua e da apropriação cultural no processo ideológico ena construção de valores da comunidade surda.
  • GISELE PEREIRA GAMA GARCIA
  • LITERATURA SURDA E LITERATURA CODA: PRODUÇÕES VISUAIS QUE RETRATAM REALIDADES CULTURAIS SINGULARES
  • Data: 30/04/2024
  • Hora: 14:00
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  • Esta é uma pesquisa qualitativa inédita na comunidade surda do Brasil. A proposta desta tese foi feita, pensando na construção da identidade dos Kodas, isso é: das crianças ouvintes, filhos de pais surdos, através de produções literárias. Sabe-se que a literatura tem um papel fundamental na construção cultural e na identidade de qualquer pessoa. Ao pesquisar, algumas obras literárias que retratam a vida delas, foram encontradas poucas produções literárias e que falam apenas sobre os filhos adultos (Codas), aqui no Brasil. Este foi um dos motivos que fez a pesquisadora, além de propor a Literatura Koda/Coda, almejar produzir no país, o primeiro livro que tenha personagens Kodas e fale sobre essas crianças e que seja acessível a uma diversidade de Kodas. Com a publicação deste livro infantil, o objetivo geral da pesquisa foi alcançado, que é entender a reação das crianças ao lerem um livro que possua personagens iguais a si mesmo e retrate situações que já vivenciaram ou vivenciam. Para isso foi necessário contar com ajuda de vários autores, principalmente Quadros (2017), Sutton-Spence (2021), (Peixoto 2023), Coelho (2000) e Nascimento (2021) para explicar as reações e a importância da literatura na vida das crianças Kodas. A pesquisa aconteceu em Juazeiro do Norte/Ce, no Instituto Transformar (INTRA) e foi realizada em dois dias. O primeiro dia, houve o contato das cinco crianças convidadas, com a leitura do livro individualmente e entrevista com as mães delas, com a intenção de conhecer um pouco as características das crianças. E no segundo dia foi realizada uma roda de leitura conjuntamente. Durante o processo de coleta de dados, foi necessário realizar algumas mudanças na metodologia, nada que afetasse a pesquisa. Os resultados foram positivos, superaram as expectativas da pesquisadora. Além de tudo isso, a proposta da Literatura Koda/Coda, trará muitos benefícios às crianças Kodas, e aos Codas adultos, ao pai e mãe das crianças e a comunidade surda em geral. Este trabalho pode ser visto como uma porta ao mundo literário dos Kodas/Codas, o início de uma nova área, a qual incentivará a criação de muitas obras literárias, feitas pelos Kodas/Codas ou que retratem sobre eles.
  • KLEBER FERREIRA COSTA
  • O Letramento Literário nos Núcleos de Estudos de Gênero e Enfrentamento da Violência Contra a Mulher de escolas públicas estaduais de Pernambuco
  • Data: 12/04/2024
  • Hora: 14:00
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  • Esta tesetem por objetoas práticas de letramento literário efetivadas nos Núcleos de Estudos de Gênero e Enfrentamento da Violência contra a Mulher (NEG) em escolas públicas estaduais de Ensino Médio de Pernambuco. O objetivo é identificar quais são essas práticas e como se efetivam uma vez que os textos literários são largamente usados nos NEGs como elementos instigadores das discussões de gênero. O estudo toma por base o ensino de Literatura (Candido, 1995; Cosson, 2014, 2020, 2021); o ensino de literatura na BNCC (Brasil, 2018);o ensino de literatura no Currículo de Pernambuco (Pernambuco, 2021); a legislação sobre NEG (Pernambuco, 2008); as discussões sobre Gênero (Scott, 1995; Butler, 2003; Quijano, 2005; Louro, 1997) e outros. A pesquisa tem por sujeitos os professores/coordenadores dos núcleos de estudos de gênero das escolas estaduais de ensino médio de Pernambuco e os participantes (estudantes e professor) de um NEG de uma escola da rede estadual. Para os primeiros, adotou-se como procedimentos metodológicos o levantamento de dados por meio de formulário, entrevistas semiestruturadas e o Discurso do Sujeito Coletivo – DSC. Para os segundos, realizou-se uma observação direta, entrevista e aplicação de grupo focal. A conclusões alcançadas apontam que os NEGs têm como traço comum o manuseio e o compartilhamento dos textos literários. O foco da leitura é a representação social com textos que tratam especificamente de temas como gênero, violência contra a mulher e outros envolvendo os Direitos Humanos. Em geral, o trabalho de leitura e produção textual realizado nos NEGs têm como fim oPrêmio Naíde Teodósio de Estudos de Gênero. Quanto à formação do leitor literário, os NEGs, assim como o componente curricular Língua Portuguesa, apresenta contribuições e limitações. O primeiro por conduzir a uma leitura efetiva do texto literário, ainda que didatizada para fins específicos, conforme os princípios do paradigma social-identitário de ensino da literatura. O segundo por introduzir os textos da tradição literária aos alunos, ainda que seu ensino seja voltado para o reconhecimento do cânone e dos estilos de época, de acordo com o paradigma histórico-nacional, além de buscar atender às competências e habilidades exigidas pelas avaliações externas. Atuando nos dois espaços, o professor de literatura encontra no NEG a abertura para conduzir o processo de leitura literária do aluno que a sala de aula não oportuniza devido às restrições impostas pelo currículo sistematizado ao mesmo tempo que transita de um paradigma tradicional para um contemporâneo de ensino de literatura. Desse modo, constituindo-se como uma comunidade de leitores aberta a diversas estratégias didáticas, o NEG faz parte do letramento literário na escola e suas práticas terminam por impactar favoravelmente a formação do leitor literário ao promover e compartilhar a leitura de textos literários.
  • PLINIO ROGENES DE FRANCA DIAS
  • DECOLONIALIDADE E CONFLUÊNCIA NA EDUCAÇÃO QUILOMBOLA: Experiências no Ensino de Literatura e na Oralitura
  • Data: 21/03/2024
  • Hora: 14:00
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  • A presente tese é resultado de uma pesquisa-ação na Escola Municipal Quilombola de Educação Infantil e Ensino Fundamental Professora Antônia do Socorro Silva Machado, instituição inserida no território quilombola de Paratibe, situado no bairro de Paratibe, periferia sul do município de João Pessoa-PB. A qualificação da escola como quilombola tornou emergentes os estudos decoloniais aplicados ao currículo, além de reforçar pesquisas já consolidadas na academia quanto a: quilombismo; didática antirracista; implementação da lei 10639/03 e da lei 11645/08; decolonialidade na educação. O cruzamento desses temas proporcionou um levantamento de dados e aportes teóricos diversificados nas áreas de educação popular; educação para as relações étnico-raciais; estudos culturais e africanidades; oralidade e ensino de literatura. A descrição do campo, com metodologia etnográfica, determinou importantes temáticas para o trabalho de leitura literária, como questões ligadas a gênero, territorialidade, cultura de paz, família, ancestralidade, religiosidade e alimentação. Os dados foram coletados a partir de diário de campo, entrevistas, registros de experiências em sala de aula, círculo de cultura e práticas integrativas. Todos os sujeitos são alunos e alunas de anos finais do ensino fundamental II, membros da comunidade quilombola e da escola. A pesquisa foi autorizada pelo comitê de ética da Universidade Federal da Paraíba e, por tal motivo, todos os registros de falas e imagens de pessoas, sobretudo menores de idade, são preservados conforme a regulamentação para pesquisa com seres humanos. Inicialmente, o campo é apresentado e enseja debates sobre currículo, decolonialidade e educação quilombola a partir dos valores civilizatórios afro-brasileiros. As questões levantadas promoveram uma ressignificação da formação docente para atuar nessa modalidade de ensino, sobretudo quanto à oralidade e a um repertório de leituras afro-brasileiras. A busca por preencher essas lacunas motivou ainda uma reelaboração de saberes no campo da metodologia de ensino de leitura literária e de ações quanto à oralitura, que se revelou como importante categoria para o projeto quilombista da escola. Foram desenvolvidas diversas experiências de ensino-aprendizagem dentro e fora de ambientes pedagógicos tradicionais, ampliando percepções sobre territorialidade, corporeidade e ritualidade na práxis pedagógica da instituição. As questões sobre currículo, decolonialidade e educação quilombola foram desenvolvidas a partir de GOMES (2017; 2021), SANTOS (2023), RUFINO (2019; 2021), MALDONADO-TORRES (2020), NASCIMENTO (2019; 2022), PEREIRA (2007), HOOKS (2017; 2021), NOGUERA (2020; 2023) ARROYO (2013) e BRANDÃO (1984; 2006). Para os debates de oralidade, oralitura e ensino de leitura literária, recorre-se a ZUMTHOR (2000; 2010), ROTHENBERG (2006), BARTHES (2004), MARTINS (1997; 2021), PINHEIRO (2015; 2018), BAJOUR (2012), COSSON (2020) e LARROSA (2021) além de diversas vozes não-acadêmicas, como poetas, contores/as, quilombolas, indígenas e lideranças religiosas. Foram realizadas diversas práticas com debates orais e oralização de poemas e narrativas curtas, destacando-se leituras de Conceição Evaristo, Cristiane Sobral, João Cabral de Melo Neto, Patativa do Assaré, Elisa Lucinda, Sônia Sultuane, Rubem Braga, além de diversas canções e de textos do próprio professor-pesquisador.
  • JOSE EIDER MADEIROS
  • Me belisque real! corpo objeto, corpo sujeito e os limites superficiais de suas interfaces nas pós-humanidades de Sob a pele
  • Orientador : HERMANO DE FRANCA RODRIGUES
  • Data: 29/02/2024
  • Hora: 17:00
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  • Esta pesquisa tem como propósito analisar as interfaces da pele como semiossigno, como alegoria e como superfície topológica representacional, em conceitos de corpo incitados por duas obras homônimas intituladas Sob a pele, de autoria de Michel Faber, na literatura, por um lado, e traduzida por Jonathan Glazer, para o cinema, por outro, e que permitam tecer diálogo com a psicanálise de viés freudolacaniano. Face aos desdobramentos críticos da realidade contemporânea, em torno de questões que se dedicam às relações de contato nos horizontes da pós-modernidade e da pós-humanidade, o corpo e a sua superfície do tocar se vêm atravessados por inúmeros problemas e dificuldades. Isso se dá, sobretudo, em se tratando de fenômenos da subjetividade em relação ao outro, às percepções de si mesmo em relação a este outro, e aos limites que dão consistência ou não a aspectos particulares do sofrimento ou da solidão, decorrentes de ambivalências, ao mesmo tempo internas e externas, do sujeito nas dimensões clínicas do desejo e da propriocepção. Pensando nisso, a pesquisa se questiona, na medida em que se recorta pelo feminino enquanto criatura e criação alienígena protagonizada nas obras, sobre como uma leitura na perspectiva da ficção científica pode lançar reflexões que ampliem as funções da pele do corpo em alusão estética aos desafios do tempo e do lugar humanos diante do real no presente. Nessa esteira, ao considerar as implicações de algumas lacunas teóricas no campo psicanalítico, a pesquisa lança uma hipótese em torno da pulsão háptica, de acordo com o que se arranja em seu percurso dialógico e metodológico, especialmente quando se depara com possibilidades de configuração das modulações da sensorialidade para formas de corporeidade outras, típicas dos avanços tecnológicos e das ficções em progresso na contemporaneidade. No que concerne àsarticulações teóricas para o eixo de uma análise estética, a pesquisa mais se inspira nas visões de fragmentação em Walter Benjamin e de crítica em Georg Lukács e Fredric Jameson, e para o eixo de uma psicanálise, nos diversos textos de Sigmund Freud e Jacques Lacan, voltados aos modelos do corpo da superfície psíquica e da ruptura desses modelos pela topologia estrutural. Nas breves passagens pelos eixos de ligação da psicossomática com os demais, os trabalhos de Didier Anzieu e Christophe Dejours servem de importante parâmetro a esta pesquisa. Os pressupostos teóricos voltados à ficção científica e à linguagem cinematográfica são de autorias diversas. Compreenderse-á, nos limites impostos à análise literário-fílmica, que as heroínas são demo(n)strações, desde que criaturas, das posições complexas do impossível do corpo de sintoma ao que persiste em direção à não-ex-istência e das estranhezas dos acontecimentos no espaço-tempo das ficções humanas pós-modernas, que são experimentadas em níveis de resistência e permanência paradoxal na superficialidade, fundamental à constante, violenta e cíclica crise do falasser pós-humano.
  • THIAGO DA SILVEIRA CUNHA
  • Sub-Versões na Urbe: uma cartografia decolonial do graffiti em João Pessoa
  • Orientador : ANA CRISTINA MARINHO LUCIO
  • Data: 29/02/2024
  • Hora: 14:00
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  • Esta tese lança uma mirada decolonial para a história do graffiti e da pixação, tendo como objetivo central a realização de cartografias a partir da produção de dois artistas atuantes na Paraíba: Subitus e Cyber. A partir dos olhares de Quijano (2005), Segato (2012), Mignolo (2019), Krenak (2022), Fanon (2020) entre outros, compreendemos que uma das tarefas decoloniais é reconhecer padrões coloniais de poder que perpetuam relações de exploração e violência colonialista. A busca é por uma descentralização da atenção, percebendo - e buscando - novas gnoses e narrativas na construção simbólica da realidade. A cartografia é aprofundada como método - caminho - capaz de abrir o percurso mnemônico percorrido pelas lembranças de Cyber, no centro da cidade, conectando espaços e gerações do movimento cultural e artístico local. Baseados na abordagem de Illares (2018) e Mignolo (2019) acerca da produção do artista guatemalteco, e nas reflexões de bell hooks (2020), pontuamos a arte decolonial como um processo de sanação. Produto da ação de uma consciência fronteiriça que reconheceu as feridas provocadas em seu ente a partir da diferença colonial. Estesia decolonial que busca o enfrentamento dos padrões coloniais de poder, mas sobretudo a reconexão com o território e suas formas de saber e sentir. A noção de amefricanidade (GONZALEZ, 1988) e de violência expressiva (SEGATO, 2012) são acionadas para lançar um novo olhar sobre os principais regimes de memória que compõem o movimento do graffiti. Neste contexto, as expressões artísticas são mobilizadas a fim de criar sentidos e afetos que deslegitimem narrativas colonialistas.
  • PAULO DE FREITAS GOMES
  • VENTOS QUE CRUZAM O ATLÂNTICO: INTERSECÇÕES, VIOLÊNCIA E SUBALTERNIDADE FEMININA NA POÉTICA DE YAA GYASI
  • Data: 29/02/2024
  • Hora: 09:00
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  • A concretização desta pesquisa tem o objetivo de analisar a representação da mulher, realçando os aspectos da violência e subalternidade feminina, enquanto categoria analítica. O trabalho ausculta o desempenho poético da autora africana, de origem ganense, Yaa Gyasi. A autoria citada recorre ao espaço da ficção e o utiliza como ferramenta à denúncia dos desequilíbrios socioculturais suscitados por condutas segregacionistas que tencionam a fragmentação social a fim de preservarem o status de supremacia. A intersecção dos indicadores de subalternização, a exemplo de raça, classe social, gênero, nacionalidade e origem étnica, são mecanismos utilizados ao efetivo exercício das instituições hegemônicas, legitimadas pelo regime patriarcal que confere à entidade masculina poder de decisão, liderança e autoridade moral sobre as camadas sociais marginalizadas. Para a consolidação das aferições teórico-argumentativas nos valemos da obra O caminho de Casa (2017), enquanto corpus de análise. O desenvolvimento desta tese é relevante à fomentação de estudos posteriores, no campo da teoria literária, assim como amplia os aportes crítico-expositivos relacionados às intervenções reflexivas pós-coloniais e de gênero. Deste modo, contribuímos para promoção da fortuna crítica inerente à romancista Yaa Gyasi e dispomos, ao espaço da discussão acadêmica, os produtos de sua disposição criativa. Isto posto, com a finalidade de legitimar os pressupostos argumentativos e sistematizar a discussão recorremos às conjecturas teóricas de AIDOO (1983, 2009), ACHOLONU (1995), AMADIUME (1987), ARNDT (2002), COLLINS (2019), DAVIS (2016), HUDSON-WEEMS (2020), BONNICI (2000), BHABHA (2014), BAMISILE (2021), ACHEBE (2012), ALENCASTRO (1998), MBEMBE (2014), APPIAH (2012), FANON (1968, 1983), entre outros arcabouços epistemológicos necessários à evolução da tese.
  • MARCELLE VENTURA CARVALHO
  • LOUISE LABÉ NO BRASIL, TRADUÇÃO E RETRADUÇÃO: ESTUDO E ANÁLISE DE TRÊS SONETOS
  • Orientador : MARTA PRAGANA DANTAS
  • Data: 28/02/2024
  • Hora: 14:00
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  • Esta tese traz uma análise das traduções poéticas dos sonetos II, III e XVIII da poeta lionesa quinhentista Louise Labé (1522?-1560), que foram vertidos para o português/Brasil por Felipe Fortuna (1995), Sérgio Duarte (1999) e Mário Laranjeira (2004). O estudo das traduções está apoiado nos postulados teóricos e metodológicos deBerman (1995), Paulo Henriques Britto (2017) e Mário Laranjeira (2003). Os encaminhamentos bermanianos direcionam a nossa postura metodológica – em especial na identificação dos condicionantes paratextuais que envolvem a tradução, tais como: oprojeto e o horizonte de tradução – e a exposição das nossas análises, em que primamospela clareza, reflexividade, digressão e comentário. A nossa base teórica para as considerações específicas do corpus fundamenta-se nos princípios de “Correspondência” e de “Significância” estabelecidos respectivamente por Britto (2017) e por Mário Laranjeira (2003). Esses critérios serão contemplados mediante uma abordagem comparativa entre o texto fonte e suas traduções (retraduções). A grande questão que impulsiona este estudo é: de que maneira os elementos estéticos da poesialabeana foram trabalhados pelos tradutores em seus respectivos projetos de tradução? A reflexão sobre as traduções aciona a necessidade de discussões sobre outros temas que orbitam em torno do corpus, tais como: a) contextualização – abrangendo o Renascimento e a identificação das características estéticas da escrita da poeta, os quais serão considerados especialmente a partir das observações de: Cochard (1824), Breghot (1824), Lazard (1985) Arnold Hauser (1998), Perry (1999), Selosse (2007), Pradas ______________________________________________________________________(2007), Motta (2014), Petey-Girard (2023); b) tradução poética e retradução, em que problematizamos as particularidades conceituais da tradução literária e da retradução, tendo por parâmetro as contribuições de: Paes (1990), Berman (1990), Guerini (2000), Benjamin (2008), Milton (2010), Monti (2011), Venuti (2013); c) a recepção da poeta Labé no Brasil, cujos primeiros indícios foram consultados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional do Brasil (2023). Nesta pesquisa, também é referendada a importância da obra de Louise Labé na literatura escrita por mulheres, em que seu discurso, além de literário, é revolucionário. Com a nossa análise, concluímos que todos os tradutores – FF, ML e SD – apresentaram elevado grau de “Correspondência” quanto aos aspectos semânticos; quanto aos retórico-formais e linguístico-estruturais, as traduções de FF e de ML se assemelham, ao revelarem mais “Correspondências” quanto à Letra do original. Logo, cada tradução manifesta, de modo particular, a “Significância” do texto fonte.
  • LEILANE HARDOIM SIMÕES
  • FICÇÃO E REALIDADE NO JOGO LITERÁRIO E OBSESSIVO DE ENRIQUE VILA-MATAS
  • Data: 26/02/2024
  • Hora: 14:00
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  • Nesta tese buscaremos trabalhar as obras do escritor espanhol Enrique Vila-Matas as quais trazem a literatura, mais do que como temática, como protagonista ciente e crítica de si. Primeiramente, apresentaremos o escritor e suas obras, tendo em conta que defendemos que sua escrita passa pelo crivo da autoficção ou autobiografia ficcional enquanto geradora de sua automitografia, visto que Vila- Matas dilui a relação do real e do ficcional em suas obras através da discussão da própria literatura como uma obsessão em seus livros de ficção. Em seguida, iremos explanar sobre como se dão as referências e citações utilizadas por Vila-Matas através do conceito de Rizoma dos filósofos Deleuze e Guattari (1995). As citações e referências são parte constituintes da narrativa vilamatiana. Traçaremos a trajetória de leitura realizada para a pesquisa das obras vilamatianas que trazem a literatura de maneira obsessiva, sendo dois livros de conto: Suicidios ejemplares (1991) e Chet Baker piensa en su arte: Relatos selectos (2011); e quatro romances: Historia abreviada de la literatura portátil (1985), Bartleby ycompañía (2000), Aire de Dylan (2013) e, por fim, Kassel no invita a la lógica (2014a). Para através destes livros analisar a obra objeto desta pesquisa, Aire de Dylan (2013), tal movimento de leitura se justifica por defendermos que a literatura vilamatianas é rizomática na sua referenciação inclusive interna, entre obras. Por fim, traremos Linda Hutcheon e sua política da ironia para discutir como a ironia, e em menor grau, o humor, transformam o modo de ler a relação entre a ficção e o real na literatura obsessiva vilamatiano.
  • ELLEM KYARA PESSOA DOS SANTOS
  • A escrita literária de Jessier Quirino como marca da cultura regional: uma abordagem léxicosemântica
  • Data: 19/02/2024
  • Hora: 09:00
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  • Esta pesquisa objetivou elaborar um glossário com expressões típicas do falar nordestino. O corpus que serviu de base foi o léxico utilizado pelo poeta e escritor regionalista Jessier Quirino em suas três obras literárias: Agruras da lata d’água (2016), Paisagem de Interior (2018) e Galos de Campina (2018). Realizar uma análise léxicosemântica das obras quirinianas tem sua relevância, uma vez que o escritor busca dá ênfase, em sua escrita literária, à linguagem regional-popular. Essa linguagem, por sua vez, é apresentada através de inúmeros regionalismos, que vão desde expressões, a arcaísmos e neologismos. Para a sistematização do glossário, apoiamo-nos nos pressupostos das ciências do léxico: Lexicologia e Lexicografia (ARAGÃO, 2004), (BARBOSA, 1993), (BORBA, 2002). De modo particular, contamos com o arcabouço teórico-metodológico de Pottier (1972), para a classificação das lexias em: simples, composta, complexa e textual. Utilizamos, ainda, os pressupostos da Dialetologia (CARDOSO, 2016), da Sociolinguística (BAGNO, 2004), da Etnolinguística (COSERIU, 1987) e da Semântica (CANÇADO, 2013) para aferir se as expressões eram de uso corrente ou regional e se estas se tratavam de arcaísmos ou de criações neológicas do autor. Vale pontuar que, o intento desta pesquisa se justifica pela necessidade de que sejam desenvolvidos mais trabalhos nestes moldes, isto é, sistematizando os falares regionais em obras dicionarísticas, oportunizando, assim, à geração atual e à futura, o acesso e o conhecimento ao rico acervo linguístico cultural que são os falares regionais. Nesse viés, nossa tese contribui para a preservação dos falares regionais, bem como comprova a riqueza e a vastidão deles, tão presentes no Nordeste brasileiro. Assim, cooperamos para os estudos das ciências do léxico, bem como para a fortuna crítica da obra de Jessier Quirino.
  • JOSÉ LEONARDO DOS SANTOS SOARES
  • DIÁSPORA NEGRA, BRUXARIA E A DEMONIZAÇÃO DO “OUTRO”: AS RAÍZES DE TITUBA EM “EU, TITUBA, BRUXA NEGRA DE SALÉM” DE MARYSE CONDÉ
  • Data: 31/01/2024
  • Hora: 14:00
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  • Seja no imaginário infantil ou nas religiões a bruxaria se apresenta de múltiplas formas através dos séculos, Tituba uma personagem histórica que foi acusada de bruxaria no período conhecido por caça às bruxas em Salém nos Estados Unidos no século XVII, era uma escravizada negra levada para um contexto puritano e pouco mencionada nos registros oficiais. Maryse Condé ficcionaliza a vida dessa personagem em Eu, Tituba, Bruxa Negra de Salém (1986) complementando a história com sua visão, enfatizando um protagonismo negro. O presente trabalho tem como objetivo investigar o arco da personagem Tituba no enredo da obra em questão a partir das perspectivas de gênero e cultura negra, explorando e relacionando os processos de alteridade e subalternidade presentes na narrativa, assim como, o resgate da figura histórica da protagonista. Seguindo a tese de que as perspectivas mostram que as categorias de raça, etnia e nacionalidade influenciam e impactam nas decisões tomadas e nas imposições sofridas pela personagem. Para fundamentar a pesquisa, perpassaremos por Russell e Alexander (2019) no que se refere a história da bruxaria, Zordan (2005) quando escreve sobre a figura emblemática da bruxa, a diáspora negra por Paul Gilroy (1993), a identidade cultural discutida por Stuart Hall (2006), pensando em um feminismo decolonial: Oyérónké Oyéwúmí (2004), além da obra autobiográfica de Condé (1999) para entender melhor as motivações e o processo de escrita de suas obras. O livro Eu, Tituba: bruxa negra de Salem oferece uma visão esclarecedora sobre a condição das mulheres durante o período em que a moral puritana dominava a sociedade. As mulheres subjugadas ao patriarcado exercido pelos homens de suas famílias e pela Igreja. As africanas e suas descendentes enfrentavam uma subordinação ainda maior, imposta por seus senhores e senhoras. Ao longo da história, Tituba, apesar de todas as adversidades, persiste e mantém sua humanidade, inclusive na expressão de desejos e prazeres, que desafiam a moral cristã. A narrativa destaca a sabedoria cultural de Tituba e sua conexão com os ancestrais e as forças espirituais. Assim, Maryse Condé mescla história e ficção, preenchendo lacunas na história com sua imaginação.
  • PRISCILLA THUANY CRUZ FERNANDES DA COSTA
  • QUEERIZANDO O CÂNONE: UMA LEITURA ASSEXUAL DE JO MARCH EM LITTLE WOMEN, DE LOUISA MAY ALCOTT
  • Data: 31/01/2024
  • Hora: 14:00
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  • O romance Little Womenda escritora estadunidense Louisa May Alcott, publicado em 1868, tem sido objeto de intenso interesse acadêmico no campo dos estudos feministas e de gênero e permanece culturalmente relevante ainda hoje. Uma temática se destaca dentre as discussões sobre literatura e sua intersecção com questões de gênero e sexualidade no que diz respeito ao romance em foco: as possíveis [re]leituras queer da protagonista JoMarch desenvolvidas nos campos acadêmico e literário. Partindo de uma perspectiva queer, este trabalho foca na assexualidade e em como sua representação na literatura vem ganhando dimensão tanto em textos contemporâneos quanto em clássicos revisitados. Assim, a proposta desta pesquisa consiste em desenvolver uma leitura do romance Little Women, através do emprego de um referencial teórico-crítico produzido no que atualmente se entende como o campo dos estudos assexuais. Num primeiro momento, reúno elementos biográficos sobre Louisa May Alcott bem como informações sobre o conteúdo, o contexto histórico e a recepção de seu romance. Em seguida, apresento uma breve contextualização histórica da assexualidade e alguns dos principais conceitos que sustentam o campo teórico dos estudos assexuais. Para tal, a pesquisa traz como principais referências as contribuições de Ela Przybylo, Elisabete Regina Baptista de Oliveira, KJ Cerankowski e Megan Milks para os estudos contemporâneos sobre assexualidade. No capítulo final, busco produzir uma leitura assexual de Little Womencom foco na personagem JoMarch, reunindo trechos do romance à luz das categorias de análise apresentadas, destacando a resistência da personagem à sexualidade compulsória, à amatonormatividade e aos scripts sexonormativos vigentes.
  • ALÍCIA LIMA PASCOAL RODRIGUES
  • EXPRESSÕES DO REGIONAL NORDESTINO NA LÍRICA DE JOAQUIM CARDOZO: UM ESTUDO SOB AS FACES DO CAJU
  • Data: 31/01/2024
  • Hora: 09:00
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  • A presente pesquisa busca efetuar uma investigação para discutir os recursos estéticos com que Joaquim Cardozo modula sua subjetividade lírica a partir dos deslocamentos para imagens do caju, e como isto atravessa procedimentos que o ligam ao aspecto regional. Para isso, temos como corpora as suas primeiras composições líricas publicadas em livro, a saber, em Poemas (1947). Os objetivos elencados foram: 1) investigar a presença do caju na literatura brasileira, com foco na análise da trajetória do caju na lírica de Joaquim Cardozo; 2) entender a maneira com que Joaquim Cardozo se utiliza da imagem do caju para discutir as questões regionais; e no terceiro, objetiva-se discutir a complexidade do lirismo amoroso na poesia de Joaquim Cardozo, buscando entender como Cardozo se utiliza da imagem do caju para discorrer poeticamente sobre o sentimento amoroso. O referencial teórico coletado para esta pesquisa centra-se nos estudos deixados por Gilberto Freyre (1996), Antônio Dimas (1996), Souza Barros (1972) Fernando Py (1942), Houaiss (1976), Octávio Paz (1996), com o intuito de entender uma das maneiras que este poeta representou a região pernambucana.
  • ANDRÉ SARMENTO DE SOUSA
  • O ALIENISTA EM CORDEL: A REESCRITA E SUAS POSSIBILIDADES DE LEITURA DO TEXTO NO ENSINO MÉDIO
  • Data: 29/01/2024
  • Hora: 14:00
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  • : A presente dissertação buscou analisar o cordel “O Alienista”, de Medeiros Braga, a partir da reescrita e suas possibilidades de leitura como forma de mediação entre o texto e o leitor, visando a formação do leitor literário preconizado pela BNCC. A hipótese delineada na construção dessa pesquisa, parte do pressuposto de que o ensino de literatura está calcado em paradigmas que distanciam o leitor do texto literário, afastando-o da experiência de leitura, e consequentemente apagando suas as marcas subjetivas que são necessárias à implicação do leitor no processo de fruição. Ao problematizar a distância entre o mundo do leitor e a leitura, podemos refletir sobre a realidade do ensino de literatura no ensino médio, repensando práticas em sala de aula, adotando assim a dinâmica do letramento literário. Direcionamos o processo metodológico para uma pesquisa bibliográfica, amparado teoricamente pelas perspectivas de Freire (1989), Langlade e Rouxel (2013), Colomer (2007), Larrosa (2022), Abreu (1999), Marinho e Pinheiro (2012), Adam e Heidmann (2011), Cosson (2020;2021), Todorov (2020), entre outros. No intuito de alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa, levantamos discussões sobre i) a leitura subjetiva como processo de constituição de experiência e fruição, tencionando o percurso histórico da formação da leitura no Brasil e suas implicações no ensino de literatura, ii) os diferentes recursos de (re)criação ficcional do cordel O Alienista, de Medeiros Braga, que possam ajudar na produção de sentidos pelos leitores e consequentemente na formação do leitor literário, iii) a dinâmica do letramento literário e as suas possibilidades metodológicas, propondo um diálogo vivo entre o texto literário e a experiência do leitor, explorando a diversidade da linguagem do cordel como: xilogravura, dramatização, jogos teatrais, músicas, dentre outros em um ambiente deleitoso na qual o leitor possa se implicar.
2023
Descrição
  • SILVIO TONY SANTOS DE OLIVEIRA
  • DA FEMINILIDADE ECLIPSADA AOS ESPECTROS LUXURIOSOS DE EROS: DILIGÊNCIAS DO DESEJO NA MÍTICA LITERÁRIA DONJUANESCA
  • Data: 22/12/2023
  • Hora: 14:00
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  • Da antiga medicina egípcia à alopatia helênica; de Hipócrates a Galeno; das teorias dos humores à teoria da degenerescência cerebral oitocentista, a histeria foi questionada pelos diversos campos do conhecimento, a saber: filosófico, medicinal e religioso. Diante da impossibilidade de uma assertiva conceitual quanto à etiologia de seus sintomas, restou à cultura patriarcal defini-la muito mais como uma enfermidade de diferenciação binária entre os gêneros e muito menos como uma expressão própria da constituição psíquica dos indivíduos. Em outros termos, a concepção do atroz deslocamento uterino, no corpo feminino, permeou séculos e os mais diversos contextos sócio-históricos. Quanto ao masculino, desde a medicina hipocrática, a epilepsia e a hipocondria se consolidaram como patologias típicas do homem, as quais reivindicavam nosologias e processos terapêuticos diversos em relação ao seu correspondente no sexo oposto, consoante Trillat (1991). Assim, é, a partir do XIX, que a histeria ascende como objeto reconhecido cientificamente nos petit comitês médicos europeus. Com efeito, as revoluções terapêuticas, mais humanizadas, implantadas pelo psiquiatra Phillipe Pinel (1745-1826) e a relação mente/afetos, proposta por Pierre Biquet (1796-1881), contribuíram para um outro olhar acerca dos fenômenos histéricos. Sequencialmente, as postulações cartográficas do neurologista francês Jean Martin Charcot (1825-1893) se destacaram ao conceber a possibilidade da não exclusividade do feminino acerca das manifestações somáticas histéricas. Partindo do princípio da atuação de uma experiência traumática, Outra cena, sobre a consciência, a medicina charcotiana inicia os primeiros passos para aquilo que, posteriormente, seria o objeto central da psicanálise: o Inconsciente. Logo, em plena época vitoriana, Sigmund Freud (1856-1939) começa a desnudar as incógnitas da histeria, vislumbrando um para-além do estado de vigília e verificando, em sua clínica, que a citada psiconeurose em muito se aproxima das fantasias eróticas dos indivíduos direcionadas às figuras parentais, conforme é postulado nos Estudos sobre a Histeria (1895). Em contrapartida, as manifestações artísticas, em especial, a Literatura, expõem, à revelia da consciência autoral, os mais recônditos elementos do psiquismo. Não por acaso, influenciado pelo imaginário popular medieval, mas buscando um caráter pedagógico de controle dos impulsos comportamentais, insurge, sob a pena do religioso e dramaturgo Tirso de Molina, o arquétipo subversivo do dom-juanismo. Em um cenário religioso e inóspito para o gozo do corpo, Don Juan, por meio de suas conquistas amorosas, mimetiza o extravasamento libidinal; o caráter sedutor; e a posição de objeto de desejo do Outro, característica marcante na estrutura histérica. Logo, os processos psíquicos do burlador de Sevilla, escancaram as primitivas relações objetais, projetadas nos enquadres triangulares de um complexo edípico claudicante. Não por acaso, de Lord Byon (1788-1824) a E. A. T. Hoffman (1776-1822), chegando ao contemporâneo, a mítica libertina donjuanesca desvela a pretensão humana de subverter as amarras culturais, as quais vetorizam o comportamento social, como nos é exposto em Mal-estar na civilização (1930), e a almejada fantasia narcísica da não confrontação com a frustração da incompletude. Destarte, esta pesquisa tem por escopo discutir os itinerários subjetivos, o extravasamento libidinal e as indissincrasias da masculinidade histérica na obra contemporânea Don Juan Acorrentado (1999), da escritora Wanda Fabian. Para tanto, além da teoria freudiana, propomo-nos a estabelecer convergências entre as teorias psicanalíticas – Lacan (1970); Melanie Klein (1946); Sándor Ferenczi (1924), entre outros - e a Psicologia Analítica postulada por C. G. Jung (1875-1961). Logo, vislumbramos, no modus operandi donjuanesco, projeções arquetípicas que se encontram, desde illio tempore, manifestas na cultura e na religiosidade das antigas civilizações e que passam a nortear o eixo do complexo do Eu, como bem discute Jung, em Os arquétipos e o inconsciente coletivo (1959).
  • WANESSA DE GÓIS MOREIRA
  • OS CLAMORES ESTRÉPITOS DE UMA MULHER: AS RUÍNAS DA MATERNIDADE EM ANJO NEGRO, DE NELSON RODRIGUES
  • Data: 22/12/2023
  • Hora: 09:00
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  • Anterior ao século XX, a ‘condição’ materna, por muito tempo, atrelou-se ao feminino com ‘ajuda’ dos grilhões morais, que atravessavam os corpos e rasgavam as subjetividades femininas, de adornos culturais e com as indumentárias convencionais da “mãe perfeita, pura e casta”, como um percurso que deveria ser seguido para a obtenção de uma redenção divina. Essa diagramação evidencia a violência perpetrada ao feminino, através dos discursos hierárquicos, que tinham o objetivo de dominar e controlar os itinerários da mulher perante a sociedade, em especial, o da maternidade. Contudo, em meio às brumas da religião e da repressão cultural, a então ciência da subjetividade, empreitada pelo neurologista vienense Sigmund Freud (1856-1939), acabara por demolir algumas estruturas sociais e religiosas que versavam sobre o corpo da mulher. A partir dos estudos freudianos, a figura da mãe passa a ser estendida e dilatada do seu sentido denotativo, para uma perspectiva embasada em sua individualidade, na busca de legitimar os desejos sui generis. Isto é, a mulher/mãe passa a percorrer as veredas da ‘liberdade’ social, quando expressa e contesta sobre suas vontades subjetivas, como o de não ‘querer’ ser mãe. Eis o caso da personagem Virgínia, presente na tragédia plasmática que é pulsionada pela maldição e cólera: Anjo Negro (1946), de Nelson Rodrigues. A protagonista orquestra, indiferentemente, uma chacina de sua própria prole, por afirmar que o lugar de mãe não a pertence, mas unicamente o de esposa. Virginia, em todo momento da narrativa, deixa explícita sua vontade de ter o Ismael, de modo coadunado e simbiótico, por medo de perdê-lo, sendo capaz de percorrer qualquer agrura com toda fúria presente em seu feminino e até se esvair de si mesma, (tudo) em nome do amor a Ismael. Nesse caso, para analisar tal conduta da personagem, convidamos o pai da Psicanálise, bem como os pós-freudianos com os conceitos pautados no momento que a mulher desnorteia seus sentidos e sua razão, após perder um objeto de amor, por se ‘deparar’, inconscientemente, com a ‘falta’ que lhe estrutura como sujeito faltoso. Destarte, buscaremos refletir, tal pesquisa, a partir das diferentes expressões do desejo de Virgínia, que quer gozar para além de sua maternidade e de sua feminilidade. Como dito pelo pai da Psicanálise, a sexualidade feminina e seus múltiplos matizes estão longe de ter uma resposta definitiva, portanto, continuemos a investigá-(e)las em busca de novas chaves e decifrações
  • TAMARA PEREIRA DA SILVA MACHADO
  • VISUAL VERNACULAR: UMA PRODUÇÃO CULTURAL SURDA COM LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA
  • Orientador : JANAINA AGUIAR PEIXOTO
  • Data: 21/12/2023
  • Hora: 14:00
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  • Esta pesquisa qualitativa e descritiva apresenta um estudo desenvolvido no curso de mestrado do programa de pós-graduação em letras (PPGL-UFPB), que objetivou analisar os elementos estéticos literários e os elementos da linguagem cinematográfica presentes na produção cultural Visual Vernacular (VV), para fomentar uma melhor compreensão das características estilísticas que formam este artefato criado especificamente por artistas surdos, baseado na sua experiência visual de mundo. Este objetivo geral deu origem aos seguintes objetivos específicos: Compreender as características estilísticas da produção cultural (artefato) original do povo surdo denominada de Visual Vernacular; Identificar elementos da linguagem estética e cinematográfica em obras literárias reconhecidas como Visual Vernacular; E por fim, analisar o efeito estético criado pela linguagem utilizada para composição das obras literárias pertencentes ao estilo Visual Vernacular. Como suporte teórico dos elementos estéticos literários adotamos Sutton-Spence (2021), para fundamentar os elementos cinematográficos nas produções sinalizadas adotamos Castro (2012) e para reconhecer a VV como um artefato cultural originalmente criado no interior do Povo Surdo, adotamos Strobel (2008). Ancorados principalmente nesses autores as obras analisadas foram: a poesia “Não mexe com o que não te pertence”, “Slam VV de mulheres – ao vivo”, da autora surda Cristiane Esteves de Andrade, e o poema VV “Os cangaceiros X coronéis” do autor surdo Alexandre Moreira. Entre os resultados obtidos durante a análise identificamos nas três obras os seguintes elementos estéticos característicos do estilo visual vernacular: Incorporação, Antropomorfismo, Classificadores, Expressões Facial e Corporal, Repetição, Espaço, Ritmo e Velocidade. Além de, Múltiplas perspectivas, que na produção Visual Vernacular são enfatizadas e apresentadas de forma muito mais detalhadas, nas seguintes ramificações das técnicas cinematográficas: Plano Grande Geral, Plano Geral, Plano Americano, Plano Próximo e Plano Close-up. No Slam, a segunda obra analisada, além de todos esses elementos citados anteriormente, identificamos também o elemento estético denominado de Exterior/Interior. Enquanto que, na terceira obra analisada, além de todos esses elementos encontrados anteriormente nas duas obras, identificamos mais um elemento cinematográfico, denominado de 3D. Concluímos então, neste estudo que por ser uma produção autêntica de artistas surdos e com maior evidência e crescimento após a pandemia, muito ainda precisa ser estudado sobre o artefato cultural Visual Vernacular, mas com base neste estudo podemos afirmar que, quando os autores escolhem esses elementos artísticos para a composição das suas obras literárias de diferentes gêneros pertencentes ao estilo Visual Vernacular, têm a intenção de gerar vários efeitos estéticos fortemente visuais para o seu público reconhecidos como o suspense, a curiosidade, a reflexão, a tristeza, entre outros sentimentos e emoções.
  • CARLISSON MORAIS DE OLIVEIRA
  • Álvares de Azevedo e bipolaridade: uma iluminação recíproca
  • Data: 18/12/2023
  • Hora: 15:00
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  • A premissa desta tese é dupla: a leitura da poesia de Álvares de Azevedo, a partir da bipolaridade, ajuda a percepção de sua poesia; simultaneamente, sua poesia — sua arte com as palavras — ajuda a iluminar os estados e os sentimentos dos bipolares. O trabalho é dividido em duas partes. Na primeira, discutem-se o autor e suas obras; na segunda, as influências e abordagens acadêmicas. Em particular, defendemos que a divisão da Lira dos vinte anos, nas conhecidas, "Primeira" e "Segunda", pode ser lida como agrupamentos de poesias majoritariamente, mas não, exclusivamente, ligadas aos dois estados da bipolaridade: "Primeira parte", depressão; "Segunda parte", mania. Assim, propomos uma leitura, para a binomia citada pelo próprio Álvares de Azevedo na Lira. No primeiro capítulo aborda-se a questão do autor, na crítica literária, baseando-se em Barthes e Landy. No segundo, discute-se a sua bipolaridade, pois é amplamente influenciado pela obra Touched with Fire de Kay Redfield Jamison (1993). Inicia-se com um comentário sobre a bipolaridade, a partir da psiquiatria, particularmente do DSM-5-TR (2023) e Diogo Lara (2009), detalhando a bipolaridade Tipo I, Tipo II e Ciclotimia. O terceiro capítulo é composto por análises de poesias abordadas, individualmente, dividindo-se em duas seções: a) para cima; b) para baixo.
  • AMASILE COELHO LISBOA DA COSTA SOUSA
  • Práticas de leitura literária na educação básica no município de Campina Grande – PB
  • Data: 18/12/2023
  • Hora: 14:00
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  • Para muitos alunos, principalmente os da rede pública, a escola é o único local em que têm a oportunidade de vivenciar experiências com o texto literário, permitindo que compreendam melhor a si mesmos e o mundo em que vivem. A partir desse contexto, a pesquisa buscará investigar as práticas de leitura literária nos anos finais do ensino fundamental em escolas públicas na cidade de Campina Grande-PB. Para perseguirmos esse objetivo, seguimos o seguinte percurso metodológico: i) entrevistamos 13 professores com a finalidade de compreendermos as práticas de leitura literária que estão sendo produzidas nas escolas; ii) analisamos documentos oficiais do município de Campina Grande, local onde as escolas estão localizadas, além de outros documentos a nível nacional e, por último, iii))Produzimos um Diário de Campo que nos permitiu perceber particularidades a partir da visitação as dez escolas investigadas. Estamos, portanto, diante de uma pesquisa de campo, de natureza documental que nos possibilitará fazer um diagnóstico das práticas de leitura literária, dando-lhes a devida visibilidade. Para a análise dos dados, apropriamo-nos de reflexões voltadas para a formação do leitor literário em que destacamos os trabalhos de Zilberman e Lajolo (2019), Colomer (2007), Bordini e Aguiar (1988), Pinheiro (2018), Yunes (2002), Castrillón (2011), Lerner (2002), Bajard (2001), Tardiff (2007), entre outros. Como resultado, lançamos um olhar reflexivo sobre o processo de formação do leitor literário em escolas públicas do município de Campina Grande-PB. Apesar de tantas dificuldades percebidas no cotidiano escolar- conflitos, violência, desânimo de alguns professores, estrutura física deficitária e falta de políticas públicas voltadas para a leitura de textos literário-, encontramos em muitas das escolas pesquisadas, práticas criativas, que se tiverem aprimoramento e continuidade, darão grande contribuição para o processo de formação do leitor literário.
  • ELISANGELA MARCOS SEDLMAIER
  • Por uma poética sexual da carne: cartografia da prostituição
  • Data: 18/12/2023
  • Hora: 09:00
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  • O presente trabalho tem como propósito cartografar as escritas de si, através das vozes de escritoras que dissertaram sobre o seu labor, a prostituição. Os escritos começam a surgir a partir da década de 1990, e vão perpassando o tempo e ganhando força, até chegar aos dias atuais. Buscamos abordar, no primeiro capítulo, a trajetória da história da prostituição e, consequentemente, da prostituta. De forma significativa traz também a narrativa da mulher, a qual o sagrado cede seu lugar ao profano, e adentra na sociedade como uma necessidade masculina, que mesmo assim é recoberta de preconceitos e estigmas, e enraizaram-se até os dias atuais. Alicerçando-nos nestes debates encontramos Roberts (1998), Prada (2018), Despentes (2016), Adler (1991) e tantos outros nomes que ajudam a (re)construir e compreender a história oficial. Após a saída dos meandros do passado e a caminhada até o presente, vamos no ancorar nas cartografias do corpo, do corpo feminino, ou melhor, da complexa construção dos diversos femininos, a partir dos estudos de Freud (1932), e outros autores mais contemporâneos que continuam a tirar os véus desse continente misterioso. Ao abordar questões que perpassam a sexualidade e o desejo na prostituição, somos levados ao terceiro momento do trabalho, quando para além da teoria deparamo-nos com as “escritas de si”, com a literatura escrita por mulheres que exercem a prostituição ou já foram prostitutas. A partir de seus relatos faz-se uma intersecção com a história e com estudos e conceitos psicanalíticos, buscando representar as subjetividades e representações que perpassam as prostitutas, possibilitando deparar-nos com os desejos, vazios, aspectos da(s) feminilidade(s), dentro das possibilidades encontradas de cada sujeito.
  • NIELSON FIRMINO DE OLIVEIRA
  • O ESPETÁCULO SEMIÓTICO DA LITERATURA SURDA ADAPTADA NO GÊNERO DRAMA
  • Data: 14/12/2023
  • Hora: 14:00
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  • Esta pesquisa apresenta um estudo desenvolvido no curso de mestrado do programa de pós-graduação em letras (PPGL-UFPB), tendo como objeto de estudo a literatura produzida na comunidade surda brasileira do tipo adaptada no gênero drama. Seu objetivo geral é analisar o espetáculo semiótico de uma obra literária do gênero drama adaptada nesta comunidade linguística. Este macro objetivo se desdobra nos seguintes objetivos específicos: Catalogar as obras disponíveis do gênero drama adaptadas na comunidade surda brasileira; Identificar os valores semióticos na obra literária selecionada; Analisar a obra com base nos níveis do percurso gerativo de sentido estudado pela Semiótica Greimasiana. Nesta discussão inédita exploramos a categorização apresentada por Peixoto (2023) que aborda a literatura produzida pela comunidade surda e subdivide-a em literatura surda, literatura em Libras e outras produções literárias de integrantes desta comunidade linguística. Norteando esta pesquisa, temos como base a Semiótica Greimasiana, para identificar os elementos do percurso gerativo de sentido na obra João e Maria Surdos, produzida em Libras e em Língua portuguesa por alunos do curso de extensão da UFPB. Entre os resultados obtidos durante a análise da obra nos níveis fundamental, narrativo e discursivo, temos a identificação e análise de relevantes temas abordados na obra, tais como: sobrevivência, rejeição, abandono, luta pelos direitos dos surdos, engano, manipulação, entre outros. Além disso, constatamos que, o gênero drama, como forma de arte da representação no palco, pode ensinar sobre os valores culturais da comunidade surda, e precisa ser mais trabalhada em sala de aula no ensino de Libras como segunda Língua (L2).
  • MATHEUS PEREIRA DE FREITAS
  • A ERRÂNCIA FANTÁSTICA DA SOLIDÃO: O TRIBUTO FEMININO EM CIEN AÑOS DE SOLEDAD
  • Data: 12/12/2023
  • Hora: 18:00
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  • Nos balaústres anímicos que fundamentam as premissas do ser, na busca emancipatória do primeiro objeto amoroso, as fantasias inconscientes da criança, em seus espectros mais arcaicos, tornam-se vitais para o desenvolvimento e, invariavelmente, contornam a sobrevivência psíquica necessária para o advento da capacidade de estar só. Pois é na desarticulação do real que as ausências podem ser ressignificadas e reelaboradas, urdindo os semblantes necessários à (des)ilusão. Não obstante ao considerar os sentidos que resguardam o sentimento de solidão, segundo os preceitos da psicanálise, cujo fazer científico estrutura-se nas sendas ignotas do inconsciente, cerne da constituição subjetiva do ser, ver-se-á como o sentimento em tela alicerça a (des)ordenação fundante das relações entre o si mesmo e o julgo dos objetos, administrados pela gênese e aprendizado do estar só. Algures, vertendo-se o olhar para a arcádia literária, e os seus saberes ontológicos, vislumbra-se a obra magna de Gabriel García Márquez (1967), Cem anos de solidão, um dos mais emblemáticos escritos do século XX e, quiçá, um dos testemunhos mais íntimos deste sentimento ambivalente. Não por acaso, na poética do escritor latinoamericano, acompanha-se a família Buendía, subjugada a repetições e tragédias, amaldiçoada pelo estigma do incesto, que delineia seu futuro premeditado, a partir de um fio condutor que (des)estabiliza a fragilidade do seio familiar: a solidão. Assim, baseandonos nessas concepções iniciáticas, permitindo-nos ir além da interpretação arquetípica consagrada pela crítica, essa pesquisa intenta analisar, com base nos pressupostos psicanalíticos, sobretudo, de Sigmund Freud (1856-1939) e Melanie Klein (1882-1960), as personagens femininas do romance referido, observando como a solidão, estética e subjetivamente, articula os planos narrativos que compõem a referida obra. Nesse escopo, sem perder de vista as particularidades estéticas do realismo-maravilhoso, e os seus respectivos estudos, debruçar-nos-emos sobre as solidões que estigmatizam e subjetivam o feminino e a singularidade de três personagens do romance nobelista (Úrsula, Amaranta e Remédios, a Bela), admitindo que, cada uma dessas mulheres, articulam os signos da solidão, de modo particular, construindo defesas e fomentando angústias (des)integradoras, a partir da volatilidade de suas (in)capacidades de estar só segundo as moções próprias da neurose, psicose e perversão. Ademais, compreende-se a necessidade de investigar este conceito esparso e, por vezes, nebuloso nos escritos da psicanálise (DOLTO, [1985] 2013), assim, além dos autores citados, empreender-se-á em outros nomes da psicanálise, como Donald Winnicott (1964), Guy Rosolato (1969) e demais contribuintes de outras ciências humanas.
  • ANDRESSA RAYANE DE BRITO BARBOSA COSTA
  • A INCIDÊNCIA DO TEMPO E DO ESPAÇO NO SER: UM ESTUDO DOS CONTOS “THANATOPIA” E “EL CASO DE LA SEÑORITA AMELIA” DE RUBÉN DARÍO
  • Data: 12/12/2023
  • Hora: 15:00
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  • Rubén Félix García Sarmiento, ou, simplesmente, Rubén Darío, conta com uma longa produção literária em língua espanhola, dividida entre a poesia e a prosa. Com sua escrita inovadora, Darío tornou-se um nome importante no Modernismo hispânico. A publicação da coletânea de contos e poemas, Azul, em 1988, foi decisiva para que o autor alcançasse prestígio e se tornasse o grande nome do movimento Modernista hispano-americano. O esmero com a linguagem e com a qualidade estética de sua produção literária revelam-se ponto indiscutível na leitura crítica da obra dariana. Na prosa, Darío enveredou também pelos caminhos do fantástico, demonstrando, assim, a sua capacidade de transitar entre diferentes gêneros. Seus contos fantásticos, em geral, narram histórias de protagonistas que vivenciaram situações obscuras e inquietantes em espaço e tempo determinados. A experiência com esses episódios fantásticos age de forma impactante na vida dos personagens, que observam com impotência suas vidas se transformarem. Exemplos dessas situações podem ser encontradas nos contos “Thanatopia” (1893) e “El caso de la señorita Amelia” (1894), ambos selecionados como corpus de análise desta dissertação. No primeiro, o leitor se depara com a intrigante história de James Leen, narrador-personagem, que, ao retornar à casa, descobre seu pai casado com uma vampira. No segundo, acompanhamos a história do Doutor Z., que sofre por seu antigo amor nunca concretizado. Neste último, curiosamente, o tempo decorrido envelhece os personagens da narrativa, exceto uma, Amélia, que permanece uma menina de doze anos. Considerando a impactante relação espaço-temporal que se estabelece nessas narrativas, analisamos a construção literária de Rubén Darío, alicerçada na ação cronotrópica e sua incidência na configuração dos protagonistas. Constatamos que as categorias do tempo e do espaço contribuem significativamente para a construção da ambientação fantástica e, também, para a transformação dos personagens. A ação conjunta e quase simultânea dos cronotopos, somadas a vivências fantásticas, modificam esses dois “eus” narrativos, levando-os a uma eterna vida de medos e mergulhados na melancolia. O estudo investigativo partiu dos pressupostos teóricos de Bakhtin (1998), Holquist (2015), Ramirez (2016), Sanz (2016), Nunes, (1995), Ricoeur (1994), Tomachévski (1976), Gama-Khalil (2018), Brandão (2019), Bachelard (2008), de Jímenez (1892), Hahn (1978), Oviedo (2012),
  • JESSICA FLORENTINO SOARES DA SILVA
  • Do labirinto ao abismo: os efeitos da metalepse na estrutura narrativa do livro O labirinto do Fauno, de Guillermo Del Toro e Cornelia Funke
  • Data: 05/12/2023
  • Hora: 14:00
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  • Ao longo dos anos, os estudos narrativos se tornaram fundamentais para as pesquisas no campo literário. Compreender uma narrativa vai além de acompanhar sua história; é também observar sua estrutura, as etapas do processo que dão sentido à obra e aos seus fenômenos. Ademais, embora haja muitas pesquisas e artigos sobre adaptação cinematográfica, é raro encontrar trabalhos sobre a adaptação literária a partir do filme. Isso é evidenciado pela escassez de investigações acadêmicas que normalmente se concentram na transposição da literatura para o cinema, raramente o contrário. Também é preocupante a falta de estudos direcionados aos elementos narrativos metalépticos e de mise en abyme, assim como a compreensão dos efeitos interpretativos que eles podem gerar. A existência dessa lacuna dificulta o avanço acadêmico na área, já que é a partir da absorção dos elementos componentes da estrutura – sem dissociar da história - que se pode, de fato, analisar uma obra. Nesse sentido, a presente dissertação tem como objetivo geral a análise dos fenômenos estruturais da mise en abyme e da metalepse presentes na narrativa do livro O labirinto do Fauno (2019), de Guillermo Del Toro e Cornelia Funke. Para alcançar esse propósito, foram estabelecidos dois objetivos específicos: o primeiro consiste em identificar a presença da mise en abyme e da metalepse na estrutura narrativa da adaptação, enquanto o segundo busca analisar a construção de uma estética narrativa labiríntica a partir desses elementos. Em nossa dissertação, identificamos no corpus a presença da mise en abyme a partir da reduplicação infinita e diversos tipos de metalepse na narrativa. Nesse intricado jogo de espelhos, as histórias encaixadas não apenas se entrelaçam com a trama principal, compartilhando personagens, símbolos e cenários, mas também enriquecem a experiência de leitura ao acrescentar camadas de significado. Por fim, acreditamos que este trabalho terá um impacto significativo no campo dos estudos literários, especialmente no que se refere à estrutura narrativa. As conclusões desta investigação podem ser utilizadas como base teórica e inspiração para pesquisas futuras, tornando-se um valioso recurso para a comunidade acadêmica.
  • HOSANA GOUVEIA RAMALHO
  • A ESTÉTICA LITERÁRIA NA POESIA DE MULHERES SURDAS NORDESTINAS
  • Data: 01/12/2023
  • Hora: 14:00
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  • Esta dissertação busca explorar os elementos estéticos presentes na literatura desenvolvida por mulheres surdas da região nordeste. Através de uma abordagem qualitativa e exploratória, analisamos obras literárias selecionadas dessas mulheres em saraus literários nordestinos, centrando-nos nos elementos estéticos propostos por Sutton-Spence (2021). Nosso estudo se aprofunda nos elementos literários, no uso da língua de sinais e na influência da cultura surda em suas expressões artísticas. A pesquisa é de cunho qualitativo e exploratório, tendo como pressuposto teórico metodológico Sutton-Spence (2021) no tocante às produções literárias desenvolvidas no meio das culturas surdas. O corpus é composto por três poesias criadas por artistas paraibanas e que foram apresentadas em saraus literários exibidos online na plataforma Youtube, em referência ao Dia do Nordestino. As obras versam respectivamente sobre a resistência do povo Nordestino; a rotina dos sertanejos em meio a pandemia do covid-19; e a personagem Maria ¬Bonita. Nas análises, identificamos a presença predominante de elementos visuais e imagéticos, a partir de classificadores, personificações, elementos não manuais, metáforas, estruturas espaciais estéticas, perspectivas múltiplas, repetição, ritmo e rima. Esta investigação não apenas amplia nosso entendimento sobre a estética literária das poetisas surdas nordestinas, mas também sublinha a importância de reconhecer e valorizar a confluência da cultura surda e nordestina. Consequentemente, ao divulgar essas descobertas, espera-se promover uma maior visibilidade e apreciação das culturas surdas no contexto nordestino, especialmente das mulheres.
  • LETÍCIA SIMÕES VELLOSO SCHULER
  • LAÇOS ROMPIDOS, PERDAS RESSIGNIFICADAS: UMA ANÁLISE DOS AFETOS NA PROSA POÉTICA E NO POESIA EM PROSA DE JOSÉ LUÍS PEIXOTO
  • Data: 29/11/2023
  • Hora: 14:00
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  • A presente dissertação busca compreender os afetos e suas possibilidades de ressignificação na prosa e na poesia de José Luís Peixoto a partir das relações dialógicas entre literatura, psicanálise e filosofia. Nosso recorte literário se debruça na análise de Morreste-me (2000), novela que marca a estreia do autor no cenário literário, e A criança em ruínas (2001), no que tange família, afeto, perda, sofrimento. Para tanto, apresentamos a compreensão de alguns filósofos de modo a demarcar a mudança que acompanhou o entendimento do afeto para a filosofia, desde o entendimento do páthos para a Antiguidade. Em seguida, enveredamos na discussão da teoria sobre o afeto visto sob a ótica psicanalítica, a partir dos escritos de Freud e Lacan, além de seus comentadores. Logo, para entendermos as novas formas de elaborar uma poesia e uma prosa, na tentativa de perceber o grau de subjetividade que pode ser alcançado, enveredamos pelos gêneros literários da prosa poética e do poema em prosa. De modo a ilustrar a poética centrada nos afetos nos corpora, estabelecemos aproximações entre uma literatura que se distancia de delimitações abre espaço para o questionamento da forma, para diferentes formas de uso da linguagem, se tornando terreno fértil para a percepção das subjetividades e dos afetos que nelas se imbricam.
  • MARIA JÉSSICA SOUSA LIMA
  • HIMBA: INFÂNCIAS, VIOLÊNCIAS E RESISTÊNCIAS EM “SE O PASSADO NÃO TIVESSE ASAS”, DE PEPETELA
  • Data: 25/10/2023
  • Hora: 14:00
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  • Se o Passado não Tivesse Asas, romance escrito por Pepetela e publicado em 2016, retrata dois momentos sóciopolítico e históricos de Angola: os conflitos pelo controle político após a guerra pela independência no passado e uma fase de crescimento e desenvolvimento econômico mais contemporânea. Nesse sentido, este trabalho tem o intuito de analisar, por meio de pesquisas que unem as esferas artísticas, culturais, sociais e econômicas, as relações entre literatura, representações e identidades com ênfase no protagonismo da personagem criança e nas inúmeras violências agravadas pelo contexto de duas guerras. Buscamos fazer uma abordagem sobre a criança como ser proativo, fazendo uma imersão teórica nos estudos sobre o ser criança no decorrer da história moderna, nos utilizando dos personagens crianças na obra de Pepetela, como também de outros/as escritores/as africanos/as, contextualizando a infância em Angola. Além disso, também nos interessa entender como a violência gerada pelo contexto atinge os personagens, especialmente a protagonista, e como os resquícios da violência colonialista e sexual aparecem e são explorados pela narrativa. Oferecermos, por fim, uma visão geral de como a personagem Himba lidou com suas memórias e esquecimentos, através de conceitos como territorialidade, desterritorialização e identidade. Todos os fatores analisados seguem nossa visão de que as representações literárias de experiências fornecem um importante espaço de enunciação e análise de vivências individuais e coletivas, inscritas na memória singular e social da nação angolana. Para tais objetivos, nos utilizaremos de autores e autoras como Spivak (2010), Mata (1995, 2010 e 2022), Mbembe (2018), Fanon (1968), entre outros.
  • SORAYA AMARAL DE ARAÚJO
  • TERMINOLOGIA, TRADUÇÃO E LINGUÍSTICA DE CÓRPUS: ANÁLISE DE UMA OBRA DE FICÇÃO CIENTÍFICA CYBERPUNK
  • Data: 19/10/2023
  • Hora: 14:00
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  • A ficção científica produziu, ao longo dos anos, uma variedade de subgêneros. Nosso córpus de estudo é uma obra do subgênero cyberpunk que tem como enfoque a “alta tecnologia e baixa qualidade de vida” (high tech, low life). O termo cyberpunk é uma combinação de cibernética e cultura punk, exibindo ambientes de tecnologias avançadas, realidades virtuais alternativas, inteligência artificial e ciberespaço em uma conjuntura social degradada e distópica. Esse contexto se mostrou propício para a observação de fenômenos linguísticos contemporâneos associados a uma maior popularização dos domínios científicos e técnicos e da necessidade de uma comunicação eficaz nas diversas áreas de especialidade que contemple o desenvolvimento de uma terminologia atualizada e de linguagens especializadas criadas para cumprir as várias funções comunicativas de nosso tempo, inclusive na forma como a terminologia empregada é traduzida. Alguns estudos consideram que esse desenvolvimento pode ser extrapolado para o âmbito das narrativas ficcionais em suas formas de expressão artística, particularmente na ficção científica, que apresenta entre suas características o emprego de terminologias provenientes de diferentes áreas de conhecimento, conferindo ao gênero literário veracidade e coerência com o universo do discurso em que se apresenta. O objetivo deste trabalho com um córpus de ficção cientifica cyberpunk é, portanto, utilizar os recursos da Linguística de Córpus para identificar a terminologia utilizada no córpus de estudo de acordo com as relativas áreas de conhecimento e analisar e descrever as modalidades de tradução utilizadas na transposição dessa terminologia como um componente importante para a compreensão desse fenômeno linguístico expresso no texto original em inglês e na tradução para o português brasileiro do romance Altered carbon de Richard Morgan, traduzido por Edmo Suassuna com o título de Carbono alterado. Para isso, exploramos as potencialidades das relações interdisciplinares teórico-metodológicas integradas pelos estudos da Terminologia, Tradução e Linguística de Córpus, buscando fundamentar, identificar, analisar e descrever a terminologia desenvolvida pelo autor nos contextos em que se apresentam, assim como suas traduções e, de alguma forma, contribuir para o interesse e expansão desses temas.
  • LEANDRO FERREIRA DOS SANTOS
  • AS MURALHAS DE GANESHA: A BEM-AVENTURANÇA DA VIDA ECLODE DOS OCEANOS INFERNAIS DAS SUBJETIVIDADES
  • Data: 29/09/2023
  • Hora: 14:00
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  • Submersa na sabedoria do tempo e envolta nos galhos frondosos da cósmica primeva, a cultura hindu tece, em fios mitológicos, a (an)dança do ser pelas terras ignotas da existência, deixando, às escâncaras, as coordenadas de um itinerário arquetípico, marcado por guerrilhas fantasísticas, naufrágios mentais em ilhas paradisíacas, monólogos demoníacos e hospedagens coletivas em leitos luxuriosamente agres. O paradoxo humano, a metáfora da carne, a metonímia da espiritualidade e a sinestesia do universo se espargem por densas paisagens literárias, germinadas num Oriente amplexado à tradição, onde a efabulação arcaica vaticina as “verdades” sempre esquecidas e jamais silenciadas. Nesse mundo, auspiciosamente comum em termos simbólicos, o mito anima o espírito criador e fornece, ainda, as chaves que abrem (e fecham) as portas que conduzem as almas aos seus desígnios, nem austeros tampouco ínferos, mas, sobretudo, cármicos. O discurso, aqui, interpela, em chamamento, as narrativas protagonizadas pelo Destruidor de Obstáculos, o Senhor dos Exércitos, o mais adorado dos deuses: Lord Ganesha. No copioso panteão védico, a criança-elefante destrona, em adoração e reconhecimento, os deuses primais. Sua origem, diluída em longas narrações, fragmentos e hipérboles, costura, minuciosamente, o tecido em que se desenha o nascimento da subjetividade humana, vista em ângulos privilegiados, que excidem uma diagramação colorida pelas moções eróticas e thanáticas, numa exposição que sustenta e potencializa as descobertas psicanalíticas. As imagens, tingidas pela mí(s)tica, expõe um deus forjado no desejo materno, interceptado pela fúria paterna, cujas ações (inclusive divinas) derivam de sua maestria em brincar, perversamente, com Eros. Nossa pesquisa, numa interlocução entre mito e psicanálise, tenciona, numa escavação arquetipicamente arcaica, vistoriar, nos alfarrábios hindus, a peregrinação de Ganesha, articulando-a com a figurabilidade pulsional característica do complexo de Édipo, o nascedouro do Homem. Como alicerce teórico, abraçaremos os estudos desenvolvidos por Carl Gustav Jung e Melanie Klein.
  • VALDEREDO ALVES DA SILVA
  • A INOCÊNCIA EM RETALHOS: VIOLAÇÕES DO CORPO NO PROSPECTO LITERÁRIO DE LIMA BARRETO
  • Data: 29/09/2023
  • Hora: 08:00
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  • Nos Estudos sobre a histeria, o “sexual” aparece sob a égide de uma sedução real, de caráter traumático, que, reprimido e, por isso, excessivamente reagente, transforma-se num componente suscetível de irradiar fortes aditivos patogênicos. Nas primeiras empreitadas, Freud ainda não percebia a existência das fantasias e da sexualidade infantil. Ao constatar que as diretrizes da realidade compartilhada inexistem na dinâmica inconsciente e que a explosão histérica era desproporcional ao número de pais supostamente perversos, Freud reelabora a teoria do trauma, assegurando que as cenas de sedução da infância eram, na verdade, cenários fantasmáticoserigidos pela criança para refugiar seu gozo abrupto e brutal. Em que pese o abandono da ocorrência de abuso real, como elemento (des)estruturante da sexualidade, o pai da psicanálise o retoma, nas peregrinações da segunda tópica, dando ênfase aos efeitos devastadores da fragmentação psíquica, decorrente do abuso sexual, vivenciado pela criança, jovem ou adulto. Tal conjectura, doravante, esparge-se nas elucubrações laplancheanas e ferenczianas a respeito da sedução generalizada e das questões traumáticas advindas de experiências reais, respectivamente. Se, como compreendeu Freud (1905), a perversão, em linhas gerais, é uma reconfiguração da sexualidade infantil, regada pela polimorfia perversa,sobrevivente na vida ulterior, o que diferenciará o componente sexual das crianças e o teatro perverso dos adultos é a disposição dos agentes frente às muralhas do corpo e da civilização. No enquadre estruturalmente perverso, a sexualidade, com engrenagens que tocam à realidade, põe em cena um desejo que, nas tramas infantis, era apenas da ordem da fantasia: o elemento pré-sexual é o centro, o norteador, que governa imperiosamente. A montagem perversa, desse modo, decorreria de um impedimento da corrente genial subjugar as demais, devido a uma fixação infantil, que alçaria a corrente pré-genital ao lugar de organizadora da vida sexual. Nessa conjectura, as fantasias pré-genitais são comuns tanto nos perversos quanto nos neuróticos – consubstanciando a etiologia dos conflitos entre o desejo e a censura. A desorganização emerge, na perversão, na medida em que as barreiras do recalcamento se encontram em frangalhos, deterioradas pelas fantasmagorias arcaicas que, inócuas às forças agregadoras, saturam a realidade. Ou seja, o perverso, amiúde, recorre às assombrações tirânicas do passado para, a partir delas, obterem a autorização, o acesso retilíneo ao outro. A partir dessas reflexões, a presente pesquisa se debruça sobre o célebre romance Clara dos Anjos (1948), de Lima Barreto, no intento de investigar, numa interlocução entre a estética literária e a psicanálise, as manifestações perversas do antagonista, que culminam numa série de abusos (psicológicos e sexuais) infligidos, na trama, à inocente Clara. As máscaras sedutoras de Cassi Jones atraem a pueril menina que, envolta a artimanhas manipulatórias, enleia-se numa rede de humilhações e lamúrias. Como aporte teórico-metodológico, o estudo ampara -se em manuscritos da ciência psicanalítica a respeito da estrutura perversa, das seduções/abusos sexuais, quais sejam: Bate-se em uma criança (1924), O problema econômico do Masoquismo (1924) e O fetichismo (1927), de Sigmund Freud; O crime sexual (2015), de Jean Laplanche; e Confusão de línguas entre os adultos e a criança (1932), de Sándor Ferenczi.
  • ALBA MARIA MONTEIRO SANTOS LESSA
  • O LIVRO DE IMAGEM: PRÁTICAS DE MEDIAÇÃO DE PROFESSORAS NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
  • Data: 19/09/2023
  • Hora: 14:30
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  • A presente pesquisa traz como tema o livro de imagens e a mediação realizada pelas professoras do primeiro 1º do ensino fundamental. Tem como objetivos principais compreender como as professoras desenvolvem a mediação de leitura do livro de imagem a partir da experiência em uma escola pública do município de João Pessoa – PB. Nesse sentido, busca investigar como se deu o primeiro contato das docentes com o livro de imagem, tentando compreender como acontece o desenvolvimento leitor das crianças em fase de alfabetização. A metodologia é qualitativa e como instrumento para coleta de dados optamos por fazer uso de entrevistas e de um diário de campo para observações das práticas desenvolvidas. Inicialmente realizamos pesquisa bibliográfica buscando fazer um percurso histórico da imagem como sendo importante meio de comunicação para humanidade, desde os primórdios perpassando pelos avanços ocorridos ao longo do tempo; conceituamos os vários tipos de letramento com ênfase para o letramento visual, pontuando a importância do livro de imagem e que elementos ele traz na contemporaneidade que devem ser explorados no momento da mediação. Tomamos como base para este estudo os autores: Dondis (2015), Manguel (2001), Walty; Fonseca; Cury (2006), Oliveira (2008), Faria (2019), Santaella (2012), Silva (2020) e Linden (2018). Por fim, os dados preliminares das entrevistas apontam que as formações e discussões sobre o livro de imagem realizadas na escola pesquisada tem feito com que as professoras mediadoras procurem incluir em sua sala de aula os livros de imagem, que configuram-se como importante ferramenta no processo de letramento visual para as crianças em fase de alfabetização.
  • ANA CAROLINA DE SENA ROCHA
  • ARQUÉTIPOS DE JUNG E RESIDUALIDADE: A REPRESENTAÇÃO DO IDEAL FEMININO NA LÍRICA TROVADORESCA DE MARLY VASCONCELOS
  • Data: 31/08/2023
  • Hora: 15:00
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  • Esta dissertação tem como objetivo estudar a obra "Cãtygua Proençal" (1985) de Marly Vasconcelos. Composta por 20 poemas que resgatam gêneros literários medievais, investigamos e classificar a obra da autora em relação aos resíduos medievais presentes nos arquétipos femininos encontrados na estrutura dos poemas. Para isso, faremos um cotejo entre a obra de Vasconcelos e a lírica trovadoresca, buscando compreender como a autora utiliza elementos medievais típicos do Trovadorismo em seus versos. Nossa fundamentação teórica será baseada na Teoria da Residualidade de Roberto Pontes, situando a obra da autora no contexto literário da geração de 1960 no Brasil e na década de 1980 no Ceará, explorando o imaginário medieval abordado pela escritora. Faremos uso dos estudos realizados por DUBY (2011), SPINA (1991), MALEVAL (1992), JUNG (2018, 2020) entre outros. Com uma abordagem comparativa, analisaremos a lírica medieval e suas características, com ênfase em um tema recorrente na poesia de Marly Vasconcelos: a mulher medieval, suas relações afetivas e sociais. Esta dissertação se justifica no âmbito acadêmico por sua relevância nos estudos de literatura e culturais. A análise da obra de Vasconcelos permite explorar as relações entre a literatura medieval e a produção literária contemporânea, além de investigar a presença dos arquétipos femininos no contexto medieval e sua representação na poesia atual.
  • GISELY CASTOR DE ANDRADE
  • A LONGA IDADE MÉDIA: DE CHRISTINE DE PIZAN A JUANA INÉS. UM ENCONTRO POSSÍVEL ATRAVÉS DE RESIDUOS UTÓPICOS.
  • Data: 30/08/2023
  • Hora: 15:00
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  • O presente estudo tem como objetivo comparar e aproximar as obras "A Cidade das Damas" de Christine de Pizan e "Resposta a Sor Filotea de la Cruz” e “Homens Néscios que acusáis" de Juana Inés de La Cruz. Ambas as autoras abordaram um pensamento utópico em suas escritas. Mesmo que o termo "utopia" não existisse na época de Pizan, o sentimento de um "não lugar" estava presente em sua obra, assim como o desejo por justiça. De acordo com Hilário Franco (2021), esse anseio por um mundo mais justo é classificado como "Utopia da Justiça". A aproximação entre as autoras foi alcançada através da teoria da Residualidade de Roberto Pontes (ANO), que permitiu reconhecer arquétipos reproduzidos nas mentalidades das épocas das duas escritoras, e do conceito de longa Idade Média de Le Goff (2015), que aponta que a mudança de um período para outro ocorreu apenas no século XVIII. O medievalista defende que a própria América se tornou berço para o medievo. Neste trabalho, observamos uma clara interdisciplinaridade entre história e literatura. De acordo com Jaume Aurell (2006), a interdisciplinaridade contribui para uma visão abrangente de um período. O pesquisador recomenda que se ponderem o presente e o passado, para evitar anacronismos. Através das obras, teorias e conceitos apresentados, refletimos sobre como o exercício da utopia foi utilizado para ampliar as representações femininas na história e possibilitou reivindicações impensáveis nos séculos das autoras. Também reconhecemos resíduos comuns na mentalidade das sociedades das escritoras e consideramos o impacto que essas mulheres tiveram na construção de uma sociedade mais igualitária para homens e mulheres.
  • MARIVALDO OMENA BATISTA
  • Um pacto silencioso com o corpo e com a sexualidade: a poesia de Alice Ruiz na sala de aula
  • Data: 24/08/2023
  • Hora: 09:00
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  • O projeto estético de Alice Ruiz apresenta uma abordagem na linguagem que permite a compreensão de um discurso centrado no protagonismo feminino. Dessa forma, seus poemas, haicais, canções e histórias em quadrinhos proporcionam uma percepção da mulher sob a perspectiva do corpo e da sexualidade. Através dessa abordagem, o leitor não apenas apreende as diversas configurações estéticas, mas também compreende a luta das mulheres por espaços na sociedade, os quais costumam ser dominados por homens e por um sistema jurídico predominantemente machista. A partir desse contexto, a proposta desta pesquisa se concentra em uma leitura analítica das escritas de Alice Ruiz a partir da estilística e dos estudos pós-estruturalistas, bem como visa consolidar um fazer metodológico que proporcione uma interação significativa entre os jovens leitores e os textos poéticos em sala de aula. Para assegurar a experiência de leitura literária na escola, abordamos as estratégias de leitura de Girotto e Souza (2012) e a sequência didática de Solé (1998). Quanto ao contexto discursivo dos textos da poeta, são destacadas três categorias teóricas relacionadas ao patriarcalismo: o conceito de poder de Foucault (2014), a violência simbólica de Bourdieu (2021) e as desigualdades de gênero de Butler (2019). No que diz respeito à leitura analítica dos poemas, apropriamo-nos das considerações de Pfeiffer (1966), Cohen (1975), Staiger (1975) e Hegel (1980). As reflexões sobre a Estética da Recepção de Jauss (1979) e (1994), e a Teoria do Efeito Estético de Iser (1996) e (1999) fundamentaram a abordagem teórica sobre a recepção leitora. Foucault (2014) contribuiu para o embasamento analítico das temáticas que discutem o corpo e a sexualidade como formas de poder. O percurso metodológico para o ensino de poesia foi elaborado com base nas quatro (04) categorias da leitura metacognitiva: conhecimento prévio, conexão texto-texto, texto-mundo e texto-leitor, inferência e visualização, o que favoreceu a experiência estética com as escritas da compositora em sala de aula, promovendo a compreensão das discussões em torno da mulher, bem como das nuances estéticas que compõem o texto. Como resultado, os dezenove (19) estudantes do 2º ano do Ensino Médio da Escola Municipal José Sérgio Veras, Sertânia-PE, demonstraram entusiasmo pela poesia de Alice Ruiz, o que contribuiu para o desenvolvimento sensível e humano dos jovens leitores na escola.
  • JHENNEFER ALVES MACÊDO
  • PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E MEDIAÇÃO LITERÁRIA JUVENIL: AFINAL, O QUE LEEM OS JOVENS DO SÉCULO XXI?
  • Data: 23/08/2023
  • Hora: 14:00
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  • A presente pesquisa visa trazer à tona problematizações concernentes à circulação e à mediação de obras literárias no Ensino Fundamental II, tendo em vista que, ao realizarmos entrevistas, tanto não–diretivas, quanto por intermédio de questionários, com alunos do referente nível educacional, provenientes das redes públicas e privadas de ensino da cidade de João Pessoa-PB, visualizamos uma lacuna considerável entre professores, alunos e leituras literárias, já que estão ausentes das salas de aulas (1) a produção legitimada academicamente, isto é, as obras que recebem os selos de altamente recomendáveis para os jovens pelos prêmios nacionais, a exemplo dos concedidos pelo JABUTI e pela FNLIJ – promovendo um quase total desconhecimento acerca dessas seleções e das obras que são indicadas, essas que deveriam ser trazidas, principalmente, pelos educadores para a sala de aula, bem como (2) as indicações feitas pelos novos curadores literários digitais chamados de booktubers, e que, de maneira recorrente, são vistas nas mãos dos adolescentes nos momentos opostos aos das aulas, mas que costumam receber a classificação de literatura de segunda mão por muitos profissionais da educação. Sendo assim, a partir desses desencontros de vozes e de leituras, percebemos uma crise da formação leitora em sala de aula, a que acontece ora pela ausência de livros, fruto da problemática da não circulação e do desconhecimento a respeito das produções, ora pela não priorização de uma construção literária, no decorrer do processo formativo, a qual deveria ser pautada na apresentação das obras selecionadas pela crítica literária, mas também na inserção das produções que são lidas pelos jovens, promovendo, então, encontros literários e a formação de leitores plurais. Portanto, considerando essas constatações, a fim de contribuir para o preenchimento dessas lacunas, sobretudo consoante à mediação, propomos uma pesquisa, de abordagem quantitativa e qualitativa, que, além de investigar, por intermédio de aproximações com os sujeitos envolvidos nesse cenário, isto é, professores, alunos e curadores literários, as motivações que estão contribuindo para esse afastamento das obras literárias do espaço escolar, objetiva também, por meio da realização de círculos de leitura literária, com alunos de duas escolas da educação básica, das redes públicas e privadas, desenvolver uma proposta interventiva, visando analisar as recepções, por parte dos leitores, a respeito dessas obras, sejam elas premiadas pelo âmbito acadêmico ou best-sellers. Como resultado desse estudo, evidenciamos que, ao alargar os horizontes das obras literárias, seja no processo de seleção, de acesso e de execução do processo de leitura e de análise em sala de aula, ampliam-se as perspectivas leitoras dos nossos alunos e, consequentemente, as nossas enquanto mediadores, desembocando em uma formação leitora crítica e pluralizada. Para o desenvolvimento das discussões aqui propostas, em âmbitos teóricos e práticos, ancoramo-nos nos estudos já desenvolvidos por Chartier (1998); Zilberman (1993); Abreu (2006); Groppo (2000); Catani (2008); Cardona (2006); Bajour (2012); Oliveira (2013); Cosson (2014); Souza (2015); Filho (2016); Colomer (2017); Santos (2018), entre outros.
  • JULIANA AZEVEDO DE QUEIROZ
  • OS SEGREDOS DO JARDIM NO ROMANCE (1911) E NA ANIMAÇÃO (1994): UM ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO E PERSONAGEM EM O JARDIM SECRETO
  • Data: 31/07/2023
  • Hora: 14:30
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  • Este estudo analisa como se dá a relação entre personagens e espaço no romance inglês O Jardim Secreto e em uma adaptação para a televisão, com base nas teorias da inter-midialidade. A transposição midiática é uma forma de intermidialidade que ocorre du-rante este processo de adaptação. No entanto, tanto a autora do romance quanto o diretor do filme animado utilizam recursos relacionados a outras mídias além daquela escolhida como a principal forma de expressão. Procuramos analisar os diferentes modos de mostrar e contar empregados pelos autores por meio de pesquisas sobre intermidialidade, estudos culturais focados na adaptação, teoria do cinema e teoria literária acerca do espaço a fim de compreender como a relevância do espaço na narrativa é abordada nas duas obras, de acordo com o diálogo intermidiático. Buscamos compreender as várias formas em que a intermidialidade pode ocorrer, com a intenção de explorar a relação dos personagens com o espaço nas duas obras, através de suas técnicas e ferramentas específicas, bem como as motivações artísticas por trás dessas ocorrências e como elas afetam a experiência do leitor e do espectador.
  • FERNANDA DINIZ FERREIRA
  • ENTRE SAGAS, AGRURAS E DUELOS: Uma análise comparativa da bela morte em Guimarães Rosa
  • Data: 31/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho de dissertação consiste em analisar, de forma comparativa, os contos “A hora e vez de Augusto Matraga”, “Duelo” e “Os Irmãos Dagobé”, de João Guimarães Rosa. Os dois primeiros contos se encontram em Sagarana, obra de estreia do autor, publicada em 1946. Já o terceiro conto faz parte do livro Primeiras Estórias, publicado em 1962. O cerne da análise é, especificamente, compreender como se configura a morte trágica do personagem moderno em contos de Guimarães Rosa, bem como contribuir para a leitura crítica da relação entre o erro trágico e o destino dos protagonistas. Observa-se que a bela morte, originária da literatura clássica, demonstra permanência e influência na literatura contemporânea. Além disso, objetiva-se identificar, à luz de certas categorias aristotélicas, como o desfecho trágico continua a caracterizar a ação de personagens literários na atualidade, contribuindo, assim, com as pesquisas críticas, ampliando os estudos sobre modernidade e tradição. A metodologia utilizada é de cunho bibliográfico, com a leitura imanente dos contos, com base em concepções teóricas que versam sobre a categoria escolhida ou que tenham alguma relação com ela. Assim, priorizamos os estudos de Jean-Pierre Vernant (1977; 2022), dentre outros que seguem o mesmo viés, tais como: Marques Júnior (2008; 2013), Luna (2012), Campos (2000), que dialogam diretamente com a proposta de análise da presente pesquisa.
  • FRANCISCO ROQUE MAGALHAES NETO
  • A manifestação do fantástico nos contos “A escada”, “Iluminuras” e “O pagão”, de Natércia Campos
  • Data: 31/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • O fantástico traz em sua essência um rompimento da realidade cotidiana racional estabelecida. Ainda que tenha alcançado um certo prestígio internacional, em nosso país, essa modalidade ficcional geralmente é posta pela crítica em segundo plano: desde o século XIX, poucos autores conseguiram estabelecer seu nome a partir desse tipo de literatura, enquanto outros caíram no esquecimento para a crítica especializada. Na contemporaneidade, uma dentre esses escritores é a cearense Natércia Campos, que dedicou a maior parte de suas obras à escrita de textos que dialogam com o fantástico, ao criar um universo com fantasmas. Dessa forma, esta dissertação de mestrado objetiva analisar como se constrói o fantástico narrativo dos contos “A Escada”, “O pagão” e “Iluminuras”, presentes na coletânea de contos Iluminuras. Para isso, analisaremos as diversas teorias propostas que tentam definir e apontar os elementos caracterizadores do fantástico, focando-se especialmente nos trabalhos de Tzvetan Todorov (2010), Felipe Furtado (1980) e Remo Ceserani (2006). A partir do corpo teórico analisado, buscamos identificar como a autora cearense criou o efeito fantástico em suas narrativas, seus temas, o papel desempenhado pelos personagens e pelo espaço narrativo. Assim, com os resultados obtidos neste trabalho, apontamos que os elementos fantásticos utilizados nessas narrativas são provenientes da cultura popular interiorana nordestina, criando um espaço narrativo que privilegia o isolamento de um grupo e que, em algumas narrativas, tal isolamento é controlado pela religião oficial, mas atravessado pela religiosidade de expressão popular. Dessa forma, articulando elementos já comumente utilizados em narrativas fantásticas, como fantasmas, locais horripilantes, dentre outros, a autora Natércia Campos cria textos singulares e que se destacam em meio a produção literária fantástica cearense.
  • HAMILTON SERGIO NERY DE MEDEIROS
  • DEUSA DO AMOR E LEGISLADORA ATENIENSE: O DUPLO PROTAGONISMO DE AFRODITE EM HIPÓLITO, DE EURÍPIDES
  • Data: 31/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • Eurípides, poeta do século V a.C., nascido em Salamina, foi um dos grandes expoentes da tragédia grega clássica. O tragediógrafo teve por inspiração seus conflitos pessoais, eventos militares e o movimento dos sofistas, que marcaram a cidade de Atenas no século V a.C.. Em suas composições, Eurípides tratou de temas do cotidiano dos atenienses, gerando neles discussões e reflexões, e.g., a condição das mulheres na sociedade e os aspectos psicológicos dos indivíduos, em que se destaca os efeitos causados pelo excesso. Em Hipólito, peça representada inicialmente no ano 428 a.C. durante a guerra do Peloponeso, o autor apresenta a história do jovem Hipólito, fruto da relação do herói épico Teseu com a rainha das amazonas. Na trama, o jovem escolhe traçar seu próprio destino e se afasta dos desígnios divinos e da tradição no que tange as leis do oikos e da pólis. Hipólito, ao atingir a maioridade, decide permanecer sob os domínios de Ártemis e da esfera virginal concernente à deusa. Com isto, se afasta do convívio social e recusa a instituição do casamento, sob a legislação de Afrodite. A deusa, por sua vez, apresentase na trama sob duas faces: benevolente aos que lhe concedem honras, e terrível aos que lhe desprezam, e atua como legisladora para punir Hipólito por ter se afastado de seus desígnios. Este trabalho tem por objetivo analisar esse duplo protagonismo que a deusa exerce na trama de Eurípides, tendo como corpus trechos da peça Hipólito, sendo o prólogo o principal deles. O trabalho apoia-se em teóricos, como Florenzano (1996), Romilly (1998), Mossé (2008), nos filósofos Platão e Aristóteles, em fontes literárias, como Homero e Hesíodo, além de elementos da cultura material, com fotografias de artefatos gregos encontrado em Taranto (Itália).
  • ROBSON LUCENA CARNEIRO
  • TRADUÇÃO E COMENTÁRIO DOS LIVROS I E II DA OBRA DE ASTRONOMICA, DE HIGINO
  • Data: 31/07/2023
  • Hora: 09:00
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  • O objetivo deste trabalho de dissertação é apresentar uma proposta de tradução em prosa do latim para o português, acompanhada de comentários, dos dois primeiros livros que compõem a obra intitulada De Astronomica, de Higino. Do mesmo modo, serão apresentados alguns estudos acerca do autor e de sua obra, como também um panorama que envolve os tópicos relacionados à astronomia no mundo antigo, especificamente entre os povos que habitavam as regiões do Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma. Este tratado, composto no fim do primeiro século antes de Cristo, discorre sobre questões concernentes à astronomia e astrologia, sob a ótica dos estudiosos de épocas passadas.
  • TAINÁ DE MOURA SANTOS
  • O FANTÁSTICO NO ESPELHO: MISE EN ABYME EM MURILO RUBIÃO
  • Data: 31/07/2023
  • Hora: 08:30
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  • Um dos elementos identificadores nos contos do escritor brasileiro Murilo Rubião é a presença de epígrafes bíblicas na abertura dos seus textos. Écomum chegar ao fim da leitura de um conto, diante da inexplicabilidade das cenas narradas, e procurar respostas e auxílio nas epígrafes que encabeçam todas as narrativas. Contudo, à primeira vista, elas parecem não se prestar ao papel de esclarecer os sentidos do texto principal. Dessa forma, a presente pesquisa consiste na investigação das epígrafes dos contos de Murilo Rubião enquanto aspecto formal que promovem uma intertextualidade com as narrativas que elas introduzem. Para isso, destaca-se a leitura epigráfica a partir da técnica da miseenabyme(estrutura em abismo), explorada por André Gide (1869-1951) nos últimos decênios do século XIX, e teorizada na década de 70 por Lucien Dällenbach. Na literatura, a miseenabyme adquire noções de “obra dentro da obra”, de reflexo e espelhamento. A presente análise visa uma melhor compreensão das epígrafes utilizadas nos textos com os próprios textos, permitindo, assim, que se ampliem a compreensão das narrativas. O corpus é composto por cinco contos, todos com a epígrafe pertencente à categoria da “ameaça”, critérioelencado pelo pesquisador AudemaroTaranto Goulart (1995), a saber:“Os comensais”, “Petúnia”, “Bárbara”, “Os dragões” e “O bloqueio”. Para empreender um caminho possível de análise aos textos mencionados, abase metodológica usada privilegia os estudos da miseenabyme de Lucien Dällenbach (1977) e André Gide (1893), além das teorias sobre a epígrafe, de Gérard Genette (1982) Antoine Compagnon (2007), Jorge Schwartz (1981), Audemaro Taranto Goulart (1995), entre outros. Os resultados obtidos na análise do corpus indicaram que, mais do que uma perspectiva formal que cada epígrafe carregaria, essas citações promoveram uma intertextualidade com as narrativas que esclarecem e aprofundaram aspectos dos contos que elas introduzem.
  • ROBSON RODRIGUES CLAUDINO
  • ENTRE O NILO E A URBS ROMAE: TRADUÇÃO E ANÁLISE DOS EPIGRAMAS LATINOS DE CLÁUDIO CLAUDIANO
  • Data: 28/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • Os epigramas latinos de Claudiano, escritos entre o final do século IV e início do V E.C. compreendem uma miscelânia de poemas pertencentes ao gênero epigramático, compostos em dísticos elegíacos e hexâmetros datílicos, ricos em temáticas e de tamanhos variados. Por muito tempo, esses textos serviram como fontes pelas quais os pesquisadores tentaram acessar o mundo de Claudiano, servindo, assim, como material histórico e tendo o seu valor enquanto literatura ignorado. Apesar de ser uma coletânea bastante diversificada, esses carmes, assim como a maioria dos poemas de Claudiano, ainda não apresentam estudos e traduções em língua portuguesa, e isso se dá graças a falta de interesse pela literatura da Antiguidade Tardia, que é vista como inferior e decadente. Com isso, a presente dissertação tem como objetivo principal realizar uma tradução em versos livres e uma análise dos epigramas latinos seculares de Claudiano. Dividido em três partes, o trabalho traz uma contextualização acerca das transformações pelas quais passaram o Império Romano e a literatura latina, sobretudo a poesia no capítulo I; a história do gênero epigramático desde a Grécia até a Antiguidade Tardia romana é traçada no capítulo II, que ainda consta com seções sobre os epigramas de Claudiano, enquanto o capítulo III e último apresenta os textos originais, tomados à edição de Hall (1985), acompanhados de suas traduções e de suas análises. A reflexão a respeito da prática de tradução se baseia nas teorias de Jakobson (1995), Mounin (1975) e Yebra (1994), enquanto as análises se apoiam nos trabalhos de Cândido (2006), Gonçalves (2021), Peruzzo (2021) e Prontera (2021).
  • JOSÉ VELOSO DE ARAÚJO SOBRINHO NETO
  • SEMIÓTICA DAS CULTURAS E OS AUTOCRATAS DA SOLIDÃO: a formação da identidade latino-americana e as estratégias de poder no romance Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
  • Data: 28/07/2023
  • Hora: 10:00
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  • A pesquisa buscou investigar, na obraCem anos de solidão(2010), do escritor colombiano Gabriel García Márquez, a relação entre as estratégias de“poder” (manipulação, sujeição) – imanentes às escolhas enunciativas – e a formação da“identidade” do povo latino-americano. O interesse em analisar o romance decorre da riqueza polissêmica do enredo que congrega mito e história em uma trama focada na genealogia de uma família amaldiçoada pela solidão congênita.Assim, o narrador parte do particular, a trajetória da estirpe dos Buendía, para expor,através de uma grande metáfora, o universal, a conjectura política, econômica e social da formação da América Latina. Optamos pelas categorias analíticas do “poder” e da“identidade” por crermos que as estratégias de controle dos corpos e das populações exerceram influência fundamental sobre a formação da feição social e política latino-americana. Assim, a base metodológica usada privilegia a fundamentação teórica da Semiótica das Culturas, desenvolvida por François Rastier, e no intuito de situar a categoria analítica do “poder”, contamos com os estudos do professor, sociólogo e historiador Michel Foucault. No corpo do trabalho, tentamos, incialmente, demonstrar as convergências de diferentes correntes teóricas. Em um segundo momento, apropriando-nos desse conhecimento, procuramos desnudar, demonstrar, no enunciado do texto, as estratégias do poder e as redes simbólicas que influenciaram, melhor, forjaram, a cultura e a identidade do povo latino-americano. Os resultados obtidos na análise do corpus indicaram que os signos – linguísticos ou não – têm o poder de moldar, de regular, de sujeitar indivíduos, mas também de estabilizar, de controlar, de constranger, os processos internos (no sujeito) e externos (no povo) de rupturas; mas são, em sentido inverso, a maior ameaça ao poder instaurado. Afinal, o homem passa da natureza à cultura, do mito à história em razão da linguagem, é de se pressupor que saia da cultura e da história para o cataclismo e o fim por ação dela.
  • ALINE DE FÁTIMA DA SILVA ARAÚJO FRUTUOSO
  • A VERBO-VISUALIDADENO CONTO A LENDA DA COBRA GRANDE: ADAPTAÇÃO E TRADUÇÃO
  • Data: 27/07/2023
  • Hora: 10:00
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  • A presente dissertaçãoapresentaaanálise de sentido nasobrasliterárias produzidas pela comunidade surda,norteada pela categoria teórica da verbo-visualidade à luz dos preceitos de Bakhtin.O objetivo geral deste estudo foiidentificar a produção de sentidos nas obras verbo-visuais:Lenda da Cobra Grande(tradução de2013) eA Cobra Grande (adaptação de2016).Osobjetivos específicos foram:verificar nas obras a presença da verbo-visualidade e de elementos relacionados à cultura surda;demonstrar como é feita a expressão de sentidos nos elementos que compõe cada obra (ilustrações, o verbal em Português e Libras escrita e sinalizada);observar as relações históricos-culturais e como dialogam na atribuição dos sentidos;descrever as semelhanças e diferenças na produção de sentidos entre a tradução de “Lenda da Cobra Grande” e a adaptação de “A Cobra Grande”.Opercurso metodológicofoi de cunho qualitativo,com uma pesquisa exploratória e documental.O corpusanalisado foicomposto por textos verbo-visuais no viés da tradução e demais produções literárias.Como técnica de análise, tratamosda análise de sentido nos textos verbo-visuais partindo dos pares e trios de páginas,inferindoalgumas categorias de Bakthin como autoria,ideologia,heterodiscurso, significação e tema.Nos resultados,constatamos a presença dos elementos diálogicos por meio do discurso existente,e ideológicos,por percebermos os posicionamentos valorativos e axiólogicos dos personagens baseados no contexto sócio-histórico.Assim como, a presença da autoriaenquanto autor pessoa e autor criador estãodescritos através do personagem por perceber a necessidade de se aprender a língua de sinais,de estar inserido na comunidade surda, além do que a comunidade índigena reunir-se para proteger suas crianças e a presença de suas crenças.E as vozes, por meio do heterodiscurso,por enxergamos a presença da voz da comunidade surda e amazonense presente nas obras.Essas vozes evocam a produção de sentidos e significados imersos no universo da cultura surda e amazonense.
  • JACQUELINE VERÍSSIMO FERREIRA DA SILVA
  • UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O SLAM EM LIBRAS: UMA NOVA MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL
  • Data: 24/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • Com as crescentes manifestações artístico-culturais da comunidade surda, surge-se a demanda de ampliação de pesquisas acadêmicas destinada às análises dos discursos das pessoas surdas, e tratando-se de produções culturais do slam sinalizado foi percebido que a necessidade é ainda maior. O slam sinalizado é uma produção cultural mais recente, e que apresenta temas com problemáticas sociais contemporâneas, que envolvem o povo surdo e que apresenta escassez de estudos voltados para análise do discurso, especificamente tomando como base a semiótica greimasiana. Dispondo como o objetivo analisar semioticamente o processo de produção de slam em Libras, tendo como material artístico as produções do grupo “Slam do Corpo”. E tendo como etapas para realização dessa pesquisa, os objetivos específicos: A identificação do papel do poeta surdo, do tradutor e do tradutor-poeta ouvinte nessas produções literárias; A categorização temática das produções poéticas da comunidade surda brasileira registrada em eventos do slam sinalizado no Brasil e; Analisar três (3) textos poéticos produzidos pelo grupo Slam do Corpo com base na Semiótica Greimasiana e Semiótica das culturas. Para delinear metodologicamente cada etapa proposta foi escolhida uma abordagem qualitativa, visando destacar as características subjetivas das obras poéticas, tomando como base a pesquisa etnometodológica. As análises das obras depreende-se de elementos verbais e não verbais contidos nelas abarcam elementos culturais do povo surdo, com a perspectiva de destacar fatores determinantes para identificação de perspectivas sociais divergentes, entre os surdos e ouvintes. Apesar de trazer duas línguas diferentes nas suas apresentações, o Slam do Corpo consegue usá-las de forma que haja uma unicidade linguística e corpórea entre elas. E analisando exclusivamente os textos apresentados, observa-se que trazem uma perspectiva diferente, pois as questões externas e internas que as constituem trazem perspectivas sociais divergentes da comunidade surda e da ouvinte. Para subsidiar essa pesquisa os autores a embasam são: Fiorin, Barros, Batista, Strobel, Peixoto, Machado e Sutton – Spence, Pais.
  • JOSÉ PAULO ALEXANDRE DE BARROS JÚNIOR
  • POLÍTICAS PÚBLICAS DE LEITURA E A CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA DO MUNDO REPRESENTADO: O DIREITO À LITERATURA INDÍGENA NO PNLD LITERÁRIO
  • Data: 24/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • A presente dissertação buscou analisar o regime de representação simbólico dos povos indígenas nas políticas e diretrizes de Estado que fundamentaram os rumos dos programas do livro no Brasil, até a constituição do Programa Nacional do Livro Didático Literário (PNLD – Literário) dos últimos anos, considerando os governos Temer e Bolsonaro. A hipótese delineada na construção dessa pesquisa, parte do pressuposto de que as políticas culturais de fomento à leitura dispõem de um aparato institucional que influencia e controla diretamente o nosso Circuito Cultural, local onde as alteridades indígenas são construídas, estruturadas e cartografadas para o mundo que nos é representado. Compreendemos aqui que dada a força motriz e educadora do Movimento Indígena Brasileiro por meio da Literatura Indígena Contemporânea, há nesse espaço uma disputa simbólica pelo mundo representado. Essa disputa é constituída pela insurgência dos povos originários ao fundar esse movimento estético que dialoga com o respeito às suas soberanias ancestrais, identitárias e epistemológicas, além de demarcar uma contraposição ao imperialismo que hegemonicamente vem constituindo um regime racializado de representação, utilizado como argumento para o etnocídio histórico que dizimou diversas comunidades e culturas indígenas. Como guardião das forças constitucionais que determinam a proteção da organização social e tradições indígenas, caberia ao Estado brasileiro defender e promover o direito intelectual e autoral desses povos como uma questão inerente à garantia do que está imposto pela Carta Magna de 1988. Na expectativa de compreender se esse direito está sendo efetivado por meio das políticas brasileiras, enquadramos nosso processo metodológico na tipologia da pesquisa documental, considerando como documentos o aparato institucional composto por leis, decretos, normativas, portarias e manuais expedidos pelo Estado brasileiro, voltado para a difusão e implementação das políticas públicas voltadas para a leitura literária no país por meio dos programas do livro entre os anos 1937 e 2023 . Nesse sentido, o trabalho documental é amparado teoricamente pelas perspectivas de Hall (2016), Smith (2018), Amaral e Souto (2022), Danner et al. (2018, 2020, 2022), entre outros. Na caminhada pela busca dos objetivos propostos, os resultados nos direcionam à compreensão da dinâmica representacional constituída por essas políticas: 1) O imperialismo encontra nas políticas culturais da leitura no Brasil um espaço de excelência para constituição do seu domínio simbólico, tendo em vista a fragilidade dos programas de Estado em suas constantes descontinuações e rupturas, que buscaram atender demandas de agendas internacionais em detrimento da formação emancipatória da nação brasileira; 2) Uma vez engendrado nas políticas culturais do Estado brasileiro, nota-se o caráter interventor do imperialismo na fabricação de subjetividades homogêneas que atendam seu modelo ideal de sociedade, baseado na castração e no extermínio simbólico dos povos originários; 3) Essa lógica aproxima o Estado brasileiro de políticas da censura típicas de contextos autoritários, o que reforça a necessidade de fortalecimento de nossas políticas culturais voltadas para a leitura literária, de modo que os atuais programas do livro resguardem o direito à valorização cultural do Brasil, o que inclui o Direito à Literatura indígena como uma necessidade humana de formação do povo brasileiro.
  • LUCILENE MARIA DA CONCEIÇÃO SANTOS
  • A FORMAÇÃO DE LEITORES NA ESCOLA: PROJETO LÚCIA GIOVANNA NO MUNDO DA LITERATURA INFANTIL
  • Data: 21/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • O tema dessa dissertação de mestrado discorre sobre a leitura de literatura na escola e a formação de leitores, a partir da análise do projeto denominado Lúcia Giovanna no Mundo da Literatura Infantil. Tem como principais objetivos refletir acerca da leitura literária e verificar como um projeto de leitura pode contribuir para aproximar alunos dos livros e formar leitores; ainda, busca compreender qual a importância de formar leitores literários e qual o papel da professora nesse processo. Nessa direção, a investigação destaca a importância da literatura na perspectiva de formar o futuro leitor e fomentar a aprendizagem significativa nos anos iniciais do ensino fundamental. Para realização deste estudo, utilizamos como metodologia principal a pesquisa qualitativa, com a observação do contexto da prática do projeto de leitura, bem como as práticas desenvolvidas na escola. Além disso, realizamos pesquisa bibliográfica, centrada em autores como: Colomer (2007), Barbosa (2008), Oliveira (2014), Hernandez (1998), Caser (2015), Zilberman (2008), Freire (2008), Santos e Souza (2004), Solé (1998), Soares (2005), Cosson (2021). Tomando-se como base o letramento literário e a formação de leitores, foram observados o trabalho desenvolvido por meio de projetos de leitura na escola EM Profa. Lúcia Giovanna Duarte de Melo, buscando-se verificar e analisar como a literatura infantil era utilizada nas turmas de educação infantil e de ensino fundamenta II. Os resultados mostraram que a escola oferece meios para a formação do leitor, através de um trabalho com momentos de contação de histórias e leitura de de literatura, entretanto, há que se investir na formação inicial e continuada das professoras, no sentido de que possam compreender e utilizar o letramento literário na sala de aula para a constituição de uma comunidade de leitores ativos e autônomos. Percebemos, ainda, por meio das análises e das reflexões realizadas, entre outros aspectos, que a formação de leitores literários não é uma tarefa fácil, porém é possível; constatamos também que práticas tradicionais de leitura podem e devem ser deixadas de lado, com o auxílio de projetos estruturados, com objetivos claros e sem imposição ou obrigatoriedade, cabendo à professora atuar como incentivadora e mediadora, pois somente assim conseguimos contribuir para que a leitura faça parte da vida das nossas crianças e jovens.
  • IRAKITAN BERNARDINO DOS SANTOS
  • LITERATURA DE CORDEL EM LIBRAS: semiótica e transcodificação
  • Data: 21/07/2023
  • Hora: 10:00
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  • O trabalho utilizou-se de estudos semióticos para analisar folhetos de cordel, elaborados ou adaptados para Libras por pessoas surdas, e oportunizou entender a transculturação ocorrida na passagem entre as duas culturas: a ouvinte e a surda, considerando não apenas o percurso da significação, como as marcações prosódicas, rimas e possibilidades de sentidos da língua de sinais. Considera os caminhos definidos pela semiótica greimasiana e os elementos necessários para a construção dessa literatura, bem como, as influências recebidas das literaturas orais. O corpus foi constituído de dois textos literários, sendo um texto em Libras, de autor surdo, e o outro em Língua Portuguesa, de autor ouvinte, transcodificado para Libras. Greimas (1977) Batista (1999) foram os teóricos utilizados para fazer a análise do percurso de sentido do texto enquanto Pais (1993) e Rastier (2005) serviram para estabelecer a discussão sobre seus aspectos culturais. Além disso, estudamos outros autores, como: Quadros (2007); Marcuschi (2008) que falam do gênero como uma categoria da cultura; um esquema cognitivo; uma forma de ação social; uma ação retórica; uma estrutura textual; Silva (2007) que procura incluir o ritmo e a metrificação do cordel; Tavares (1991, apud Silva-2007) que fazem referência à identidade ou semelhança de sons no final ou no interior dos versos; Heinzelmann (2015) que apresenta uma definição para literatura surda; Brito (1995) que cita a existência de algo expressivo na construção do cordel em Libras; Leite (2009) que se refere à relação de oralidade e (corp) oralidade; Leite (2008) que estuda as marcações prosódicas na Libras. A metodologia adotada foi qualitativa e descritiva. E os resultados obtidos direcionam para a ausência da estrutura do cordel em Libras.
  • JADE MARIAM VACCARI CARVALHO SILVA
  • A MERCANTILIZAÇÃO DOS CORPOS TRANS EM SE EU FOSSE PURA , DE AMORA MOIRA
  • Data: 21/07/2023
  • Hora: 09:30
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  • Se eu fosse pura (2018) é o título da segunda edição da obra Se eu fosse puta, de Amara Moira. A obra em estudo consta de 44 subdivisões em prosa, e alguns poemas, que narra a história da autora, travesti ativista e professora doutora em Literatura pela Unicamp. Sendo assim, este trabalho tem o intuito de investigar a obra da autora em relação ao tema da Mercantilização dos Corpos Trans. Para isto, partiremos de uma análise que visa relacionar a obra aos Estudos de Gênero, na área de Literatura. Dessa maneria, tem-se a necessidade de Citar a própria autora, que também é crítica literária, para analisar a sua obra. Em nossa fundamentação teórica, temos em conta o quase ineditismo da pesquisa (tendo em vista que só há uma dissertação na área de Teoria Literária sobre a obra analisada), imediatamente isso nos aponta uma preocupação: pretendemos criar um texto de referência ao falar da literatura de Autoria Trans, um tema pouco discutido na área de Literatura. Tendo em vista que a Crítica Feminista, entre outros estudos, não pensaram a Autoria Trans em seu recorte tão específico, utilizamos teorias dos Estudos Culturais e de Gênero, a exemplo da teoria Queer – evidenciada pela filósofa Judith Butler e por pesquisadoras transfeministas como KAAS (2015), Vergueiro (2014), etc. A pesquisa traz como referências pesquisadores da Teoria Literária que têm desenvolvido pesquisas sobre autoria feminina, como também sobre personagens travestis na literatura e a representatividade da Autoria Trans no Brasil, como ALÓS (2021), SILVESTRE (2021), MARTINS (2020), DALCASTAGNÈ, entre outros.
  • WELLINGTON PEREIRA DA SILVA
  • Vozes desviadas: as dissidências sexuais em propostas de intervenção no ensino de literatura do Profletras
  • Data: 20/07/2023
  • Hora: 09:00
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  • O processo educativo pode ser doloroso, sobretudo quando práticas de violência são naturalizadas pelo regime da heteronormatividade e instituídas sobre aqueles que não correspondem a esta norma. Diante de tal conjuntura, as aulas de literatura podem oferecer espaços para práticas contranormalizadoras, especialmente quando os professores exploram as dissidências sexuais e de gênero presentes em obras literárias. Para investigar aspectos constituintes dessas abordagens, o Mestrado Profissional em Letras (Profletras) é uma base de pesquisa relevante, pois nos trabalhos de conclusão do programa os professores-mestrandos apresentam propostas de intervenção no ensino de literatura e o resultado de suas práticas. Nesta dissertação, procura-se responder: Como as propostas de intervenção no ensino de literatura do Profletras abordam as dissidências sexuais e de gênero? O objetivo é identificar, descrever e avaliar as propostas de intervenção do Profletras no ensino de literatura que tratam das dissidências sexuais e de gênero. A revisão da literatura contempla o Profletras, com Fairchild (2017), Santos (2020); a relação literatura e educação, a partir de Souza (2014), Antunes (2015), Cosson (2020); e a teoria Queer, com Miskolci (2020), Louro (2020), Butler (2019), Preciado (2011), entre outros autores. O estudo se insere na abordagem metodológica da pesquisa qualitativa de cunho documental e explanatório. No levantamento dos dados, identificou-se que, entre os trabalhos de conclusão disponíveis nos repositórios das 42 instituições de ensino superior associadas ao Profletras, as intervenções no ensino da literatura tratando de dissidências sexuais e de gênero ainda é quantitativamente restrito. No entanto, há duas propostas de intervenção que abordam com destaque essa temática: “Corpos estranhos: Fiando e desfiando o texto literário na sala de aula” (2016), de Cléria Santana de Souza, e “As questões de gênero e sexualidade em obras de literatura juvenil: contribuições para a formação leitora no ensino fundamental” (2019), de Gilvânia Morais da Silva Almeida. A conclusão é que essas duas propostas evidenciam a preocupação com o respeito às diferenças em contextos de ensino, mas enfrentam dificuldades para efetivar o letramento literário na escola, assim como a própria discussão das dissidências sexuais e de gênero.
  • CAROLAINE MARINHO DA SILVA
  • BNCC E TEORIA DO EFEITO ESTÉTICO ARTICULADA À TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE LEITURAS LITERÁRIAS
  • Data: 19/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prioriza a formação de leitores-fruidores. Para isso, os docentes precisam de fundamentos teóricos e metodológicos. A fim de auxiliar a atuação docente, é mister pensar nas possíveis contribuições da Teoria do Efeito Estético (TEE) articulada à Teoria Histórico-Cultural (THC) conforme Santos (2007; 2009) para o desenvolvimento de competências literárias propostas pela BNCC – no âmbito do Ensino Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio. A partir disso, levanta-se a seguinte questão: a TEE articulada à THC conforme Santos (2007; 2009) pode contribuir para o desenvolvimento das competências contidas no campo artístico-literário da BNCC? A nossa hipótese é que tal articulação pode oferecer subsídios para o trabalho com a literatura em sala de aula, pois é capaz de basear o mapeamento da experiência estética dos leitores (MAPEE) e a aplicação do Roteiro Didático Metaprocedimental (RDM). O objetivo geral deste trabalho é verificar a viabilidade da articulação entre a TEE e a THC no ensino de leituras literárias conforme a BNCC preconiza. Para tanto, os objetivos específicos são: examinar os pressupostos da BNCC, especialmente no que tange ao ensino de literatura; discutir teoricamente a TEE articulada à THC conforme Santos (2007; 2009) e suas possíveis contribuições para o ensino de leitura literária em contexto escolar; apresentar uma proposta de ensino de leituras literárias para o 9º ano do Ensino Fundamental com base na TEE articulada à THC e nas orientações presentes na BNCC. A abordagem metodológica será qualitativa, com a utilização de pesquisa exploratória e bibliográfica. Os principais aportes teóricos serão: Santos (2007; 2009; 2014), Iser (1996), Bezerra (2021), Santos e Costa (2020).
  • YAGO VIEGAS DA SILVA
  • O EROTISMO NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE EM VOZES GUARDADAS, DE ELISA LUCINDA
  • Data: 18/07/2023
  • Hora: 17:30
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  • A poesia contemporânea brasileira é diversificada, plural e oferece a oportunidade da manifestação a indivíduos que foram silenciados pelos meios de opressão, a exemplo dos corpos negros. Quando se fala em poesia de autoria negra e feminina no Brasil, é na contemporaneidade que se encontra uma expoente produção poética e é nesse contexto que Elisa Lucinda, poeta capixaba, e sua antologia Vozes Guardadas (2016), uma coletânea de poemas produzidos pela autora entre 2005 e 2016 e publicada pela Editora Record. Nessa obra, o erotismo se apresenta como um recurso vital para a constituição da subjetividade e da identidade da mulher negra (tanto do ponto de vista do texto quanto da autoria negra feminina), de forma que podemos concebê-lo como uma força geradora que oferece a esses corpos femininos subjugados e objetificados a possibilidade da libertação, do vozeamento e a construção de uma política que valorize a experiência com o corpo e com a memória. Assim, o objetivo principal desta pesquisa é refletir sobre o erotismo como elemento constitutivo da identidade na obra de Elisa Lucinda. Nosso corpus de análise é composto pela seção Livro do Desejo, que compõe a segunda parte da antologia e na qual é possível perceber o erotismo como um tema recorrente, seja através da valorização da experiência corporal na elaboração dos sentidos ou através da rememoração, como uma maneira de reviver o prazer através da experiência guardada na memória. Nossa pesquisa se ampara nas reflexões de Lorde (2021), Dussel (2016), Saffioti (2019), Bataille (2021), Cuti (2010), Hooks (2010), Siscar (2016; 2010), Evaristo (2005), entre outros.
  • MYRNA ANDREZA DA SILVA ALVES
  • O IMPACTO DO GÊNERO FANFICTION NO LETRAMENTO DIGITAL
  • Data: 17/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • Com o desenvolvimento tecnológico, o ser humano altera, constrói e reconstrói as formas de interação entre os seus iguais pelo mundo afora. Neste cenário, a escrita e a leitura, aos poucos, também se adequam aos novos tempos, a exemplo das produções de fãs – conhecidas por fanfictions. Grosso modo, a fanfic é uma produção que nasce a partir de uma obra preexistente, isto é, referida como original. Por exemplo: um leitor que se torna muito fã de um romance (ou leitores que não se satisfazem com o desfecho de alguma obra) pode escrever uma história pegando emprestados alguns personagens (ou todos) da obra preexistente, e, assim, dar novos rumos à trama inicial. Disponibilizada na internet, a criação do fã pode gerar, portanto, uma rede em massa de leitores e criadores de conteúdos – como ocorreu com as produções baseadas na saga Harry Potter. Ao longo do desenvolvimento do estudo, percebemos que há, neste universo da pesquisa, muito mais perguntas do que resposta; o que pode ser interessante, pois, a nosso ver, deixa evidente o caráter inovador de um tema que se atualiza cada vez mais. Portanto, trata-se de um trabalho que nos desafiou em diversos pontos, a exemplo da discussão que gira em torno da legalidade da fanfic, as polêmicas sobre direitos autorais; entre outros. Nesta perspectiva, acreditamos que a contribuição desta pesquisa à área das letras e afins está, dentre outros fatores, na tentativa de compreendermos o fenômeno que se tornou esse tipo de produção de fãs e o consumo em massa desse conteúdo por partes dos leitores; bem como para refletirmos o lugar da fanfic no rol literário, e, portanto, na fomentação à leitura, sem esquecermo-nos da contribuição inicial que nosso estudo pode proporcionar para novas pesquisas. Assim sendo, o estudo encontra- se organizado em três capítulos: no primeiro, destaca-se uma contextualização acerca do surgimento e da evolução da fanfic, buscando responder indagações como “o que é” e “por que”; o segundo dá-se por meio de uma investigação sobre letramento digital e suas especificidades e no terceiro capítulo são analisadas as plataformas e fics mais populares, bem como a importância da produção de fãs na cultura do letramento digital. Para discorrermos acerca das fanfictions como prática de letramento digital, e acerca do retrato de leitura, nos valemos do método de uma pesquisa bibliográfica. Neste caso, a problemática centra-se no uso das fanfictions como ferramenta de letramento digital para o retrato de leitura na atualidade. Assim sendo, acreditamos que esta pesquisa torna-se válida, dentre outras questões, por trazer ao centro da discussão uma temática atual, e, portanto, necessária à compreensão das ferramentas de leitura e escrita contemporâneas. Por fim, para elaboração, problematização e reflexão das questões aqui elencadas, recorremos às contribuições teóricas das áreas tecnológicas, literárias e afins, a exemplo de LÉVY (2000), CANDIDO (2006), CHARTIER (2002), JAMISON (2017), MEDEIROS (2019), entre outros.
  • JOÃO PAULO ROCHA
  • Quem conta um conto aumenta um ponto e quem canta um canto aumenta quanto? Um estudo das variações lexicais em romances e cantigas tradicionais na obra Cantos Populares do Brasil (1897), de Sílvio Romero
  • Data: 17/07/2023
  • Hora: 09:00
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  • A proposta deste trabalho consiste em investigar a construção da identidade nordestina a partir da literatura popular, notadamente, em romances e cantigas contidos na obra Cantos Populares do Brasil (1897), de Sílvio Romero. Para isso, analisamos o léxico, contextualizando sob uma perspectiva geográfica, social e cultural, a fim de entender os aspectos semânticos e artísticos contidos na Literatura Popular, confirmando nossa hipótese de que a variação do léxico empregada na Literatura Popular aproxima o povo de sua cultura e que o léxico revela marcas de um discurso próprio. Como resultado, elaboramos um glossário da linguagem regional popular a partir de um estudo linguístico, com base nas Ciências do Léxico - Lexicologia e Lexicografia -, Sociolinguística e Etnolinguística, voltado para a descrição dos aspectos semânticos em 42 poemas populares resgatados por Romero (1897) na região Nordeste do Brasil, na segunda metade do século XIX. O glossário é composto por 147 lexias, ou seja, palavras e expressões regionais tratadas como registros de fala pertencentes ao cotidiano do povo nordestino, sendo elas dicionarizadas ou não, classificadas em arcaísmos, corruptelas e lexias de uso corrente contidas na obra supracitada e que ainda fazem parte do processo comunicativo da região.
  • MARIA EDUARDA CESAR DE OLIVEIRA
  • "Os traços autobiográficos na poesia lírica de Marcos Siscar"
  • Data: 10/07/2023
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho tem como objetivo analisar a manifestação dos traços otobiográficos nas obras poéticas de Marcos Siscar. Reconhecemos esses traços na lírica de Siscar, por meio de uma comparação crítica do escritor brasileiro, que se baseia nos pressupostos de Jacques Derrida. Nossa pesquisa se concentra na análise otobiográfica através da investigação da presença dos quase-conceitos "nome próprio" e "assinatura", que, para Derrida, são elementos constituintes da otobiografia. Encontramos essa discussão derridiana em obras como Otobiographies (1985), Margens da Filosofia (1991) e Paixões (1995). Selecionamos essas obras porque são nelas que o crítico Siscar desenvolve sua interpretação sobre a otobiografia, como evidenciado nos ensaios "Paixão ingrata" (2012) e "Como dar razão a Jean Genet" (2012). Dessa forma, investigamos a presença do "nome próprio" nos poemas "Sabia?", "Galo" e "A Picture with a tear and perhaps a smile". Além disso, examinamos o conceito de "assinatura" nos poemas "São Paulo 1972" e "Cuspindo contra o vento". Dessa forma, apresentamos, inicialmente, a leitura crítica de Siscar sobre a otobiografia e, em seguida, verificamos como esses quase-conceitos estão presentes nos textos líricos.
  • KESSIA KELLE FLOR DE LIMA
  • A recepção inicial de Poemas (1947), de Joaquim Cardozo, no Diário de Pernambuco
  • Data: 07/07/2023
  • Hora: 10:00
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  • O presente trabalho busca analisar quatro críticas literárias publicadas no Diário de Pernambuco sobre Poemas na década de 40, primeiro livro do poeta Joaquim Cardozo, com o intuito de demonstrar o impacto na recepção da obra desse autor na região pernambucana. Assim, o objetivo da pesquisa foi discutir de que forma a crítica literária sobre Poemas de Joaquim Cardozo, publicada no Diário de Pernambuco, foi relevante para os estudos de sua obra lírica. A metodologia utilizada constitui-se em uma pesquisa bibliográfica, com uma abordagem qualitativa. O método crítico adotado para essa pesquisa foi o historiográfico, no entanto, foi necessário também rastrear as questões inerentes à crítica literária. Na análise do corpus percebemos que duas linhas imperavam na crítica literária sobre o autor neste periódico: 1. a relação do poeta pernambucano com a sua região; 2. a “geografia humana”, expressão que aponta para as reflexões sobre as problemáticas humanas universais. A fim de atingir o objetivo traçado, realizamos uma revisão teórica-crítica a partir de Drummond (1947), Souza Barros (1975), Lima (1949), Freyre (1980), e Nascimento (1968), com o intuito de investigar a contextualização histórica, social e cultural da região, e traçar um percurso de como os estudos em periódicos tornam-se pertinentes para consagração do poeta.
  • REBECCA LUIZA DE FIGUEIREDO LÔBO
  • Memória traumática em Amada, de Toni Morrison: interface comparativa entre texto e leitor
  • Data: 05/07/2023
  • Hora: 09:00
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  • A presente dissertação investiga, à luz de conceitos da Teoria do Efeito-Estético e da articulação proposta por Carmen Sevilla Santos (2009) com a teoria histórico-cultural, a recriação estética da memória traumática afroamericana na minha interação com o romance Beloved, de Toni Morrison (em português: Amada). O método da pesquisa possui cunho metacognitivo e metaprocedimental, tendo em vista que investigo meus próprios processos cognitivos durante a experiência de leitura e os procedimentos envolvidos nessa atividade, através de um mapeamento. Durante esse processo, observo a possibilidade de estabelecer uma analogia entre certos vazios, quebras da good continuation e loopings vivenciados durante minha leitura e a experiência traumática tematizada pelo romance. Com isso, contribuo para a difusão de uma teoria ainda pouco explorada pelos estudos literários brasileiros, cuja aplicação possui potencial para alargar a reflexão a respeito de questionamentos pertinentes a esse campo de conhecimento e aos estudos culturais, a exemplo de: 1) Até que ponto o efeito provocado pelas rupturas e quebras criativas dos usos familiares da linguagem, presentes nesse romance, nos possibilitam negociar com a alteridade? 2) Qual seria o papel da literatura na elaboração ou reafirmação de um trauma coletivo? 3) Quais os potenciais e as limitações da experiência estética com literatura afro-americana nessa elaboração?
  • ANA PAULA SERAFIM MARQUES DA SILVA
  • PAGINAS INFANTIS (1908), DE PRESCILIANA DUARTE DE ALMEIDA: A OBRA, A CIRCULAÇÃO E OS VALORES ESTÉTICOS
  • Data: 29/06/2023
  • Hora: 14:00
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  • Nesta pesquisa, estuda-se a obra Paginas infantis (1908), que chegou a ter cinco edições (1908, 1910, 1914, 1923 e 1934), da poetisa mineira Presciliana Duarte de Almeida (1867-1944). Num primeiro momento, volta-se para as concepções de poesia infantil que circulavam no final do século XIX e início do século XX, a partir dos livros de leitura da época, de antologias e de publicações em jornais. A seguir, investiga-se a vida literária de Almeida a partir de um levantamento de dados, sobretudo em jornais do período, enfatizando sua participação na Academia Paulista de Letras. Ressalta-se aqui, além da participação em diversos periódicos, a fundação e a supervisão da revista AMensageira (1897-1900) e o envolvimento em jornais direcionados para mulheres. Destaca-se, ainda, além da publicação de poemas voltados para infância e da organização da antologia Livro das aves: crestomatia em prosa e verso (1914), a produção da poetisa para o público adulto. Por fim, como foco central da pesquisa, dedica-se ao estudo da 5ª edição de Paginas infantis, composta de 64 poemas, 4 trovas, 7 contos, 2 cartas, 15 enigmas (adivinhas), 4 hinos e 1 canção. Nesta fase da tese, observa-se a diversidade temática dos poemas, os aspectos formais, a incorporação de formas da literatura oral e as diferenças entre sua obra e as demais publicadas na época, principalmente, no que se relaciona à abordagem pedagogizante. Por fim, organiza-se uma antologia comentada com poemas presentes no nosso corpus, oportunizando o acesso aos que ainda podem favorecer um diálogo com leitores contemporâneos. A pesquisa é de caráter documental e bibliográfico, com natureza qualitativa e dimensão interpretativa, que abarca os valores socioculturais, pedagógicos e literários propagados no período de circulação e de recepção da obra. Como fundamentação teórica para a compreensão dos efeitos estéticos que a linguagem poética é capaz de ofertar, estuda-se Arroyo (2011), Bordini (1986), Camargo (2001), Lajolo (1982) e Lajolo e Zilberman (2007). Trata-se, portanto, de uma obra que ostenta importantes valores estéticos, mas que ficou praticamente desconhecida do público leitor, especialmente após a morte da autora.
  • JOÃO LENO PEREIRA DE MARIA
  • CARTOGRAFIA DE SABERES: as narrativas orais de sete mulheres em comunidades tradicionais nas/das Amazônias da região Bragantina, no Pará
  • Data: 29/06/2023
  • Hora: 09:00
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  • Essa tese insere-se na interface dos Estudos de Gênero, Poéticas de Oralidade e Decolonialidade. Versará sobre as representações do feminino e seus saberes tradicionais, que, de há tempos, são debatidos em ambientes acadêmicos e em diferentes plagas sociais; pensar a (s) mulher (eres) enquanto categoria, em seus processos/vivências, constituiu um discurso político e científico potente na agenda do século XX e XXI. Dessa forma, o presente texto traz como corpus de abordagem as narrativas orais de sete mulheres oriundas de comunidades tradicionais nas/das Amazônias da região bragantina (no estado do Pará), interpretadas, elas e suas estórias, à luz de categorias, tais como: interseccionalidade (AKOTIRENE, 2019), identidade e memória pessoal/coletiva (RICOEUR, 2000), (HALBWACHS, 2013) e rastros (GAGNEBIN, 2006). O recurso metodológico que valer-nos-emos será a cartografia, haja vista reconhecermos a pluralidade, fluidez e fissuras em nosso trabalho de campo, nas falas das entrevistadas, o que oportunamente nos fizeram redesenhar nossas escolhas epistemológicas, pensando na exequibilidade da tese que se atravessou para um diálogo com as religiosidades populares, saberes tradicionais e protagonismos femininos. Aponto e aprofundo, enquanto contribuição acadêmica, os conceitos de Protoambientação e Vereda Identitária, a fim de ampliar o debate sobre a ética em trabalhos de campo em comunidades tradicionais e, ao mesmo tempo, experienciar um exercício de (co) criação a partir de minha escuta, assim, devolvendo/assentando um conceito mais cabível às experiências relatadas. Utilizar-nos-emos, ainda, como suporte teórico de autores (as), tais como, (MONTENEGRO,1994; PERROT, 1989; GEERTZ, 1978; DURAN, 1997; MAUSS, 2003) dentre outros (as).
  • MARGARIDA RODRIGUES DE ANDRADE BORGES
  • A VERBO-VISUALIDADE NA OBRA DE DEIVID PEREIRA.
  • Data: 28/06/2023
  • Hora: 10:30
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  • Esta dissertação discorre acerca de uma análise verbo-visual na obra artística produzida e adaptada pelo artista Surdo Deivid Pereira. Essa produção foi criada e adaptada para a cultura surda porque conta com a presença de recursos imagéticos do texto escrito em Libras por intermédio do sistema SignWriting - SW para escrita das línguas de Sinais. Suas produções são ilustrações que carregam linguagem verbal e não-verbal em seu plano promovendo comunicação visual. Nosso embasamento teórico advém de Bakhtin e do seu Círculo na tratativa das categorias teóricas: a noção de autoria, o auditório, o sentido, a ideologia, os signos, a estética, o estilo, a polifonia e particularmente a verbo-visualidade de Brait (2009; 2013). Temos como objetivo geral, descrever a partir dos sentidos as questões de estrutura e “conteúdo” da verbo-visualidade contida obra de Deivid Pereira. E nos objetivos específicos: discutir sobre a relação entre cultura surda, identidade e verbo visualidade; analisar as relações dialógicas existentes nas ilustrações; investigar a relação de sentidos verbo visual na obra de Deivid Pereira e identificar a forma como o texto verbal se apresenta no texto que compõe-se como texto verbo visual. Para isso pretendemos encontrar resposta para a seguinte indagação: Quais são os efeitos de sentidos do texto verbo-visual na obra de Deivid Pereira? Para responder a essa questão, propomo-nos a analisar três obras que abordam temáticas sociais relevantes como: violência contra a mulher, trabalho do corte de cana-de-açúcar e racismo. Adotamos a metodologia qualitativa de caráter e técnica documental para análise da produção de sentido no texto verbo-visual das obras acima citadas. Os dados confirmam que as obras analisadas são textos pertencentes à categoria verbo-visual e evidencia ideologias e valores da cultura Surda. Nos resultados da análise evidenciamos a categoria sentido, além de outras categorias teóricas advindas do pensamento de Bakhtin. Em virtude das produções artísticas circulam em diferentes espaços, sejam esses físicos ou digitais, na modalidade sinalizada ou escrita da Libras, como é o caso das obras aqui analisadas, enfatizamos que as criações artísticas de sujeitos Surdos evidenciam sua cultura surda por meio de experiências visuais na língua de sinais, o que incentiva o surgimento de novas formas de beleza artística
  • HILDENIA ONIAS DE SOUSA
  • LETRAMENTO LITERÁRIO NA ESCOLA: UMA PROPOSTA CURRICULAR PARA OS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
  • Data: 31/05/2023
  • Hora: 14:00
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  • Esta pesquisa de abordagem qualitativa e procedimentos bibliográficos objetivou a elaboração de uma proposta para o ensino da literatura nos anos finais do ensino fundamental, com foco no letramento literário. Para tanto, o percurso traçado é composto por: uma revisão bibliográfica sobre ensino da literatura, compreendida no decênio 2011- 2020; uma leitura da BNCC, como documento orientador dos currículos escolares; assim como uma abordagem sobre currículo e literatura. O aporte teórico sobre letramento literário baseia-se na acepção brasileira tomada nos estudos de Paulino (2004, 2005, 2010) e Cosson (2006, 2020, 2021, 2022). No que tange às concepções sobre currículo, buscou-se autores como Sacristán (2013), Saviani (2016), Santomé (2013), além de outros autores. Para as concepções teóricas sobre literatura, recorreu-se a Culler (1999), Eagleton (2003), Aguiar (2004) e Compagnon (2014) a fim de se discorrer sobre as tentativas de conceituação e se chegar à concepção adotada pelo letramento literário. Cumprindo esse percurso, procedeu-se à elaboração da proposta que consistiu na organização de etapas que privilegiam a construção do perfil de leitores, a organização das comunidades de leitores, as práticas de leitura, as estratégias de mediação, formação de uma estante literária e mobilização de conhecimentos. Dessa forma, entendendo-se que a escola deve praticar a justiça curricular (SANTOMÉ, 2013), o letramento literário é uma alternativa para contribuir para que isso aconteça, através da organização de tempos-espaços para a leitura, de bibliotecas que disponham de um bom acervo literário, que permita o manuseio de textos e de atividades contínuas, planejadas e sistematizadas para serem desenvolvidas dentro e fora da escola, respeitando-se as especificidades da comunidade de leitores. Nessa direção, espera-se que a escola contribua para alargar a noção de literatura para além dos textos escritos e legitimados como literários, trazendo outros textos, seja da tradição oral, da Internet, do cinema, dos meios de comunicação de massa, a fim de que o aluno compreenda que a literatura participa desses textos e eles, por sua vez, também participam da literatura. Nessa perspectiva, a presente pesquisa traz contribuições no sentido de oferecer uma análise crítica do material coletado sobre o ensino da literatura, reflexões sobre currículo, assim como uma proposta de ensino de literatura com foco no letramento literário, com a possibilidade de contribuir para a inserção do diverso no currículo escolar.
  • MARIA BETÂNIA PEIXOTO MONTEIRO DA ROCHA
  • EFEITO ESTÉTICO, SEDUÇÃO E TRADUÇÃO EM LEILA
  • Data: 24/05/2023
  • Hora: 14:00
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  • A obra literária não é um objeto físico que possa ser manipulado, não para a teoria do efeito estético, proposta por Wolfgang Iser (1996, 1999a). No escopo dessa teoria, a obra consiste em uma realização virtual, da qual fazem parte o/a leitor/a – implicado/a no ato de leitura – e o texto literário. Guiado pelas estratégias da estrutura textual, o/a leitor/a sente os efeitos estéticos da obra, e imerge em um processo de constituição de sentidos. No entanto, além da estrutura do texto, há também a conformação psíquica do/a leitor/a – não prevista pela teoria do efeito estético –, que opera, no sentido laplancheano do termo, na tradução de mensagens enigmáticas provenientes da situação antropológica fundamental, pensada numa dimensão sexual e comunicacional, a qual reverbera no ato de leitura. Diante das estratégias do texto e do psiquismo do/a leitor/a, como se dá a produção de sentido e de significado de uma narrativa ficcional ilustrada, perpassada pelo tema do abuso sexual? O questionamento levou ao Mapeamento da Experiência Estética e ao mapeamento psíquico de uma leitora real – a autora da pesquisa –, com vistas a contribuir com a crítica literária e para o ensino de literatura. Além disso, buscou-se: a) apresentar um estudo metateórico entre a teoria do efeito estético (TEE) e a teoria da sedução generalizada (TSG); b) mapear a leitura do livro Leila com base nas TEE e TSG; c) analisar os efeitos estéticos aparentemente não ancorados pelo texto ficcional; d) identificar a função assumida pelas imagens durante a leitura de Leila; e e) discorrer sobre a interferência das experiências pessoais no processo de tradução do corpus, num exercício autotradutivo (LAPLANCHE, 1989). A metodologia de realização do trabalho foi estruturada por três abordagens: descritiva, explicativa e autobiográfica. Um dos resultados alcançadas revela que, durante a realização da obra, inicia-se um processo comunicativo entre as alteridades do texto e do/a leitor/a, dando a possibilidade de tradução e de retradução dos enigmas originários.
  • PRISCIANE PINTO FABRICIO RIBEIRO
  • ENTRE A CRIPTA E O FANTASMA: A TRANSGERACIONALIDADE EM ANTÍGONA, DE SÓFOCLES
  • Data: 02/05/2023
  • Hora: 09:00
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  • Esta tese tem como objetivo investigar o conceito da transgeracionalidade psíquica na personagem Antígona, tendo como corpus da pesquisa a obra homônima de Sófocles. A partir disso, apresenta-se a face de Antígona sob a luz do míasma familiar, determinando na obra a tensão trágica do páthos, considerando que, as ações da heroína, para além de uma visão religiosa e política, são diretamente conduzidas pelo elo sanguíneo e macular de seus ancestrais. Para tanto, fez-se necessário tecer, primordialmente, reflexões sobre a dinâmica entre mito, tragédia e psicanálise, bem como apresentar um panorama sobre a tragédia e o herói trágico, além dos seus conceitos essenciais de páthos e cátharsis, a fim de instituir bases para a identificação das conexões entre o herói trágico e metapsicolgia. Em seguida, elencamos a perspectiva freudiana sobre a herediteriedade e as influências filogenéticas na constituição do trauma e na subjetivação do indivíduo, como concepção basilar à teoria da transgeracionalidade desenvolvida por Abraham e Torok, bem como seus conceitos de Cripta e Fantasma. Por fim, apresentamos um Itinerário da raça dos Labdácidas tomando como fio condutor o míasma como o elemento lacunar e alienante que recai sobre os membros familiares e as passagens de gerações até a figura de Antígona. Baseada na teoria de Abraham e Torok, a pesquisa busca compreender as afecções transgeracionais dessa heroína, receptora do fantasma familiar, evocado pelas histórias e traumas familiares que se transmitem de geração em geração, em Antígona, de Sófocles. Para uma melhor abordagem e uma análise mais minuciosa da obra estudada, dispõe-se uma tradução operacional do corpus da pesquisa, bem como de obras secundárias que serviram de arcabouço literário para a investigação.
  • MARCELO DE LIMA FERNANDES
  • A AMBIGUIDADE ENTRE O VIVIDO E O CRIADO: INTERMIDIALIDADE, MEMÓRIA E METAFICÇÃO EM DOR E GLÓRIA, DE PEDRO ALMODÓVAR
  • Data: 20/04/2023
  • Hora: 08:00
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  • Dor e glória (2019), filme do diretor Pedro Almodóvar, acompanha diversos períodos da vida de Salvador Mallo, um diretor de cinema interpretado por Antonio Banderas. A intenção do presente trabalho é, a partir das categorias teóricas de intermidialidade (MOSER, 2006; CLÜVER, 2006; 2012; RAJEWSKY, 2012, 2020), metaficção (WAUGH, 1984; HUTCHEON, 1991) e memória (BERGSON, 1999; HALBWACHS, 2006), analisar como, em Dor e glória, a ficção assume um papel preponderante na jornada do protagonista e de outras personagens. Para tanto, ancoramos nossas discussões no âmbito das escritas de si (LEJEUNE, 2008; DOUBROVSKY, 2011; FAEDRICH, 2014; COLONNA, 2014) para compreender a maneira como essas ferramentas teóricas provocam uma ambiguidade entre ficção e realidade na narrativa fílmica. Nos valemos, ainda, das ideias de ideologia do cotidiano (VOLÓCHINOV, 2018) e política dos amadores (RANCIÈRE, 2012) para verificar os modos de imbricação da ficção na vida cotidiana sugerida por Dor e glória. Em nossa análise, constatamos que o longa de Almodóvar se utiliza de diferentes estratégias e ferramentas narrativas - como o diálogo com outras instâncias narrativas de mídias distintas, a exemplo do Livro do desassossego, de Fernando Pessoa, e o filme 8 ½, de Federico Fellini - para suspender a distinção entre ficção e realidade na diegese fílmica, suscitando questões acerca da materialidade que a ficção assume no cotidiano, da (in)distinção entre memória e criação e do papel do artista na construção de múltiplas possibilidades de ser e estar no mundo.
  • CÍCERO ÉMERSON DO NASCIMENTO CARDOSO
  • SOBRE O HERÓI ROMANESCO: A EDUCAÇÃO SENTIMENTAL, DE GUSTAVE FLAUBERT, E QUARUP, DE ANTÔNIO CALLADO
  • Data: 28/02/2023
  • Hora: 14:00
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  • Este trabalho consiste na realização de um estudo de caráter comparativo entre A educação sentimental, de Gustave Flaubert, e Quarup, de Antonio Callado. Optamos por estudar as obras que constituem nosso corpus a partir de uma categoria analítica estrutural: o herói romanesco. Nesse sentido, nossa proposta foi desenvolvida com base na ideia de que é possível perscrutar uma possibilidade de leitura capaz de representar uma contribuição original para a fortuna crítica de ambas as obras. Nossa hipótese de pesquisa pautou-se, inicialmente, na observação de convergências presentes na construção dos heróis romanescos nelas apresentados, de modo que isso nos instigou a pensarmos na maneira como esses heróis modernos agem no sentido de realizarem suas metas existenciais e inserem-se em contextos sócio-históricos complexos que repercutem na configuração subjetiva deles. Observamos, ainda, os recursos estéticos empregados por seus respectivos autores para a construção desses heróis, além de analisarmos, na linha do que György Lukács (2000) apresenta no ensaio A teoria do romance, que se constitui a perspectiva teórica que adotamos, como Frédéric Moreau e Nando poderiam ser categorizados em se tratando da tipologia apresentada pelo teórico. Como resultado final, percebemos a pertinência do estudo comparativo sugerido, pois essas obras apresentam convergências e divergências que nos possibilitaram reflexões significativas acerca da categoria analítica que estudamos. Também foi possível discutir Frédéric Moreau como herói do romantismo da desilusão e Nando como herói que apresenta traços do herói da educação em suas especificidades. Como procedimento essencial de nosso estudo, recorremos a uma pesquisa bibliográfica pautada no recolhimento, leitura e análise de materiais indispensáveis para a construção dos debates para os quais nos direcionamos. O levantamento de fortuna crítica nos possibilitou estabelecer algumas linhas gerais que foram significativas para a compreensão desses romances distanciados por um século e por mimetizarem espaços socioculturais, sociopolíticos e sócio-históricos de países distintos. Para desenvolvimento de nosso debate, recorremos a estudiosos que contribuíram profundamente para nossa investigação, dentre os quais, na Europa, Lukács (2000), Marx (2012), Hobsbawn (1996) e Oehler (1999); e, no Brasil, Candido (2010), Rosenfeld (2000), Chiappini (2000), Gouveia (2011), dentre outros.
  • CRISTINA ROTHIER DUARTE
  • LITERATURA DE MÚLTIPLOS DESTINATÁRIOS: PERSPECTIVA METATEÓRICA À LUZ DO LEITOR REAL
  • Data: 28/02/2023
  • Hora: 10:00
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  • Na contemporaneidade, temos verificado, recorrentemente, narrativas classificadas como literatura de múltiplos destinatários, de audiência dual ou crossover fiction, devido, segundo alguns especialistas (FALCONER, 2009; RAMOS; NAVAS, 2015; BECKETT, 2009), à temática e a determinadas características textuais que possuem. Conforme o entendimento de Beckett (2009), os textos literários, sobre os quais incidem esse fenômeno, apresentam uma comunicação narrativa que flui em duas direções, e os níveis de endereçamento são determinados não apenas pelos destinadores, mas também pelos destinatários, de modo que irrompem as fronteiras etárias. Não obstante a importância da participação do leitor nesse processo de ampliação do público intentado, em um primeiro momento, por instâncias legitimadoras (mercado editorial, instituições premiadoras etc.), ainda não fora dada a devida atenção às suas particularidades dentro desse contexto de interação com o texto literário. Diante disso, é objetivo geral, nesta pesquisa, analisarde que modo se dá essa comunicação entre um leitor adulto e um texto literário juvenil, porém considerado ficção de múltiplos destinatáriospela crítica. Em sede de objetivos específicos, visamos a: i. apresentar um recorte histórico da literatura infantil e juvenil brasileira; ii. empreender discussões teóricas acerca da (i)legitimidade da literatura juvenil e de abordagens teóricas sobre a literatura de múltiplos destinatários (crossover fiction); iii. contribuir metateoricamente com os estudos que versam sobre esse tipo de texto literário, a partir da articulação teórica proposta por Santos (2009) à luz da teoria do efeito estético e da teoria histórico-cultural; iv. verificaro processo de leitura do qual resultou o efeito estético vivenciado por uma pessoa adulta, a ora pesquisadora, em interação com o texto literário juvenil Aos 7 e aos 40 (2013), de João AnzanelloCarrascoza, viaMapeamento de Experiência Estética – MAPEE (SANTOS, 2009, SANTOS; COSTA, 2020). A fundamentação teórica que apoia esta tese consiste nos estudos da teoria do efeito estético (ISER, 1996; 1999a) e da teoria histórico-cultural (VYGOTSKY, 2007; 2008). A metodologia desta pesquisa envolve o método fenomenológico, na medida em que viabiliza o perscrutamento da essência do ato de leitura de um leitor real; o indutivo, visto que, a partir dos resultados obtidos mediante o MAPEE, identificamos idiossincrasias do texto e do leitor que oportunizam o efeito estético; e o autoetográfico, procedimento adequado em razão do integral vínculo da pesquisadora em relação aos fenômenos que ela investiga e documenta. A análise do ato de leitura de um texto crossover permitir-nos-á, a título de resultado, a identificaçãodas particularidades do leitor e do texto literário, as quais exercem o papel condicionante do fenômeno de transposição dos limites etários estabelecidos pelo mercado editorial.
  • CAIO ANTONIO DE MEDEIROS NOBREGA NUNES GOMES
  • Articulações da paródia na coleção Devorando Shakespeare
  • Data: 28/02/2023
  • Hora: 09:00
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  • Essa tese constitui um estudo acerca da paródia nos três romances que compõem a coleção Devorando Shakespeare, publicada no Brasil entre os anos 2006 e 2007. São eles: Trabalhos de amor perdidos (2006), de Jorge Furtado, que retoma a trama da peça homônima de Shakespeare; A décima segunda noite (2006), de Luis Fernando Verissimo, intertexto construído a partir da comédia Noite de Reis; Sonho de uma noite de verão (2007), de Adriana Falcão, escrito com base nos eventos da celebrada peça que empresta seu título à narrativa brasileira. Em relação a essas narrativas, são analisados desdobramentos metaficcionais em três níveis de articulação – cultural, textual-verbal e midiático. Além disso, argumentamos que cada um desses níveis está conectado a um ethos específico da paródia, o que resultou em discussões sobre devoração intercultural, crítica intertextual – na forma de uma ficção teórico-crítica – e memória intermidiática. Nosso referencial teórico-metodológico é composto especialmente pelas discussões de Hutcheon (2000), Rose (1979) e Dendith (2000), no que concerne à paródia; por Currie (1995), Hutcheon (1980) e Waugh (1984), em relação à metaficção; por Al-Shara (2009), Fux e Moreira (2008) e Greaney (2006), sobre os postulados da ficção teórico-crítica; e por Bruhn (2016), Rajewsky (2012) e Wolf (2011), em relação à intermidialidade. A partir das análises feitas, foi possível concluir que a paródia é uma estratégia criativa repleta de nuances e substancialmente complexa: os entre-lugares que nutrem a paródia possibilitam diversas novas possibilidades interpretativas, diversas novas chaves de entrada e de saída para as obras, que podem ser muito importantes em meio às distorções e aos novos arranjos visuais decorrentes da reflexividade da casa de espelhos que caracteriza os textos metaficcionais da coleção Devorando Shakespeare.
  • RODOLFO MORAES FARIAS
  • Da mulher vazia à mãe possível: as agonias da maternidade e a erosão feminina em Buchi Emecheta e Ayọ̀bámi Adébáyọ̀
  • Data: 28/02/2023
  • Hora: 08:00
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  • A emergência das literaturas africanas (pós-coloniais) de autoria feminina se deu em um contexto de dupla resistência, pois as primeiras escritoras do continente precisaram enfrentar o mundo masculino local, que desdenhava de seus textos, e o mercado editorial internacional, que as alocava indiscriminadamente junto às feministas ocidentais, cujas demandas não coincidiam com as suas. À luta contra a opressão de gênero foi então somada a disputa por independência, por alforria epistêmica, de modo a poderem dizer de si sem a influência masculina – e longe da interferência do feminismo euro-(norte-)americano. No que concerne à maternidade, as autoras africanas tiveram de se distanciar tanto da idealização masculina à figura da Mãe África, quanto do desdém ocidental ao papel materno, sobretudo numa época em que o direito ao aborto era a principal bandeira do movimento das mulheres. A maternidade africana, parte indissociável da essência ontológica autóctone, precisou da pena feminina para se libertar, rejeitando igualmente a apatia ocidental e a ideação local. Autoras como a nigeriana Flora Nwapa, a ganesa Ama Ata Aidoo e a senegalesa Mariama Bâ, por exemplo, deram os primeiros passos e abriram caminho para que outras pudessem trilhá-lo. Buchi Emecheta, contemporânea dessas vanguardistas e ela própria uma pioneira da literatura feminina nigeriana, teve seu quarto romance, As alegrias da maternidade (1979), transformado em símbolo da luta pela igualdade feminina no continente – atacando, além da precariedade da condição da mulher naquela sociedade, a maternidade como instância de aviltamento e martírio para as mães, que, idealizadas pelo imaginário cultural, não gozavam, em vida, das benesses cantadas pelos poetas e griots. Na longa tradição literária daí surgida, destaca-se Ayọ̀bámi Adébáyọ̀ , jovem escritora cujo romance de estreia, Fique comigo (2017), prova que o abuso materno – (mal) disfarçado de deferência e culto à mãe – ainda segue cruciando muitas mulheres, quer ante a compulsoriedade da função materna, quer em razão das exigências torturantes feitas às mães. Este trabalho consiste, portanto, na análise das duas obras mencionadas, precedida de um exame da escrita pós-colonial africana – que se propõe a estudar o surgimento e expansão dessas literaturas no último (meio) século, principalmente a produção escrita de expressão feminina, de humilde começo, mas que floresceu e hoje se mostra em nada devedora, em qualidade e alcance, à tradição masculina.
  • THAISE GOMES LIRA
  • AS CASAS DE VIDRO EM NÓS: panóptico e contranarrativa nas obras de Ievguêny Zamiátin, Ivan Ângelo e Rubem Fonseca
  • Data: 27/02/2023
  • Hora: 09:30
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  • As narrativas distópicas brasileiras dos séculos XX e XXI possuem ressonâncias da distopia russa Nós (2017 [1924]), de Ievguêni Zamiátin, e é necessário um olhar mais atento sobre essas produções, em aspectos estruturais e temáticos. Nesta tese, entre os variados aspectos em comum nas obras distópicas, ressalto dois pontos principais: primeiro, a ideia do panóptico de Jeremy Bentham, que pode ser representada nas ferramentas de controle, opressão e repressão populacional nas distopias; segundo, o conceito de contranarrativa de Raffaella Baccolini nas narrativas analisadas neste trabalho. A principal obra analisada nesta tese é Nós (2017), um romance distópico escrito no início da década de 1920, mas publicada apenas em 1924, na cidade de Nova Iorque (EUA) e em inglês, porque a censura na U.R.S.S. vetava a publicação de obras como aquela no seu país de origem. A narrativa russa é construída em forma de entradas de um diário, no qual o engenheiro e matemático D-503, membro orgulhoso do Estado Único (novo sistema de governo mundial), fala do seu novo mundo, da sociedade que, para os “números” (ou unifs) é a mais perfeita da história, e também dos elementos opositores que começam a se levantar contra o regime do Benfeitor, o chefe da nação. Nós (2017) influenciou importantes narrativas distópicas, como Admirável Mundo Novo (2014 [1932]), de Huxley, e 1984 (2009 [1949]), de Orwell, entre outras; embora alguns autores discordem do pioneirismo russo no gênero, o que é defendido por Booker (1994), o reflexo de Zamiátin nas obras distópicas é perceptível na análise: no uso da força bruta para reprimir movimentos, nas transformações espaciais e sociais, na centralização de poder, nas tecnologias avançadas, na falta de harmonia social e na forte presença do vidro, em toda a sua simbologia. A pesquisa, que é bibliográfica, qualitativa e explicativa, parte da apresentação da fortuna crítica dos autores mencionados no estudo; na sequência, fala das perspectivas teóricas da narrativa segundo Todorov (2013), Genette (2015; 2017), Reuter (2004) e também da contranarrativa como um discurso de resistência, segundo Baccolini (1995). Posteriormente, aborda o panoptismo, segundo Bentham (2019), caso em que são essenciais também os estudos de Foucault (1987). Adiante, apresenta a obra Nós (2017), de Zamiátin, em seus traços distópicos, e, para isto, são fundamentais os preceitos teóricos de Booker (1994), Baccolini (1995), Claeys (2010), Vieira (2010) e Moylan (2016). Por fim, a tese apresenta a análise da obra de Zamiátin, mais o estudo dos contos “O quarto selo (fragmento)” (1987 [1969]), de Rubem Fonseca, e “A casa de vidro” (1979), de Ivan Ângelo, de modo a estabelecer semelhanças e distinções entre as obras do corpus. Esta pesquisa buscou incentivar os estudos comparativos entre a distopia brasileira e a russa, pela relevância e originalidade da obra de Zamiátin, e pela influência notável do escritor russo sobre autores da literatura distópica universal.
  • SANDRELLE RODRIGUES DE AZEVÊDO
  • A VOZ DA CRIANÇA NA POESIA INFANTIL BRASILEIRA
  • Data: 24/02/2023
  • Hora: 14:00
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  • Esta tese analisa a presença da voz da criança na poesia infantil brasileira, tendo como ponto de partida a obra Poesias infantis, de Olavo Bilac, publicada em 1904, até a produção contemporânea de poemas para crianças, num recorte de 100 livros a que tivemos acesso durante a pesquisa. Trazemos inicialmente um relato das mudanças na forma como a infância foi vista no ocidente através do tempo, fundamentados nos estudos de Ariès (1981), Gélis (1991) e Perrotti (1986), bem como suas especificidades em solo brasileiro, estudadas por Priore (2007) e Dourado e Fernandes (1999), e os desdobramentos dessa “descoberta” da infância pelas ciências humanas, apoiados em Gouvêa (2011) e Souza (1997). Apresentamos também como surge a literatura brasileira escrita para crianças, principalmente do ponto de vista das narrativas, e comentamos como esse olhar sobre a infância também pode ser estudado a partir do texto literário, embasados por Zilberman (1987), Lajolo e Zilberman (2002) e Coelho (2006, 2010). Em seguida, chegamos às especificidades da poesia nacional voltada para crianças, e fazemos um percurso histórico do aparecimento e desdobramentos da produção poética infantil no Brasil, dialogando com Bordini (1986, 1989), Coelho (2006), Cecantinni e Aguiar (2012), Camargo (2000, 2012) entre outros. Na sequência, trazemos os principais resultados quantitativos da análise do nosso corpus, e traçamos os critérios de definição das nossas categorias de análise. No último capítulo, olhamos de maneira aprofundada algumas obras poéticas completas, com foco nas vozes que se apresentam nos textos e suas relações com qualidade estética, época de produção, caráter pedagogizante e representatividade infantil. Por fim, concluímos que embora seja importante para uma possível identificação do leitor com o texto poético, o sujeito lírico é apenas um dos recursos que podem ser utilizados pelos autores de poemas para a produção de um texto em versos de qualidade para as crianças.
  • FERNANDA CARDOSO NUNES
  • TRADUZINDO NARRATIVAS MÍSTICAS DE AUTORIA FEMININA MEDIEVAIS: UMA ANÁLISE LITERÁRIA DAS OBRAS DE JULIANA DE NORWICH E MARGERY KEMPE
  • Data: 24/02/2023
  • Hora: 09:00
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  • Esta tese tem por objetivo a análise literária das obras A Revelationof Love (c.1395), de autoria das místicas inglesas Juliana de Norwich (c.1343 – c. 1416), em sua versão longa, e The Book ofMargeryKempe (c.1438) de MargeryKempe (1373 - c. 1438), bem como propor a tradução desta última para a língua portuguesa. A análise se realizará com o aporte da crítica literária feminista buscando observar como questões relativas à como se dá as representações da memória, do corpo e da maternidade nos textos das duas mulheres. Sobre a fundamentação teórica acerca da memória, utilizaremos os escritos de Jacques Le Goff acerca da memória em História e Memória (2003); Minha história das mulheres (2015) de Michelle Perrot e as Confissões (2013) de Santo Agostinho. Sobre a representação do corpo e da maternidade de Jesus Cristo faremos uso dos seguintes estudos: de Caroline Walker Bynum, Jesus as Mother: Studies in theSpiritualityofthe High Middle Ages (UCLA, 1983); Sarah McNamer, "The ExploratoryImage: God as Mother in Julian ofNorwich'sRevelationofDivine Love" de 1989; a pesquisa de Josué Soares Flores, Maternidade de Deus em Juliana de Norwich (2013) e os estudos de Liz Herbert McAvoy sobre AuthorityandtheFemaleBody in theWritingsof Julian of Norwich andMargeryKempe (D. S. Brewer, 2004), além da obra A Companion to Julian of Norwich (D. S. Brewer, 2008); bem como o artigo de LieveTroch,“Mística Feminina na Idade Média: historiografia feminista e descolonização das paisagens medievais”, para compreendermos o lugar das místicas enquanto produtoras de textos literários (2013); Nancy Bradley Warren, “Feminist Approaches toMiddleEnglishReligiousWriting: The Cases ofMargeryKempeand Julian of Norwich” (2007), os estudos de Lúcia OsanaZolin (2009) sobre crítica feminista e literatura de autoria feminina, bem como o texto de Lélia Almeida, “Linhagens e ancestralidade na literatura de autoria feminina” (2004). A respeito da tradução da obra de MargeryKempe, teremos como aporte teórico os estudos acerca da tradução de Susan Bassnett com sua compilação Estudos de Tradução (2005); Paulo Henriques Britto e A tradução literária de 2012; André Lefevere, com seu Tradução, reescrita e manipulação da fama literária (2007); Sherry Simon e seu Gender in Translation (2005) e Louise Von Flotow com seu estudo TranslationandGender: Translating in the ‘Era ofFeminism’ (2013). Juliana de Norwich e MargeryKempepodem ser consideradas transgressoras ao romperem com papéis convencionados às mulheres de seu tempo. Seus escritos trazem o papel feminino numa nova perspectiva de protagonismo religioso, social e literário. Através dessa pesquisa, esperamos deixar claro o quanto esse processo de resgate e releitura pode ser renovador para os estudos literários, da cultura e da tradução.
2022
Descrição
  • JULIANA MIRANDA CAVALCANTE DA SILVA
  • O ESTEREÓTIPO PROBLEMATIZADO EM ORANGE IS THE NEW BLACK: COLONIALISMO, INTERMIDIALIDADE E POLÍTICAS DA METAFICÇÃO
  • Orientador : GENILDA ALVES DE AZEREDO
  • Data: 31/08/2022
  • Hora: 15:00
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  • O estereótipo é uma das principais ferramentas usadas pelo colonizador para manter o poder sobre o colonizado, pois atua diretamente na formação da diferenciação entre o Eu e o Outro, e nas relações resultantes desse processo (BHABHA, 1998). Ao atribuir um bloco de características fixas a uma pessoa ou a um grupo, o estereótipo apaga as individualidades, deslegitima e desumaniza o estereotipado, calando sua voz. O potencial da arte para atuar no reforço dos estereótipos (e, consequentemente, na manutenção do poder dominante) está ligado à tentativa de representação da “verdade” pela ficção através do realismo, explorado como espelho do mundo sem oposições importantes até a segunda metade do século XX, quando a correspondência entre verdade e realismo passou a ser questionada de forma contundente (CERTEAU, 1998; BARTHES, 2011; GENETTE, 2015). Na prática, ganhou força o uso sistemático de artifícios metalinguísticos e intermidiáticos para expressar o descortinamento dos procedimentos narrativos, com um distanciamento crítico proveniente, principalmente, da ironia (HUTCHEON, 1995). Nesse sentido, é possível afirmar que a série da NetflixOrange Is the New Black, produzida entre 2013 e 2019, é tanto produto deste momento social e artístico quanto vanguarda e influência para outras obras. Fugindo do gênero exploitation, comum nas ficções sobre mulheres presas, a série focaliza as relações inter e intrapessoais que perpassam as vidas dessas mulheres, abordando questões de raça, gênero, transtornos mentais, orientação sexual, privilégios (ou a falta deles), sem fugir dos estereótipos, mas confrontando-os. O presente estudo tem como objetivo analisar justamente de que forma o estereótipo se apresenta e é confrontado em Orange, com recorte em dois eventos (o leilão de Judy King e o jogo Fantasy Inmate) e nas histórias de duas personagens (Piper Chapman e Poussey Washington). A análise é a etapa final de um processo que inclui a contextualização teórica dos conceitos de estereótipo, metaficção e intermidialidade, em um primeiro momento e a problematização do estereótipo (em relação à metaficção e à intermidialidade) na série, em um segundo momento. O método de pesquisa inclui a leitura e sistematização de material teórico-crítico sobre o assunto (com recorte nos teóricos que julgamos mais relevantes para o estudo), incluindo material audiovisual.
  • BEATRIZ OLIVEIRA ROSENDO
  • A RETÓRICA DO NARRADOR EM “O BARRIL DE AMONTILILLADO” E “O DEMÔNIO DA PERVERSIDADE”, DE EDGAR ALLAN POE: UMA FANTÁSTICA CONFIGURAÇÃO DA PERVERSIDADE
  • Data: 31/08/2022
  • Hora: 13:30
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  • A maior parte das obras de Edgar Allan Poe, senão todas, são constituídas por narradores intrigantes, sempre envolvidos em mistérios, mortes, crimes e confissões que, no decorrer das histórias, demonstram a escrita milimetricamente pensada de seu criador. Em suas narrativas, o autor revela uma atmosfera de suspense permeada de ambiguidades, nas quais o leitor é inserido e convidado a participar de um jogo enunciativo, comandado pelo narrador, que surge com a finalidade de ludibriá-lo e fazê-lo questionar sobre a veracidade dos “fatos” expostos. As estratégias discursivas são uma das características fundamentais dos escritos de Allan Poe, bem como os seus “narradores não confiáveis” que podem apresentar perturbações mentais e, em alguns de seus contos, sofrem com oscilações de humor, passando a ter atitudes agressivas e imprevisíveis. O conjunto da obra de Poe já foi investigado em diferentes perspectivas; neste trabalho, analisamos a categoria do narrador, levando em consideração o desequilíbrio e a perversidade como elementos responsáveis por suas ações, a fim de demonstrar como a literatura pode espelhar, em menor ou maior grau, a condição dos indivíduos na ficção. Encontramos em “O Barril de Amontillado”, na figura de Montresor, e em “O Dêmonio da Perversidade”, cujo narrador-protagonista não é nomeado, o perverso. Assim, apresentamos reflexões acerca do medo, do mal e dos monstros a fim de expor como essas discussões elucidaram o entendimento sobre o elemento da perversidade no enredo a partir dos narradores, e sobretudo, como a análise da retórica dos protagonistas pôde exibir suas “verdadeiras faces”. Partimos dos seguintes questionamentos: os narradores se enquadrariam como perversos? Qual é o papel da retórica para exposição perversa dos protagonistas? Para tanto, selecionamos os contos “O Demônio da Perversidade” (1845) e “O Barril de Amontillado” (1846), de Edgar Allan Poe, definimos os narradores em primeira pessoa como uma figura pontual na narrativa que configura por meio de seus feitos a perversidade presente nos contos. Para dar suporte à análise, são usados os textos de Quinn (1969) e Bonaparte (1958); para a discussão da biografia mais fortuna crítica e discussão teórica, nos apoiaremos em Delumeau (2009); para tratar do medo, Agostinho (1986); para refletir a temática do mal, algumas considerações de Genette (1972), Chiappini (1994) e Booth (1980); para discutir sobre o narrador, outros teóricos que foraM indispensáveis para compreender as outras perspectivas que este trabalho aborda. Por fim, apresentamos uma análise correspondente à retórica do narrador e à configuração da perversidade, nos dois contos, comprovando assim que, de acordo com os critérios apontados Montresor e o narrador não nomeado, representa sim um típico perverso.
  • BEATRIZ BEZERRA BATISTA
  • "VIDRAÇAS QUEBRADAS, FALAS ANUNCIADAS”: AFETO, VIOLÊNCIA E INSURGÊNCIA NEGRA FEMININA NA PRODUÇÃO CONTISTA DE MIRIAM ALVES
  • Data: 30/08/2022
  • Hora: 14:00
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  • Com o propósito de emergir as experiências de mulheres ausentes das pautas do feminismo ocidental, os outros feminismos, formado por mulheres negras, indígenas, caribenhas, decoloniais, lésbicas, bissexuais, entre outras, levantaram o debate em torno das especificidades do ser-mulher, examinando as intersecções dos marcadores sociais e as opressões as quais são submetidas. Concomitante a isto, as escritoras da Literatura Negra-Brasileira construíam seus espaços, reivindicando uma episteme negra e protagonizando seus discursos. Elas vislumbraram na literatura um lugar possível não apenas para denunciar as opressões vividas pela mulher negra, como também para apontar as resistências que são travadas ao longo da história e expressar a beleza que há em sua cultura. Como corpus desta pesquisa, foram escolhidos quatro contos da escritora Miriam Alves: “Alice está morta” e “Olhos verdes de Esmeralda”, presentes no livro Mulher Matr(r)iz (2011) e outros dois nomeados “Não se matam cachorros” e “Acidente” publicados no seu mais recente livro, o Juntar Pedaços (2021), que demonstram os novos percursos estéticos e ideológicos da autora neste espaço tempo. A partir desses textos, discutiu-se questões de resistências e transgressões, racismo, violência física e psicológica contra a mulher, feminicídio, lesbofobia, heterossexualidade compulsória, masculinidade heteroaprisionada, estupro corretivo e estupro marital, assédio, hipersexualização da mulher negra, entre outras formas de violência. Para tanto, considerou-se necessária uma pesquisa que estivesse apoiada em vários campos de conhecimento como literatura, filosofia, sociologia, antropologia, psicologia. Vozes como as de Sueli Carneiro (2003; 2011), Lélia Gonzalez (1984; 2020), Beatriz Nascimento (2021), Heleieth Saffioti (1999, 2001), bell hooks (2015; 2019), Angela Davis (2016), Audre Lorde (2015), Adrienne Rich (2010), Françoise Vergès (2020; 2021), Franciane Silva (2018), Cristian Souza de Sales (2015), Luiz Silva (Cuti) (2010), entre outras, ecoaram e possibilitaram a construção desta pesquisa.
  • MARIA LUIZA DINIZ MILANEZ
  • DE REACIONÁRIA A REVOLUCIONÁRIA: A SAGA DE TIA LYDIA EM O CONTO DA AIA E OS TESTAMENTOS, DE MARGARET ATWOOD
  • Data: 30/08/2022
  • Hora: 14:00
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  • O trabalho possui como principal corpus a jornada da personagem Tia Lydia, presente nas obras O Conto da Aia (2017) e Os Testamentos (2019) da autora canadense Margaret Atwood, de maneira a analisar as estratégias de sobrevivência e resistência utilizada por essa personagem; sua relação com as outras mulheres presentes na narrativa; a utilização de relações identitárias com homens afim de obtenção de poder; e o desmonte de regimes totalitários. Mantendo o principal objetivo pautado no projeto de pesquisa deste trabalho (havendo mudança da personagem a ser analisada, anteriormente sendo Serena Joy); a pesquisa busca investigar os comportamentos conflitantes da personagem e as maneiras com que ela perpetua – combatendo simultaneamente – o regime totalitário, bem como analisar os mecanismos presentes no regime totalitário de Gilead para minar as relações femininas e direitos das mulheres
  • NAÍLA CORDEIRO EVANGELISTA DE SOUZA
  • O LUGAR ONDE NASCE A DOR: A MULHER E O VAZIO EM O PESO DO PÁSSARO MORTO, DE ALINE BEI
  • Data: 30/08/2022
  • Hora: 10:00
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  • O presente trabalho tem por objetivo investigar a categoria dor na poética da escritora Aline Bei (1987-), analisando de modo específico como ela se insere no romance de estreia da autora, O peso do pássaro morto (2017). A pesquisa defende a tese de que a dor, dentro da narrativa, liga-se indistintamente ao feminino e ao vazio. Em um primeiro momento, pretendemos refletir acerca da quarta onda do movimento feminista e de suas reverberações na literatura brasileira contemporânea de autoria feminina, na medida em que essa demarcação se constitui enquanto o contexto digital e físico habitado pela autora referida, bem como na área de crítica literária feminista. Intentamos, ainda, demonstrar as pluralidades de vozes femininas na literatura contemporânea e suas imbricações no que tange à dor feminina, e o nascimento de alguns projetos em prol da valorização da literatura de autoria feminina/feminista no Brasil. Para tanto, utilizamos os fundamentos teóricos e críticos de Martinez (2019), Dalcastagnè (2012), Paredes (2020), Costa (2010), Biroli (2014), entre outras, e o aporte literário de Evaristo (2016), Dorrico (2019), Paim (2009) e Pantaleão (2020). Num segundo momento, buscamos delinear a construção do projeto literário de Aline Bei, que tem uma perspectiva estética baseada na escrita da dor, por meio dos espaços vazios e dos silêncios, e uma perspectiva ideológica baseada na expressão de dores das mulheres, atravessada pelos questionamentos oriundos das lutas e experiências femininas e feministas. Para tal, utilizamos fundamentos de Steiner (1988), Paz (1982), Figueiredo (2020), Wittgenstein (1999), Spinoza (2020), Cunha (2012) em diálogo ao primeiro e segundo romances da autora, bem como de alguns de seus contos. Por fim, a partir de Saffioti (1987), Sontag (2015), Lerner (2019), Bachelard (2001), Xavier (2012; 2021), entre outros, intencionamos localizar e demonstrar de maneira esmiuçada a maneira pela qual, em O peso do pássaro morto (2017), os vazios impressos nas páginas interligam-se e constituem a experiência feminina da dor.
  • LUIS ERNESTO BARRIGA ALFARO
  • O CANTAR DE MÍO CID PERCEBIDO COMO UMA VELADA EXORTAÇÃO Á ASCENSÃO ESTAMENTAL
  • Data: 29/08/2022
  • Hora: 15:00
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  • Esta dissertação se situa na área de concentração de Literatura, Cultura e Tradução, na linha de pesquisa dos estudos Clássicos e Medievais. Tem como corpus o Cantar de Mío Cid e gira em torno a hipótese: o Cantar De Mío Cid é apenas uma alegoria à vida de Rodrigo Díaz de Vivar e a todo ao que o seu imaginário cavalheiresco representa? Ou, aliás, contem diluída uma crítica à rigidez estamental castelhana daquele contexto medieval? Este aspeto aparece encoberto habilmente pelo jogral e as suas capacidades discursivas na obra. Nesta reflexão se analisa o contexto histórico e cultural em conjunto com diversos fragmentos da obra que apontam para a nossa interrogante maior anteriormente citada, onde o Cid Campeador e os seus colaboradores são transparecidos como evidências de mobilidade estamental. Neste estudo se observa que, o nosso corpus contém crítica à sociedade estamental do seu contexto, encorajou os indivíduos à reflexão, e não deveria ser considerado apenas como uma obra de exaltação do imaginário cavalheiresco através de um herói mitificado. Como referencial teórico, estão principalmente as contribuições de Carlos Blanco Aguinaga (1976); Francisco López Estrada (1983); Jaime Aurell (2006) com o método analítico do nuevo medievalismo; Pierre Bourdieu (1996) e a formação das identidades; e Jonathan Culler (1999) e o campo literário, norteiam este estudo.
  • SAULO SANTANA DE AGUIAR
  • MÍMESIS E DIDÁXIS: UMA INVESTIGAÇÃO ACERCA DA POESIA DIDÁTICA EM HESÍODO E LUCRÉCIO
  • Data: 26/08/2022
  • Hora: 09:00
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  • O objetivo desta pesquisa é estudar a configuração do gênero didático assim como apresentado em duas obras singulares dessa tradição, os poemas Trabalhos e Dias, de Hesíodo, e o Da natureza das coisas (De rerum natura), de Lucrécio, tendo como norte para essa investigação o conceito de mímesis, definidor do próprio ato de criação literária, tal como preconizado na teoria clássica da literatura, e exposto em obras como a República, de Platão, e a Poética, de Aristóteles, as quais temos como fonte teórica básica para o nosso trabalho. Os dois poemas citados ocupam, e isso é uma de suas marcas principais, posições proeminentes na tradição didascálica da literatura antiga, sendo Trabalhos e Dias a obra fundadora desse gênero, responsável assim por estabelecer-lhe a forma, e o poema lucreciano o seu grande renovador no que se refere à sua conformação poética, fato este que justifica a escolha de tais textos para o presente estudo. É preciso lembrar igualmente da necessidade de que se façam novos trabalhos voltados para a compreensão da poesia didática, especialmente no Brasil, muito por causa da ainda escassa bibliografia crítica disponível sobre tal matéria. De tal modo, na primeira parte desta pesquisa, investigamos as principais questões que cercam o gênero didático, desde o ponto de vista da estética moderna até o da teoria clássica da literatura, estabelecida na antiguidade greco-latina, com o fito de revelar os problemas e contradições que marcam tal gênero, de modo a, partindo da própria leitura das obras individuais, chegarmos a uma interpretação mais exata do sentido e das características desse gênero, mesmo que ancorados na antiga teoria da mímesis.E esse foi também o objetivo de nosso segundo capítulo, no qual analisamos o poema hesiódico de acordo com a sua pretensa configuração mimética, que intentamos apresentar, estabelecendo a partir disso as características e diferenças mais relevantes que distinguem a poesia didática dos demais gêneros literários da antiguidade, como o épico, por exemplo.Por conseguinte, em nosso terceiro capítulo, buscamos desenvolver o mesmo estudo acerca das configurações miméticas da poesia didática, só que tendo em mira o poema lucreciano, com o fito de apresentar os motivos que nos levam a crer em tal poema como um divisor de águas dessa tradição, em razão das inovações estruturais nele apresentadas.
  • ADRIANA CLAUDIA DE SOUSA COSTA
  • A LITERATURA BRASILEIRA TRADUZIDA NA FRANÇA (2000-2019): EDITORAS, LÓGICAS E REPERCUSSÕES
  • Data: 26/08/2022
  • Hora: 08:00
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  • Nesta tese, realizamos um levantamento geral das traduções de literatura brasileira na França entre 2000 e 2019. Com base nos dados obtidos, construímos um panorama das editoras, gêneros literários, obras e autores a fim de distinguir os espaços que ocupam no interior dos campos literário e editorial francês. Constatando que as pequenas e médias editoras são as maiores responsáveis pela circulação dessas traduções, realizamos o estudo de caso das duas editoras que consideramos pioneiras no que diz respeito à importância dada à nossa literatura em seus catálogos no período estudado: as edições Métailié, primeira editora francesa a criar uma coleção voltada para literatura brasileira; e a Anacaona, primeira editora especializada em traduções de autores brasileiros. O aporte teórico de Pierre Bourdieu (1996, 2002) foi fundamental no sentido de compreender as operações sociais por meio das quais as transferências entre os campos nacionais se realizam. Do mesmo modo, os estudos de Gisèle Sapiro (2007, 2008, 2009), Johan Heilbron (2009, 2010) e Pascale Casanova (1999, 2002, 2015) foram imprescindíveis para a apreensão da estrutura do espaço internacional em que ocorrem as trocas culturais e a dupla hierarquia nacional e linguística em que todas as operações de tradução ocorrem, bem como as relações de força entre países e suas línguas. Tais estudos nos possibilitaram, de um lado, uma melhor compreensão da posição da língua portuguesa dentro do sistema mundial das traduções; e de outro, da situação de desvantagem do português no conjunto das relações de força desiguais entre as culturas nacionais. Enfim, de modo a poder examinar como se deu a repercussão da literatura brasileira durante o período estudado realizamos um mapeamento de notícias, críticas, resenhas e comentários, publicados na imprensa e/ou veiculados na rádio francesa. Nesse sentido, inferimos que a pouca repercussão da literatura brasileira nas diversas mídias francesas está atrelada a um desencontro entre as expectativas do leitor potencial, as seleções dos editores e os interesses das mídias.
  • CLARISSA ROSAS TROCCOLI
  • Fábulas de Iriarte traduzidas para adultos: uma retradução comentada do espanhol ao português
  • Data: 24/08/2022
  • Hora: 14:00
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  • Tomás de Iriarte foi um dos principais fabulistas espanhóis, autor de setenta e seis fábulas em verso, rimadas e metrificadas, publicadas no século XVIII. Essas fábulas foram traduzidas para o português europeu pouco após a primeira publicação espanhola. No Brasil, a circulação da obra fabulística de Iriarte foi pouca e atualmente está restrita a seis fábulas, direcionadas para o público infantil, que fazem parte de antologias ou foram publicadas individualmente no século XX, e figuram em acervos de bibliotecas ou sebos. Nesse contexto, tendo em vista a relevância do fabulário de Iriarte como representante da fábula espanhola e sua escassa difusão no Brasil, este trabalho tem como objetivo fazer uma retradução de uma seleção substancial e representativa de fábulas seguida de comentários. O fabulário de Iriarte intitula-se Fábulas literarias, e o adjetivo “literarias” no título não é à toa: deve-se ao fato de que as fábulas tratam de temas que fazem parte do mundo da literatura, como obras literárias, autores, tradutores, citações, etc. Pela temática peculiar que aborda, à diferença dos temas mais gerais comumente tratados nas fábulas desde suas remotas origens no Oriente, Iriarte é reconhecido e apreciado em especial por sua originalidade. Considerando que essa temática está mais voltada para um público adulto e apoiando-se na tese de Rousseau de que o gênero fábula não é apropriado para crianças, a tradução aqui proposta está direcionada ao público adulto. Essa decisão implicou um direcionamento da tradução, que pôde então despreocupar-se de questões como vocabulário acessível e construções sintáticas simples, o que seria uma reflexão necessária caso o público infantil fosse alvo da tradução. O destinatário estabelecido para a tradução foi fator determinante para essa flexibilidade da retextualização: ao considerarmos que nosso leitor-meta deve ser capaz de desfrutar de um texto mais erudito, abriu-se ao nosso dispor um leque maior de vocabulário e de construções sintáticas. Assim, conforme o esperado, o conteúdo apresentou-se como uma faceta mais flexível para a tradução do que a forma, que no nosso caso seguiu padrões mais rígidos como métrica e rima. O trabalho divide-se em cinco capítulos: o primeiro trata do contexto literário, que envolve o gênero fabulístico, o público-alvo das fábulas, apresentação de Iriarte como autor e tradutor, apresentação de suas fábulas e levantamento de traduções de fábulas iriartianas para o português; o segundo concerne o arcabouço teórico, que aborda tradução comentada, retradução, estratégias tradutórias, forma e conteúdo na tradução de versos e itens específicos da cultura; o terceiro apresenta os procedimentos metodológicos, que dividem-se em etapas da metodologia adotada, seleção do corpus para tradução, projeto de tradução e esquema proposto para os comentários; o quarto traz as traduções e o quinto, os comentários.
  • THIAGO GUILHERME CALIXTO
  • Das tragédias intimas às rupturas sociais: quando os amantes entram em cena no teatro de Nelson Rodrigues
  • Data: 30/06/2022
  • Hora: 10:00
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  • As tragédias da vida cotidiana desnudam às sombras que se avultam nos palcos do inconsciente, que tecem as narrativas psíquicas a partir de um texto-corpo dramático sobre o qual a cultura se inscreve. Estas marcas discursivas permeiam o teatro rodriguiano, que percorre o avesso da moralidade, expondo os subúrbios dos costumes, subvertendo os papéis sociais e sacralizando o “pecado” da infidelidade amorosa, como traço constituinte do drama moderno. Por sua vez, a fidelidade emerge, sempre, atrelada antagonicamente a infidelidade, tal imbricamento acontece devido ao modo como são construídas historicamente as relações amorosas, fincadas, em sua quase totalidade, na monogamia. Mesmo, segundo Barash e Lipton (2007) existindo fortes indícios não só sociais, subjetivos, contextuais, mas também biológicos de que os seres humanos não são monógamos por natureza, tão pouco às muitas outras espécies de animais estão longe de sê-lo. Por outro lado, o amor romântico torna-se, fundamentalmente, o sustentáculo dessas “frágeis” relações modernas, atrelando a fidelidade sexual a uma qualidade moral inerente aos relacionamentos amorosos. Essa ligação entre relacionamento amoroso e fidelidade sexual, expõe, muitas vezes, como as margens entre o desejo e a moral são tênues, demonstrando, assim, o tão instável é a superfície social sobre a qual os nossos valores estão assentados. Haddad (2009), considerada, essa tensão um território complexo que forma uma teia de significações que vai além da moral, das leis e dos bons costumes. Freud (1930, p.70) enveredou por entre essas tortuosas instâncias, partindo das suas origens constatou que tais eventos se desenham a partir de uma “memória fantasiada de um tempo de plenitude que se deseja repetir, essa busca é inevitável, também o são os percalços decorrentes dela, a saber, todo o sofrimento produzido pela perda dos objetos amados originários e os que se seguem durante a vida”. A partir de uma de uma tríade dramática, propomos percorrer as nuances do desejo (in)fiel a partir do papel do amante, que encarna, por vezes, a simbologia máxima da infidelidade. Para isso trazemos a discussão três dramas rodriguianos, dispostos a partir da segmentação realizada por Magaldi (1996), Peças psicológicas: A mulher sem pecado (1941), Peças míticas: Álbum de família (1946) e Tragédias cariocas: Toda nudez será castigada (1965), a partir de um recorte teórico que está fundamentado em uma larga base teórica, entre eles Freud (1905), Foucault (2019), Haddad (2009), Hubert (2013), Fausto (2007), Castro (1992), Birman (2016), Ackerman (1997), entre outros.
  • MAYSA MORAIS DA SILVA VIEIRA
  • Gênero, Maternidade e Memória Ancestral nos romances Presqu’une Vie e Pour une poignée de gombos: o lugar de resistência das personagens femininas na literatura beninense
  • Data: 30/06/2022
  • Hora: 09:00
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  • O presente trabalho de tese, intitulado Gênero, Maternidade e Memória Ancestral nos romances Presqu’une Vie e Pour une poignée de gombos: O lugar de resistência das personagens femininas na Literatura Beninense, consiste na análise das relações de gênero, maternidade, memória e ancestralidade, nos romances das escritoras Carmen Toudonou e Sophie Adonon. A fim de observarmos como essas autoras dialogam acerca dos questionamentos que suas escritas levantam sobre as vivências das personagens femininas e o modo como elas são conduzidas para um lugar de resistência. Em Presqu’une Vie e Pour une poignée de gombos, tanto a narradora-personagem quanto a narradora observadora que tecem as histórias, retratam diversos aspectos que envolvem o universo feminino, desde seus papéis na sociedade beninense e suas ligações com o sagrado e a ancestralidade que junto à memória ocupam lugar nas narrativas como recurso de superação das opressões sofridas pelas personagens femininas. Diante disso, são interessantes para nossos estudos as discussões teóricas propostas por George Ngal, Odile Cazenave, Jean Marie Volet e Fernanda Murad Machado para compreendermos o panorama literário da África Francófona e as produções de autoria feminina no continente, sobretudo o campo literário do Benim. No que diz respeito as nossas abordagens sobre gênero e os contextos plurais em que estão inseridas as mulheres africanas, utilizaremos os estudos do Feminismo Negro e Africano de Angela Davis; bell hooks; Kimberlé Crenshaw; Oyeronke Oyewumi; Amina Mama; Lélia Gonzaléz e Carla Akotirene. Para tratar das relações de corpo, sexualidade e maternidade da mulher africana e beninense utilizaremos os apontamentos de de Sylvia Tamale; Bibi Bakare Yusuf; Nkiru Nzegwu; Patricia Hill-Collins e Catherine Achonolu. Além disso, aplicaremos os conceitos de Memória e Ancestralidade propostos Maurice Halbwachs, Michel Pollak e Anne Muxel, bem como os estudos sobre Ancestraidade/Sagrado Africano de Reginaldo Prandi; John Mbiti; Leda Maria Marins, Adjignon Débora Hounkpe e Kwasi Wiredu para entendermos de que modo os labirintos mnemônicos das narrativas contribuem para a construção das trajetórias das personagens femininas dos romances. Por fim, desenvolveremos o conceito de Literatura Ahosi, uma proposta de leitura das obras de autoria feminina que reflete como o passado de poder e prestígio social das mulheres beninenses pode ser resgatado na literatura e ressignificar as vivências das personagens femininas.
  • SAYONARA SOUZA DA COSTA
  • Vozes de mulher em Moçambique: Hirondina Joshua e os Ângulos da Casa
  • Data: 27/06/2022
  • Hora: 09:00
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  • A presente pesquisa visa suscitar discussões em relação à literatura de autoria feminina em Moçambique, como também difundir nomes de mulheres que escrevem neste país. Os objetivos estão pautados em verificar os processos estéticos e ideológicos que enquadram essas produções e como enfrentam as dificuldades que perpassam uma sociedade patriarcal, que teve seu marco inicial da literatura ainda tardio, por causa do processo de colonização portuguesa. Dessa maneira, serão feitas às análises dos sete primeiros poemas do livro; verificando às temáticas que surgem, assim como emerge a figura da casa e a simbologia dos números que representam os títulos dos textos. O estilo de escrita, a questão da subjetividade e da metafísica também são elementos que serão verificados ao longo da pesquisa. A relevância deste estudo consiste em conceder espaço às novas vozes de escritoras moçambicanas, para que seus escritos tenham destaque e suas inquietaçaões estejam abertas a novas leituras. O corpus utilizado é o livro Ângulos da casa (2016), da escritora Hirondina Joshua. O livro foi publicado em Moçambique no ano de 2016 e no Brasil em 2017. Algumas observações serão feitas ao longo do escrito, a questão da autoria feminina, como já mencionado, é uma delas, pois ainda existe uma grande problemática que envolve esta questão. Para tanto, a pesquisa foi desenvolvida em três etapas: o primeiro capítulo trata da questão da autoria feminina em Moçambique, por meio de um apanhado histórico relacionado à precursora, mãe dos poetas moçambicanos, Noémia de Sousa, até chegarmos as autoras contemporâneas: Sónia Sultuane, Tánia Tomé e Rinkel. O segundo capítulo é dedicado a Hirondina Joshua, o lugar dela na literatura do seu país e a questão da introspecção presente em seus poemas. O terceiro capítulo é composto pela discussão teórica em relação ao espaço, a casa, a simbologia dos números até adentramos, de fato, às análises dos sete primeiros poemas que compõem os Ângulos da casa (2016). Feito isto, teremos um panorama mais claro de como o processo de autoria feminina é construído em Moçambique e como essas vozes de mulheres têm buscado seus lugares enquanto escritoras. Assim, concluiremos com a análise da poesia de Joshua, dentro do recorte estabelecido, e a produção literária de autoria feminina moçambicana sob a ótica de escritos que a antecederam. Para isto, faremos uso de conceitos teóricos voltados para a simbolologia da casa, utilizando os fundamentos da poética dos espaços de Bachelard (2008), que perpassa o estudo psicológico dos lugares físicos; a contribuição de Xavier (2012) no que tange a casa e as memórias afetivas positivas ou negativas, como também a questão histórica da literatura moçambicana a partir dos escritos de Noa (2017). Além destes, utlizaremos os postulados teóricos de Chevalier (2009); Chiziane (2016); Almeida (2015), Borges Filho (2007), Brandão (2015), Compagnon (2010), Eagleton (2006), entre outros.
  • MORGANA DE MEDEIROS FARIAS
  • VERSOS PARA OS PEQUENINOS, DE JOÃO KÖPKE: UMA FORTUNA LITERÁRIA POUCO EXPLORADA
  • Data: 21/06/2022
  • Hora: 15:00
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  • Esta tese tem como objetivo principal analisar o manuscrito Versos para os pequeninos, escrito pelo fluminense João Köpke, que remonta ao século XIX, mas não tem data de criação definida. As análises têm como base investigações acerca da competência criadora do autor, dos aspectos artísticos da sua produção, observando sua inclinação em lidar mais com assuntos lúdicos do que com pedagógicos,fato que o destaca dentre outros autores de poesia da época. A composição da qual nos ocupamos é um compilado de poemas infantis de onde escolhemos como corpus quatro deles, intitulados O balanço”, “O ato ilis”, “Meu cavallo” e “Conversas”, estes que lidam com uma perspectiva infantil bem perceptível, tratando de temas comuns ao universo da criança. Entendemos que houve uma supressão no percurso biográfico do autor, no sentido de não ficar claro que ele escrevia textos dessa natureza. Algumas das suas faces foram mostradas em pesquisas anteriores, mas outra foi praticamente omitida: a de escritor de literatura para crianças, esta que veremos de perto que possui valor estético e semântico. Para chegar ao nosso objetivo, mobilizamos teorias e conhecimentos acadêmicos sobre as relações entre literatura e educação no século XIX, olhando para o espaço escolar e as ideologias imperantes, chegando às origens da literatura infantil e às pesquisas em torno de Köpke, contando, para isso, com autores como Salem (1970), Carvalho (1985), Hilsdorf (2005), Panizzolo (2006), Lajolo e Zilberman (2007), Coelho (2010) e Arroyo (2011), Santos (2013), Mortatti (2015), e Ferreira (2015). Em um segundo momento, nos detemos em estudar com mais afinco o percurso biográfico do autor, visando compreender um pouco da sua trajetória, da sua inclinação à educação, bem como conhecemos algumas das obras que escreveu na interface desta área com a literatura. Estudos como os de Hilsdorf (1988), Chicoski (2010), Matta (2011), Panizzolo (2011), Santos (2013), Belo (2014), Mortatti (2015) e Ferreira (2018) contribuíram com a montagem dessa trajetória marcante, que chamou nossa atenção ao primeiro olhar atento. Por fim, mobilizamos teorias a respeito do texto poético, para entender suas particularidades e, feito isso, adentramos a comparações entre poemas que Köpke criou, para compor o manuscrito, com os de mais três autores da sua época, para só depois fecharmos o trabalho com a análise do corpus citado. Bosi (1977), Held (1980), Lajolo (1982), Bordini (1991) e Ferreira (2017) colaboraram diretamente com a fundamentação desta seção. Para nós fica visível, no caso do manuscrito, a intenção de João Köpke em escrever textos através dos quais as crianças se sentissem representadas, onde suas vivências estivessem presentes, sem ensinamentos engessados. Portanto, com esta pesquisa, redimensionamos o lugar deste autor nos estudos sobre literatura, ressignificando seu nome e fornecendo meios de questionar o apagamento que se dá em relação a ele na historiografia literária nacional.
  • ANDERSON GUSTAVO SILVA MACEDO PEREIRA
  • O desejo homoerótico e o seu algoz: as configurações da dor e do gozo no romance En finir avec eddy belleguele de Édouard Louis
  • Data: 15/06/2022
  • Hora: 09:00
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  • A sexualidade esteve subordinada, até o final do século XVIII, a três esferas de controle da sociedade: os discursos médicos, religiosos e morais (FOUCAULT, 2015). Entendendo que a homossexualidade está dentro desse núcleo de submissão, mesmo antes de ter uma palavra que a identificasse, podemos afirmar que ela foi vista como doença, pecado e crime, respectivamente. O indivíduo que não obedecesse a esse todo sistêmico teria de lidar com algum tipo de discriminação ou mesmo punições das mais severas. Malgrado inúmeros avanços, na atualidade, os homossexuais se veem diante de uma dualidade cruel e cada um busca encaixar a própria homossexualidade dentro desse antagonismo: (1) a desobediência à cultura, rebelando-se contra ela para viver a homossexualidade de forma plena e, assim, correr riscos dos mais diversos ou o inverso; (2) a recusa à própria orientação sexual, negando-a até para si mesmo, a fim de não sofrer retaliações e humilhações; outras possibilidades se encontram entre esses dois polos, sempre colocando o indivíduo em um lugar de luta (contra si, a priori, contra o outro, a posteriori). Dentro deste contexto de escolhas, incoerências e conflitos tão dolorosos quanto prazerosos, inserimos nosso objeto de estudo: o romance En finir avec Eddy Bellegueule (2014), do escritor francês Édouard Louis, no qual essas dores e prazeres se (re)produzem na infância e na adolescência de Eddy, narrador-personagem. Suas experiências sexuais inaugurais, aos 10 anos, foram vividas de maneira marginalizada em um depósito de lenha na comunidade de Hallencourt (norte da França). Ao mesmo tempo, a homofobia o vitimizava: ele sofria violência psicológica e física por parte de sua família, dos colegas de sua escola e dos moradores do vilarejo no qual residia. A escolha desse corpus se justifica por termos um número fraco de obras francesas traduzidas no Brasil (TORRES, 2007) se comparado à volumosa produção literária em francês. Estudar um autor de língua francesa em um contexto como esse é uma tentativa de manter vivo o interesse por parte do público brasileiro em literatura e língua francesas, entendendo que o acesso a culturas estrangeiras enriquece a cultura nacional. Além disso, o estudo desta obra busca favorecer as discussões sobre as narrativas contemporâneas francesas de temática homoerótica no Brasil. Por isso, procedemos a uma genealogia das homossexualidades. Resgatar o passado é necessário para entendermos as epistemologias do presente, logo, passeamos pelo tempo através dos textos de variados estudiosos do assunto (DOVER, 1994; MOTT, 2001; CECCARELLI, 2008; GRAÑA, 1998; QUINET, 2013; TREVISAN, 2018). Além disso, encontramos na psicanálise as ferramentas adequadas para analisarmos as experiências homoeróticas precoces de Eddy, para tal, elaboramos uma interlocução com o pensamento de Sigmund Freud (1905, 1912, 1919, 1930). Em oposição aos prazeres da homossexualidade, buscamos entender os mecanismos da homofobia (BORRILLO, 2010). Assim, o objetivo deste estudo é identificar as configurações da dor e do gozo de entender e viver a própria homossexualidade em um contexto de degradação social a partir do(s) discurso(s) de Eddy, a fim de elucidar como ele concebe subjetivamente sua orientação sexual e as consequências disso nesse contexto. Os signos do homoerotismo e da homofobia são (re)interpretados como traços de uma poética do desejo e da violência, respectivamente. Concluímos que a dor de pertencer a uma orientação sexual destoante do que espera a maioria do todo social deixa em Eddy Bellegueule sequelas irreversíveis que o levam, inclusive, a mudar de nome para poder tentar deixar o passado para trás
  • NILMA BARROS SILVA
  • CONTOS DO CEMITÉRIO: O PROTAGONISMO JUVENIL NA LITERATURA FANTÁSTICA
  • Data: 30/05/2022
  • Hora: 14:00
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  • A presente dissertação tem como proposta apresentar o protagonismo juvenil na literatura fantástica usando como base a coleção Contos do Cemitério (1997), produzida pelo escritor francês Yak Rivais. A série é composta de seis livros: Sob o sol poente, sob o arco-íris, Na neblina, Ao vento de outono, Antes da tempestade e Depois da chuva. A partir da abrangência da coleção, foi necessário realizar um recorte, assim, três livros foram escolhidos e, de cada obra, um conto selecionado para ser corpus de análise desta pesquisa. Os contos selecionados foram: “Annick e a mão do diabo”, do livro Sob o sol poente; “O ogro de areia”, do livro Ao vento de outono; “Os defuntos se divertem”, do livro sob o arco-íris. A justificativa para escolha dessa coleção é que os textos trazem para o campo de estudo contos que apresentam uma representatividade juvenil em narrativas fantásticas. Ainda pouco traduzido no Brasil, Rivais é escritor, pintor e ex-professor, nascido em 1939, em Fougères. A coleção Contos do Cemitério (1997) é ilustrada pelo próprio autor e foi posteriormente adaptada para a linguagem visual, em forma de desenhos animados. Em todas as narrativas é no mesmo espaço, o Cemitério de São Patrício, que os jovens protagonistas enfrentam, sem medo, os inúmeros desafios a eles impostos. É com bravura, coragem e muita esperteza que eles vencem fantasmas, duendes, assombrações, vampiros, anões, a Morte, enfim, uma vasta galeria de seres do imaginário fantástico que estão presentes em todas as narrativas que compõem o volume. A metodologia do trabalho é a bibliográfica, cuja principal característica é o levantamento de estudos acerca do tema selecionado para análise. Para ancorar teoricamente nossos estudos, partimos das concepções de Colomer, (2003), Ceserani (2006) Todorov (1975), Camarani (2014), Roas (2014), Silva (2013), Rodrigues (1988), Vax (1963). Ainda que a ideia de conjunto percorra toda a obra, optamos por uma análise individual, a fim de destacar a singularidade de cada personagem e como eles se relacionam com os elementos fantásticos dos textos. Esperamos, com o desenvolvimento deste estudo, apresentar dois pontos merecedores de maior destaque entre as pesquisas brasileiras: a literatura infantojuvenil fantástica e a qualidade estética da obra de Yak Rivais.
  • YASMIN DE ANDRADE ALVES
  • O USO DAS ALEGORIAS COMO MECANISMOS DE SUBVERSÃO EM O ESPELHO DAS ALMAS SIMPLES, DE MARGUERITE PORETE
  • Data: 15/04/2022
  • Hora: 10:00
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  • intenciona-se analisá-la, através do método de pesquisa bibliográfico, em torno da tese de que a construção de seu discurso subversivo em favor da remodelação da experiência espiritual deu-se por meio do uso estratégico das alegorias em um contexto de opressão, usufruindo, do potencial político da linguagem. Para tal, parte-se da ideia de que a subversão feminina dá-se em três planos: a) através do contexto; b) do discurso; e c) da palavra escrita. Buscando desenvolver acerca do protagonismo feminino medieval e da autoria e de revelar a importância do resgate de obras de autoria feminina para a (re)construção de uma História das mulheres, leva-se em consideração os movimentos mendicantes e a propagação das beguinas, bem como a organização social francófona medieval. Neste sentido, a análise é desenvolvida com base nas três personagens principais da obra, representadas por alegorias femininas: Alma, Dama Amor e Dama Razão. Sendo assim, a pesquisa é fundamentada nos estudos acerca das alegorias e estudos feministas, sobretudo os propostos por Hansen (2006), Tambling (2010), Ricoeur (2015), Fletcher (1970), Newman (2005), Chance (2007), Rovere (2019) e Funck (2016), e nos estudos históricos propostos por Le Goff e Schmitt (2017), Pernoud (1996), Bloch (2016), Power (1979), Simons (2001), Lerner (1993), McGinn (2017), Dalarun (1990), Newman (1995), Delumeau (1978), Verdeyen (1986), Kocher (2008), Deane (2011), dentre outros.
  • LIVIA MARIA DA SILVA
  • DISCURSO DE AUTORIDADE: A LINGUAGEM DAS PERSONAGENS COMO INSTRUMENTO DE PODER NA ÉPICA E NA TRAGÉDIA GREGAS
  • Data: 31/03/2022
  • Hora: 14:00
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  • Tanto na poesia épica do período arcaico grego quanto no teatro trágico do período clássico, o discurso ocupa um lugar de primazia nos textos, poéticos ou dramáticos. Neles, personagens investidas por seu status social discursam a ponto de conferirem ao enredo das obras novos relevos e, de modo inverso, os próprios discursos conferem um poder de manutenção a estas personagens. Assim, compreender as dinâmicas das relações discursivas nestas obras é também revelar características essenciais na construção de outros aspectos literários, tais como: o ethos das personagens e o enredo que as envolve. Urge assim o estudo do papel dos discursos dessas personagens nas categorias literárias supra citadas. Com isso, pretende-se demonstrar a sua importância na análise de obras literárias e na determinação exegética de algumas passagens.
  • INALDO DA ROCHA AQUINO
  • DE VOZES E CICLOS: O POEMA ENCARNADO DE SÓNIA SULTUANE
  • Data: 31/03/2022
  • Hora: 10:00
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  • Esta dissertação tem como objetivo analisar a coletânea de poesias Roda das Encarnações (2017) da poeta moçambicana Sónia Sultuane mostrando que o poema encarnado da referida escritora se estrutura a partir de uma discussão estética e ideológica sobre voz, espiritualidade e ciclos de vida. Sendo assim, a investigação faz uso de um diálogo entre poesia de encarnação no feminino e religiosidades moçambicanas. Para embasar a pesquisa, seguimos as discussões de Paradiso (2019), (2015) e Awolalu (2005) sobre a religiosidade, a literatura e as crenças tradicionais no território moçambicano; de Cooper (1998) e o realismo mágico; Opuko (2010) e sua contribuição para o estudos da formação histórico religiosa em Moçambique, Hampaté Bâ (2010) e a tradição oral ancestral; seguido de Freitas (2020, e sua colaboração aos estudos da literatura de autoria feminina em Moçambique, assim como de Pinheiro (2021) no que se refere à moçambicanidade e à formação do cânone literário. A obra de Sultuane caminha rumo a uma ligação multifacetada com o universo das artes. As análises finais do corpus nos apontam que o eu lírico de Sónia Sultuane caminha intimamente ligado aos ciclos encarnatórios que a coletânea sugere e as vozes poéticas que surgem nos versos trazem a representação de uma espiritualidade multifacetada que faz circular diversos fluxos de vivências encarnadas.
  • FRANCIELLE SUENIA DA SILVA
  • Escrevivências decoloniais e o corpo encantado em Conceição Evaristo
  • Data: 29/03/2022
  • Hora: 14:00
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  • A presente pesquisa tem enfoque na produção literária narrativa da escritora brasileira contemporânea Conceição Evaristo. O corpus de análise envolve contos e novela publicados nas obras Olhos d’água (2015) e Histórias de leves enganos e parecenças (2016). O objetivo principal é apresentar o conceito das categorias de corpo encantado e corpo terreiro a partir da epistemologia decolonial, bem como da perspectiva do encantamento a partir da análise de personagens femininas centrais das narrativas em estudo. Os corpos da diáspora africana e dos seus descendentes foram marcados pelo jugo da colonialidade e sofrem, até hoje, as consequências de uma prática que tenta provocar o desencanto e o apagamento das vivências, ciências e culturas de diversos povos. Pode-se afirmar que, historicamente, na literatura brasileira, o corpo da mulher negra foi subjugado, usado como objeto de trabalho e de exploração sexual/erótico. Dessa forma, a representação desse sujeito é, por vezes, estigmatizada, o que reforça um pensamento machista, sexista e racista. Ao nos depararmos com os textos evaristianos, notamos que há outra possibilidade de representação da mulher negra na literatura. Muitas vezes, essa presença está dotada de uma carga de encantamento que permite com que essas personagens agreguem aos textos uma semântica espiritual e religiosa, permitindo uma associação com as divindades de religiões afro-brasileiras. Observamos, também, como a organização desses corpos encantados está direcionada à propagação e manutenção da vida, individual e coletivamente, manifestando uma prática ancestral, que está vinculada tanto à linhagem familiar quanto aos orixás e divindades que acompanham a vida da personagem. Da mesma forma, a escrita evaristiana dá indícios de participação em um ritual da escrita no qual autora, personagens e leitores cumprem um papel ancestral para a existência da obra, propondo uma ressignificação da função da literatura na sociedade. Portanto, os elos que conectam encantamento e decolonialidade são expostos por meio das discussões propostas pela linhagem oposicional e pelas ações milagrosas vividas pelos corpos encantados, bem como da ação ritualística experienciada pelo ato da escrita.
  • KÉSIA VIVIANE DA MOTA
  • Leituras e escritas de vida em A Resposta e Histórias Cruzadas: estratégias metaficcionais no Ensino Fundamental, através do diálogo entre literatura, cinema e educação
  • Data: 29/03/2022
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho constitui uma reflexão sobre o desafio de levar os conhecimentos que aprendemos na universidade à Educação Básica. Neste sentido, tem por objetivo a aplicação de um projeto didático relacionado a estratégias metaficcionais, no Ensino Fundamental, tendo como corpus o romance A Resposta, de Kathryn Stockett (2013), e sua adaptação fílmica Histórias Cruzadas, de Tate Taylor (2012). Trata-se de uma investigação interdisciplinar que procura articular conhecimentos de três áreas: literatura, cinema e educação. Através da pesquisa bibliográfica e interpretativa, aliada à aplicação de um projeto didático, em sala de aula do Ensino Fundamental (anos finais), a pesquisa investiga a viabilidade do ensino do conceito de metaficção e seus recursos, no ensino básico, através da transposição didática. O projeto didático segue a proposta da professora Socorro Pacífico Barbosa (2011), de ensino da literatura através de temas caracterizadores. Ao analisar os recursos metaficcionais do corpus, algumas temáticas relevantes são acionadas e discutidas no decorrer do trabalho: preconceito, racismo, alteridade, autonomia, protagonismo feminino, opressão, relações de poder, dentre outras. Para articular o recurso estético às políticas que ele representa, contamos com a fundamentação teórica de Adrienne Rich (2017), Angela Davis (2018), bell hooks (2017-A; 2017-B), Djamila Ribeiro (2018; 2020), Dora Gago (2021), Genilda Azerêdo (2016), Hélène Cixous (2017), Joice Berth (2019) e Paulo Freire (1987; 2020). Quanto ao potencial pedagógico do cinema, trazemos reflexões de autores como Fresquet (2010; 2013), Migliorin (2010), Pimentel (2011), Rancière (2012; 2018), Xavier (2008), além de Bergala (2008), especificamente sobre a relação entre literatura, cinema e educação. A fundamentação teórica a respeito da leitura literária como objeto de estudo, no ensino básico, conta com Antonio Candido (2004), Barbosa (2011), Cosson (2019; 2020; 2021), Dalvi (2013; 2021), Jouve (2012), Leahy-Dios (2004), Rojo (2013), Segabinazi (2011), Sodré (2012) e Zilberman (2004; 2021). Quanto às estratégias da metaficção, fundamentamos a análise em Hutcheon (1980; 1993; 2000; 2013), Bernardo (2010), Schor (1989), Stam (1981; 2003), Waugh (1984), Lodge (2020) e Azerêdo (2009; 2019). Os resultados da pesquisa demonstram o potencial pedagógico da metaficção e suas políticas, seja na literatura, seja no cinema, contribuindo, de modo significativo, para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, interpessoais e críticas.
  • DEBORA GIL PANTALEAO
  • SARAH KANE E O TEATRO IN-YER-FACE: A POÉTICA DO EXCESSO CONTRA O PERCEPTICÍDIO NAS PEÇAS BLASTED (1995) E CLEANSED (1998)
  • Data: 25/02/2022
  • Hora: 15:00
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  • A dramaturga Sarah Kane é considerada por Aleks Sierz como autora que inaugurou o Teatro In-Yer-Face com a sua primeira peça teatral, Blasted (1995). Esse teatro, que dramatiza a violência em excesso e expõe diante dos espectadores as mais perversas formas de crueldade, viria a ter continuação com a segunda peça da autora – Cleansed (1998) – parte de uma trilogia nunca finalizada por Kane. Durante as montagens das peças, e em razão das respostas agressivas da mídia britânica ao seu teatro, a autora precisou passar a utilizar um pseudônimo ao escrever essa segunda peça da trilogia inacabada. Nesse cenário de uma dramaturgia marcada por excessos e privações, o nosso objetivo foi o de analisar a poética do excesso de Sarah Kane como uma opção estética que se impõe contra o percepticídio, posicionando-se enquanto rejeição e resistência àquilo que pode e não pode ser visto e percebido em nossas estruturas sociais. Para verificarmos a validação desta hipótese, analisamos o contexto histórico-social de Kane com a Era Thatcher e o governo Tony Blair e os fatos que demonstram ter sido a Cool Britannia uma Cruel Britannia; trabalhamos as definições de Sierz sobre o Teatro In-Yer-Face enquanto lócus de transgressão ao teatro mainstream; além de apresentarmos a obra de Kane, no primeiro capítulo. No segundo capítulo, examinamos características da pós-modernidade e do pós-modernismo a partir de Jameson (1991), Anderson (1999), Maffesoli (2003, 2016). Para o estudo da paródia e da ironia no pós-modernismo, examinamos as contribuições de Linda Hutcheon (1985, 2000, 2001) e Afonso Romano de Sant’Anna (2004). A necessidade de pensar a tragicidade das peças de Kane nos remeteu a Raymond Williams (2002). Para pensar a violência na pós-modernidade pela perspectiva de suas vítimas, utilizamos o conceito de “horrorismo” da filósofa italiana Adriana Cavarero (2009). Articulamos os pensamentos de Cavarero aos de Judith Butler (2018, 2020), que trata dos seres vulneráveis e não passíveis de luto, para nomearmos os corpos que sofrem e que vivenciam o trágico pós-moderno. Concluímos que, nas peças de Kane, é por via da “antiestrutura” que tais seres podem se tornar visíveis, ou seja, por via da paródia e da ironia ao re-apresentar o real enquanto pastiche. As tensões em torno da ambiguidade trazidas por Jameson são apaziguadas em nossa análise através do estudo da ironia, posto que trata de o leitor ou espectador captar o jogo irônico e perceber o que está posto pra ser visto e denunciado – por via do excesso da violência – nas peças teatrais. Dito isto, fica nítido que as dominantes estéticas pós-modernas dão ênfase ao paródico e ao irônico quase como única saída possível ao absurdo e ao mal-estar social.
  • ROSSANA TAVARES DE ALMEIDA
  • A DONZELA GUERREIRA NA LITERATURA: um olhar semiótico sobre o processo de mitificação da personagem histórica
  • Data: 25/02/2022
  • Hora: 14:30
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  • Denominamos de heroicização ou mitificação o processo de transformação da personagem histórica para a personagem mitificada, em que há uma ressignificação dos fatos históricos através dos gêneros discursivos diversos, ao longo dos anos, tornando difícil a distinção entre mito e história.Tomando como direcionamento a crítica literária sobre a Donzela Guerreira, a personagem mítica estudada foi Joana d’Arc cujo estudo partiu do seguinte questionamento: como a imagem mítica de Joana d’Arc é representada nas obras estudadas? Nossa hipótese apostou no sentido de que o processo de heroicização/mitificação da personagem histórica para personagem literária parte do mito já solidificado, ou seja, inspira-se na representação já existente no imaginário popular. A base teórica utilizada foi a Semiótica das Culturas (RASTIER,2010; PAIS, 1993) cuja metodologia de análise é interpretativa, histórica e comparativa, tendo sido complementada com a semiótica Greimasiana que se atém à análise do percurso da significação presente nos textos, Assim, este trabalho teve como objetivo estudar os aspectos semióticos do mito da Donzela Guerreira no processo de mitificação da personagem histórica Joana d’Arc, verificando, especificamente, como Joana d’Arc é representada na linguagem literária, observando os sistemas de valores presentes no corpus estudado e os papéis temáticos assumidos pela a heroína francesa, considerando o contexto da prática social geradora do mito que foi a Guerra dos Cem Anos. O processo de mitificação da referida personagem histórica foi estudado através da análise interpretativa das seguintes obras: A vida de Joana d’Arc (1978), de Érico Veríssimo; Joana d’Arc e suas e suas batalhas (2010), de Robins Phil; A vida fabulosa de Joana d’Arc (2020), de Patrícia Deps e Joana d’Arc (2010), de Tony DiGerolamos. O estudo permitiu concluir que Joana d’Arc atende aos requisitos do paradigma Donzela Guerreira. Além disso, a imagem mítica presente no corpus traz papéis temáticos normalmente já atribuídos Joana d’Arc (santa, donzela, guerreira e bruxa) e caminham de uma literatura para uma etnoliteratura, por explorarem a imagem mitificada de uma personagem histórica, possibilitando várias leituras interpretativas, sem perder seu status mítico.
  • JULIANA DANTAS RABELO
  • INTERSECCIONALIDADE EM VIOLETS AND OTHER TALES (1895), DE ALICE DUNBAR-NELSON
  • Orientador : LIANE SCHNEIDER
  • Data: 25/02/2022
  • Hora: 10:00
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  • Esta dissertação tem como objetivo analisar o conto “A mulher”, escrito por Alice Dunbar-Nelson em 1895, incluído no livro Violets and other tales. Nosso intuito é identificar como a autora trabalhou a conexão entre raça, classe e gênero nesta narrativa para perceber de que forma ela discutiu o lugar das mulheres, especialmente das mulheres negras, na sociedade estadunidense oitocentista. Para aprofundar essa discussão, buscamos destrinchar a maneira como Dunbar-Nelson se contrapôs à ideia de “Culto da Domesticidade” ou “Culto da Verdadeira Feminilidade” em voga no período estudado. Fizemos menção, portanto, a outros textos literários incluídos no livro a fim enriquecer essa discussão. Como aporte teórico, utilizamos as contribuições da crítica feminista, especialmente os trabalhos desenvolvidos por intelectuais alinhadas ao feminismo negro que discutiram os usos prolíficos da ferramenta de análise que se convencionou chamar de interseccionalidade. Nesse sentido, para esta dissertação, importantes foram os debates desenvolvidos por Collins (2016), Plastas (2011), Storm (2016), Vallier (2017), Davis (2016), West (2021), entre outros. Por fim, esperamos contribuir para uma ampliação dos estudos acerca da trajetória de Alice Dunbar-Nelson, enfatizando sua importância na luta, através da literatura, pelos direitos dos negros nos Estados Unidos da virada do século XIX para o século XX.
  • MARIA GOMES DE MEDEIROS
  • JUREMA E UMBANDA NAS VOZES DE MÃE RITA PRETA E MÃE MARINALVA: narrativas do pioneirismo feminino nos cultos afro-indígenas da Paraíba
  • Data: 25/02/2022
  • Hora: 09:00
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  • O presente trabalho envolve pesquisas sobre narrativas orais (depoimentos, histórias de vida) e relatos autobiográficos de Mãe Rita Preta e Mãe Marinalva, antigas juremeiras/umbandistas das cidades de João Pessoa e de Santa Rita. No que diz respeito às memórias de Mãe Rita Preta, nos debruçaremos sobre o trabalho etnográfico empreendido por Valdir Lima, presente no livro Cultos afro-paraibanos: Jurema, Umbanda e Candomblé (2020), fruto de sua dissertação de mestrado em ciências das religiões. Também contaremos com a análise do documentário Santa Rita Preta (2007), organizado pela ONG Encumbe, com direção de Cleyton Ferrer e trabalho de pesquisa de Valdir Lima. As memórias de Mãe Marinalva foram analisadas a partir do livro Umbanda: missão do bem: minha história, minha vida (2013), narrado por Mãe Marinalva e transcrito e organizado pelo professor Giovanni Boaes. Interessa-nos entender, a partir da experiência dessas mulheres, que foram precursoras do culto de Umbanda e Jurema no estado da Paraíba e também sujeitos políticos imprescindíveis para a luta pela liberação dos cultos afros na década de sessenta, como as narrativas coletivas de terreiros de Jurema e Umbanda (re)constroem a memória mítica (SODRÉ, 2018) de populações em contextos de diáspora afro-indígena. Foram utilizados os conceitos de tempo espiralar (MARTINS, 2002), para compreender essas narrativas, conforme os imperativos éticos e políticos firmados no cruzo de temporalidades próprias de vozes em diáspora. Utilizamos, ainda, conceitos dos estudos culturais, feministas e decoloniais, autores e autoras que se debruçaram sobre temas como “colonialidade” e “decolonialidade”, “diáspora”, “epistemicídio”, “justiça social e cognitiva” (GONZALEZ, 2008; COLLINS, 2019; FANON, 1968; QUIJANO, 2005; SOUSA SANTOS, 2019).
  • ELISA DAMANTE ÂNGELO VASCONCELOS
  • GONZAGA RODRIGUES E A PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA HISTÓRICA E SOCIAL DA CIDADE DE JOÃO PESSOA
  • Data: 24/02/2022
  • Hora: 15:00
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  • Dentro dos cadernos de cultura, de política ou de opinião das folhas dos jornais impressos que ainda resistem às novidades e imediatismos do mundo digital, a crônica na Paraíba ainda é forte. Gonzaga Rodrigues, adotado por João Pessoa, mas cidadão de Alagoa Nova, produz crônicas, em sua maioria, sobre a capital da Paraíba. Observa-se que parte de suas crônicas retratam o cotidiano e as peculiaridades da cidade, e através delas é possível identificar memórias, críticas e observações tanto do povo, quanto de sua cultura e os espaços físicos da cidade. Através do lirismo e da construção pessoal do autor, as crônicas vão desenhando a imagem da cidade. Por meio das obras literárias, em especial, a crônica, é possível também entender a História, uma vez que os produtos literários estão inseridos em um contexto histórico. O leque de pesquisas voltadas para o ramo da crônica na academia, por sua vez, tem uma predisposição à utilização de autores mais consagrados no mercado, deixando de lado, de maneira geral, de enaltecer as produções locais. A consequência disso é a escassez de produtos voltados para o que é produzido na terra. Por esses motivos, o presente trabalho tem por objetivo geral analisar o aspecto documental das crônicas de Gonzaga Rodrigues sobre a cidade de João Pessoa, investigando, através dos textos presentes no livro Notas do meu lugar (1978), a construção da memória histórica e coletiva e do imaginário da capital, utilizando para essa elaboração, uma análise comparativa com textos de outros gêneros, como artigos e notícias da época, que tratam sobre as evoluções e mudanças na cidade de João Pessoa, na tentativa de contextualizar e situar as crônicas no tempo e no espaço. Para isso, faz-se necessário também pesquisar a crônica enquanto gênero híbrido, perpassando o jornalismo, a literatura e a história; analisando também obra do autor dentro dos contextos históricos. No que diz respeito ao gênero crônica, a pesquisa será guiada pelo olhar de autores como Melo (1985), Pereira (1994), Galvani (2008), Sá (1985) e Bender e Laurito (1993).
  • BEATRIZ PEREIRA DE ALMEIDA
  • Novos livros, novos poemas: adaptações de Odilon Moraes de Ismália e Conselho
  • Data: 24/02/2022
  • Hora: 14:00
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  • Contar e recontar histórias faz parte do nosso cotidiano. Na literatura, isso não é diferente. Ao longo do tempo, as histórias se adaptaram de acordo com a intenção dos autores, sofrendo adequações para se inserirem num determinado contexto de recepção e essa prática permanece presente atualmente. Nesse sentido, observamos que autores de livros ilustrados se utilizam dessa prática para ampliar aquilo que é recebido pelo público infantil. Odilon Moraes é um desses autores, visto que, através do livro ilustrado, criou novas obras a partir de poemas já existentes: Ismália, de Alphonsus de Guimaraens e Conselho, de Fernando Pessoa. Sem alterar o texto verbal, Moraes acrescentou ilustrações aos poemas e um novo projeto gráfico, modificando o suporte deles, transformando-os em um novo objeto artístico e, consequentemente, alterando ou, pelo menos, ampliando o público leitor. Por isso, ao longo desta pesquisa, teremos como objetivo geral analisar o processo de adaptação nas obras Ismália e Conselho, ilustradas por Odilon Moraes, buscando identificar quais os mecanismos utilizados pelo ilustrador para “recriar” tais poemas, a exemplo das ilustrações, da materialidade e do projeto gráfico como um todo dos livros. Esta pesquisa é qualitativa, tendo como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e a documental. Além disso, para embasá-la teoricamente, selecionamos autores como Oliveira (2008), Linden (2011), Nikolajeva (2011), para discutir a respeito do livro ilustrado, Zilberman (1994) e Hutcheon (2013), em relação à adaptação e à adequação de obras a um novo público, Darnton (1986), Lajolo e Zilberman (2007) e Zilberman (2014) acerca do processo de consolidação da literatura infantil europeia e brasileira.
  • ANGELINA SILVA DE FARIAS
  • O HUMOR NA OBRA INFANTIL DE ANDRÉ RICARDO AGUIAR
  • Data: 24/02/2022
  • Hora: 09:00
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  • Esta dissertação visa analisar o elemento humor presente na obra infantil de André Ricardo Aguiar. De forma, mais, específica, apresentar os livros: O rato que roeu o rei (2007), Pequenas reinações (2012) e Chá de sumiço e outros poemas assombrados (2013), como sendo estes produções para o público infanto-juvenil no viés da contemporaneidade, compreendendo o processo de diálogo entre (os) livros e o cenário das mutações do século para a realização do humor. Nesse sentido, justifica-se tanto pela qualidade literária dos escritos do referido paraibano quanto pela lacuna de trabalhos críticos a respeito da sua obra e do assunto proposto, o que nos fez acreditar que a pesquisa é significativa ao contribuir para o estabelecimento da fortuna crítica. O corpus dessa pesquisa são os livros supracitados, e é por meio deles que buscamos alcançar a confirmação da hipótese levantada: a de um de processo de significação ocorrido através do riso, ao valer-se de elementos como chiste, jogos de palavras, trocadilhos, alcançando uma construção poética na literatura infantil avessa ao utilitário e pedagogizante, obras que se firmam como produção infantil preocupada com a estética. Para dar suporte à análise, foram utilizados textos de Bergson (2018), Freud (1905), Todorov (1980), Candido (1996), Hunt (2010), Bosi (1996), Ribeiro Neto (2015), Candido (1983), Barbosa (2001), entre outros. Como resultados, observamos um processo de (res)significação que não se restringe apenas à permuta de lugar das personagens a partir de suas características, mas que acontece por meio de elaborado trabalho com a palavra, alcançando refinado humor.
  • IRANY ANDRÉ LIMA DE SOUZA
  • O cordel no mercado editorial brasileiro das adaptações literárias (2000-2020)
  • Data: 23/02/2022
  • Hora: 14:00
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  • As adaptações, historicamente, têm contribuído para a circulação e a constante revitalização da literatura e têm ganhado atenção como campo de análise. Nesse contexto, observamos a carência de estudos voltados para o cordel, lacuna que objetivamos preencher com nossa pesquisa de doutorado. Portanto, com este trabalho, temos a finalidade de apresentar o panorama atual das adaptações literárias em cordel no Brasil, enfatizando o período de 2000 a 2020. Para isso, organizamos nossa tese de abordagem quali-quantitativa em três capítulos: no primeiro, a partir de pesquisa bibliográfica, expusemos concepções teóricas sobre adaptação, mostrando a fortuna crítica a seu respeito, tanto no sentido mais amplo quanto no que diz respeito apenas à literatura. No capítulo seguinte, apresentamos o contexto das adaptações em cordel, no Brasil, divulgadas pelas editoras brasileiras até 2020. No capítulo 3, analisamos a produção e a circulação literária de cordel no Brasil via publicações de textos adaptados em editoras (de 2000 até 2020). Nesta parte, fizemos um levantamento de dados, sua descrição e análise, chegando a 52 editoras brasileiras publicando adaptação em cordel no suporte do folheto ou em livro. Por último, a fim de entendermos melhor a dinâmica de negociações frente à produção e à circulação das adaptações em cordel, confrontamos as informações adquiridas nas editoras com entrevistas realizadas por e-mail com 6 cordelistas – Cícero Pedro de Assis, Evaristo Geraldo da Silva, Francisco Paiva das Neves, João Bosco Bezerra Bonfim, Marco Haurélio e Rouxinol do Rinaré – e com editores(as) de 3 empresas - Amir Piedade, da Cortez Editora; Tatiana Fulas, da Panda Books; e Lucinda Azevedo, da Editora IMEPH. Com os dados teóricos e empíricos, traçamos um panorama mais real do contexto de publicações de adaptações contemporâneas em cordel no mercado editorial brasileiro, evidenciando, ao mesmo tempo, um fragmento da história de leitura no Brasil, uma vez que ratificamos a vitalidade da literatura de cordel ao dialogar com um vasto repertório literário e se adaptar às novas demandas do mercado, ampliando seu alcance. Para a realização desta pesquisa, parte de nosso aporte teórico se fundamenta nos estudos de Abreu (1999; 2004; 2006), Galvão (2001), Luciano (2012) e Haurélio (2018), sobre literatura de cordel, e nos estudos realizados por Hutcheon (2013), Carvalho (2006), Formiga (2009), Coelho (2010) e Feijó (2010) sobre adaptações.
  • JENNIFER ADRIELLE TRAJANO LIMA
  • VAZIO E QUEBRA DA GOOD CONTINUATION EM MICROCONTOS E CURTAS-METRAGENS DE FICÇÃO: IMPLICAÇÕES TEÓRICAS
  • Data: 22/02/2022
  • Hora: 14:00
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  • A literatura segue redescobrindo a própria estética, fazendo surgir ou evidenciando novos gêneros, já que existe “o gosto pelo fragmento que nasce com o romantismo (...), o gosto pelo inacabado, pela obra aberta” (CANDIDO, 2017, online). Por tais razões, esta pesquisa de mestrado é metateórica e pretende mostrar como as narrativas ficcionais minimalistas, sejam literárias ou cinematográficas, abrem maiores possibilidades para vazios e quebras da good continuation na interação com o leitor real, haja vista a brevidade dessas estruturas estéticas aumentarem a probabilidade de ficcionalidade e, consequentemente, a emancipação. Esses conceitos compõem a fenomenológica Teoria do Efeito Estético, do teórico literário alemão Wolfgang Iser, que descreve características universais ocorridas durante o subjetivo ato de leitura, considerando a necessidade humana de ficcionalizar descrita pela Antropologia Literária. A partir do que escreve a professora brasileira Carmen Sevilla G. dos Santos em sua tese de pós-doutorado (2017), vemos que os processos estudados por Iser são mais facilmente observáveis em nossa experiência estética com o cinema, sendo aqui um dos pontos em que essas duas artes dialogam, no que concerne às apreensões (in)conscientes do sujeito. A fim de demonstrar a premissa da dissertação, serão utilizados mapeamentos de quatro microcontos de uma linha – Sem caixão (Adrienne Myrtes); O coroinha era o culpado (André Ricardo Aguiar); O olhar (Manoel Carlos Karam); 41. história só com princípio e fim (Marina Colasanti); – e quatro curtas-metragens de ficção do Mobile Film Festival com até 1min.30s – Leo never gives up (Balint Klopfnstein-Laszlo); Karma (Félix Dobaire e Timé Bulliard); Yes, no (Matteo Tibiletti); Unsung Hero (Vinamra Pancharia), visando subsídios para inferir que, quanto mais breves forem, maior a probabilidade de a Gestalt ser aberta, dada a estética condensada. Isso ocorre porque tais artes possuem não ditos e, geralmente, provocam um impacto maior na leitura/expectação do leitor/espectador. Desse modo, descreveu-se as especificidades dessas estruturas sucintas, discutindo seus processos de formulação do objeto estético.
  • ALINNE DE MORAIS OLIVEIRA CORDEIRO
  • ENTRE TELAS, PRESENÇAS E ESPAÇOS: UMA ANÁLISE À LUZ DA TEORIA ISERIANA SOBRE A RELAÇÃO TEXTO-LEITOR EM PERFORMANCES AUDIOVISUAIS
  • Data: 22/02/2022
  • Hora: 09:00
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  • Esta dissertação investiga como espectadores vivenciam suas experiências estéticas com performances artísticas correlatas ao escrito em um contexto de plataformas digitais. O estudo é amparado pela Antropologia Literária, pela teoria do Efeito Estético (ISER, 1996, 1999a, 1999b, 2013) e pela Teoria Histórico Cultural. O intento no estudo partiu do que foi proposto e afirmado por Paul Zumthor (2018) em Performance, Recepção e Leitura. Os escritos do estudioso mostraram-se teoricamente frágeis no tocante ao recebimento de performances em suportes audiovisuais e no que diz respeito à Teoria do Efeito Estético, além de propagar um discurso antimídia em defesa da efemeridade do ao vivo. Para tanto, o problema que norteia a pesquisa se define por: o fato de uma exposição performática ser assistida através de um vídeo (e não ao vivo), dificultaria ou mesmo anularia a experiência estética para o ouvinte? O trabalho mapeou os antecedentes históricos e a evolução da relação entre poesia e performance, bem como suas especificidades, além de realizar um estudo contextual no tocante à teoria iseriana e suas recentes atualizações. Ainda, foi analisado como se desenvolve (ou não) o efeito estético em performances gravadas na plataforma de streaming YouTube através dos comentários presentes em vídeos. A metodologia adotada para o prosseguimento da pesquisa contou com a seleção dos vídeos de O amor bate na aorta (DRUMMOND, 2012), interpretado por Drica Moraes; Elegia 1938 (DRUMMOND, 2012), performado por Caetano Veloso; Se eu fosse eu (LISPECTOR, 1999), apresentado por Débora Wainstock e Geni e o Zepelim (BUARQUE, 1978), encenado por Letícia Sabatella. Em seguida, foi realizada a coleta e análise dos comentários, organizados de acordo com categorias previamente definidas, nos direcionando a um levantamento e comparação de resultados. Esses procedimentos foram úteis para a obtenção de respostas à nossa hipótese de que o suporte influencia diretamente na experiência estética com performances audiovisuais, mas não a ponto de eliminar o fator de novidade e renovação. O trabalho é de viés metateórico, visto que se propõe a compreender e apresentar alternativas conceituais partindo do aprofundamento acerca da expectação com performances em vídeo.
  • OLAVO BARRETO DE SOUZA
  • TRAVESSIAS POÉTICAS EM AMNERES: DO BLOG AO LIVRO
  • Data: 21/02/2022
  • Hora: 14:00
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  • A presente pesquisa busca investigar o processo de escrita que envolveu a criação do Diário da poesia em combustão, de Amneres (2010), a partir das travessias entre o blog, intitulado Poesia em tempo real, local primeiro de sua publicação, e o livro, objeto compulsado do território digital. Nesse trânsito entre obras, nos interessamos pelos aspectos que manifestam continuidades e descontinuidades entre elas, analisando suas especificidades e possíveis motivações. A hipótese desenvolvida ao longo da tese admite que o curso dessa escrita foi realizado através de um trabalho contínuo, não encerrado com a obra impressa; e que o espaço digital é um campo aberto para experimentações, tendo por característica basilar o aspecto da maleabilidade, no qual os poemas da autora estão inscritos, favorecendo as variadas versões deles, no curso de sua produção, seja nesse ambiente ou no trabalho efetuado para a obra impressa. Para tanto, nos valemos da análise comparativa entre as versões digital e impressa dos poemas presentes nesse curso de escrita. Quanto a divisão dos capítulos, a tese está assim constituída: no primeiro capítulo apresentamos sumariamente a obra da autora, a fim de visibilizar seu percurso de criação, nos seus livros publicados; a partir do segundo, centramo-nos na discussão do percurso criativo realizado entre o blog Poesia em tempo real e o livro Diário da poesia em combustão analisando nesse capítulo as travessias da reescrita, com foco para as mudanças vocabulares diversas, realizadas nos poemas; no terceiro, discutimos sobre as particularidades concernentes às questões editoriais e os paratextos para a formatação distintiva das obras; no quarto, evidenciamos os processos de retextualização e recepção implicados no curso dessa escrita, focalizando o modo como essas questões dialogam para constituir os objetos analisados; e o quinto capítulo trata das virtualidades do blog e as materialidades do livro, no qual elencamos o diálogo feito sobre as ponderações teóricas acerca desses elementos, observando as travessias entre as obras discutidas. Quanto aos autores com os quais dialogamos, destacam-se: Genette (2009), Lejeune (2008), Schittine (2004), Marcuschi (2001), Jauss (1994), Chartier (1998), dentre outros.
  • SIOMARA REGINA CAVALCANTI DE LUCENA
  • A CIRCULAÇÃO E A RECEPÇÃO DA OBRA INFANTIL DE MONTEIRO LOBATO NA ARGENTINA
  • Data: 21/02/2022
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho de Doutorado tem por objetivo apresentar, discutir e analisar a circulação e a recepção da obra infantil de Monteiro Lobato na Argentina a partir da crítica literária daquele país, de jornais e documentos da época e também de repercussões que tenham ocorrido em outros países, com intúito de defender a tese de que, resguardadas as peculiaridades de cada país, a obra infantil de referido autor, no que diz respeito à circulação e à recepção, foi tão importante na Argentina quanto no Brasil. Trata-se de uma investigação qualitativa, baseada em pesquisa documental e bibliográfica. O referencial teórico utilizado está ancorado em bases da História Cultural, concentradas nos estudos e abordagens teóricas de Roger Chartier (1990; 2007; 2009; 2011), cujos princípios tratam da historicidade das práticas de leitura, da circulação do livro, das comunidades de leitores e dos protocolos de leitura, entre outros conceitos pertinentes à nossa pesquisa. Fontes advindas da crítica literária brasileira também estão na base desta pesquisa, como Marisa Lajolo (2000; 2006, 2008; 2014), Regina Zilberman (1982) e Laura Sandroni (1987) e Luciana Sandroni (1997), entre outros. Vozes da crítica de literatura infantil na Argentina recolhidas em entrevistas, como Pablo Medina, Laura Devetach e Lidia Blanco, também foram importantes para melhor entender o processo construído por Monteiro Lobato durante a sua trajetória, na costura das relações literárias entre Brasil e Argentina, com o intuito de participar daquele mercado editorial. Os dados coletados nos permitiram fazer um mapeamento das obras infantis do autor publicadas na Argentina, além de evidenciarem que a imprensa, através principalmente dos jornais pesquisados La Prensa e La Nación, mostram a presença do referido escritor dentro do contexto editorial da Buenos Aires da segunda metade dos anos 1940, figurando em meio a vários escritores locais e autores representativos do cânone europeu que, naquela época, ainda representavam boa parte das obras consumidas na capital da Argentina. Através deste estudo, acessamos o intenso trabalho realizado por Monteiro Lobato na busca de estreitar laços com o país vizinho, não apenas trazendo suas obras de literatura infantil traduzidas para o espanhol, mas também produzindo material inédito na Argentina, dando vida à obra La nueva Argentina (1947), pela Editorial Acteón, que conta uma história totalmente relacionada ao contexto argentino da época, e também a dez títulos da Colección Figuritas – Monteiro Lobato, pela Editorial Codex. Por meio da presente investigação, foi possível contemplar a atividade do autor brasileiro em um período efervescente da literatura infantil brasileira, do desenvolvimento da indústria livreira na Argentina durante a chamada “edad de oro del libro argentino” e também no perídodo provavelmente mais importante no tocante à circulação de obras brasileiras de literatura infantil naquele país, o que nos permite construir um embasamento sólido para evidenciar a tese aqui defendida.
  • WILLY NASCIMENTO SILVA
  • Poder e discurso na ficção científica distópica: o regime de verdade de Fahrenheit 451
  • Data: 18/02/2022
  • Hora: 14:00
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  • Fahrenheit 451 (1953), romance de Ray Bradbury publicado no período pós-guerra, chama atenção pela maneira como denuncia as contradições próprias das sociedades industriais que emergem a partir dos anos 1950, evidenciando estratégias de poder mais “refinadas” do que as representadas nas distopias clássicas do início do século XX. Essas estratégias, que incluem dispositivos como a indústria cultural, a escola e a publicidade, demonstram que não é somente investindo os corpos que se conduzem os comportamentos individuais, mas produzindo efeitos de verdade no interior de discursos que, por si, se fazem obedecer. Diante disso, o presente trabalho objetiva verificar como o poder opera por meio desses discursos de modo a estabelecer o regime de verdade da sociedade distópica. Para tanto, são exploradas as noções de utopia, eutopia e distopia (BACCOLINI; MOYLAN, 2003; CLAEYS, 2010; 2013; 2017; MOYLAN, 2000a; 2000b; 2014; SARGENT, 1975; 1994; 2006); a ligação entre ficção utópica e ficção científica (SUVIN, 1979; 1988; 2003; 2010); e a postura que ambas assumem acerca do progresso científico (BOOKER, 1994; CLAEYS, 2017; ROBERTS, 2018). Além disso, são discutidas a relação entre ciência e poder (HABERMAS, 2014; MARCUSE, 2015); a formação do discurso utópico (FOUCAULT, 1987; 1999; 2006; 2019a); e a definição de uma economia do poder que combina controles físicos (FOUCAULT, 2014), psicológicos (ADORNO; HORKHEIMER, 1985; DEBORD, 1997; ILLICH, 2018; VINICIUS, 2014) e dispositivos de segurança (FOUCAULT, 2008; 2019d). Os argumentos construídos nas seções teóricas são retomados a partir de uma análise crítica de Fahrenheit 451, cujos resultados indicam que o regime de verdade da sociedade representada na obra seria sustentado por estratégias de poder como a espetacularização das relações humanas, a massificação da cultura e a fetichização da rebeldia.
  • RAÍZA HANNA SARAIVA MILFONT
  • MULHER DE FERRO COM ZONAS ERÓGENAS E APARELHO DIGESTIVO: O RELATO CONFESSIONAL DA MILITÂNCIA FEMININA EM “PAIXÃO PAGU”
  • Data: 18/02/2022
  • Hora: 10:00
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  • Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu, foi uma das primeiras “mulheres novas” do Brasil, pois possuía as características e as atitudes que subvertiam a lógica patriarcal do lugar destinado às mulheres na sociedade brasileira do começo do século XX, respaldada pelo boom da modernidade e do modernismo que fazia despontar, nas mulheres da época, um modo de viver mais ativo e autônomo. Através do registro autobiográfico, escrito em 1940 mas só publicado em 2005 sob o título de Paixão Pagu, a escritora, tradutora e militante política faz um passeio em marcha ré pelos caminhos que traçou nos seus primeiros trinta anos e nos leva aos corredores do movimento modernista e aos primeiros anos do Partido Comunista brasileiro, narrando a sua entrada e seus trajetos na militância partidária. Esse estudo tem como objetivo analisar a militância feminina através de seus relatos íntimos, bem como examinar a validação de sua escrita de si híbrida. Fazendo um retrospecto bibliográfico sobre a produção de autoria feminina e feminista do começo do século passado; da trajetória pessoal e intelectual de Pagu; e dos conceitos relativos à autobiografia, ao diário íntimo e à carta, pudemos delinear a sua experiencia militante e, comparando com relatos testemunhais de outras mulheres, desvelar as vivencias da militancia feminina de esquerda e seus desdobramentos na vida pessoal e pública dessas ativistas.
  • PRISCILA DE OLIVEIRA NOVAIS LIMA
  • Venuti no Brasil: um Estudo Bibliométrico em Teses e Dissertações
  • Data: 17/02/2022
  • Hora: 09:00
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  • Os Estudos da Tradução vêm se constituindo como campo disciplinar nos últimos 50 anos e vêm passando pelo que Echeverri (2017) denomina como metavirada, momento em que o campo disciplinar faz um balanço de sua própria história por meio de estudos bibliométricos e da compilação de documentos com as contribuições mais significativas para a área. Nesse sentido, temos observado o surgimento de pesquisas que, entre outras coisas, objetivam compreender o impacto dos autores mais influentes de determinado campo do conhecimento. No âmbito dos Estudos da Tradução, um nome de projeção internacional é Lawrence Venuti, autor que ganhou notoriedade após a publicação de The Translator’s Invisibility: A History of Translation (1995). Sendo assim, através de um estudo bibliométrico, esta tese visa contribuir para a consolidação dos Estudos da Tradução no Brasil por meio do levantamento e análise de teses e dissertações com o objetivo de aferir a presença desse autor no referido campo disciplinar. Para isso, rastreamos o contexto temporal e geoinstitucional de utilização dos conceitos venutianos no Brasil, bem como identificamos a maneira pela qual os pesquisadores brasileiros empregaram esses postulados em seus trabalhos. Com essa finalidade, compilamos um corpus composto por 61 teses e dissertações coletadas do Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, a partir do qual levantamos dados referentes ao ano e instituição em que os trabalhos foram defendidos, aos orientadores, às palavras-chave indexadoras dos trabalhos, às referências consultadas e utilização do pensamento venutiano nas pesquisas O levantamento foi feito através de termos próprios da terminologia venutiana. A investigação empreendida nesta tese é de natureza quanti-qualitativa: a análise quantitativa dos dados é realizada em consonância com a metodologia apresentada por Esqueda (2020), enquanto a análise qualitativa, é feita com base nos conceitos de Transferências Culturais, de Michel Espagne (2012; 2017; 2018), de Globalização do Conhecimento, de Renn e colaboradores (2017), e de Circulação Internacional do Conhecimento, de Bourdieu (2002). Os resultados apontam para uma rede de mediação dos postulados venutianos que envolve orientadores, tradutores e editoras universitárias situadas no eixo Sul-Sudeste, bem como revelam uma fragmentação institucional dos Estudos da Tradução no Brasil. A análise conteudística dos trabalhos nos levou a sistematizar seis categorias de uso dos conceitos de Venuti, quais sejam: tema do trabalho, fundamentação em projeto de tradução comentada, fundamentação para análise de tradução, fundamentação para discussão da prática tradutória, fundamentação secundária do trabalho e utilização indireta no trabalho. Os resultados também evidenciam a ampla difusão dos conceitos de estrangeirização e domesticação no contexto acadêmico brasileiro, ao ponto de terem adquirido caráter autônomo e circularem sem a devida vinculação teórica, bem como apontam para ressemantizações desses conceitos de acordo com os objetivos propostos pelos pesquisadores em seus trabalhos. Ao aferirem a produção científica de uma área do conhecimento, pesquisas como a empreendida nesta tese se mostram indispensáveis, não apenas para o processo de consolidação dos Estudos da Tradução enquanto campo disciplinar, mas também por fornecerem pistas acerca da produção intelectual desenvolvida no Brasil.
  • ALUSKA SILVA CARVALHO
  • A vida em verso: histórias e poemas de Espedito de Mocinha
  • Data: 02/02/2022
  • Hora: 09:00
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  • O propósito desta tese é socializar a arte de quem produz e vive a cultura popular através de experiências poéticas. O percurso das narrativas de Seu Espedito de Mocinha foi cartografado a partir de suas vivências e de sua poesia. Esse poeta do cariri paraibano possui vasta e eclética produção em poesia e prosa, além de ser exímio contador de histórias. Amparada pela metodologia da história oral/ história de vida, apresento um narrador que comunica, a partir da poética da voz (e da escrita), sua literatura. Metodologicamente, esta tese reflete, a partir dos caminhos narrativos do autor, os procedimentos constitutivos de sua poesia, mostrando como ocorre a transposição da oralidade para a escrita. Para tanto, realizo um levantamento dos poemas oralizados e escritos do autor e analiso as suas visões de mundo, temáticas e estilo, procurando compreender como a experiência de oralidade, manifestada em sua poesia, contribui para a constituição de um sujeito-autor. Teoricamente, utilizo, dentre outras, as contribuições dos autores Zumthor (2014, 2005, 1997), Fernandes (2007), para performance e poética da voz; Ong (1998) para relações entre oralidade e escrita e Hansen (1992) e Foucault (1969; 2004) para reflexões sobre autoria. O percurso analítico apontou que a poesia de Seu Espedito tem raízes fincadas na experiência oral e, mesmo que escritos, a natureza de seus poemas continua sendo oral. Esse fato não o diferencia de um poeta que faz o caminho inverso: ambos são poetas. Desse modo, não identifiquei perdas significativas entre os registros orais para os escritos, excetuando-se, evidentemente, o fator performático, que é único e irrepetível.
2021
Descrição
  • FRANCISCO DANILLO PEREIRA TAVARES
  • O OLHAR SOBRE OUTRO PARA FALAR DE SI: TEMPO E FOCALIZAÇÃO EM A CHEGADA (2016)
  • Data: 30/11/2021
  • Hora: 14:00
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  • Os elementos que constituem uma narrativa são fundamentais na organização lógica da história a ser narrada. Os estudos narratológicos atualmente dão conta de muitos suportes utilizados para contar histórias sejam eles às palavras, às imagens, os sons etc. E o cinema é um meio que reúne diversos signos na construção de seus significados. Em geral, as narrativas lidam com a manipulação de um tempo da história para se encaixar dentro do tempo do discurso, além de uma perspectiva assumida na narração da história. Em A chegada, filme de 2016 dirigido por Denis Villeneuve e adaptado do conto História da sua vida de Ted Chiang, o tempo é manipulado estruturalmente através da percepção e do ponto de vista da protagonista Louise Banks durante o contato dela com seres alienígenas. A percepção do outro faz com que a personagem entenda mais sobre si e sua relação com a alteridade. Para analisarmos como ocorrem essas as relações, utilizamos como base a narratologia genettiana aplicada aos estudos do cinema. Articulando o tempo como categoria narrativa a partir de Gérard Genette (2017) atrelado às especificidades cinematográficas principalmente abordadas por André Gaudreault e François Jost (2009). A pesquisa tem como base em termos de foco narrativo e focalização autores como Gérard Genette (2017), Jean Pouillon (1974) e Norman Friedman (1967). Como também, visto que o filme pertence ao gênero ficção científica, faz-se imprescindível observar como ele trabalha temas como a alteridade e a relação do eu com o outro, temática cara ao gênero. Para tanto, o aporte teórico quanto à ficção científica está ancorado em Fátima Régis (2006), Adam Roberts (2018) e Allana Miranda (2016). E quanto aos estudos da linguagem e do discurso do outro, estes são fundamentados nos conceitos bakhtinianos sobre a alteridade. Por fim, o estudo analisa como a narrativa fílmica constitui a perspectiva em função do tempo não linear da narrativa, escolhendo o que esconde e releva do espectador através do ponto de vista assumido.
  • RAFAEL PAULO DE ATAIDE MONTEIRO MELO
  • UMA ANÁLISE DE SENTIDO DO POEMA LAMENTO OCULTO DE UM SURDO, DE SHIRLEY VILHALVA
  • Data: 22/10/2021
  • Hora: 15:00
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  • Nesta dissertação, desenvolvo uma Análise de Discurso norteada pelas Categorias de Análise da Teoria de Bakhtin, no poema Lamento Oculto de um Surdo, de Shirley Vilhalva, corroborando com o crescimento Cultural, Histórico, Político e Social da Comunidade Surda. Apresento contribuições de pesquisas desenvolvidas no campo da Literatura, Literatura Surda, Cultura Surda, Literatura Visual, tais como: as constribuições de Eagleton (2006), Wrigley (1996), Peixoto (2016), Nascimento (2006), Karnopp (1999), Skliar (1998) e outros. A partir da análise de sentido do poema, através de estudos bibliográficos relacionados com a Comunidade Surda e sua Literatura, busco nas categorias de análise fornecidas por Bakhtin, a relação histórica, cultural social, política e ideológica da Comunidade Surda frente a Comunidade Ouvinte. As motivações para esta pesquisa se dá pela necessidade dessa Comunidade Surda despertar para poiesis (criação) de suas suas próprias produções literárias, olhando para si mesma “o eu” e para “o outro” (comunidade ouvinte), encontrando-se no outro e em si mesma, numa relação dialógica entre “mim e o outro”. Como objetivo geral, pretendi analisar os sentidos presentes no corpus, os quais influenciam diretamente à militância da Comunidade Surda. A pesquisa tem uma abordagem de Análise de Discurso, em que utiliza as categorias da Teoria de Bakhtin: Autoria, Ideologia, Estilo e Estética, Polifonia e Cronotopia para extrair e descrever, dentro do universo de sentido, a relação de poder entre as Comunidades Surda e Ouvinte. Nos resultados das análises, destaco o universo de sentido contido no poema, evidenciando as categorias da Teoria de Bakhtin nos trechos do corpus. Logo, a Literatura Surda é narrada como área de conhecimento em diferentes espaços, tanto em ambientes sociais formais, quanto informais, em texto sinalizado ou escrito, pinturas e poemas, represetando e registrando um público diversificado na Cultura, na História, no Social, na Ideologia e na Militância de um povo que busca chancelar a sua voz como Comunidade Surda. Com este trabalho espera-se dar destaque à Literatura Surda e às experiências da Comunidade Surda, contribuindo assim para a educação de surdos, com a academia e a sociedade.
  • REGINALDO CLECIO DOS SANTOS
  • A PROSA DE FICÇÃO FRANCESA NOS PERIÓDICOS DIÁRIO DE PERNAMBUCO, O LIBERAL PERNAMBUCANO E JORNAL DO RECIFE (1850-1870): JOSEPH MÉRY E O PÚBLICO LEITOR
  • Data: 30/09/2021
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho teve como objetivo reconstituir os modos de circulação da prosa de ficção nos jornais periódicos de Recife, capital da província de Pernambuco, entre 1850 e 1870. A pesquisa contou com o levantamento de autores e autoras que estiveram presentes nas seções destinadas à prosa de ficção – “Folhetim”, “Variedades”, “Miscelâneas”, etc. – bem como nas colunas de comentários variados sobre a vida cultural da província dos jornais Diário de Pernambucano, Jornal do Recife e O Liberal Pernambucano. Paralelamente a esse levantamento, foi feita uma pesquisa bibliográfica que objetivou reconstituir os primeiros passos da história da tipografia, da imprensa periódica, bem como de reconstruir fragmentos de memória de sujeitos e de instituições direta ou indiretamente envolvidos na circulação da cultura escrita em Pernambuco no século XIX. Ganharam destaque, nessa parte da pesquisa, artigos publicados na Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco nas décadas finais do Oitocentos, além das pesquisas de pioneiros como Alfredo de Carvalho (1906), Gilberto Freyre (1979) e Luiz do Nascimento (1966; 1968), desenvolvidas ao longo do século XX. Para analisar os dados coligidos nos periódicos recifenses, foram utilizados pressupostos da História Cultural, sobretudo as noções relacionadas às práticas e aos modos de circulação de materiais impressos em determinadas comunidades de leitores, bem como às representações construídas por essas comunidades a partir de apropriações e representações específicas (ABREU, 2003a, 2003b; BARBOSA, 2007; CHARTIER, 1999, 2012; MEYER, 1996, 1998). O levantamento empreendido demonstrou a presença majoritária, quase exclusiva, da prosa de ficção produzida na França, por autores e autoras célebres como Amédée Achard (1814-1875), Paul Féval (1816-1887), Delphine de Girardin (1804-1855), que circulou em Paris por meio de publicações periódicas a exemplo da Revue de Paris, da Revue des Deux Mondes e do jornal diário La Presse, com destaque para um autor praticamente esquecido até pela historiografia literária francesa: Joseph Méry (1797-1866). Ao que tudo indica, esse autor, nascido em Marselha, foi um dos autores preferidos do público leitor recifense, haja vista o comparecimento significativo das prosas de ficção de sua autoria e dos comentários sobre sua produção nos periódicos pesquisados. A partir da análise, torna-se possível afirmar que a prosa de ficção, majoritariamente oriunda dos impressos periódicos franceses, em circulação nos jornais periódicos recifenses na metade do século XIX, demonstra indícios de critérios de seleção de textos ficcionais por parte de redatores e demais envolvidos no processo de tradução e veiculação, relacionados intimamente com o gosto e o imaginário de pelo menos uma parte do público leitor pernambucano.
  • ADRIANO RODRIGUES DOS SANTOS
  • Aspectos Lexicais da Língua Brasileira de Sinais: Glossário em Libras da Região Metropolitana do Cariri do Ceará
  • Data: 30/09/2021
  • Hora: 09:00
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  • Esta pesquisa foi motivada pela minha convivência e meus contatos com a comunidade surda da região metropolitana do cariri, o fato que me chamou atenção foi quando os surdos me convidavam para conhecer alguns locais turísticos no cariri, quando eles me chamavam eles produziam os sinais dos pontos turísticos, isso passou na minha cabeça a importância de realizar um registro dos sinais produzidos pelos próprios surdos utilizados em sua própria cidade. Nesses momentos de meus contatos com os surdos do Cariri do Ceará, em sua comunicação notei uma grande importância dos sinais lexicais variantes expressados pelos surdos desta região e me despertou interesse em realizar uma pesquisa para um glossário técnico de lexicologia de Libras da região do Cariri do Ceará, para assegurar, registrar e difundir os sinais de sua própria região. Para conhecer os léxicos para a organização do Glossário em Libras da Região Metropolitana do Cariri do Ceará, especialmente os léxicos usados pelos surdos das cidades de Juazeiro do Norte e Crato, principalmente os termos dos pontos turísticos. Para preparar o glossário em Libras da Região Metropolitana do Cariri do Ceará, tomamos como ponto inicial os conteúdos e as palavras que possuem dentro dos conteúdos que estão relacionados a eles, retirados de um site chamado “Turismo no cariri”, com o link https://www.turismonocariri.com.br. O Universo da pesquisa é principalmente o estudo da língua natural dos surdos da comunidade surda da região metropolitana do cariri do Ceará, focalizando tanto nos léxicos dos sinais quanto nas formas que os surdos realizam na produção dos sinais. Assim, espera-se que essa pesquisa contribua para garantir e valorizar os sinais utilizados pelos surdos do Cariri do Ceará, bem como, principalmente sua língua, suas histórias e culturas que a sociedade deixou de valorizar desde o início até os tempos atuais, de suas histórias de lutas e conquistas na sociedade em que vivemos majoritariamente dos ouvintes.
  • VALNIKSON VIANA DE OLIVEIRA
  • Mulher de letras em relicário de papeis: Itinerário de Zalina Rolim na imprensa periódica entre os séculos XIX e XX
  • Data: 29/09/2021
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho tem como objetivo investigar a participação da escritora Zalina Rolim (1867-1961) na imprensa periódica brasileira entre o final do século XIX e o início do século XX, tentando ressignificar o seu nome e a sua trajetória do apagamento na historiografia literária. A pesquisa defende a tese de que, no percurso bibliográfico da referida escritora, mais do que a publicação em livro, a participação na imprensa periódica permite a compreensão de sua inclusão no campo intelectual de seu tempo. Nesse sentido, argumentamos que a presença em impressos de interesse geral, veículos escritos por mulheres e órgãos pedagógicos foi determinante em seu percurso na literatura. Dessa forma, em um primeiro momento, propusemo-nos estudar e refletir sobre a atividade de mulheres de elite no contexto histórico-social e cultural do referido período, dando ênfase à conquista feminina dos espaços públicos pela palavra, mostrando como o acesso à leitura e à escrita possibilitou novas perspectivas diante dos papéis femininos pré-estabelecidos de mãe, esposa e “anjo do lar”. Para tanto, utilizamos Bourdieu (2018), D’Incao (2018), Eleutério (2005), Lacerda (2003), Lajolo e Zilberman (1996), Louro (2018), Muzart (1999; 2000; 2003; 2011), Perrot (1992, 1998; 2005; 2019), Telles (2012; 2018), entre outros. Com isso, em um segundo momento, pudemos iniciar o processo de revisitar e reescrever a trajetória biobibliográfica de Rolim a partir dos periódicos, avaliando o seu lugar social e suas redes de sociabilidade intelectual (SIRINELLI, 2003), analisando as possíveis condições de produção oferecidas à sua escrita por meio dos jornais, das revistas e dos almanaques nos quais colaborou e as vozes que repercutiram e/ou opinaram a respeito da sua produção. Para tal, priorizamos a busca em fontes primárias, permitindo compreender e reconstituir de forma mais verossímil e não-anacrônica a vida literária e os modos de apropriação da cultura escrita no período estudado (BARBOSA, 2007). Dessa maneira, confirmamos ou refutamos o que é mencionado nas principais pesquisas sobre a vida e a obra da autora estudada, como Piza (2008) e Dantas (1983), também podendo identificar a diferença de tratamento entre a crítica feita por homens e a crítica feita por outras mulheres a respeito do trabalho da autora estudada. Em um terceiro momento, empenhamo-nos em localizar e caracterizar os escritos de Zalina Rolim publicados na imprensa periódica em relação à temática e à forma, além de traçar a relação de tal produção com o seu suporte, contribuindo para a recuperação do álbum em que a escritora guardou memórias de sua carreira nas letras. Por fim, intencionamos mensurar o alcance da produção da autora estudada por meio da localização de reproduções ou republicações de seus escritos em periódicos que não receberam a sua colaboração efetiva.
  • LUBOVA TRABO
  • Corpo e sexualidade em contos de Lyudmila Petrushevskaya e Marina Paley: um olhar a partir da crítica literária feminista russa
  • Data: 27/09/2021
  • Hora: 10:00
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  • Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo sobre a percepção do corpo feminino no período soviético e pós-soviético na Rússia, a partir da leitura de contos de Lyudmila Petrushevskaya e Marina Paley. No primeiro capítulo identificamos as prerrogativas históricas de lutas feministas e como foram abordadas as condições das mulheres no regime soviético, observando principalmente a relação com o corpo e a sexualidade feminina e como isso dialoga com o regime comunista. Aprofundamos a reflexão sobre os discursos acerca do corpo e as condições da mulher, a percepção da qual mudava de acordo com as mudanças políticas, econômicas e demográficas ou seja, de acordo com as necessidades do estado sempre patriarcal no seu cerne, apesar da propaganda da igualdade entre os gêneros. Como consequência, constatamos que a mulher sempre foi deixada fora de domínio e do poder sobre o seu corpo, sexualidade e desejos. No segundo capítulo apresentamos um panorama dos pensamentos e obras das teorias feministas russas. Demostramos como o feminismo é percebido na academia russa e, mais especificamente, a recepção das teorias feministas e crítica literária feminista ocidental pelas críticas e teóricas feministas russas, abordando, ainda, a teoria literária feminista tendo como foco corpo feminino. A metodologia utilizada será analítica e comparativa e as reflexões acerca do tema serão um ponto de partida para análise de contos de duas escritoras russas: Lyudmila Petrushevskaya e Marina Paley e seus contos “Groselhas verdes” e “A ala das acabadas”, respectivamente.
  • HEUTHELMA RIBEIRO BRAGA SANTOS
  • DIÁSPORAS DO SIGNIFICANTE, A ERRÂNCIA DO SUJEITO EM A HORA DA ESTRELA DE CLARICE LISPECTOR
  • Data: 31/08/2021
  • Hora: 14:00
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  • Esta dissertação visa fazer um percurso pelas ideias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856 -1939) e Jacques Lacan (1901-1981) sobre a Constituição do Sujeito. Teorias psicanalíticas revelam que o ser humano se constitui na relação com o outro. A forma como o bebê é acolhido no mundo, na sociedade e na família é determinante para que o sujeito possa advir. Ancorada no campo simbólico e fazendo uma ligação entre a Psicanálise e a Literatura, mais precisamente por meio da análise da personagem Macabéa, da obra A Hora da Estrela (1977), da escritora Clarice Lispector (1920-1977), procuramos compreender como se dá o processo de Constituição do Sujeito nos primeiros anos de vida e as implicações decorrentes das falhas na interação da protagonista com os outros personagens da obra aqui analisada. O romance é projetado nas palavras de Rodrigo S M, personagem narrador, que escreve como se confessasse sua própria dor de existir, sua mágoa, sua culpa. Teria que ser escrito por um homem, pois segundo Clarice uma mulher pode chorar piegas. Macabéa é uma jovem nordestina de 19 anos, pobre, desnutrida, miserável que mal tem consciência de existir. Órfã desde os dois anos de idade, já não sabia mais ter tido pai nem mãe, tinha esquecido seus nomes e o gosto de tê-los. Cresceu num ambiente hostil, vazio e sem afeto. Mudou-se de Alagoas para o Rio de Janeiro e empreendeu grande esforço para sobreviver na cidade grande. Desamparada no mundo, nada sabia do seu não saber, da sua história e do seu lugar. Macabéa tornou-se um sujeito precário.
  • FLAVIA VALERIA SALVIANO SERPA
  • DOS ESPELHOS NARCÍSICOS À METAMORFOSE: IMAGENS MELANCÓLICAS DO CORPO EM O BURACO DE LUIZ VILELA E CARTA A UNA SEÑORITA EN PARÍS DE JULIO CORTÁZAR
  • Data: 30/08/2021
  • Hora: 09:00
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  • O inconsciente desborda e se inscreve no corpo com a mesma violência que O Senhor açoita o seu escravo e é desde esta perspectiva que o presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise acerca do emprego da figura animal na construção literária como significante do caráter anímico do sujeito. Para tanto, tomamos como primeiro objeto de estudo o conto O buraco, de Luiz Vilela, presente na obra Tremor de terra, escrita em 1967. Na trama vamos acompanhando como o personagem começa sua fixação em cavar um buraco desde a infância e aos poucos vão acontecendo transformações físicas e anímicas, fazendo que ele comece a caminhar de quatro até que, por fim, se transforme completamente em um tatu, distanciando-se da superfície. E tomamos como segundo objeto de estudo o conto Carta a una señora en Paris, de Júlio Cortázar presente na obra Bestiario, escrita em 1951. No conto personagem vomita regularmente coelhinhos e vive a angústia de ser descoberto a qualquer momento, o que o leva a vomitar mais coelhinhos até que seu desespero o leva ao final trágico. Para que pudéssemos realizar o nosso estudo, enveredamos pelos pressupostos psicanalíticos que nos deram suporte para analisar como ocorre a metamorfose do personagem Zé no O buraco, e como se manifestam os sintomas do personagem do conto Carta a una señorita en Paris a causa de seus estados anímicos. Para isso, recorremos primeiramente aos pressupostos freudianos (1914) e aos estudos lacanianos (1965) que versam sobre o narcisismo como uma fase na qual são construídas as imagens que o sujeito leva por toda a vida. A continuação, fizemos um recorrido sobre os pressupostos teóricos de NASIO (2009) que versam sobre o corpo e o entendimento de corpo para a psicanálise, considerando que é nele que se manifesta o inconsciente. Posteriormente nos debruçamos sobre os pressupostos teóricos de LAMBOTTE (1997) que nos apresenta a melancolia como um transtorno narcísico no qual o sujeito sofre a falta relacionada a uma deficiência da sua primeira imago. Através de nosso estudo pudemos observar que dentro do campo dos estudos literários é possível pensar as metamorfoses bem como as manifestações dos sintomas, como uma representação do inconsciente no corpo e que os pressupostos psicanalíticos nos dão suficientes subsídios para fazer uma análise literária mais profunda, bem como, conhecimento daquilo que forma a subjetividade humana.
  • FRANCIELLY ALVES PESSOA
  • MULHERES EM DESLOCAMENTO: O ESPAÇO TRANSCULTURAL EM AZUL-CORVO, DE ADRIANA LISBOA, E ALGUM LUGAR, DE PALOMA VIDAL
  • Data: 27/08/2021
  • Hora: 10:00
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  • O presente trabalho tem por objetivo analisar a presença da categoria espaço como marca textual nos romances Azul Corvo (2014) e Algum Lugar (2009) de Adriana Lisboa e Paloma Vidal, respectivamente. Entendemos a literatura produzida por essas autoras como representações de discursos de uma poética da diversidade no contexto dos deslocamentos contemporâneos. Assim, abordamos brevemente o contexto dos movimentos da globalização e as modificações quanto à ideia de sujeito da contemporaneidade. Os deslocamentos das protagonistas femininas de ambas as tramas incidem sobre a forma como elas se percebem nos diferentes espaços que passam a ocupar ao se movimentarem de um lugar a outro, de um país a outro, de uma cultura à outra. À medida que adentramos a leitura dos textos, buscamos problematizar, pela conjuntura que lhes configura, o espaço em que ocorrem as vivências das personagens femininas, não apenas como o meio físico em que ocorrem suas trajetórias, mas como processo e efeito subjetivo da construção das identidades num contexto marcado pelos trânsitos culturais. A partir das colaborações teóricas de Brandão (2013) e Massey (2004, 2008 e 2020) problematizamos a definição de espaço para pensar em sua relação com o texto literário, com a produção escrita de mulheres no Brasil e, finalmente, analisar a construção literária da categoria nos romances em estudo como reflexo dos sujeitos que narram seus trânsitos por entre Américas. Enfocamos ainda a perspectiva de Butler (2017) e Ricouer (2014) para pensar sobre a possibilidade de os sujeitos fazerem um relato de si, uma vez que as narrativas em estudo são construídas principalmente a partir da primeira pessoa do discurso. Entendemos que a narrativa em primeira pessoa se configura como modo de representar a condição do eu fraturado em que se encontram as protagonistas. Por fim, abordamos a ideia de cultura (KEESING, 2014; EAGLETON, 2011) para pensarmos esse conceito em relação às fronteiras culturais que atravessam a constituição de ambos os romances e suas protagonistas como sujeitos da fratura do contemporâneo, mas que buscam no deslocamento ressignificar suas vidas como experiência da fragmentação e da transculturalidade (DAGNINO, 2012).
  • MARIA EDILENE JUSTINO
  • POESIA NEGRO-FEMININA: discurso poético e empoderamento em Elisa Lucinda
  • Data: 25/08/2021
  • Hora: 15:00
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  • Refletir sobre as questões de gênero é compreender que essa discussão é ampla, desafiadora e complexa, uma vez que coexistem aí relações sócio-históricas e culturais profundamente imbricadas. Assim, por acreditarmos na força e no poder da poesia escrita por mulheres negras, nesta pesquisa desenvolvemos um olhar crítico sobre a poesia de Elisa Lucinda e seus desdobramentos, no que se refere às questões de gênero, estereótipo e empoderamento, auxiliadas pelas teorias feministas e pelo feminismo negro. A presente pesquisa traz à luz os resultados obtidos após a apreciação e análise crítica do corpus poético extraído dos livros: Euteamo e suas estreias (2007); A fúria da beleza (2013); O Semelhante (2015); e Vozes Guardadas (2016), de Elisa Lucinda. Nossa fundamentação vem das teorias supracitadas, partindo de debates sobre ‘mulher’/‘mulheres’, desde Beauvoir (1970b), das discussões de gênero, com Lauretis (1994; 2019) entre outras, e do feminismo negro com Davis (2016; 2017; 2018) e Gonzalez (2019), Carneiro (2019), hooks (2019), Kilomba (2019) e Ribeiro (2017; 2018; 2019). Problematizamos a noção de estereótipo, com Schmidt (2019), Collins (2019) e Gonzalez (2019). Discutimos corpo e erotismo, com Susan Bordo (1998), Borges (2013), Almeida (2012) e Lorde (2019. Empoderamento, com Rute Baquero (2012), Joice Berth (2019), e Collins (2019). Além disso, observamos as diferenças de direitos de inserção no universo literário vivenciado por autores e autoras, além das diferenças entre brancas e negras. Destacamos também a negação da poesia escrita pelas poetas negras, que persiste nas antologias da segunda metade do século XX; Revisitamos o caminho de milhares de mulheres negras adentrando o universo poético, com Auta de Sousa como pioneira na poesia negro-feminina; os Cadernos Negros, como marco histórico na poética nacional, que visibilizou a poesia das mulheres negras, possibilitando conexões com a irreverente poética de Elisa Lucinda, que quer “passar verdades a limpo”, desguardar as vozes e reeditar o destino das mulheres negras. Estudamos também conceitos de corpo, especialmente o corpo feminino negro em sua performance poética, que foi do corpo subjugado pela cultura midiática, chegando ao corpo falante que desestabiliza a mentalidade patriarcalista e ao corpo desejante, que assume conscientemente seus desejos e sua sexualidade como liberdade transgressora. Constatamos que o empoderamento feminino, poético e erótico se materializa ora via corpo e linguagem, ora pela descolonização da mente, das palavras e dos discursos quanto às formas de ver a si e de identificar como essas são vistas pelos outros. Por fim, com esta pesquisa buscamos contribuir com o debate acadêmico sobre gênero, estereótipo e empoderamento, entrelaçando a leitura desses elementos à poesia negro-feminina brasileira Lucindiana, onde a vez e a voz são, indubitavelmente, das mulheres negras.
  • JONATHAN LUCAS MOREIRA LEITE
  • O sertão e o mundo nas margens do alguidar: uma análise semiótica da canção de Chico César
  • Data: 23/08/2021
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho insere-se no campo dos estudos semióticos, bem como no dos estudos sobre canção, tendo como principal objetivo analisar as tensões formadoras da canção de Chico César, músico, compositor e poeta brasileiro. Inicialmente, faremos uma revisão da Teoria Geral dos Signos, principal suporte metodológico de nossa pesquisa, através de Peirce (1975), além das contribuições de outros autores que se orientam pela perspectiva peirceana, como Santaella (2000; 2004; 2005; 1997), Nöth (2003), Ferraz Júnior (2012) e Pignatari (1974). O segundo capítulo é dedicado a elucidar as questões relativas à música e à canção. Construiremos um breve apanhado histórico da Música Popular e de suas relações com a Literatura. Discorreremos, ainda, acerca das abordagens metodológicas adotadas para os estudos sobre canção popular, focalizando o modelo sistematizado por Luiz Tatit. (1996; 2001; 2004). No terceiro capítulo, faremos uma leitura panorâmica da canção do autor, buscando evidenciar as principais características de sua obra. Por fim, dialogando com o conceito de hibridação cultural, proposto por Nestor Canclini (2019), refletiremos sobre as tensões entre os universos sígnicos díspares que se estabelecem na obra do paraibano, através da análise das canções Nato, Zabé, A prosa impúrpura do Caicó, Dança do Papangu e Folia de Príncipe.
  • JAYNNOÃ FERNANDO SILVA LOPES
  • A ETIMOLOGIA ESTOICA: PRINCÍPIOS E PROPÓSITOS, ANÁLISE DOS TESTEMUNHOS DE CÍCERO E DE LAÉRCIO
  • Data: 20/08/2021
  • Hora: 10:00
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  • É nosso intento, por este trabalho, identificar, a partir de testemunhos de Cícero e de Diógenes Laércio, os princípios e os propósitos da prática etimológica na filosofia estoica, interpretando duas ocorrências suas a partir das concepções filosóficas da escola. Servirão a este escopo tanto o discurso de Balbus no segundo livro Da natureza dos deuses (De Nat.), de Cícero, quanto o testemunho de Diógenes Laércio acerca dos estoicos em seu Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres (Vitae Philos.). Em ambos os trechos, dão-se etimologias de teônimos com o fim de demonstrar a sentença teológica da escola. A fim de distinguir o lugar dos estoicos no avanço da abordagem etimológica das palavras, também se faz mister remeter aos passos que a mesma abordagem dera até antes do Período Helenístico. Para isso, apresentar-se-á na primeira seção o uso da etimologia nos escritores gregos que precederam cronologicamente os estoicos, agrupando-os em duas fases: a da etimologia poética – compreendendo desde Homero até os tragediógrafos – e a da etimologia filosófica, desde Platão. Busca-se, assim, oferecer uma contribuição aos estudos de história da Gramática, da qual a etimologia era considerada parte na Antiguidade. Por outro lado, far-se-á necessário explorar os aspectos da doutrina estoica que auxiliarão na compreensão de seu uso da etimologia, de modo a ressaltar as concepções físicas e lógicas que nele estão ensejadas; disso ocupar-se-á a segunda seção. Finalmente, propõem-se na última seção uma tradução e uma análise de De Nat. II, 63-71, e de Vitae Philos. VII, 147.
  • VANALUCIA SOARES DA SILVEIRA
  • A PRODUÇÃO PARANOICA DA REALIDADE NA LITERATURA: PSICOSE E DESCONTRUÇÃO
  • Data: 20/08/2021
  • Hora: 09:00
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  • A realidade literária, sob a positivação discursiva da paranoia, é o objeto a articular, nesta pesquisa, de natureza teórica e exploratória, e de método indutivo e dedutivo, as relações entre Literatura, Psicanálise, Materialismo Histórico e Pós-Estruturalismo. Essa questão é pensada a partir das teorias dos psicanalistas Sigmund Schlomo Freud (2018; 2017a; 2017b; 2016; 2015; 2014; 2013a; 2013b; 2011; 2010a; 2010b; 2010c; 1996a; 1996b; 1975), Melanie Klein (1996; 1994; 1991; 1981a; 1981b; 1975; 1974; 1964) e Jacques Marie Émile Lacan (2016; 2014; 2011; 2007; 2005; 1995; 1988); relacionada com a ideologia de Karl Heinrich Marx (2015, livros 1 e 3) e Karl Marx e Friedrich Engels (1998), alusiva à produção material da realidade, de base anti-hegeliana, e, principalmente, compreendida sob a ótica da Desconstrução, do autor pós-estruturalista Jacques Derrida (2018; 2014; 2006; 2001; 1981). Nossa proposta é mostrar que mecanismos de defesa paranoicos - o delírio, a alucinação, a comunicação pré-verbal, a lalíngua, a negação do Supereu, a obsessão, a culpa persecutória, o ciúme, a inveja, a ansiedade paranoide, a identificação projetiva, o fetichismo, a fixação oral e anal, a solidão, o desamparo, a economia de prazeres, de perda de realidade e de foraclusão significante, o desejo da mãe, o desejo pela mãe e pelo Pai, o desejo de morte do falo materno e do falo paterno, a suplência do Outro, o sonho, a mania, o humor, a ironia, o sopro verbal, a histeria, a idealização, a sublimação libidinal - são arranjados, esteticamente, pelo autor-criador de sua obra para a obtenção da verossimilhança e da polissemia. Portanto, a nossa tese é que a realidade na Literatura é uma produção paranoica. Para comprová-la, recorremos a obras da Literatura universal e nacional, sobretudo, ao romance Jane Eyre, da escritora inglesa Charlotte Brontë, com o intuito de ilustrar como as suas arquitetônicas resultam de uma consciência – ao mesmo tempo, material e abstrata - das fontes do inconsciente, embora reconheçamos a inscrição não premeditada de certas fantasias na construção das metáforas e metonímias textuais. Compreendemos que a simbolização do Imaginário enraíza-se em uma dupla falta: a falta subjetiva e a falta significante. É por sentir-se perseguido pela castração de suas pulsões sexuais e da linguagem que o Homem internaliza um Supereu terrorífico e busca projetá-lo na Literatura. O resultado disso é a deformação da realidade, em especial, da realidade literária, pelos processos de tradução psíquica e fonética. A partir dessa proposição, interpretamos que, no enodamento paranoico e no limite da falta humana e linguística, institui-se a (i)mortalidade do autor e do leitor pelos processos de escrita e de leitura. Assim, a realidade literária é um Sinthoma positivo dos efeitos da castração enredada pela divisão psíquica e pela divisão significante. É uma simbolização do Real, concebendo esse Real como traços já simbólicos. A sua lógica corresponde a de um delírio inventado e protegido pelo desejo de um sujeito criador em suplência do grande Outro, da desconstrução. A Literatura é, pois, o encontro paranoico do Eu com o seu abismo, mediante a promessa enganadora da linguagem.
  • MILENA VERÍSSIMO BARBOSA
  • TRADIÇÃO, MEMÓRIA E IDENTIDADE: AS NARRATIVAS INDÍGENAS POTIGUARA (RE)CONTADAS NAS ALDEIAS JACARÉ DE CÉSAR E TRÊS RIOS
  • Data: 11/08/2021
  • Hora: 14:00
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  • Narrar fatos ocorridos no dia a dia, contar histórias fabulosas e de grandes feitos, bem como descrever entes sobrenaturais e suas ações, são tarefas inerentes aos sujeitos nas diversas sociedades. O povo indígena Potiguara, por meio dos anciãos, também utiliza a contação de histórias para comunicar sua cultura, identidade e suas tradições. Contudo, essas narrativas ainda são compartilhadas apenas através da oralidade, sem o registro escrito de narrativas que versam sobre as origens das famílias, de como se deu o processo de povoamento dentro das aldeias, assim como as histórias sobrenaturais que cercam o cotidiano dos parentes indígenas. Nesse contexto, a presente pesquisa buscou reunir, através de coleta de relatos entre os anciãos, um conjunto de narrativas presentes no imaginário coletivo do povo Potiguara localizado no Litoral Norte paraibano, a fim de registrar, por meio da escrita, narrativas da tradição oral que permeiam o cotidiano indígena dessa região. Autores como Ong (1998), Cascudo (2007), Munduruku (2009), Le Goff (1990), Halbwachs (1993), Moonem e Maia (2008) Cardoso e Guimarães (2012), Benjamin (1994), entre outros, fundamentaram esta pesquisa. Sob o ponto de vista metodológico, realizou-se uma pesquisa de campo, utilizando-se entrevistas semiestruturadas como instrumento de coleta de dados. Os relatos coletados foram analisados sob três perspectivas: tradição oral, memória e identidade. Dentre as principais contribuições desta dissertação, destaca-se a coleta e o registro escrito das narrativas contadas pelos anciãos potiguaras, que fazem parte da memória coletiva deste povo em torno dos seus ancestrais, dos seres sobrenaturais e das lutas territoriais e culturais que colaboram para construção e fortalecimento da identidade das novas gerações.
  • FELIPPE NILDO OLIVEIRA DE LIMA
  • POÉTICAS DA CARNE: A NECROPOLÍTICA NO ENCALÇO DA POESIA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
  • Data: 03/08/2021
  • Hora: 09:00
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  • A pesquisa de mestrado se centra em duas antologias poéticas lançadas em 2019 pela revista Cult: Poemas para ler antes das notícias, organizada por Alberto Pucheu, e Quando a delicadeza é uma afronta, com curadoria de Tarso de Melo. A realidade das mortes perpetradas pelo Estado brasileiro e suas instituições, como o exército e a polícia, e pela sociedade civil contra negros/as, mulheres, indígenas e LGBTQIA+, nos termos do que Achille Mbembe (2016) denomina “necropolítica”, atravessa fortemente as sensibilidades dos/as poetas, e é colocada em seus textos como questão que confronta politicamente a palavra e o trabalho com a poesia em nosso tempo, mais especificamente em 9 poemas que trago para análise e leitura nesta dissertação. Logo, o objetivo geral da pesquisa é discutir a busca desenvolvida pela poesia brasileira da última década de se constituir como contramola ou reação à necropolítica e ao apagamento de suas vítimas. Apesar de os poemas enunciarem mortes bastante recentes, é inevitável, em suas análises, relacionar o contexto político atual de morte no país ao histórico de traumas e feridas desde o início do projeto colonial. Partindo dessa gênese da violência de Estado no Brasil, o trabalho ainda desenvolve os seguintes aspectos: entender como os/as poetas contemporâneos/as têm nomeado e situado os vazios deixados pelos corpos vitimados por mortes políticas e crimes gratuitos de ódio motivados pelo racismo e pela LGBTQIA+fobia; perceber como a linguagem dos poemas ressoa no patético, no trágico e no horror como tentativas de se aproximar do real inominável sofrido pelas carnes dos corpos de dor dilacerados; buscar nos poemas proposituras políticas que perpetuem as vidas, os corpos e as memórias das vítimas do necropoder para além do tempo de existência curta que possuem a recepção imagética das catástrofes do cotidiano e as notícias de jornal, demarcando os compromissos políticos da poesia recente não só com os/as mortos/as, mas também com a vida dos/as matáveis que insistem em sobreviver.
  • ROSILENE FELIX MAMEDES
  • MARCAS PSICANALÍTICAS E LITERÁRIAS NA ESCRITA INTIMISTA UMA ADOLESCENTE
  • Data: 30/07/2021
  • Hora: 14:00
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  • Este trabalho tem como finalidade discutir o processo da continuidade e da descontinuidade na construção do adolescente por meio da escrita de diários pessoais. Dessa forma, esta pesquisa de doutorado busca compreender a fase da adolescência por meio da escrita do diário e da relação intimista que o autor possui com este instrumento. Como objetivo geral: analisar o processo da continuidade e da descontinuidade do comportamento do Eu- adolescente a partir das marcas que plasmam na escrita dos diários pessoais a partir da óptica da Psicanálise e da escrita intimista. Para os Objetivos Específicos: Identificar na psicanálise e na literatura subsídios para compreender as subjetividades apresentadas nos diários pessoais da adolescente analisada; Compreender como a adolescente se constitui como sujeito psicanalítico; Compreender o diário pessoal como uma narrativa intimista confessional. Identificar características ficcionais na escrita intimista. Assim, como caminho teórico esta pesquisa se apresenta da seguinte maneira: No capítulo I- Percurso metodológico a partir de uma metodologia com fins qualitativos, descritivos, além de ser um estudo de caso, por se tratar da análise de apenas um sujeito de pesquisa, uma vez que se tem como finalidade analisar a escrita de diários pessoais para compreender o universo da construção do sujeito adolescente. No Capítulo II traz um panorama obre o advento da escrita e como esta foi se transformando até chegar à escrita intimista; Capítulo III- busca compreender como a Literatura e a Psicanálise convergem, de forma a refletir este sujeito psicanalítico por meio das marcas de subjetividade na escrita, como o sujeito de pesquisa é uma adolescente. No que tange à Literatura, a teoria será sob a óptica da ficção, da escrita feminina e intimista. No capítulo IV destinado à adolescência buscou-se compreender o adolescente como sujeito sócio-histórico, descrevendo como ele foi se delineando ao longo da sociedade e, posteriormente, sob óptica da Psicanálise. Por fim, o capítulo V será destinado às análises e ao confronto com a teoria apresentada, procurando, sobretudo, compreender a relação íntima autor-diário, que é produzida a partir da escrita confessional, interligando-se entre a narrativa factual e a de ficção, a partir das relações psicanalíticas e da construção do sujeito. Como aporte teórico serão utilizados teóricos que se debruçam sobre a teoria da escrita, da teoria da Literatura e da Psicanálise, além do universo do adolescente, especialmente, as categorias freudianas e bakhtinianas. Dessa forma, pretende-se contribuir para a compreensão do universo do adolescente, de modo a entendê-lo como ser psicanalítico, protagonistas na sua própria construção social, mas, como sendo produto do seu meio e das relações com os “outros”.
  • RIVÂNIA MARIA DA SILVA
  • Da Fragmentária às Mínimas: as odes de Hilda Hilst
  • Data: 28/07/2021
  • Hora: 14:00
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  • A presente pesquisa tenciona efetuar uma investigação sobre como se dão os movimentos de autoria da “ode” em diferentes fases da poética de Hilda Hilst. Por isso, tendo como corpora os livros que a escritora manifesta a referida forma lírica, a saber, Ode fragmentária (1961), Odes maiores ao pai (1963-1966), “Ode descontínua e remota para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio” (1974), e Da morte. Odes mínimas (1980), elencamos os seguintes objetivos: 1. investigar o percurso do gênero dentro do universo lírico hilstiano; 2. evidenciar os pontos de contatos e os pontos de afastamentos entre as obras; 3. averiguar os momentos em que Hilst dialoga ou desvia da tradição clássica e das apropriações do modelo da poesia brasileira que lhe era contemporânea, e 4. analisar quais procedimentos a poeta utiliza para atualizar a ode. A fim de atingir os objetivos traçados, realizamos uma revisão teórico-crítica da ode, a partir de Ragusa (2013); Albuquerque (1936), Penna (2007), e Achcar (1994), com o intuito de investigar as raízes do gênero, e traçar um percurso de como essa forma chegou às poéticas modernas, bem como discutimos as leituras que foram realizadas pelos estudiosos das odes na obra poética de Hilst.
  • ROBSON NASCIMENTO DA SILVA
  • UM ESTUDO DA MELANCOLIA NA POESIA LÍRICA DE JOAQUIM CARDOZO
  • Data: 26/07/2021
  • Hora: 14:00
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  • Este trabalho objetiva analisar alguns poemas inseridos na obra poética de Joaquim Cardozo publicados a partir de 1970, ou seja, suas últimas produções líricas, que demonstrem a presença do discurso melancólico em seu sujeito lírico, e como tais questões ajudam a esclarecer as suas formulações. Sendo assim, essa investigação levanta a seguinte problemática: como a melancolia se torna uma das claves centrais para a constituição do sujeito lírico cardoziano, e quais as questões históricas e estéticas que envasaram essa propositura? Para isso, as hipóteses que norteiam esta pesquisa são: 1. A nota melancólica na poesia do pernambucano induz a uma leitura que remete à solidão do eu lírico, o que por sua vez reforça o entendimento de um sujeito desarticulado com os espaços a sua volta; 2. Os procedimentos estéticos utilizados por Cardozo para a composição de alguns dos seus poemas reforçam a leitura de um eu lírico que se volta contra e sobre si em uma perspectiva melancólica; 3. A melancolia irá ser notada em torno de algumas formas poéticas, como o soneto, elegia e canção como parte associada a sua composição, modulando novas perspectivas a essas formas tradicionais. Diante disso, nos capítulos de análises, iremos delimitar mais especificamente nos principais desdobramentos estéticos da melancolia na poesia cardoziana, com o intuito de discutir como ocorre e, por conseguinte, por que são recorrentes em suas obras. No primeiro capítulo, delimitaremos o nosso olhar para a presença da solidão na poesia lírica de Joaquim Cardozo, relacionando a melancolia e como essa temática é representativa em suas produções literárias, especialmente nas repetições sonoras. No segundo capítulo o foco será em torno da melancolia e tempo, na ação duradoura que esse estado proporciona no sujeito lírico. No último, discorreremos em torno da melancolia e morte, a fim de compreender como a percepção da morte no eu lírico cardoziano contribui para o entendimento da obra do pernambucano, uma vez que essa temática reincide, em muitos casos, ao retorno às formas fixas, como o soneto e a elegia, para a produção desses poemas. O referencial teórico coletado para esta pesquisa centra-se, acima de tudo, nos estudos sobre a melancolia, deixados por Jean Starobinski (2011; 2016), Freud (1992), Lambotte (2000), Löwy e Sayre (2015), e Lima (2017).
  • LEANDRO DOS SANTOS SOUZA
  • A SIMBOLOGIA DOS METAIS E O UNIVERSO DO HERÓI: UM ESTUDO SOBRE O ESCUDO DE AQUILES E O MITO DAS RAÇAS
  • Data: 13/07/2021
  • Hora: 10:00
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  • O presente trabalho tem como proposta fazer uma análise literária da representatividade dos metais presentes na construção das imagens forjadas no escudo de Aquiles no canto XVIII da Ilíada. Para sua realização, propomos uma comparação entre a descrição do escudo e o mito das raças encontrado em Trabalhos e dias, de Hesíodo. Durante nossa pesquisa, percebemos uma relação simbólica e estrutural entre os textos, e partindo desse ponto, obtivemos êxito em encontrar essa similaridade entre o poema homérico e o hesiódico. A análise inicia-se pela representação do universo em que o herói está inserido, em seguida repousará sobre o mito das raças e seu valor simbólico de acordo com os metais que as representam. Partindo daí, estabelecemos um parâmetro para que pudéssemos nivelar ambos os textos no mesmo assunto, os metais. Assim sendo, fizemos um contraponto entre a simbologia dos materiais utilizados na forja do escudo de Aquiles e aqueles apresentados por Hesíodo no mito da criação do homem. Deste modo, pudemos estabelecer um paralelo entre ambos. Dentre os teóricos abordados em nosso estudo, adotamos como base, quando se trata do mito das raças, a análise de Jean Pierre Vernant encontrada em sua obra Mito e Pensamento entre os Gregos. Para fazer referências a parte histórica, optamos por utilizar Claude Mossé, pois vimos a necessidade de trazer um panorama histórico no que diz respeito ao surgimento da pólis grega. Além disso, visto que decidimos analisar de maneira simbólica as imagens presentes no escudo de Aquiles e os metais encontrados na sua construção, bem como os aqueles presentes também na descrição do mito das raças, trouxemos para nossa discussão J. R. Forbes, com o intuito de trazer à tona o significado dos metais na Grécia durante o período arcaico e clássico. No âmbito do simbólico, decidimos seguir Northrop Frye, para que pudéssemos suscitar uma discussão embasada em seus apontamentos sobre o assunto. Considerando, pois, esses teóricos, pudemos constatar que a figura do herói está inserida como pilar simbólico, que ao carregar o escudo, leva sobre si todas as demais raças descritas por Hesíodo.
  • ALEXIA ELOAR FELIX CAVALCANTE
  • A JORNADA DAS HEROÍNAS NO CINEMA DE ANIMAÇÃO: MITOS, FANTASIA E SÍMBOLOS EM ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS E A VIAGEM DE CHIHIRO
  • Data: 05/07/2021
  • Hora: 09:00
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  • Alice no País das Maravilhas (1951) atrai grande público, de crianças a adultos, há mais de um século, com diversas refilmagens e adaptações em mídias de diferentes formatos. Mas foi nos Estados Unidos, nos anos de 1950, que a Walt Disney conseguiu adaptar em seu estúdio a obra do inglês Lewis Carroll para uma animação audiovisual de longa-metragem. Indo até o Japão, famoso pelos animês e mangás, temos o Studio Ghibli, um dos principais nomes das animações orientais. Entre tantas obras produzidas, tendo em boa parte mulheres como protagonistas, Hayao Miyazaki, um dos fundadores do estúdio, nos apresenta Chihiro, em A viagem de Chihiro (2001). Nesta pesquisa, é sob os olhares das meninas Alice e Chihiro, a partir da teoria da focalização (GENETTE, 2017; STAM, 1992), que acompanharemos as suas partidas, de estruturas semelhantes em um momento de autodescoberta com a transição entre a infância e a vida adulta, para a jornada da heroína. Junto a esses objetos pretendemos entender a arte da animação, com apoio de Fossati (2011) e Graça (2006), como uma delegação de vozes, devendo atentar para que histórias estão sendo contadas, por quem estão sendo contadas e também como são produzidas, disseminadas e recebidas pelo público (SHOHAT; STAM, 2006). Com isso, este trabalho busca demonstrar quais elementos de estereótipos se mantêm e quais são quebrados a partir da análise do arquétipo da jornada do herói, de Joseph Campbell (1989), comparado à jornada da heroína, de Maureen Murdock (2013). Esses modelos serão usados para percebermos como o olhar afetivo de Alice e Chihiro tem valor significativo, em suas animações fílmicas, trazendo questões específicas do gênero feminino em suas jornadas de autoconhecimento a partir dos mitos e símbolos, apoiando-se nos estudos de Bachelard (1978, 1996, 1998), J. Brandão (1987), Chevalier e Gheerbrant (1986, 1982, 2015), Eliade (1979, 1996), Kato (2012) e Mendlesohn (2008), tanto no Ocidente quanto no Oriente.
  • ANIELY WALESCA OLIVEIRA SANTIAGO
  • Os tipos de morte na Chanson de Roland
  • Data: 25/06/2021
  • Hora: 09:00
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  • Obra inaugural da literatura francesa, escrita em meados do século XI, La Chanson de Roland, é considerada como “A mais antiga, a mais célebre e a mais bela de todas as canções de gesta” (GAUTIER, p.12, 1875). O poema épico versa sobre o conflito entre o exército francês e os sarracenos, ocorrido no desfiladeiro de Roncesvales, resultando na morte de Roland e os Doze Pares de França. O objetivo desta pesquisa consiste em analisar as imagens literárias da morte na obra La Chanson de Roland, a partir do conceito de figurativização, procedimento da teoria da Semiótica referente ao campo da semiótica discursiva que, de acordo com Fiorin (2018), pode ser definido como a concretização dos sentidos, por meio de mecanismos internos e externos presentes no texto, e das classificações dos tipos de morte formuladas nos estudos de Michel Vovelle, Philippe Ariès e Jean-Pierre Vernant, compreendendo as esferas imagéticas, estilísticas e textuais da morte, considerando os aspectos históricos e sociais. Apoiamo-nos nos estudos de Le Goff (1984), Herman Braet (1980), Werner Verbeke (1996), Erich Auerbach (1971), Roger Chartier (2007), José Luiz Fiorin (2018), Léon Gautier(1875), Jean- Claude Schmitt (1999), dentre outros.
  • CAIO CESAR MARTINO
  • MONTEIRO LOBATO À LUZ DAS PESQUISAS ACADÊMICO-CIENTÍFICAS SOBRE SEU PAPEL DE TRADUTOR: uma perspectiva bibliográfica e bibliométrica em artigos em contexto brasileiro
  • Orientador : ROBERTO CARLOS DE ASSIS
  • Data: 18/06/2021
  • Hora: 14:30
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  • Este trabalho teve como objetivo mapear publicações acadêmicas de artigos científicos, no contexto brasileiro, sobre Monteiro Lobato no papel de tradutor, identificando suas datas de publicação e autoria, bem como as afiliações dos autores, e regiões geográficas das instituições às quais estão vinculados, numa perspectiva que dialoga com estudos bibliométricos em sua interface com os Estudos da Tradução. Para examinar a abordagem dos pesquisadores em relação a Monteiro Lobato como tradutor, conduziu-se uma pesquisa bibliográfica com revisão sistemática qualitativa. O levantamento foi realizado em duas plataformas online, a saber: o Portal de Periódicos da CAPES, e o SciELo. De uma amostra inicial de 172 artigos, um total de 73 textos que combinavam os termos de busca ‘Monteiro Lobato’ e ‘tradução’ foram analisados. A análise desses artigos evidenciou que Monteiro Lobato e sua produção literária e tradutória são o foco de trabalhos de (ou, ao menos, mencionados em) variadas áreas do conhecimento; que há poucos artigos que discutem aspectos das traduções de Monteiro Lobato, mais especificamente dentro dos Estudos da Tradução; que os trabalhos que consideram as traduções de Monteiro Lobato como adaptações geralmente não se ocupam de apresentar uma definição clara desse termo. De um ponto de vista quantitativo, a maioria dos estudos sobre Monteiro Lobato encontrados nas duas bases de dados utilizadas são desenvolvidos por pesquisadores com vínculo institucional na região sudeste do Brasil, especificamente, no Estado de São Paulo, sendo a USP a instituição que concentra o maior número de estudos sobre Monteiro Lobato.
  • JHONATAN LEAL DA COSTA
  • POR QUE AS PESSOAS TRAEM? UM RETORNO DA PSICANÁLISE AOS MITOS INDÍGENAS E ÀS TRAGÉDIAS EURIPIDIANAS PARA SE COMPREENDER AS ORIGENS DO ADULTÉRIO
  • Data: 15/06/2021
  • Hora: 09:00
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  • Essa tese possui como objetivo principal compreender por que as pessoas cometem o adultério. Para tanto, problematizamos as origens da infidelidade conjugal através da psicanálise freudiana, de mitos indígenas coletados em território brasileiro por Betty Mindlin (1993) e de tragédias euripidianas. Polêmico, controverso e ambivalente, o adultério existe, segundo estudiosos como Helen Fisher (1995), Thimothy Taylor (1997) e Peter Stearns (2010), desde que a ideia de exclusividade sexual foi estabelecida. Identificada em todas as épocas e sociedades até então investigadas, a infidelidade conjugal, apesar de ter acompanhado a evolução da humanidade enquanto prática sociossexual, costuma ser imbuída, tanto por artistas quanto por civis, de representações, sentimentos e valores paradoxais. Por mais que o adultério costume ser amplamente compreendido como a ruptura da exclusividade sexual entre cônjuges, o fato é que a sua definição tende a variar de cultura para cultura, de período para período e, atualmente, de casal para casal e de sujeito para sujeito. Porém, mesmo com todas as variações e diferentes possibilidades de se constatar a incidência de uma traição amorosa, o fato é que, de maneira universal e atemporal, o adultério tende a ser considerado uma transgressão. Talvez por isso, a infidelidade conjugal tenha sido tema recorrente nas obras literárias, usado por escritores que, no atravessar dos séculos, buscaram representar, entender, problematizar, sublimar ou nos entreter com a intensidade das volúpias e dos infortúnios que comumente regem as quebras dos juramentos afetivos e sexuais. Nesse cenário, problematizamos: por que as pessoas traem? Quais as origens históricas e psíquicas da infidelidade conjugal? A quem se é infiel quando se trai? Nossa tese é a de que o adultério tem a sua gênese e o seu prazer primordial na fantasia psíquica, por acreditarmos poder ser ele uma experiência inconsciente de tentativa de realização de fantasias originárias, conforme estabelecidas por Sigmund Freud (2019): visão da cena primitiva, sedução, castração e retorno ao útero materno. Partiremos da hipótese de que os mitos indígenas e as tragédias gregas, quando representam o tema do adultério, em alguma medida também fazem alusão à uma ou mais fantasias originárias. Ao nos colocarmos apenas como um ponto de vista, ideológico e inevitavelmente faltoso sobre um assunto tão vasto como o da infidelidade conjugal na mitologia e nos textos antigos, delimitamos cinco mitos indígenas e duas tragédias gregas que melhor ilustrarão as nossas ideias: “O namoro malandro”, “Um namoradoAnta”, “O homem do pau cumprido”, “Berewekoronti, o marido cruel e a mulher traidora” e “O amante Txopokod e a menina do pinguelo gigante”, todos (re)contados por Betty Mindlin (2014); de Eurípides (2015), o nosso enfoque recai sobre as tragédias Hipólito (428 a.C.) e Medeia (431 a.C.), ainda que não tenhamos o objetivo de fazer um trabalho de profunda análise literária. Trabalhamos, principalmente, por um viés psicanalítico, mais precisamente em uma abordagem freudiana, uma vez que Freud calcou boa parte de sua teoria em tragédias e mitos antigos. A pesquisa está articulada em quatro capítulos: o primeiro compreende o adultério na Pré-História e na Antiguidade; o segundo e o terceiro trazem conceitos e casos basilares da psicanálise freudiana, articulados, por nós, às noções de infidelidade; e o quarto, em uma perspectiva da teoria literária, busca elucidar a genealogia e as formas dos mitos indígenas, das tragédias gregas euripidianas, de como abordá-los psicanaliticamente, e de como esses textos ancestrais podem contribuir no entendimento das origens do adultério. A ideia é a de que as análises psicanalíticas ajudem a melhor compreender o tema da infidelidade conjugal nas formas como essa prática afetiva e sexual foram talhadas pelas narrativas em discussão, obras essas que remontam aos primórdios da humanidade. Nas considerações, a avaliação geral de nossos resultados e a validação de nossa tese, que ressoa na ambiguidade com que o adultério pode ser, ao mesmo tempo, uma tentativa de fuga e (re)encontro.
  • JOÃO BATISTA ALVES DE OLIVEIRA FILHO
  • ANÁLISE VERBO-VISUAL DE TEXTOS LITERÁRIOS ADAPTADOS PARA A COMUNIDADE SURDA
  • Data: 09/06/2021
  • Hora: 09:00
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  • O presente trabalho trata-se de uma análise semiótica de duas obras de literatura surda: Cinderela surda e O Feijãozinho surdo. Elas são adaptadas para a cultura surda, por isso, contém o texto escrito em Libras, pelo sistema Sutton SignWriting, e em português que são acompanhados por ilustrações. As bases teóricas da pesquisa foram apoiadas na categoria de ideologia de Bakhtin e na verbo-visualidade de Brait. O objetivo geral da pesquisa é: analisar a produção de sentido do texto verbo-visual presente na literatura adaptada para surdos. Os objetivos específicos são: identificar quais são os aspectos que sofreram adaptação dos clássicos da literatura infantil ouvinte ao ser adaptado à cultura surda; analisar a ideologia presente no texto verbo-visual; averiguar se a cultura e a subjetividade surda são representadas nas imagens, na escrita de sinais e no português. Adotamos a metodologia qualitativa de caráter documental com técnica de análise da produção de sentido no texto verbo-visual e seus corpora foram as duas obras citadas acima. Os dados apontaram que as obras são textos verbos-visuais e apresentam as ideologias sobre a comunidade surda: educação, história, família e ouvintismo.
  • MAYSA RAMOS VIEIRA
  • O PASSARINHO DIFERENTE: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA NA LITERATURA SURDA
  • Data: 31/05/2021
  • Hora: 14:00
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  • Com as conquistas a partir do status linguístico que a Lei 10.436/2002 trouxe para a comunidade surda brasileira, muitos estudos surgiram voltados para a Libras. Desde então, podemos perceber que as produções culturais desta comunidade linguística ganharam uma maior visibilidade, dentre estas, a produção literária, através de textos sinalizados, e na escrita de sinais. Porém, ainda é muito recente se pensarmos que a primeira coletânea com registro fílmico da Literatura Surda Brasileira foi publicada no ano de 2021, completando 22 anos. Com base neste marco, surgiu o interesse em analisar uma das obras presentes nessa coletânea pioneira, a fábula intitulada O passarinho diferente, relacionando a teoria da Semiótica Greimasiana com os estudos sobre a Cultura Surda. Em nossa leitura analítica, percebe-se que o caráter semiótico presente na narrativa alegórica proposta corrobora com a estrutura visual que a língua de sinais apresenta. Esta pesquisa foi guiada através do olhar dos autores Rastier (2010), Barros (2002) e Fiorin (1989), Strobel (2008), Segala (2010), Peixoto (2016), dentre outros. Teve como objetivos realizar um resgate histórico da literatura surda e do gênero fábula, traduzir pela primeira vez para a língua portuguesa a obra selecionada, analisar a obra com base nos três níveis da Semiótica Greimasiana (Fundamental, Narrativo e Discursivo) e relacionar as características encontradas na fábula com os artefatos culturais elencados por Strobel (2008). Assim, foi possível abordar questões intrínsecas à subjetividade dos sujeitos surdos reconhecidas ao ter acesso à obra, e levantar reflexões relevantes, tanto para a representatividade dos surdos na arte, quanto para os ouvintes inseridos nesta comunidade. Além disso, através da tradução para Língua Portuguesa e da análise do sentido realizadas neste trabalho, a sociedade, de modo geral ouvintes não fluentes na Libras, terá o privilégio de mergulhar nesta obra que guia o leitor para uma viagem ao mundo dos surdos.
  • LIGIO JOSIAS GOMES DE SOUSA
  • VIDA E OBRA DO POETA POPULAR SURDO MAURÍCIO BARRETO: UM ESTUDO DE ABORDAGEM SEMIÓTICA
  • Data: 28/05/2021
  • Hora: 14:00
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  • Embora os sujeitos surdos brasileiros compartilhem da mesma nacionalidade dos ouvintes, eles apresentam aspectos diferentes por se desenvolverem como cidadãos biculturais e bilíngues, e possuem aspectos peculiares da sua própria cultura, a cultura do povo surdo, que consiste em um povo sem demarcação geográfica. Sendo assim, este estudo pretende promover um melhor conhecimento por parte da sociedade brasileira sobre a cultura surda, sua língua, valores e crenças, a partir da teoria abordada pela Semiótica Greimasiana dialogando com os estudos sobre a Cultura Surda, com base nos autores Diana Barros, José Luiz Fiorin, Fátima Batista entre outros como Hall, Strobel e Peixoto. A proposta do presente trabalho foi estudar sobre a vida e obra do poeta popular nordestino, surdo, Maurício Barreto, em especial a poesia intitulada 24 de abril Lei da Libras, assim como, catalogar as suas obras (de todos os gêneros), fazer um levantamento biográfico do poeta e por fim, analisar a poesia escolhida com base nos três níveis de estudo semiótico: fundamental, narrativo e discursivo. Podendo assim mostrar a riqueza dessa Literatura, além de promover a preservação e a valorização desta herança cultural que é a Literatura Surda.
  • GILBÉRIA FELIPE ALVES DINIZ
  • Entre a Residualidade e a transtextualidade. Uma análise da influência de Kalila e Dimna em El Conde Lucanor de Don Juan Manuel
  • Data: 21/05/2021
  • Hora: 09:00
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  • El Conde Lucanor pode ser considerado uma das mais importantes obras da Europa Medieval, tendo sido composta no século XIV.Os contos têm uma finalidade didática ese apresentam como um manual de instrução para aqueles que desejam tomar decisões sábias diante das inúmeras possibilidades. Esta narrativa não surgiu sozinha. Don Juan Manuel, autor da obra, utilizou inúmeras fontes que influenciaram,diretamente, a escrita desse texto, fazendo com que esse livro se tornasse o mais importante da sua trajetória intelectual. Entre as várias fontes, encontra-se Kalila e Dimna, primeira narrativa oriental a ser traduzida para língua romance. Esta obra apresenta uma compilação de histórias que expõem muitas situações que são resolvidas através da moral apresentada na fábula. As duas obras exibem semelhanças tanto sua estrutura como na temática, posto que, Juan Manuel tinha muito contato com as traduções das narrativas orientais deixadas pelo legado do seu tio Alfonso X.Sendo assim, este trabalho pretende analisar, à luz da teoria de Gérard Genette (2010)e Roberto Pontes (2017), como esta relação acontece, isto é, de que maneira Juan Manuel desdobra em seus contos elementos da literatura Oriental. Além dos teóricos responsáveis pela parte metodológica desta dissertação, cabe acrescentar Gómez Redondo (1987), Mamede Mustafa Jarouche (2005) e María Jesús Lacarra (2006), que são os principais autores que fundamentam o corpus da análise literária.
  • SHEYLA MARIA LIMA OLIVEIRA
  • MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: UM ESTUDO SOBRE A PROBLEMATICIDADE DO HERÓI MACHADIANO
  • Data: 30/04/2021
  • Hora: 09:00
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  • O presente trabalho de dissertação consiste em analisar o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicado em 1881, a partir dos conceitos postulados por Georg Lukács em sua Teoria do Romance (2009). Com efeito, o cerne de nossa análise é, especificamente, investigar o perfil do protagonista Brás Cubas, observando quais são os aspectos que constituem a sua problematicidade, ou seja, o conflito existente entre a interioridade e o mundo externo. Em sua obra, Lukács parte da epopeia para mostrar a fragmentariedade do sujeito representado no romance moderno, no qual a relação homem/mundo torna-se problemática pela dissonância, permanente desavença, entre a primeira e a segunda natureza. Desta sorte, podemos encontrar no personagem machadiano, características que o configuram como um herói problemático da tipologia lukacsiana. A abordagem dessa categoria narrativa baseia-se no cinismo, na ironia, nas tentativas de autenticidade e na volubilidade, aspectos que se destacam ao longo dos capítulos. A metodologia utilizada em nosso percurso investigativo é de cunho bibliográfico, com a leitura imanente da obra, bem como, mapeamentos a fim de priorizar os momentos nos quais a dimensão problemática de Brás Cubas é evidenciada. Acerca dos referenciais que compõem a longa fortuna crítica de Machado de Assis, trabalhamos, prioritariamente, as apreciações de Antonio Candido (2014), Alfredo Bosi (2015), Raymundo Faoro (2001), Valentim Facioli (2008), Roberto Schwarz (2012), entre outros, que dialogam diretamente com nossa análise. Com efeito, a leitura que empreendemos aqui nos permite demonstrar que os aspectos intrínsecos ao perfil de Brás Cubas coadunam com as concepções de Lukács, desse modo o protagonista transcende a tipologia lukacsiana. Assim, o classificamos como herói problemático híbrido.
  • ALINE SOUZA MELCHIADES
  • O RELATO DE SI EM JOÃO VÊNCIO: OS SEUS AMORES DE LUANDINO VIEIRA – DO NARRADOR À SOCIEDADE LUANDENSE
  • Data: 29/04/2021
  • Hora: 14:00
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  • Este projeto objetiva realizar um estudo acerca do relato de si realizado pelo narrador personagem protagonista do romance João Vêncio: os seus amores, escrito em 1968 e publicado em 1979, cuja autoria é do escritor luso-angolano José Luandino Vieira. De acordo com Butler (2017), o sujeito não pode narrar a si mesmo sem assumir determinada responsabilidade pelas condições sociais em que surge. Nesse sentido, destacamos o discurso do narrador como categoria analítica capaz de ressignificar o plano social, subverter e descolonizar a opressão e violências agenciadas pelo sistema colonial, no cenário angolano. Contribuem para a fundamentação deste trabalho Chaves (2005), que discorre de maneira ampla sobre experiência colonial e os territórios literários; Hamilton (1999), que retrata a literatura dos Palop; Tutikian (2006) e Hall (2005), ambos analisando a questão da identidade; Santos (2009), que se posiciona a respeito de o discurso entre o narrador e o narratário; Macêdo (2002, 2004) discutindo a concepção do “pretoguês” e a temática da geografia de Luanda nas ficções angolanas; Butler (2017), trazendo uma abordagem social do relato de si, Mignolo (2017), abrangendo uma perspectiva decolonial; Candau (2011), relacionando memória e identidade, Halbwacks (1990) discorrendo sobre a memória individual e coletiva; Kilomba (2019), abordando a questão da dupla alteridade da mulher negra como consequência da opressão do sistema colonial; Foucault (1999), discorrendo sobre a vigilância das instituições e a representação do Panóptico; Bourdieu (2012), considerando a ideia da virilidade como representação da dominação masculina; (MERUJE; ROSA, 2013), discorrendo sobre a concepção do rito sacrificial elucidado por Girard (1979); Torres (2009), refletindo sobre as questões da colonização do ser, saber e poder; Fanon (1997, 2008), discutindo sobre a consciência colonial e o reconhecimento do sujeito outrorizado, inserido nesse sistema opressor; Mbembe (2001, 2018), discutindo sobre a tendência das produções literárias africanas de reinventar ou ressignificar as tradições do universo africano e a problemática racial, no âmbito psicológico dos sujeitos outrorizados; Žižec (2014), argumentando sobre as violências subjetivas e objetivas, as quais associamos em nosso estudo às marcas do sistema colonial dominante e opressor.
  • IVSON BRUNO DA SILVA
  • TERRITÓRIOS DO FANTÁSTICO EM PERNAMBUCO: O ESPAÇO EM NARRATIVAS DE GILBERTO FREYRE E JAYME GRIZ
  • Data: 29/04/2021
  • Hora: 14:00
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  • Condicionada pelo estigma da transgressão da realidade, a literatura fantástica produzida em Pernambuco tem representações no eixo urbano de Recife e nas regiões do interior do estado. As obras Assombrações do Recife velho, de Gilberto Freyre, e O lobishomem da porteira velha, de Jayme Griz, albergam o universo misterioso e incógnito condenado pelas leis racionais e cultivado pelo imaginário social. Tematizando as tradições, os ritos, o misticismo, a religiosidade e os assombramentos que cercam os indivíduos, os livros se alicerçam nas circunstâncias inexplicáveis que inquietam o cotidiano do homem. Com foco nos ditames das ordens que se opõem ao real, esta dissertação de mestrado objetiva analisar o espaço ocupado pelo fantástico no relato freyreano “O sobrado da Estrela” e no conto griziano “O lobishomem da porteira velha”. Antecede à investigação a exploração dos aspectos biográficos e bibliográficos dos autores pernambucanos, em liame com a recepção crítica dos textos. No que tange às proposições teóricas sobre o fantástico, as leituras de Charles Nodier, Tzvetan Todorov, Irene Bessière, Felipe Furtado, Remo Ceserani e David Roas iluminam a compreensão acerca da evolução dos estudos do insólito ficcional. Já a espacialidade literária tem nos pressupostos de Antonio Candido, Osman Lins, Antonio Dimas e Luis Alberto Brandão a validade no âmbito da estética. Na análise do relato de Freyre, é possível perceber que os sobrados são moradas de visagens, cuja dinâmica espacial, dentro e fora das casas, é modificada pelas ações incomuns dos fantasmas. À luz da manutenção de vínculos com o contexto, a narrativa estabelece correspondência entre as assombrações recifenses e a história da cidade, marcada pelo progresso no período colonial e pelas lutas político-sociais. De forma análoga, a fantasticidade ganha destaque no mundo agrário do conto de Griz, amalgamado pelas crendices regionais do engenho, pelo mito do lobisomem e pelas alusões aos traços folclóricos e socioculturais. Nele, a fronteira entre o possível e o impossível é uma porteira, espaço onde as personagens são ameaçadas pela irrupção do sobrenatural. No contraste dicotômico entre o urbano e o rural, o real e o irreal, os prismas intra- e extratextuais, as narrativas engendram a ruptura com os quadros de referência da realidade e postulam a crise entre as convicções humanas e o fantástico.
  • THÁRCILA ELLEN AIRES BEZERRA
  • IMPLEMENTAÇÃO DO ROTEIRO DIDÁTICO METAPROCEDIMENTAL NUMA TURMA DE ENSINO MÉDIO: EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E REVERBERAÇÕES
  • Data: 28/04/2021
  • Hora: 14:00
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  • Neste trabalho, analisamos os relatos escritos e orais referentes à leitura literária realizada por duas turmas do 3º ano do Ensino Médio da Escola Cidadã Integral Lyceu Paraibano, localizada na cidade de João Pessoa-PB, em contexto de sequências didáticas criadas, organizadas e implementadas pela autora desta pesquisa, no dia 02 de dezembro de 2019. Tal empreendimento objetivou analisar, através do uso do Roteiro Didático Metaprocedimental (RDM), o desenvolvimento do processo de ficcionalização em leitura literária dos alunos, via relatos de sua experiência estética com o texto. O referido instrumento foi criado e testado pelos Programas CANAL 67 (Cinema Articulado às Noções de Antropologia Literária, sexta e sétima artes) e PARDAL (Programa de Aplicação do Roteiro Didático Metaprocedimental em Antropologia Literária) que abarcavam projetos do PIBIC, PROLICEN e PROBEX da Universidade Federal da Paraíba, nos anos de 2015 a 2019. Trata-se de um instrumento esteado teoricamente no pensamento do crítico alemão Wolfgang Iser para o ato de leitura ficcional. Para alcançarmos o propósito ora apresentado, nossos objetivos específicos consistiram em: selecionar duas turmas do Ensino Médio, uma intitulada Grupo de Controle (GC), e a outra, Grupo de Tratamento (GT); observar o método utilizado pela docente para o ensino da leitura literária; escolher um curta-metragem e um conto, juntamente com a docente, considerando o conceito iseriano de Repertório e o conceito vygotskiano de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) dos alunos; planejar sequências didáticas com e sem a utilização do RDM; implementar as sequências; avaliar suas produções à luz do referencial teórico; e comparar seus resultados. No dia programado, realizamos vivências de apresentação e significação nos dois grupos, esta visando o compartilhamento da leitura pelos alunos e aquela a apresentação dos participantes. A diferença foi a seguinte: no GT exibimos o curta-metragem The Maker (KEZELOS, 2015), analisado verbalmente e em conjunto, seguindo a proposta do RDM. Após, lemos o conto A partida, de Osman Lins (2003 [1957]) e solicitamos aos alunos que também o analisassem, porém, desta vez, de forma escrita. Já no GC, o curta e o Roteiro não foram utilizados. As produções escritas deveriam relatar as experiências e percepções dos estudantes em relação ao conto. Em síntese, desenvolvemos dois estudos: um com o GC, que não recebeu a mediação guiada pelo RDM, e outro, com o GT, aquele no qual o RDM foi utilizado. Comparamos os resultados obtidos, o que permitiu demonstrar que no Grupo de Tratamento houve um maior detalhamento dos processos de leitura dos alunos. Inferimos, assim, que o uso do RDM concorreu para o desenvolvimento do processo de ficcionalização em leitura literária dos alunos participantes do presente estudo. Esses resultados possibilitaram, por conseguinte, a comprovação da eficácia e eficiência do RDM, bem como a discussão de suas possíveis reverberações metodológicas e teóricas.
  • ELIZA DE SOUZA SILVA ARAÚJO
  • MORRISON, ANGELOU E EVARISTO: MULHERES NEGRAS E ESCRITA REVOLUCIONÁRIA
  • Data: 13/04/2021
  • Hora: 14:00
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  • Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar, a partir de uma abordagem comparativa, interdisciplinar e transnacional as três narrativas O olho mais azul (Toni Morrison), Eu sei por que o pássaro canta na gaiola (Maya Angelou) e Becos da memória (Conceição Evaristo). Nestes três textos literários, observo que mulheres negras que escrevem narrativas nos importantes momentos históricos que se apresentam nos Estados Unidos e Brasil quando da publicação desses volumes, inovam tanto no que diz respeito aos temas que abordam em suas escritas, quanto no que se refere aos recursos distintos que trazem à forma narrativa. Alguns desses elementos narratológicos seriam a estética do jazz (SMALL-MCCARTHY, 1995), a rememória (MORRISON, 2019) e a escrevivência (EVARISTO, 2005; 2007). Considero, então, a escrita dessas mulheres negras como revolucionária, tanto do ponto de vista artístico quanto do político. Enquanto as narrativas em tela discorrem sobre questões também exploradas pela agenda do feminismo negro (no contexto estadunidense e no brasileiro), o feminismo negro aponta a quase total ausência de discussão quanto à condição interseccional que afeta as mulheres negras mesmo dentro do feminismo (CRENSHAW, 1989). Revisitando registros e análises históricas, sociológicas e políticas sobre o Black Power Movement, Black Arts Movement e o Movimento Negro Unificado, apresento uma leitura dos textos literários das três autoras enfocadas em diálogo e contraponto com a práxis e as concepções desses movimentos. As narrativas deste corpus não somente apresentam novas perspectivas no campo político e artístico, como reinstauram a discussão sobre o cânone literário supostamente universal, questionando seus históricos apagamentos. Com as análises das narrativas, que são aqui articuladas e embasadas em discussões interdisciplinares com pressupostos da Literatura, História, Sociologia e Ciência Política, pretende-se expandir uma compreensão das dimensões da estética negra tanto no contexto estadunidense como no brasileiro e destacar como mulheres negras que escrevem literatura trazem novas dimensões e legados ao universo da escrita, do conhecimento e da arte, tendo desde sempre lutado por sua participação tanto no campo literário como no político.
  • REGINALDO CLECIO DOS SANTOS
  • A PROSA DE FICÇÃO FRANCESA NOS PERIÓDICOS DIÁRIO DE PERNAMBUCO, O LIBERAL PERNAMBUCANO E JORNAL DO RECIFE (1850-1870): JOSEPH MÉRY E O PÚBLICO LEITOR
  • Data: 31/03/2021
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho teve como objetivo reconstituir os modos de circulação da prosa de ficção nos jornais periódicos de Recife, capital da província de Pernambuco, entre 1850 e 1870. A pesquisa contou com o levantamento de autores e autoras que estiveram presentes nas seções destinadas à prosa de ficção – “Folhetim”, “Variedades”, “Miscelâneas”, etc. – bem como nas colunas de comentários variados sobre a vida cultural da província dos jornais Diário de Pernambucano, Jornal do Recife e O Liberal Pernambucano. Paralelamente a esse levantamento, foi feita uma pesquisa bibliográfica que objetivou reconstituir os primeiros passos da história da tipografia, da imprensa periódica, bem como de reconstruir fragmentos de memória de sujeitos e de instituições direta ou indiretamente envolvidos na circulação da cultura escrita em Pernambuco no século XIX. Ganharam destaque, nessa parte da pesquisa, artigos publicados na Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco nas décadas finais do Oitocentos, além das pesquisas de pioneiros como Alfredo de Carvalho (1906), Gilberto Freyre (1979) e Luiz do Nascimento (1966; 1968), desenvolvidas ao longo do século XX. Para analisar os dados coligidos nos periódicos recifenses, foram utilizados pressupostos da História Cultural, sobretudo as noções relacionadas às práticas e aos modos de circulação de materiais impressos em determinadas comunidades de leitores, bem como às representações construídas por essas comunidades a partir de apropriações e representações específicas (ABREU, 2003a, 2003b; BARBOSA, 2007; CHARTIER, 1999, 2012; MEYER, 1996, 1998). O levantamento empreendido demonstrou a presença majoritária, quase exclusiva, da prosa de ficção produzida na França, por autores e autoras célebres como Amédée Achard (1814-1875), Paul Féval (1816-1887), Delphine de Girardin (1804-1855), que circulou em Paris por meio de publicações periódicas a exemplo da Revue de Paris, da Revue des Deux Mondes e do jornal diário La Presse, com destaque para um autor praticamente esquecido até pela historiografia literária francesa: Joseph Méry (1797-1866). Ao que tudo indica, esse autor, nascido em Marselha, foi um dos autores preferidos do público leitor recifense, haja vista o comparecimento significativo das prosas de ficção de sua autoria e dos comentários sobre sua produção nos periódicos pesquisados. A partir da análise, torna-se possível afirmar que a prosa de ficção, majoritariamente oriunda dos impressos periódicos franceses, em circulação nos jornais periódicos recifenses na metade do século XIX, demonstra indícios de critérios de seleção de textos ficcionais por parte de redatores e demais envolvidos no processo de tradução e veiculação, relacionados intimamente com o gosto e o imaginário de pelo menos uma parte do público leitor pernambucano.
  • THIAGO DA SILVA ALMEIDA
  • A LITERATURA VEICULADA PELA CAMPANHA DA FRATERNIDADE: SIGNIFICAÇÃO E CULTURA.
  • Data: 30/03/2021
  • Hora: 16:00
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  • Esta tese objetiva analisar, do ponto de vista semiótico, as significações culturais presentes em textos literários, veiculados pela Campanha da Fraternidade cuja celebração passou por reformulações no que diz respeito ao direcionamento das suas escolhas desde a sua primeira edição na década de sessenta. Em um primeiro momento, a Igreja centrava-se na renovação de sua estrutura interna. Depois, começou a se preocupar com a realidade social do povo, mas o fazendo, ainda, internamente. Por fim, a Igreja passa a se interessar pelas questões existenciais do povo brasileiro, porém agindo de maneira mais proativa e participativa na sociedade. É neste terceiro momento que o presente trabalho delimita seu enfoque, especificamente a partir de 1985, quando se findou o regime militar brasileiro, até a primeira década do século XXI. A proposta metodológica empregada, de natureza interpretativa e comparativa, utiliza como corpus hinos que são textos verbais em linguagem geralmente apelativa e cartazes, textos sincréticos que unem o verbal ao imagético. Estes são analisados com a base teórica da Semiótica das Culturas de linha francesa, principalmente as contribuições dos semioticistas François Rastier (2010) e Teodoro Pais (2009). Concebida como ciência da interpretação das significações culturais, compreende os saberes compartilhados, a visão de mundo e os sistemas de valores de um grupo sociocultural como parte integrante de uma identidade social. O trabalho está delimitado em três momentos: estudos teóricos sobre os fundamentos básicos da semiótica das culturas, seguidos de um panorama das principais tendências semióticas, como a norte-americana, a russa e a francesa. Em sequência, fez-se um breve histórico da Campanha da Fraternidade, com informações acerca das primeiras celebrações. Por fim, realizou-se o trabalho analítico do corpus que mostrou uma cultura centrada na inclusão e na aceitação das diferenças.
  • NEMUEL GONÇALVES DE LIMA
  • CULTURA SURDA EM QUADRINHOS: Uma análise semiótica de tirinhas da coletânea “that deaf guy – a wide ride”
  • Data: 25/03/2021
  • Hora: 14:30
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  • Esse trabalho é um estudo semiótico das significações em torno do surdo e dos valores expressos, culturalmente, através dos textos que compõem o acervo literário do povo surdo, à exemplo das histórias em quadrinhos de Matt e Kay Daigle (2014) que compõem o corpus dessa pesquisa. A obra “That Deaf Guy: A wild ride!” é um produto cultural e objeto de investigação extremamente valioso que nos leva a descobrir aspectos históricos, sociais e culturais dos sujeitos surdos. Para isso, tomamos como suporte teórico a semiótica de linha francesa, considerando, em especial, a metodologia do percurso da significação de Greimas destacando as três estruturas: narrativa, discursiva e fundamental que foi completada com estudos sobre as significações culturais presentes no texto. Trata-se de um estudo analítico, interpretativo e comparativo. Os resultados encontrados destacam a tematização, os valores culturais, os percursos e as significações geradas nos quadrinhos de autores surdos. Tal análise possibilita a visualização de elementos que influenciam na construção da significação nas histórias em quadrinhos e na atmosfera semiótica da cultura surda.
  • ISABOR MENESES QUINTIERE
  • O abismo como espelho: formas e efeitos da metaficção em O assassino cego, de Margaret Atwood
  • Data: 19/03/2021
  • Hora: 14:30
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  • O objetivo deste trabalho é analisar o romance O assassino cego (2000), de Margaret Atwood, focalizando os aspectos metaficcionais da obra e observando a articulação entre metaficção e subjetividade dos personagens em seus múltiplos níveis diegéticos. Para tanto, temos um capítulo inicial dedicado aos conceitos de metaficção e mise en abyme, com base teórica de Gass (1980), Dällenbach (1980), Ron (1987), Waugh (2001), Bernardo (2010) e Hutcheon (2013), e de subjetividade na ficção, partindo de escritos de Lodge (1992), Culler (1999), Candido (2009), Wood (2012) e Todorov (2013), além de nos voltarmos para Genette (2010) e Rajewsky (2012) para tratarmos da intermidialidade observada no corpus. No segundo capítulo, é analisada a metaficção enquanto alicerce do romance de Atwood, considerando quatro pontos principais da narrativa e separando-os em níveis. Os resultados obtidos através dessa análise mostram como os recursos metaficcionais são utilizados para compor a fragmentação na caracterização das personagens de O assassino cego, apresentando a metaficção de uma perspectiva não apenas formalista como também dotada de subjetividade e crítica sociopolítica. Este trabalho acrescenta também à teoria já existente acerca deste corpus, considerando que outras pesquisas tendem a conferir menor importância à sua composição estético-formal e focalizar os aspectos de feminismo e gênero presentes na obra, enquanto neste é trabalhada especialmente a articulação entre experiência e forma.
  • RENATA ESCARIAO PARENTE
  • ESCRITA DE SI E VOZ NARRATIVA EM HOSPÍCIO É DEUS E O SOFREDOR DO VER, DE MAURA LOPES CANÇADO
  • Data: 17/03/2021
  • Hora: 08:00
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  • A pesquisa tem por objetivo investigar como a escritora mineira Maura Lopes Cançado constrói representações de si em suas narrativas ficcionais e de não ficção nos livros Hospício é Deus — Diário I (1965) e O sofredor do ver (1968), em especial, a representação da autora-narradora-personagem, como ponto de partida para a discussão sobre a escrita de si, a escrita de mulheres e a relação entre a escrita de si e a literatura da urgência, produzida em situações-limite. Para tal, nos referenciamos em autores(as) como Foucault (1992), Arfuch (2010), Maciel (2009), Woodward (2000), Schmidt (2014), Klinger (2006) e Hidalgo (2008). Além de estudar como a voz narrativa em Cançado se apresenta no Diário e nos contos “Espiral ascendente”; “No quadrado de Joana”; “Introdução a Alda”; e “Pavana”, buscando suporte teórico em autores como Lejeune (2008), Reis e Lopes (1988), Sarlo (2007), Wadi (2011), Engel (2006) e Porter (1990), verificamos o diálogo entre essas vozes, e como, nesse diálogo, aparecem temas cruciais em Cançado, como gênero, memória, o cotidiano e os diagnósticos limitantes dentro de uma instituição psiquiátrica, no caso, em torno da esquizofrenia. Também produzimos um perfil biográfico sobre a autora, contribuindo com um registro sistematizado sobre sua trajetória, método essencial também para as discussões sobre escrita de si. Nossa hipótese é que o motivo do sentimento de rejeição e inadequação apresentado por Cançado, em vários momentos das suas narrativas, não se restringe às suas internações e à sua possível condição de esquizofrênica, mas também à sua condição de mulher, com um comportamento inadequado para os padrões da época, que acaba por ser segregada. Também defendemos que sua escrita é uma ferramenta de sobrevivência e denúncia, refletindo não apenas suas vivências enquanto mulher interna em uma instituição psiquiátrica, mas reflete também a realidade de tantas outras mulheres com as quais conviveu, sobre as quais escreveu e que socialmente representa.
  • LUCAS NEVES VERAS
  • Da novela ao filme: processos adaptativos e intermidiáticos na articulação entre história de iniciação e espaço em The cement garden
  • Data: 11/03/2021
  • Hora: 09:30
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  • A presente dissertação tem como objetivo analisar a história de iniciação em articulação com o espaço na novela The cement garden (1978), de Ian McEwan, em comparação com sua adaptação fílmica, de mesmo nome, dirigida por Andrew Birkin, em 1993. Por estarmos investigando um texto literário em diálogo com sua adaptação fílmica é importante delinear como cada linguagem é utilizada para a construção da história de iniciação. Para tanto, levaremos em conta as potencialidades de ambas as linguagens audiovisual e literária à luz da teoria da adaptação e da intermidialidade, com textos de Rajewski (2012), Straumann (2015) e Gaudreault e Marion (2012). Por se tratar de um contexto de história de iniciação, em que subjetividades são questionadas e desconstruídas, em que também se faz presente a perda da inocência, Marcus (1976) e Lacan (1977) foram utilizados com o objetivo de compreender como se dá esse processo. Ambas as obras levantam questões sobre as consequências que a orfandade e o isolamento – quando presentes em um contexto de construção de identidade – podem trazer; por essa razão, também foi utilizado Culler (1999) a fim de complementar a discussão acerca da construção de identidade, bem como teóricos que tratam das noções de espaço.
  • FRANCIS WILLAMS BRITO DA CONCEIÇÃO
  • COLONIALIDADE DO ESPAÇO E ESPIRALIDADE EM PONCIÁ VICÊNCIO
  • Data: 05/03/2021
  • Hora: 15:00
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  • Nesta pesquisa, realizamos um estudo da categoria espaço no romance Ponciá Vicêncio (2003), da escritora brasileira Conceição Evaristo, considerando a trajetória de deslocamentos de Ponciá e sua família sob o prisma dos estudos pós-coloniais/decoloniais e feministas. Inicialmente, lançamos um olhar crítico sobre a narrativa, através da perspectiva estrutural do espaço, atentando para os aportes teóricos de Antonio Candido (2014), Antônio Dimas (1987) e Luís Alberto Brandão (2013); em seguida, abordamos os elementos da configuração espacial como constituintes de um aparato colonial moderno na ficção evaristiana, enfatizando conceitos como movimento e regulação do território pelas marcações da diferença, a partir das discussões de Doreen Massey (2008), Gayatri Spivak (2019), Homi Bhabha (1998), Paul Gilroy (2012), entre outros. No segundo momento da pesquisa, articulamos a ideia de uma “Colonialidade do espaço”, formulação conceitual central nesta investigação, baseada nas leituras de Aníbal Quijano (2005), Édouard Glissant (1989), María Lugones (2019) e Walter Mignolo (2017), a fim de inferir que as personagens estão em um contexto de deslocamento da experiência histórica de origem, e, quer no espaço rural ou urbano, sem que haja o prejuízo de uma apreensão dicotômica dos cenários pelos quais elas transitam, ocorre a continuidade de uma lógica colonial, em que se empregam mecanismos opressores como o racismo, o sexismo e o separatismo espacial. Sendo assim, amparados pelas vozes que ecoam no feminismo negro e na teoria da interseccionalidade – como Carla Akotirene (2019), bell hooks (2019), Grada Kilomba (2019), Kimberlé Crenshaw (2002) e Lélia Gonzalez (2019) –, constatamos que a narrativa é perpassada por um Espaço espiralar (Fernanda Miranda, 2019; Leda Maria Martins, 2003); e a protagonista, em condição de deslocamento, performatiza uma trajetória de movimento, retorno e reinvenção, com o intuito de inscrever uma nova cartografia de possibilidades para a existência/resistência, que se realiza, segundo Leda Martins (2003, p. 65) e Spivak (2019, p. 268), por meio da estratégia de “consignação do espaço” e do processo de “refazer a história”. Sendo assim, esta pesquisa dissertativa nos permitiu chegar aos seguintes resultados: a protagonista e sua família se encontram em um espaço regulado pela colonialidade e se utilizam da performance – a exemplo das idas e vindas no tempo-espaço, do vazio, dos sentimentos de ausência e dos abortos – objetivando romper com a continuidade do controle colonial, sendo a espiralidade, portanto, um fundamento, que expressa tanto as intermitências das opressões de poder quanto as repetições das performances de insurgência das personagens.
  • JOSÉ ALEXANDRE CAVALCANTE DE MIRANDA
  • Do Surrealismo ao fantástico moderno: processos semióticos na obra de René Magritte e J. J. Veiga
  • Data: 04/03/2021
  • Hora: 14:30
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  • Tomando como subsídio a teoria Semiótica, analisou-se a presença do fantástico em quadros do pintor belga René Magritte e no romance do escritor brasileiro J. J. Veiga, visando descrever as estratégias semióticas da narração e da imagem de inspiração surrealista. A semiótica filosófica de Peirce constituiu a tendência escolhida, ampliada pelos conceitos da semiótica das culturas(a), no que tange à caracterização dos objetos culturais e da narrativa. Das nove células sígnicas formadas pelas tricotomias peirceanas, foram consideradas duas delas: o quali-signo e o índice, a partir das quais foram apontados quatro modelos ou estratégias semióticas responsáveis pelo efeito fantástico. São eles: (a) a distorção das propriedades do quali-signo, (b) os índices não confirmados, (c) a contrajunção e (d) a confrontação de opostos. Essas categorias foram estudadas em um corpus constituído de dezesseis quadros de Magritte: A traição das imagens (1928-29), O jóquei Perdido (1948), As férias de Hegel (1958), A resposta inesperada (1933), A canção da tempestade (1937), A batalha de Argonne (1959), O túmulo dos lutadores (1961), O mês da vindima (1959), O jogador secreto (1927), O além (1968), Os amantes (1928), Reprodução proibida (Retrato de Edward James) (1937), O assassino ameaçado (1926), O império das luzes (1954), A voz do silêncio (1928), A cascata (1961). Os textos imagéticos serão comparados com trechos do romance A hora dos ruminantes de Veiga. Traçou-se, a seguir, um panorama acerca das diferenças entre o fantástico tradicional e o moderno e o Surrealismo, surgido no momento histórico no qual a crise cultural e ideológica de uma Europa devastada após a Primeira Grande Guerra criou uma arte nonsense: o Dadaísmo, representativo da crise dos sistemas burgueses. O Surrealismo, porém, traria um novo método: acessar a zona cinzenta do inconsciente humano e assim revelar a verdade plena, aquela não sufocada pela previsibilidade dos sistemas burgueses. Daí a importância da caracterização do objeto surrealista, que seria aquele de utilização desconhecida ou, mais importante que isso, seria o objeto não vinculado a uma cultura opressora.
  • JANAINA DA CONCEIÇÃO JERONIMO LIRA
  • Haicai e Poesia Visual: Tessituras/ Tecituras da Poesia Brasileira à Luz da Semiótica
  • Data: 25/02/2021
  • Hora: 14:00
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  • Esta pesquisa dedicou-se ao estudo comparativo entre a poesia visual e o haicai, tendo como impulso investigativo as contribuições estéticas dessas formas poéticas para a poesia contemporânea em nosso país. Para tal fim, elegemos os poemas visuais de Augusto de Campos e os haicais de Paulo Leminski, verificamos, então, em quais aspectos a poética desses autores se aproxima e ou se distancia esteticamente e quais as consequências teóricas dessa aproximação ou distanciamento. Escolhemos para compor o corpus da pesquisa poemas de Augusto, distribuídos na obra: Viva Vaia (2014), que reúne poemas de 1959-1979. Utilizamos, de igual modo, haicais de Leminski, que apresentam recursos visuais em sua constituição, publicados pela primeira vez no livro Caprichos e Relaxos (1983), atualmente reunidos no livro Toda Poesia (2013). Constatamos que um dos vieses que aproxima a poética desses autores é uma inclinação para o diálogo com a tradição oriental, baseada no modo de compor inspirado nos ideogramas japoneses, cuja influência foi um “divisor de águas” para muitos poetas ocidentais, no século XX, reverberando igualmente nas produções do século XXI. Realizamos a análise do corpus da pesquisa à luz da Teoria Geral dos Signos, elaborada pelo pensador norte-americano Charles Sanders Peirce. Priorizamos, assim, as três categorias do signo que formam a mais importante das tricotomias consideradas pelo pesquisador norte-americano em sua gramática especulativa: o símbolo, o índice e o ícone; dessa última categoria, ressaltamos a sua subclassificação: a imagem, o diagrama e a metáfora. Utilizamos como aportes teóricos os estudos de Décio Pignatari (2004), Ezra Pound (2006), Ernest Fenollosa (2000), Expedito Ferraz Júnior (2012), Haroldo de Campos (2000), Winfried Nöth (2003), Lúcia Santaella (2012), Peirce (2015) (Roman Jakobson (1995), dentre outros autores.
  • SILVIA MARIA FERNANDES ALVES DA SILVA COSTA
  • A VIDA ESCRITA DO POETA ESCRAVO JUAN FRANCISCO MANZANO: CAMINHOS, PEDRAS E VERSOS
  • Data: 25/02/2021
  • Hora: 14:00
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  • Esta tese apresenta um estudo sobre a composição da Autobiografía de un esclavo, do poeta cubano Juan Francisco Manzano (1797?-1853), para determinar os procedimentos criativos da obra e verificar a possibilidade do seu texto autobiográfico ser fundacional na América Latina, construindo uma identidade e memória do negro, logo uma subversão da escrita colonial. Para isto, utilizou-se uma metodologia de natureza básica, enfoque qualitativo, nível exploratório e procedimentos de investigação bibliográfica, que deu suporte teórico à discussão, elucidando o assunto em questão, no intento de explicar o corpus deste estudo e a fim de reconhecer o autorretrato (ou a imagem) de Manzano, tanto direto quanto indiretamente. O texto autógrafo de Manzano foi escrito em 1835 por incentivo do crítico literário Domingo del Monte (1804-1853) e publicado em Londres em língua inglesa em 1840, uma vez que a censura metropolitana espanhola não permitia a publicação de textos com fundo escravocrata em Cuba. Porém, a primeira publicação em língua espanhola aconteceu em Havana em 1937 com base no texto autógrafo. Foi também baseado nesse texto, o qual está na Biblioteca Nacional José Martí em Havana, que William Luis fez a sua publicação em 2007 com todas as emendas e correções que este texto apresenta. É a partir dessa publicação que esta tese se desdobra, primeiramente, sob a perspectiva do “pacto autobiográfico”, de Philippe Lejeune (1994), que se comprovou a autenticidade da autobiografia de Manzano ao cumprir esse pacto. Ademais, utilizou-se sete das cartas de Manzano a Del Monte para apoiar esta análise e revelar a sua imagem ou o seu autorretrato direto. Posteriormente, estabeleceu-se o espaço autobiográfico do poeta em um diálogo possível entre a sua única peça teatral publicada, Zafira (1842) – supostamente uma história de colonização africana – e sete poesias selecionadas de Manzano com teor antiescravagista, todas analisadas sob o viés pós-colonial para desprender a imagem indireta do poeta. Finalmente, este estudo examinou a autobiografia, de Manzano, sob a ótica da psicodinâmica da oralidade em relação a psicodinâmica da escrita que, segundo Walter Ong (1998), diferenciam-se, o que permitiu determinar o fundamento da escrita literária latino-americana, sendo Manzano e sua autobiografia de fundamental importância no papel de construção da identidade do negro nas Américas.
  • LARISSA BRITO DOS SANTOS
  • EXPERIÊNCIA ESTÉTICA EM LOOPING: SOLIDÃO E MEMÓRIA NO DESVELAR DOS SENTIDOS
  • Data: 25/02/2021
  • Hora: 09:00
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  • A experiência estética é um fenômeno imanente, porém, conhecer como ocorre o processo de atribuição de sentido na interação com um texto é fundamental para que o ensino de literatura se torne mais eficaz e eficiente, tendo em vista a complexidade de mediar uma interação que ocorrerá somente entre o indivíduo e o texto. Portanto, essa dissertação objetiva evidenciar como a experiência estética se constrói no âmbito da literatura em comparação com o cinema, considerando as perspectivas textuais articuladas no ato da leitura e a presença de recursive loopings, a partir do mapeamento do romance Cien años de soledad e do longa-metragem Memento (2000). A fundamentação teórica utilizada une a Antropologia Literária e a Teoria do Efeito Estético, ambas formuladas por Wolfgang Iser, que buscam descrever o ato da leitura, fornecendo subsídios para que os processos que ocorrem na mente do leitor quando interage com o texto possam ser vistos como corpora teórico. A metodologia associada à teoria é o Mapeamento da Experiência Estética, uma análise autoetnográfica da experiência individual de leitura, elaborada pelo programa Cinema articulado às noções de Antropologia Literária (CANAL 67), sob a supervisão de Santos e Andrade (2009), unindo diversos projetos de licenciatura, extensão e pesquisa na Universidade Federal da Paraíba. Com a análise dos recursive loopings identificados no processo de leitura foi possível categorizar seis tipos de procedimentos, possibilitando a comparação entre as experiências estéticas de leitura que resultaram na confirmação da hipótese de que o cinema e a literatura se organizam na mente do leitor por processos similares, respeitando as idiossincrasias entre os suportes, ainda que no cinema a percepção desses processos se mostre de mais fácil identificação. Os resultados dessa pesquisa possibilitaram uma maior compreensão da experiência estética, mostrando como ocorre a atribuição de sentido via looping, cuja concretização reverbera na formulação do objeto estético e, consequentemente, na emancipação do leitor.
  • JOAZ SILVA DE MELO
  • DO NARIZ DE GOGOL ÀS UNHAS DE RUBIÃO: A CRÍTICA SOCIAL NA LITERATURA FANTÁSTICA DOS SÉCULOS XIX E XX
  • Data: 24/02/2021
  • Hora: 14:00
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  • A relação entre literatura e sociedade sempre foi motivo de debates entre estudiosos do assunto. Alguns, como os formalistas russos, buscavam um método mais científico para suas análises imanentistas. Outros, como Antonio Candido, buscavam analisar como o texto reflete e se relaciona com o mundo que representa. A literatura fantástica, por sua vez, não é diferente, há os que privilegiam a estrutura do texto, como Tzvetan Todorov, e há os que admitem os ecos sociais, como David Roas, Jean-Paul Sartre, entre outros. Todorov, por exemplo, desconsidera a interpretação alegórica, pois ela não é inerente ao texto; o que é desconstruído pelos outros estudiosos. Em nossa pesquisa, estudamos duas narrativas, “O Nariz”, de Nikolai Gogol, autor ucraniano-russo do século XIX, e “As Unhas”, de Murilo Rubião, autor brasileiro do século XX. Analisaremos como as narrativas se desenvolvem no fantástico, como são construídas críticas a partir de uma leitura alegórica delas e como ambas representam a sociedade em que estão inseridas. A literatura fantástica, geralmente, apresenta relações com o mundo, diferentemente do conceito popular de fantasia como distanciamento do “real”. Essa ligação, muitas das vezes, serve para denunciar as anormalidades do mundo. Muitos autores trabalharam com críticas a sociedade ao longo do tempo. Embora Nikolai Gogol e Murilo Rubião pertençam a diferentes séculos e continentes, as narrativas selecionadas de ambos são classificadas como fantásticas. Inicialmente, nossa pesquisa é desenvolvida a partir do levantamento da fortuna crítica dos autores e como eles trabalhavam o fantástico como uma forma de crítica. Em seguida, nos deteremos na análise do texto, destacando pontos que despertam uma leitura alegórica que combine com fatores sociais contemporâneos e do século XIX para, assim, detectar e classificar a(s) crítica(s) apresentada(s). De acordo com Jean-Paul Sartre (2005), o artista persiste onde o filósofo desiste, assim, pretendemos compreender a concepção de mundo expressa nas narrativas dos autores. Nosso estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, na qual utilizamos o método comparativo de forma qualitativa. Como pressupostos teóricos para o presente estudo, apresentamos: Tzvetan Todorov (2017), David Roas (2014), Jean-Paul Sartre (2005); sobre a alegoria na literatura: Walter Benjamim (2011) e João Adolfo Hansen (2006).
2020
Descrição
  • MARIA APARECIDA SARAIVA MAGALHAES DE SOUSA
  • ESCRITA DE SI, GÊNERO E SUAS INTERSECÇÕES NAS CRÔNICAS “JORNALISTICAMENTE INCORRETAS” DE MARILENE FELINTO
  • Data: 15/12/2020
  • Hora: 14:00
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  • Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo acerca da crônica e de sua aproximação com os gêneros de escrita de si e com a escrita das mulheres, tomando como ponto de partida a produção da escritora contemporânea Marilene Felinto para o jornal Folha de S. Paulo entre os anos de 1995 e 1999, reunidas no livro Jornalisticamente incorreto (2000). Inicialmente, lançamos um olhar crítico feminista para a origem e desenvolvimento da crônica como gênero literário (LIMA, 1986, 1992, 2003; MOISÉS, 1979; OCAÑA, 2008), buscando problematizar sua marginalização em relação aos gêneros canônicos e observar como se deu a sua relação com a história e a escrita das mulheres ao longo dos tempos. Valendo-nos dos pressupostos da Crítica Literária Feminista, em especial, aqueles que resultaram da incômoda sensação de “exclusão de autoria” e que propõem uma “re-visão” da história da literatura (RICH, 1971; KOLODNY, 1979; SCHMIDT; 2017; DUARTE, 1995; MOREIRA, 2003, 2005, 2015), procuramos dar ênfase a algumas escritoras que se utilizaram do gênero nesse percurso, como as precursoras no jornalismo brasileiro. Em seguida, realizamos um estudo acerca da “literatura autobiográfica” (ROCHA, 1977), a fim de compreender o hibridismo da crônica com outras formas de “escrita de si” (FOUCAULT, 1992), observando em que medida as mulheres escritoras encontram nestes discursos um espaço para elaborar suas subjetividades, denunciar desigualdades e resistir ao silenciamento (RÉGNIER-BORLER, 1994; RAMOS, 2008; KAPLAN, 1997; RAGO, 2011, 2013; FIGUEIREDO, 2013, GARRETAS, 1990). Por fim, fundamentando-nos, especialmente, nos pressupostos teóricos do feminismo negro (CARNEIRO, 2000, 2003; GONZALEZ, 1984; hooks, 2017; 2018), aprofundamos a reflexão sobre a intersecção de gênero com outras categorias que envolvem relações desiguais de poder, como classe e raça, como forma de discutir alguns textos de Marilene Felinto, considerando as questões identitárias dessa cronista pernambucana e afrodescendente.
  • NOELE NATÁLIA MIRANDA RODRIGUES
  • VIOLÊNCIA E MULHERES EM QUADRINHOS INDÍGENAS: ESTÓRIAS QUE RESISTEM
  • Data: 14/12/2020
  • Hora: 09:30
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  • A presente dissertação tem por objetivo analisar o graphic novel de autoria indígena intitulado Will I See (2016), de iskwé e David Alexander Robertson, por uma perspectiva crítico-teórica interessada na discussão e denúncia da violência exercida historicamente contra mulheres indígenas. Desse modo, buscamos analisar como o tema do desaparecimento e morte de mulheres indígenas é retratado no graphic novel selecionado para nosso estudo e como publicações de histórias em quadrinhos produzidos por indígenas, em geral, têm sido relevantes para a discussão do tema no Canadá. A partir da leitura de textos teóricos e críticos definidos como fundamentais para este trabalho de pesquisa, nos propomos, num primeiro momento, a refletir sobre a utilização deste gênero pelos indígenas canadenses; neste sentido, buscamos verificar características próprias deste gênero literário que certamente tornaram-se atrativos para escritores nativos em tempos contemporâneos e os motivos para essa afinação entre quadrinhos e culturas indígenas. Em seguida, discutimos a questão da violência vivenciada por indígenas, e pelas mulheres indígenas, em particular, no Canadá contemporâneo, com o apoio de discursos que questionam as relações marcadas por sexismo e racismo. Para tanto, nos embasaremos principalmente em estudos de autoras indígenas, como Joyce Green (2007), Allison Hargreaves (2017) e Paula Gunn Allen (1992), no que se refere à questão da violência. Para fundamentar a análise da forma literária utilizada em Will I See?, nos apoiaremos em estudos como os de Will Eisner (2008) e Gérard Genette (2009), entre outros. Finalmente, nosso objetivo com a pesquisa foi colaborar com estudos que questionam, a partir de pontos de vista pós ou decoloniais, as relações de poder estabelecidas na sociedade canadense contemporânea, que continuam marcadas por violências bastante seletivas a partir de critérios de gênero e raça.
  • DAYSE HELENA VIANA DE ALBUQUERQUE GOUVEIA
  • Travessias atlânticas: análise descritiva da tradução para o espanhol do romance A república dos sonhos, de Nélida Piñon
  • Data: 11/12/2020
  • Hora: 14:30
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  • A escritora brasileira Nélida Piñon (1937) ao longo de sua carreira literária publicou romances, coletâneas de contos, crônicas, livros de ensaios e memórias. Desde o início de sua trajetória, ela vem estabelecendo um diálogo com os outros países seja pelo fluxo de viagens para palestras, lançamentos de livros, participações em feiras literárias internacionais ou através de suas traduções. Até a presente data, a escritora publicou 23 livros dentre os quais 16 foram traduzidos para 11 países, sendo a Espanha o país que mais publicou seus títulos, totalizando 16. O romance A república dos sonhos (1984) desponta como a sua obra mais traduzida e editada no exterior, com edições nos Estados Unidos, Inglaterra, Colômbia, França e Espanha. Diante do exposto, esta dissertação tem como objetivo principal realizar uma análise descritiva da tradução para o espanhol do romance A república dos sonhos, de Nélida Piñon. Essa análise descritiva consistirá, primeiramente, no exame dos paratextos editoriais a fim de verificar como esses foram inseridos no sistema receptor espanhol. Igualmente, no nível macrotextual, se identificará como as diretrizes editoriais e o projeto tradutório de Elkin Obregón Sanín se refletiram em La república de los sueños. Finalmente, a análise microtextual buscará identificar o tratamento dado aos denominados itens de especificidade cultural com o intuito de responder quais foram as estratégias adotadas pelo tradutor para traduzi-los e se essas tiveram como o efeito ou apagamento ou a acentuação dos elementos da cultura brasileira. A partir de identificados esses dados, procederá de uma análise quantitativa na qual se pretende verificar quais foram as estratégias tradutórias que predominaram no texto alvo com o intuito de responder se a tradução analisada segue a tendência domesticadora ou estrangeirizadora segundo Lawrence Venuti (2004). Como aporte teórico, esta pesquisa adotará o modelo metodológico para a descrição de traduções proposto por José Lambert e Hendrik Van Gorp (2011). Para a análise dos paratextos editoriais, serão indicados os estudos de Gerárd Genette (2018), Marie-Hélène Catherine Torres (2011) e Teresa Dias Carneiro (2014). Para o exame macrotextual, será abordado o conceito de espanhol neutro e sua influência no mercado editorial literário a partir das pesquisas empreendidas por Eva Bravo García (2008), Julia Benseñor (1993) e Norma Carriburo (2003). Finalmente, para a análise microtextual, será adotado o conceito de itens de especificidade cultural e suas possíveis manipulações segundo Javier Franco Aixelá (2013) e Carla Melibeu Bentes (2005). A partir do levantamento dos itens de especificidade cultural encontrados em La república de los sueños constatou-se que o tradutor adotou 10 estratégias para traduzi-los, de acordo com a classificação de Aixelá (2013) e Bentes (2005). Por fim, verificou-se que Obregón Sanín utilizou um maior número de estratégias de tendência estrangeiriziadora em relação às domesticadoras e, por último aparecem as estratégias classificadas como híbridas, contabilizando 59%, 32% e 9%, respectivamente.
  • JANNERPAULA SOUZA DA SILVA
  • Literatura infantojuvenil na perspectiva da multimodalidade: Uma análise da representação composicional em adaptações de O MÁGICO DE ÓZ
  • Orientador : DANIEL ANTONIO DE SOUSA ALVES
  • Data: 11/12/2020
  • Hora: 09:30
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  • Ao observar a pluralidade de formatos de livros infantojuvenis e seu caráter de adaptação literária presentes no mercado nos dias atuais, percebe-se também uma variação de maneiras com que essas adaptações são feitas de modo a construir significado. Desta forma, esta pesquisa se utiliza deste argumento para analisar um texto clássico da Literatura Infantojuvenil, O Mágico de Óz, do autor americano Lyman F. Baum, que é considerado o primeiro conto de fadas infantojuvenil norte-americano. Através da análise de três diferentes formatos da obra, sendo uma tradução interlingual e duas adaptações, e baseando-se no que Kress e Van Leeuwen ([1996] 2006) discorrem sobre Multimodalidade, em especial no que Van Leeuwen (2005) trata como Composição, buscaremos discutir de que forma tradutor/adaptador direciona o olhar do leitor de modo a construir sentido. Ao entendermos as adaptações literárias como objetos de tradução, nos pautamos nos Estudos da Tradução, principalmente nos discursos de Baker (2005), Hutcheon (2013) e Lathey (2010) para dar início a este estudo. Utilizamos também as discussões de Coelho (2000), Colomer (2017) e Machado (2009) para entendermos acerca dos livros infantis clássicos; e dos argumentos de Ramos (2013), Hunt (2010) e Costa Val (1991) para refletirmos sobre construção de significado. Abordamos ainda a questão de livro e forma, com ênfase nos formatos analisados que são quadrinhos e o livro pop up; e então, trazemos as definições acerca da Multimodalidade e da Representação Composicional. A análise, com base nesta teoria, busca discutir percepções de como os textos O Mágico de Óz, tradução de Lyman F. Baum (2013), Turma da Mônica em O Mágico de Óz, de Maurício de Sousa (2015) e O Mágico de Óz, de Robert Sabuda (2014) direcionam o olhar do leitor através da organização visual e contribui na construção de significado. Percebe-se, ao fim desta pesquisa, que os diferentes formatos e o maior apelo da quantidade de modos semióticos presentes nos livros podem facilitar em diferentes níveis o acesso à leitura por leitores iniciantes ou em formação como é o caso do público infantojuvenil.
  • FLAVIANA FERREIRA DE OLIVEIRA
  • A REPRESENTAÇÃO DE JESUS CRISTO NOS QUATRO EVANGELHOS EM PORTUGUÊS E EM ESPANHOL NA BÍBLIA NVI
  • Data: 08/12/2020
  • Hora: 14:00
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  • Esta dissertação insere-se na interface dos Estudos da Tradução com a Representação de Atores Sociais (VAN LEEUWEN, 1997) e estilo em textos ficcionais (LEECH E SHORT, 2007) ao investigar como as escolhas léxico-gramaticais constroem significados em textos em relação tradutória na língua portuguesa e espanhola. Trata-se de uma investigação das formas de representação de Jesus como apresentado pelos narradores/evangelistas nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, nas traduções para o português e espanhol da Bíblia NVI (Nova Versão Internacional). Realizações de Jesus Cristo como Ator Social foram identificadas e anotadas conforme o recorte de Personalização e Impersonalização. As análises revelam que Jesus Cristo é representado principalmente pela Personalização em ambas as línguas, sendo nomeado e funcionalizado em ambas as línguas. Argumenta-se que, por meio dessas ocorrências, Jesus é mais humanizado que divinizado em Mateus, Marcos, Lucas e João. Para além dessa análise, essa dissertação também apresenta resultados concernentes ao estilo dos textos construídos pelos narradores. Os dados revelam principalmente a atuação dos narradores por meio do discurso direto, que proporciona maior visibilidade a personagem central desta investigação, Jesus Cristo, por meio de outras personagens existentes nas narrativas; recurso que foi especialmente utilizado em João e Lucas nos dois idiomas.
  • JANILE PEQUENO SOARES
  • O ÚLTIMO HOMEM (1826): DISTOPISMO E PROFECIA FEMININA NO ROMANCE DE MARY SHELLEY
  • Data: 30/11/2020
  • Hora: 09:00
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  • Esta pesquisa tem por objetivo analisar O Último Homem (1826), romance da escritora inglesa Mary Shelley (1797-1851), sob a perspectiva dos estudos sobre distopia aliado à crítica feminista, destacando o protagonismo feminino representado tanto por figuras proféticas quanto por personagens femininas ao longo do romance. As principais fontes teóricas utilizadas foram os estudos de Clayes (2017), Moylan (2016), Vieira (2010), Queiroz (2014), Seymour (2000), Schmidt (2006), Funck (1998), Lefanu (1989), Gilbert e Gubar (1984), dentre outras. Publicado em 1826 O Último Homem se mantem relevante por trazer uma discussão que aborda os medos sociais de uma época que continuam sendo realidade mesmo após séculos seguidos de sua escrita e publicação. O cenário é uma Londres especulada entre os anos 2093 e 2100 e conta a história de um homem, único imune a uma peste disseminada a nível pandêmico que destrói a humanidade como era conhecida até então. No entanto, o romance vai além e constrói a narrativa evidenciando as falhas do ser humano sempre calcado em princípios individualistas, pondo em risco a vida em comunidade, alerta sobre os males de sua época de produção ao mesmo tempo em que impulsiona a esperança de mudança através do registro deixado por este último sobrevivente. Deste modo, nossa análise está centrada nas marcas que convergem para a qualidade distópica do romance especialmente através da análise do diário do personagem Lionel Verney, o sobrevivente, dentre outros fatores que permeiam o distopismo no romance. A metodologia utilizada foi analítica; as reflexões acerca do tema foram confrontadas com a teoria que subsidiou a pesquisa.
  • LINDJANE DOS SANTOS PEREIRA DE MEDEIROS
  • Rente ao chão, canta o poeta gauche: a poesia do cotidiano de Carlos Drummond de Andrade
  • Data: 13/11/2020
  • Hora: 14:00
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  • Observando os impactos do processo de modernização no dia a dia das pessoas que viviam no Rio de Janeiro do início do século XX, ou rememorando a sua infância, vivida numa pequena cidade mineira, é que Carlos Drummond de Andrade constituiu o que nesta tese denominamos a sua poesia do cotidiano. Trata-se de uma lírica que não só escolhe a vida corriqueira como tema, mas que também adota uma linguagem que busca nos fazer sentir esse cotidiano. A partir dessas observações, buscamos saber quais as principais imagens do dia a dia encontradas na poesia de Drummond e de que forma o cotidiano é representado. A pesquisa se apoiou especialmente em estudos sobre a poesia moderna (AUERBACH; BAUDELAIRE; BENJAMIN; BERMAN; FRIEDRICH; PAZ, etc.), em leituras dos principais críticos da obra de Carlos Drummond de Andrade (CANDIDO; MERQUIOR; SANT’ANNA; LEITE; VILAÇA; etc.) e, no que se refere especificamente ao processo de representação, na semiótica de Charles Sanders Peirce (PEIRCE, SANTAELLA, FERRAZ JR., etc.).
  • RARIELA VALESKA DA SILVA SALUSTINO
  • O ciúme e seus avatares: apreciações psicanalíticas no romance contemporâneo português "o remorso de baltazar serapião", de Valter Hugo Mãe
  • Data: 31/08/2020
  • Hora: 18:00
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  • O ciúme é um sentimento normal e comum: desde a infância, precisamos ser amados e, até mesmo, preferidos! Este sentimento pode, então, aparecer para um dos pais, um irmão ou uma irmã. Além disso, Freud (1922) escreveu que não é normal não sentir ciúmes. Segundo ele, seria até uma necessidade. É verdade que observamos esse sentimento em todas as culturas, em todas as latitudes, no entanto, quando o ciúme se torna prejudicial é a porta aberta para sofrimentos e círculos destrutivos. A proposta deste estudo é: apresentar uma leitura, abordando as relações existentes entre o ciúme patológico, motivado pela formação da identidade masculina na cultura patriarcal, e, com efeito, aclarar os aspectos subjetivos do ciúme, tomando os óbices como manifestação da masculinidade, e esta como reflexo da incorporação de uma dinâmica violenta no que concerne à expressão dos ciúmes varonis, com base na articulação entre a literatura e a fortuna crítica sobre a concepção de ciúmes e masculinidade. Para tanto, partiremos da leitura analítica da obra o remorso de baltazar serapião, de Valter Hugo Mãe – poeta, romancista, artista plástico e cantor, nascido em 1971, a qual fornece, por um lado, um panorama sobre o patriarcado, enquanto sistema de dominação baseado no poder socialmente construído pelo homem, e, por outro lado, representa as modalidades do desdobramento da violência considerada como produto formador do estereótipo masculino. Agraciada pelo prêmio José Saramago em 2007, a narrativa conta a história da família Serapião, mais conhecida em sua região como “Os Sarga”, “nascidos de pai e vaca”, em virtude da relação que eles estabelecem com a criação da vaca Sarga. Na obra, somos apresentados a um contexto lusitano em que o ambiente bucólico e miserável serve como cenário para que se manifestem a violência e o machismo, resultantes da herança cultural de sua nação, do protagonista, Baltazar. No cerne do romance, o remorso constrói uma história de amor e ciúme, que é, com alguma naturalidade, mas não normalidade, o que é importante ressaltarmos, uma vez que o comum não pode ser confundido com o normal. Afinal, não se deve conceber como normal uma história em que o amor se mescla com constantes acessos de violência física e moral. Todavia, com a violência consentida, dado que a impunidade viril da época era reforçada por estereótipos e levada ao extremo da destruição do outro e da autodestruição. Ademais, é nesse ponto que notamos que, no fundo, esta Idade Média ficcional, como percebemos na linguagem e no conteúdo empregados na obra, é sobretudo a reconstrução da cena pulsional – de algum modo primitiva, não tanto por natureza, mas por cultura milenar – da guerra dos sexos. Embora marcada temporalmente em tempos medievais, qualquer leitor crítico e atento poderá ver, infelizmente, que esse retrato literário possui demasiada verossimilhança, visto que a violência contra a mulher persiste em todas as sociedades contemporâneas. Evidentemente, essa interpretação não classifica nem supõe todas as formas de violência, todavia, oferta um quadro abrangente das arbitrariedades brutais cujo fundamento é a manutenção do poder masculino na sociedade frente às mulheres e outros grupos de homens, sejam eles nas posições de subordinados, marginalizados e cúmplices. O presente trabalho consiste em apresentar uma discussão reflexiva situada no estudo das relações fronteiriças entre psicanálise e literatura, a partir de uma alegoria estética, a literatura, no romance “o remorço de baltazar serapião”. Para tanto, nossa investigação parte de uma revisão bibliográfica dos textos do próprio Freud e de outros autores que se debruçaram a respeito do fenômeno subjetivo do ciúme e os sentimentos periféricos que o acompanham.
  • IVANILDO DA SILVA SANTOS
  • DO PRINCÍPIO AO FIM, O AMOR: A ERRÂNCIA ERÓTICA DE CASSANDRA RIOS
  • Data: 31/08/2020
  • Hora: 09:00
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  • Ao longo dos séculos, escritores e filósofos tentaram explicar em seus escritos a natureza, origem e razões do amor, todavia, sempre esbarraram em alguma coisa da ordem do intransponível. Mas, ao examinarem a natureza do amor, souberam decifrar alguns de seus mistérios. Como maior exponente, Freud (1914/2010) defende o amor como sendo uma miragem num outro idealizado. Ou seja, o amante investe toda libido em um objeto que, para ele, é seu tudo. Posteriormente, o tema passou a ser retomado por psicanalistas renomados, como Jacques Lacan (1985) e J. D. Nasio (1997). O primeirofunda Eros como aquilo que o sujeito não tem, logo não é. A consequência primeira desse enfoque, o desejo pela falta. Para Lacan (1985), Eros, filho da Pobreza, é a busca para preencher uma falta e tentar restituir-se a uma unidade. O que contribuiria para apreendermos o mito amoroso como a conversão do impossível, já que a plenitude dos dois seres jamais será atingida. Assim, o objeto perdido é o que o amor mais procura. Por sua vez, Nasio (1997), afirma que quanto mais se ama, mais se sofre. É nesta linha de investigação que o presente trabalho se insere, porém, buscando analisar a experiência amorosa lésbica em um texto literário produzido por uma escritora lésbica. Assim, propomos-nos examinar o romance A Borboleta Branca (1974), escrito por Cassandra Rios, cujo principal objetivo é procurar analisar o amor lésbico e suas especificidades. O trabalho articula-se em três capítulos: no primeiro, procura-se distinguir as principais influências sócio históricas nas relações amorosas alicerçadas na filosofia, na literatura e na sociologia. No segundo, investiga-se as contribuições psicanalíticas sobre o fenômeno amoroso. O terceiro capítulo, por outro lado, traça considerações sobre as personagens, espaço e enredo do romance, estabelecendo dados que envolvam amor e homossexualidade feminina.
  • MARIA GENECLEIDE DIAS DE SOUZA
  • POÉTICAS DO ENVELHECER: A PSICANÁLISE DO TEMPO EM CLARICE LISPECTOR
  • Orientador : HERMANO DE FRANCA RODRIGUES
  • Data: 31/08/2020
  • Hora: 09:00
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  • Este trabalho apresenta uma leitura acerca das experiências dos sujeitos no tempo da velhice. A natureza pulsional de vida e morte, as inscrições melancólicas, seus dramas, seus corpos e suas imagens poeticamente escritas por Clarice Lispector e publicadas em contos. A análise se desenvolve apoiada em quatro contos: Viagem a Petrópolis, Feliz aniversário, O jantar e Ruído de passos. Os contornos da narrativa se desdobra a partir dos protagonistas diante dessa conjuntura da vida, experienciando os movimentos que a velhice proporciona. Deste modo, enxerga-se este processo de desenvolvimento da vida, sem as polarizações de um sujeito no campo da senilidade, acometido de enfermidades e por ela demarcando os roteiros das suas histórias. Mas, de um indivíduo que possui as marcas do tempo transcritas no corpo, na memória e contribui para o alicerçamento das suas subjetividades, onde o mesmo se constitui também a partir da senescência – o envelhecimento do corpo acontece de maneira natural devido à incidência da passagem do tempo. Assim é possível refletir sobre a multiplicidade que os contos clariceanos reverberam, como por exemplo: a sexualidade em Ruído de passos, em que se torna flamejante o desejo da protagonista em ter relações sexuais. E os infortúnios de não concretizar suas vontades por ser uma pessoa idosa; diante do conto O jantar, contrapõem-se de maneira diferente, a sexualidade é interpretada por outros ângulos aonde um homem idoso é visto acompanhado de uma mulher mais nova. Assim, evoca-se como o homem e a mulher idosa denotam percepções sociais diferente acerca da sexualidade. Tendo em vista o conto Feliz aniversário, é explícito o apagamento e silenciamento da idosa do convívio familiar; Em viagem a Petrópolis é perceptível o isolamento e posterior abandono sofrido pela idosa. Com efeito, este estudo trará elucidações propostas, sobretudo, pela teoria psicanalítica de base freudiana, na qual utilizará, também, outras vertentes psicanalíticas pós-freudianos. Tendo como objetivo revelar a imagem da velhice, suas vivências, bem como, os contornos melancólicos nos personagens e como vão sendo costuradas na tessitura teórica da psicanálise, demonstrando o interesse em produzir uma fortuna crítica acerca do tema. Problematizando o assunto em evidência, estimulando a discussão sobre a temática, promovendo o conhecimento e a pesquisa sobre o tema, assim como, estimulando os indivíduos a pensar o sujeito na velhice. Portanto pretende-se apaziguar os estereótipos e os conceitos pré-estabelecidos na feitura das suas imagens e seus corpos. Palavras-chave: Velhice; Psicanálise; Clarice Lispector.
  • BRUNO RAFAEL DE LIMA VIEIRA
  • Pós-colonialismo e Pós-modernismo no vandalismo estético em The Butcher Boy (1992), de Patrick McCabe
  • Data: 28/08/2020
  • Hora: 15:00
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  • O irlandês Patrick McCabe é considerado pela crítica especializada, principalmente no contexto contemporâneo do universo literário anglo-saxão, um dos autores mais proeminentes. Entre seus diversos trabalhos, que se espalham entre romances, contos e peças, destaca-se The Butcher Boy, narrativa lançada em 1992, corpus de análise desta tese. O sucesso da referida obra foi quase imediato ao seu lançamento, sendo tomada, por alguns estudiosos, como um texto “revolucionário”, fundador de um novo momento da literatura irlandesa. Em sua trama acompanhamos a narração de Francie Brady, um narrador-protagonista que nos conta sobre seu passado, quando ele era ainda um menino, cuja pobreza, exclusão social e solidão existencial, o encaminharam de uma vida alegre de peraltices infantis, ao cometimento de uma ação criminosa, o clímax de eventos tão dolorosos em sua vida, que o Francie adulto sequer sabe precisar quando exatamente aconteceram. O que o narrador não esquece é que seus dias mudaram com a chegada da família Nugent à cidadezinha em que morava com seus pais. Este evento é o catalizador de transformações na vida de Francie, principalmente após ser xingado por dona Nugent de “porco”. O que se vê, a partir desse acontecimento, é uma dura via crucis do protagonista que, ao fim, o transformará em um assassino, um delinquente, depois de cometer um crime grotesco. Neste caminho de transição, diversos gêneros literários se mesclam na estruturação da narrativa, por meio da bricolagem e da paródia, dentre os quais se destacam: o romance de formação e o gótico. A ironia é outro elemento importante da narrativa, aliado à paródia, rebaixa símbolos e elementos modulares da cultura e da sociedade irlandesa. Na realidade, estes ingredientes são parte da dimensão pós-moderna que a obra de McCabe permite ser analisada. Além disso, The Butcher Boy, ao acordar preconceitos, por meio do insulto evocado por dona Nugent (que tipifica parodicamente a imagem da “colonizadora ao chamar os Bradys de porcos e representar valores característicos da metrópole, faz com que o romance possa ser lido e estudado por meio das lentes teóricas do pós-colonialismo. Afinal, como pretendemos mostrar, a Irlanda, durante sete séculos foi uma colônia do Império Britânico e sua história evidencia que a violência e os traumas da colonização não foram apagados no período pós-colonial, sendo algumas dessas feridas sociais e políticas dramaticamente tematizadas no romance objeto da nossa pesquisa. Dito isto, nosso propósito principal, nesta tese de doutorado, é analisar a obra The Butcher Boy, à luz de elementos característicos do pós-modernismo e do pós-colonialismo. Para isso, nossa pesquisa percorreu diversas trilhas, como a da história, da economia, da cultura, sem perder de vista a estética literária, suas teorizações e críticas. Dentre outros, fundamentam nossa base teórica, Said (2007 e 2011), Young (2002, 2003 e 2005), Hutcheon (1985, 1991), Jameson (1991), Kiberd (1996, 2007), Gladwin (2016), Foster (1989) Kenny (2016).
  • MARCÍLLIA PONCYANA FELIX BEZERRA
  • MEDÉIAS DE ONTEM E HOJE: UMA ANÁLISE DA OBRA DE EURÍPEDES A PARTIR DAS MULHERES CONTEMPORÂNEAS
  • Data: 28/08/2020
  • Hora: 14:00
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  • Esse trabalho de dissertação que tem como título “MEDEIAS DE ONTEM E HOJE: UMA ANÁLISE DA OBRA DE EURÍPEDES A PARTIR DAS MULHERES CONTEMPORÂNEAS” se propõe a refletir sobre os desdobramentos do feminino, na mulher, através da maternidade. Pensar sobre o “tornar-se mulher” como coloca Simone de Beauvoir é também pensar em como cada mulher assume sua feminilidade ao longo da história. A maternidade colocada como questão inerente à esse processo de ser uma mulher, pode provocar na mulher as mais diferentes sensações e sentimentos, sendo quase impossível escapar a esse imperativo. Através da psicanálise, especificamente com Sigmund Freud e Jacques Lacan, foi realizado um estudo dessas teorias, no que diz respeito a subjetividade dos sujeitos e sua sexualidade, passando pelo tema do feminino e da mulher. Em Freud, a mulher, teria uma travessia do Complexo de Édipo diferente do menino e, através da promessa de ter um filho, conseguiria do Édipo, mas estaria com essa precondição do filho para dar conta de ser mulher e embora esse autor não pudesse avançar muito nesse ponto da teoria, deixou uma base muito importante para os próximos psicanalistas. Ao dizer que “a mulher não existe” Lacan pensou a mulher como uma a uma, o que não caberia à universalização, com um gozo não totalmente submetido ao falo, sendo assim um gozo sem limite. A mulher não-toda, em Lacan, vai utilizar de outros meios para lidar com suas questões. Lacan avança um pouco mais ao estudar a mulher e suas subjetividades. Em Medeia, tragédia grega escrita por Eurípedes, escolhida como análise literária desse trabalho, essa mulher se apresenta em sua devastação, conceito elaborado por Lacan, para falar desse lugar vazio que vem a tona em uma mulher na perda de um objeto que velava esse lugar. Ao perder o amor de Jasão, como vingança, Medeia mata os filhos e esse ato possibilita que ela saia da sua devastação. Como “a verdadeira mulher”, como disse Lacan, Medeia fala da sua maternidade e do seu ser mulher, experimentando na sua inteireza, para além da devastação. As mulheres hoje apresentam seus discursos sobre esse processo na clínica assim como na literatura, falando dessa dualidade que é ser mulher e mãe e dos conflitos que isso traz. Como conclusão se pensa a ideia de que clínica poderia se colocar como um lugar para vislumbrar possibilidades para a mulher, que vive os dilemas dessa dualidade, investindo na sua singularidade, para se tornar mulher e mãe.
  • JOYCE KELLY BARROS HENRIQUE
  • O ponto de vista ficcional em "O tigre de Bengala", de Elisa Lispector
  • Orientador : ARTURO GOUVEIA DE ARAUJO
  • Data: 31/07/2020
  • Hora: 14:00
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  • O objetivo geral desta pesquisa é analisar o ponto de vista ficcional nos contos de O tigre de Bengala (1985), de Elisa Lispector, observando a interação entre a interioridade da personagem feminina e a representação do espaço externo. Analisamos quatro contos da autora (“Sangue no sol”, “O furto”, “A agonia de viver” e “Por puro desespero”), contudo, tecemos relações com todos os textos do livro, na averiguação de pontos de aproximação e diferenciação. Na primeira parte deste trabalho, apresentamos a produção de Elisa Lispector, no que diz respeito à perspectiva narrativa. Realizamos, também, uma revisão dos trabalhos críticos sobre a autora, publicados em jornais, livros e plataformas virtuais. O segundo capítulo é constituído por uma síntese teórica, baseada na linha norte-americana — Norman Friedman (2002), Percy Lubbock (1976), Henry James (2003), e Joseph Warren Beach (1932) —, que trata dos conceitos de ponto de vista, cena, sumário narrativo, distância, assim como da representação do pensamento em literatura. Para essa teoria, o enquadramento da ação na consciência da personagem amplia o caráter cênico do texto (reduzindo as interferências do narrador) e transforma o pensamento em elemento essencial para a interpretação da narrativa literária. No terceiro capítulo, a leitura crítica mostra que, nos contos de Elisa Lispector, a ação das personagens é mínima e o monólogo interior é o ponto de vista basilar, contudo, ele coexiste com notações frequentes de narradores observadores e oniscientes. Essa combinação permite a imersão no pensamento da protagonista, sem abdicar de uma visão distanciada da cena, já que o espaço tanto desencadeia as reflexões como mantém com a personagem uma relação de afinidade, recusa, resignação, transformação e superação. Nessa contística, o monólogo interior é um recurso formal que embasa a autoavaliação das protagonistas e lhes proporciona uma revisão/ reformulação de suas perspectivas.
  • LUÍS HENRIQUE MARQUES RIBEIRO
  • MEMÓRIA E IDENTIDADE: ESPAÇOS DE MELODIAS NEGRAS EM AQUARIUS, DE KLÉBER MENDONÇA FILHO
  • Data: 31/07/2020
  • Hora: 10:00
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  • Nesta pesquisa em cinema e análise do discurso ficcional, estudam-se as relações entre ficção e sociedade, tendo em vista as questões ligadas ao racismo, memória e espaço urbano, com base na estruturação da narrativa cinematográfica do filme brasileiro Aquarius (2016), de Kleber Mendonça Filho. Para isso, apoia-se em referencial teórico sobre espaço ficcional e personagem, a partir de Lins (1976), Borges Filho (2007), Brandão (2013) e Reis e Lopes (1988); sobre memória, a partir de Ricoeur (2007), Candau (2011) e Halbwachs (1990); sobre identidade, com Hall (2015); racismo, a partir de Fernandes (2008a, 2008b), hooks (2019), Munanga (2017), Schwarcz (2017), Stam (2008), entre outros. Os resultados da pesquisa indicam que a construção do espaço é fundamental no desenvolvimento da narrativa, da mesma maneira que a observação do racismo, como constitutivo da formação social brasileira é uma peça-chave no entendimento das camadas da personagem principal, Clara, e de sua relação com a personagem Ladjane, sua empregada doméstica. Observa-se, no uso da memória, a partir do espaço urbano, um meio fundamental na construção no filme sobre representações do racismo, por meio das falas das personagens, da mise-en-scène, de fotografias e objetos que compõem o espaço. A película mostra-se atenta ao uso dessas relações, dando continuidade ao trabalho de temas sociais brasileiros do diretor. Contudo, a articulação desses temas é construída de maneira sutil, o que é necessário à formação de um olhar minucioso para a interpretação da multiplicidade de sentidos gerada pela obra.
  • RAISSA VALE MIRANDA CAVALCANTE
  • NUANCES DO MASCULINO EM JOSÉ LINS DO REGO: A TRAJETÓRIA DO PERSONAGEM RICARDO
  • Data: 09/07/2020
  • Hora: 09:00
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  • A discussão a respeito das masculinidades na literatura brasileira é relativamente recente no campo dos estudos culturais. Na literatura regional é possível encontrar a representação literária de um masculino árido, como a terra, o cabra-da-peste. Encontramos, porém, nas obras de José Lins do Rego um protagonista que encerra em si nuances transitórias do masculino, ora voltadas para o que é convencionado socialmente enquanto pertinente ao gênero feminino e ora voltadas para o que é convencionado socialmente enquanto gênero masculino, o personagem Ricardo. O presente trabalho busca investigar a identidade de gênero masculina nos romances de José Lins do Rego, “O Moleque Ricardo” (1935) e “Usina” (1936). A fim de cumprir com o nosso objetivo, o trabalho está dividido em três capítulos: o primeiro trata-se de um panorama histórico sobre a construção social da masculinidade a partir das contribuições, principalmente, de Oliveira (2004) Connell (2013) e Badinter (1993). No segundo capítulo iremos verter o olhar sobre a contribuição da categoria espacial para a construção do personagem Ricardo, tomando como referências Albuquerque Júnior (2013), Bakhtin (2018) e Bachelard (1993). Por último, no terceiro capítulo, faremos uma análise sobre as relações entre alguns personagens das narrativas, principalmente aqueles com os quais Ricardo se envolveu afetivamente. Para tanto traremos as análises empreendidas por Elizabeth Badinter (1993), Pierre Bourdieu (2002) e Nolasco (1993).
  • ANA PATRÍCIA FREDERICO SILVEIRA
  • FICÇÃO CURTA DE AUTORIA FEMININA PARAIBANA: ANÁLISE DA CASA, DO CORPO E DO PATRIARCADO EM QUATRO LUAS
  • Data: 05/06/2020
  • Hora: 10:00
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  • Esta tese, intitulada Ficção curta de autoria feminina paraibana: o corpo, a casa e o patriarcado em Quatro Luas , se centra nos Estudos culturais e de gênero, mais especificamente no estudo de gênero, que se volta à personagem feminina e como esta lida com o seu corpo e os espaços que lhe apresentam em confronto ou não com a ordem patriarcal. É importante entender que ao nos referirmos à personagem feminina não nos reduzimos apenas às ficcionais, mas também às mulheres reais que firmam na sociedade como autoras de obras literárias, produzidas no território paraibano, desde o século XIX. Esta pesquisa, portanto, compreende a crítica feminista como nossa principal vertente, de modo que está dirigida com o objetivo de resgatar mulheres que fizeram da literatura uma de suas atividades, como uma maneira de mostrar e compartilhar a sua consciência de si mesma no trajeto que a emancipa enquanto cidadã, sem permitir o apagamento de sua voz, em nome do interesse da ordem imperada pelos homens que insistem no memoricídio dessas mulheres. Destacamos a relevância de fazer este estudo sem desvencilhar a voz feminina e o seu corpo, inseridos nos espaços da ficção literária, tendo em vista que voz e corpo foram e ainda são armas de grande poder de domínio e de poder na seara da existência e perpetuação das mulheres. Para isto, nos reservamos ao estudo da obra Quatro Luas, produzida no início do século XXI, como uma maneira de investigarmos como as autoras que compõem esta obra, se revelavam na virada do século, dialogando nossas descobertas enquanto críticos literários com os estudos consagrados acerca do espaço, da personagem e do corpo, no cenário da autoria feminina brasileira, seguindo a mesma metodologia utilizada por Elódia Xavier, quando a mesma investigou o corpo e a casa na autoria feminina brasileira, sendo o nosso recorte exclusivamente voltado a Quatro Luas. Muitas outras fontes de estudo nos orientaram, as quais perpassaram sobre o que é ser mulher, o que é ser paraibana e as várias nuances do feminismo, como símbolos de resistência e de luta na cena da emancipação, da liberdade e do poder das mulheres.
  • ELISÂNGELA ARAÚJO SILVA
  • REPRESENTAÇÕES DIALÓGICAS NA INTERFACE AUDIOVISUAL DE "HOJE É DIA DE MARIA"
  • Data: 02/06/2020
  • Hora: 14:00
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  • A adaptação é um processo que tem atuado de forma recorrente entre diferentes mídias, ao longo do tempo. Junto à literatura, ela tem “transcodificado”, nas palavras de Linda Hutcheon (2013), tem atualizado o modo de contar. De fato, a adaptação não é um fenômeno novo e nem se encerra no tempo. Desde a etapa de propagação pela oralidade até a era digital, ela continua e continuará a reapresentar narrativas, através de procedimentos diversos, incluindo a redução, o acréscimo e a transformação. (BRITO, 2006). A presente tese tem como objeto de estudo a microssérie Hoje é dia de Maria (2005), escrita pelo dramaturgo Carlos Alberto Soffredini e adaptada para a televisão por Luís Alberto de Abreu e Luiz Fernando Carvalho. A narrativa conta a trajetória de Maria, uma menina órfã de mãe que sofre com as perseguições de uma madrasta, uma adaptação que refaz a narrativa clássica. A protagonista que dá nome à obra faz uma travessia pelo interior brasileiro em busca d’as franja do mar. A pesquisa aborda os processos de atualização envolvidos nos procedimentos de adaptação. A discussão aqui traçada está organizada a partir de três momentos distribuídos em três capítulos. No primeiro, discorremos sobre o trabalho de atualização da adaptação por meio da intertextualidade e dos “fios” dialógicos que reinterpretam um texto. Nesse momento em que analisamos o fenômeno da adaptação, recorremos às contribuições, principalmente, de Bakhtin (1997), Hutcheon (2013), Balogh (2005) e Stam (2006). No segundo capítulo, discutimos como o espaço narrativo reapresenta o fantástico e o maravilhoso traduzido em discurso audiovisual, procurando avançar na discussão de como o espaço narrativo e a mise-en-scène contam a narrativa Hoje é dia de Maria e ressignificam “a conversa” entre os textos. Para tanto, recorremos às contribuições de Ryngaert (1995), Lins (1978), Xavier (2003), Roas (2014), Ceserani (2006), Camarini (2014), Bordwell e Thompson (2013) dentre outras fontes. No terceiro capítulo, tivemos como objetivo analisar como a personagem Maria retoma, dialogicamente, a saga, a sina e a lida da heroína, mesmo atuando como menina comum, tendo o audiovisual como efeito de reverberação. Para analisar esse aspecto, recorremos às contribuições teóricas de Martin (2005), Chartier (1990), Pallottini (1989), Eliade (1922), Campbell e Moyers (2014) para comporem a mediação teórica com Bakhtin (1997). Por fim, nas considerações finais, deixamos a reflexão sobre como a literatura se perpetua, se reinventa, por meio da adaptação, afirmando sua capacidade de reapresentar, reinterpretar e atualizar a narrativa.
  • RAYSSA MYKELLY DE MEDEIROS OLIVEIRA
  • A CONQUISTA DO ESPAÇO PELA PERSONAGEM EM ALICE: LUGARES, NÃO-LUGARES, MEMÓRIA E TRAJETÓRIA
  • Data: 20/05/2020
  • Hora: 09:00
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  • Espaço e personagem são duas categorias narrativas que podem estabelecer entre si uma relação bastante pronunciada, a qual ensejará uma série de possibilidades expressivas em uma narrativa. Osman Lins (1976) reconhece essa relação, relatando inclusive que o limite entre espaço e personagem pode ser vacilante, exigindo nosso discernimento. O objeto de estudo desta tese, a série Alice (2008-2010), de Karim Aïnouz e Sérgio Machado, apresenta essa relação em sua premissa básica: após o suicídio do pai, a personagem título que vive em Palmas, com a avó e o irmão, tem que ir a São Paulo, onde morou na infância, para o funeral. Seduzida pela cidade e pelas memórias que ela guarda, Alice acaba ficando na capital paulista e deixando para trás a vida que havia construído em Tocantins. Neste trabalho, propusemo-nos a analisar como o trabalho com o espaço narrativo constrói uma série de outras questões que acabam por influir na trajetória da protagonista. A dinâmica da cidade, que se apresenta quase como uma personagem na trama, acaba por produzir condições fundamentais para o desenvolvimento de Alice. Lugares, não-lugares (AUGÉ, 2002) figuras ambulatoriais (CERTEAU, 1998), identidade e pertencimento (HALL, 2000) são algumas das noções advindas do espaço e que se apresentam como questões importantes para a economia narrativa de Alice. Em nosso processo de análise, não pudemos ignorar o fato de estarmos trabalhando com um produto audiovisual, o que exige que estejamos atentos às especificidades da linguagem. Para tanto, recorremos a autores como Gerárd Betton (1987), Marcel Martin (2003) e Jean Epstein (1947) como amparo teórico. Para além disso, Alice é um uma série televisiva e a mídia também precisou ser levada em conta em nossa investigação. A organização serial da narrativa (MACHADO, 1999) influi diretamente em sua feitura, na construção dos arcos narrativos que a compõem e, também, em outras questões, tais como o desenvolvimento das personagens. Complexidade narrativa (CAPANEMA, 2016; MITTEL, 2012) e qualidade na televisão (BORGES, 2004) também são alguns dos pontos que permearam nossa discussão. Por fim, ao tentar compreender as estruturas narrativas de nosso objeto, o diálogo (BAKHTIN, 1997; BARROS, 1997) estabelecido com outras obras é fundamental, notadamente com os romances de Lewis Carrol, Aventuras de Alice no País das Maravilhas (2010) e Alice através do espelho (2010).
  • AURICÉLIO SOARES FERNANDES
  • ESPELHOS E RETRATOS DE DORIAN GRAY NA SÉRIE TELEVISIVA PENNY DREADFUL: CONFIGURAÇÕES DO GÓTICO NA CONSTRUÇÃO DO PERSONAGEM DE OSCAR WILDE
  • Data: 29/04/2020
  • Hora: 14:00
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  • Como um fenômeno transcultural e trans-histórico (SÁ, 2010) propenso a mudanças em determinado tempo e espaço, o gótico tem permanecido nas artes há quase novecentos anos, desde seu surgimento na arquitetura até formas audiovisuais da contemporaneidade. Nesse contexto, essa tese tem por objetivo principal discutir reflexos do gótico no seriado de televisão anglo-americano Penny dreadful, cuja trama maior advém de personagens literários da tradição inglesa. Penny dreadful é um exemplo de adaptação televisiva que se desvincula do modelo de fidelidade ao texto fonte, como fora por muito tempo atribuído à qualidade da adaptação (STAM, 2006), materializando na ficção seriada uma tendência contemporânea nas produções audiovisuais denominadas de new horror, que retrata o lado humano dos personagens monstruosos (ROAS, 2012), (LLOBERA, 2015), compreendidos como uma metáfora dos “monstros” que cada indivíduo pode ter dentro de si. Assim, escolhemos como categoria específica o personagem Dorian Gray, do romance O retrato de Dorian Gray, do escritor, poeta, dramaturgo e crítico irlandês Oscar Wilde. No seriado televisivo, Dorian Gray é caracterizado como monstruoso (JEHA, 2007) e transgressor (BOTTING, 1996) e suas ações o enquadram como um outsider, como afirma Howard Becker (2008), no seu estudo sobre a sociologia do desvio. Além disso, ao analisarmos o personagem Dorian Gray e a conexão com o espaço em que ele vive, verificamos a presença da autorreflexividade, que atribui diversos outros sentidos à sua caracterização, intimamente ligada à arte pictórica e a símbolos como o espelho. Compreendemos Penny dreadful como uma bricolagem de narrativas góticas clássicas do século XIX como Frankenstein, Drácula, O médico e o monstro, citações de poemas do Romantismo inglês e folhetins de terror da Era Vitoriana, os penny dreadfuls, que dão nome à série. Para discutir o conceito de bricolagem, recorremos a estudos de Levi-Strauss (1971) que define o termo como um trabalho manual produzido de maneira improvisada e que reaproveita diferentes tipos de materiais e Michel de Certeau (1994), que conceitua o termo como a junção de vários elementos culturais que resultam em algo novo. Por fim, para discorrermos acerca da narrativa na televisão e a ficção seriada, utilizamos estudos de Jost (2007, 2012), Esquenazi (2002) e Machado (2007) e dos estudos cinematográficos, trabalhos de Bordwell (2013), Bordwell e Thompson (2015) e Martin (2005) com foco especial na mise-en-scène.
  • AMANDA GOMES DOS SANTOS
  • AS ONDULAÇÕES EM ROSA CABRAL: AS REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS E A CONSTRUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO DO FEMININO NO ROMANCE DENTRO DE TI VER O MAR
  • Data: 28/04/2020
  • Hora: 14:00
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  • Dentro de ti ver o mar é um romance de Inês Pedrosa publicado em 2013 no Brasil pela Editora Alfaguara. Este estudo busca analisar Rosa, uma fadista de sucesso, figura feminina forte e protagonista do romance, que procura sua própria identidade enquanto oscila entre as ausências de afeto nas relações parentais e a busca pelo preenchimento dessas ausências nas relações afetivas. Para abarcar a complexidade da personagem, sua representação do feminino e da condição da mulher nas relações, e as ambivalências das suas identidades, o estudo concilia as categorias analíticas de identidade — encontrada nos estudos de Hall (2015), Bauman (2005) e Giddens (2002); memória — proposta por Candau (2016) e Ricouer (2007); analisa as relações parentais à luz de Batinder (1985) Stein (1988) Freud (1996); o ser feminino, a partir de Beauvoir (1970) e Perrot (2007), além de abordar a perspectiva da dialética do feminino em Inês Pedrosa — a partir da crítica de Adão (2013) e Oliveira (2008).
  • FLAVIANO BATISTA DO NASCIMENTO
  • A LITERATURA DE E SOBRE CEGOS: aspectos semióticos da referenciação
  • Data: 31/03/2020
  • Hora: 15:00
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  • Esta tese pretendeu dar continuidade aos estudos que vimos realizando sobre semiótica da literatura cega, tendo, como objetivo, estudar os aspectos semióticos da referência e da referenciação, a fim de descobrir como o cego interpreta o mundo. Objetivando conhecer e apreender os modos de ler, escrever e descrever os signos da pessoa cega, procuramos delimitar os referentes visuais dos referentes tácteis, a partir de textos em linguagem visual ou tátil, tais como conto, poema, letra de música, cordel, carta etc. Houve, oportunamente, a necessidade de fazer uma abordagem coerente sobre a pessoa cega, de como ela vem se apresentando ao longo da história humana, de que modo ela é e foi representada na literatura mundial, como ela se relaciona com as outras pessoas nos diversos ambientes e nas diversas épocas. Ao longo da história humana, desenvolveram-se e discriminaram-se três protótipos de cego: o cego antigo (ou da Antiguidade), o cego modelar (o representante da classe dominante) e o cego moderno (ou da Modernidade), que transcende sua classe social e vive cotidianamente como qualquer homem, com os respectivos problemas, desafios, decepções, benefícios e triunfos. A teoria semiótica considerada foi a de linha francesa, que se atém ao estudo da significação, vista como a função semiótica e que destaca as relações entre os constituintes sígnicos, o que nos levou a aprofundar os conhecimentos sobre o signo, percorrendo sua história, verificando sua concepção na filosofia, na linguística e na semiótica, destacando sobretudo a questão da referenciação. O corpus do trabalho constituiu-se- de: textos, de ou sobre cego, levantados em sites de áudio, livros, em acervos online, bibliotecas públicas, sebos, livrarias e também no acervo do Programa de Pesquisa em Literatura Popular (PPLP), dos quais foram selecionados para a análise dois contos e duas epístolas.
  • HELIO SANTIAGO RODRIGUES ABDALA
  • O ENREDO APORÉTICO DE “A TERCEIRA MARGEM DO RIO” (GUIMARÃES ROSA) E “EL INMORTAL’” (JORGE LUIS BORGES)
  • Data: 31/03/2020
  • Hora: 09:00
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  • Investigando alguns contos específicos do final do século XIX, nos deparamos com algumas situações diferenciadas quanto à construção do enredo: autores como Cleveland Moffett (pouco conhecido no cenário literário atual) e Henry James criam narrativas que apresentam um problema inicial não resolvido pelo desfecho (e nem em outras fases do enredo). Estes autores, entretanto, não chegam a cultivar de forma exaustiva essa condição. Somente no século XX, vemos escritores como Franz Kafka estruturarem suas melhores narrativas na forma de um enredo que põe ao leitor uma situação não resolvida e a prolonga até o final sem lhe dar chances de elucidação efetiva. Jorge Luis Borges, na linha kafkiana, também realiza algumas de suas mais famosas obras tomando como ponto de partida a construção do enredo não elucidativo. No Brasil, Guimarães Rosa usa esse expediente em alguns de seus textos ficcionais. “A terceira margem do rio” se apresenta como um dos principais exemplos (talvez, o melhor exemplo dentro da ficção do escritor mineiro) no que concerne à criação do que chamamos de enredo aporético. Nesta perspectiva, o nosso trabalho procura realizar uma análise detalhada do supracitado conto em conjunto com a narrativa de “El inmortal”, de Jorge Luis Borges. Partimos da observação dos modos em que são apresentados os enredos de ambos os textos, procurando compreender o funcionamento artístico do conceito de aporia enquanto causa motora do relato, tendo o cuidado de verificar as particularidades inerentes a cada produção artística.
  • PALOMA DO NASCIMENTO OLIVEIRA
  • A MÍSTICA DO AMOR EM HADEWIJCH DE AMBERES E ADÉLIA PRADO: QUANDO A UNIÃO COM O DIVINO SE TRADUZ EM POESIA
  • Data: 31/03/2020
  • Hora: 09:00
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  • Duas místicas separadas pelo tempo, mas com pontos em comum, compõem a dupla de mulheres cuja escrita é objeto de estudo nesta tese. A escritora medieval, Hadewijch de Amberes, e a contemporânea, Adélia Prado, reservam em suas obras a temática da mística do amor, e trazem nela aproximações e distanciamentos que foram identificados ao longo desta pesquisa. Foi buscando responder aos questionamentos de que aspectos permitiriam este diálogo que foi feita uma reflexão comparativa entre a lírica amorosa e mística de ambas, analisando a presença do amor cortês e da mística cristã, fazendo deste o principal objetivo deste trabalho. Com a metodologia de pesquisa focada na discussão destas teorias, assim como o uso da literatura comparada e da estilística no que toca às análises dos poemas, foi realizado um estudo dividido em três partes. Na primeira discutiu-se aspectos teóricos da mística, do amor cortês e da junção destes dois pontos; assim como foram ressaltados alguns nomes de mulheres que se destacaram na literatura, sobretudo no período medieval. Na segunda parte é possível conhecer a escrita das duas místicas, compreendendo os caminhos, do ponto de vista de estilo, que cada uma traça nas publicações. No terceiro momento da tese, reunindo quatro tópicos, foi desenvolvido um estudo analítico de poemas inseridos e adotados a partir das temáticas da natureza, do temor, da entrega e do corpo, de modo comparativo; apontando aquilo o que as une e o que as separa. A leitura dos poemas proporcionou a conclusão de que as vozes femininas, sejam do medievo, sejam da contemporaneidade, são capazes de ecoar, legitimar e dar visibilidade ao discurso de qualquer mulher que permita sentir, falar, amar, mesmo que o eleito seja a maior entidade da comunidade cristã: Deus.
  • MARIA JOSÉ LIMA DE CARVALHO
  • CANTIGAS DE NINAR DO NORDESTE BRASILEIRO (PARAÍBA E PERNAMBUCO): uma abordagem semiótico-discursiva
  • Data: 30/03/2020
  • Hora: 15:00
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  • Este trabalho foi motivado por estudos que fizemos em obras sobre as cantigas de ninar, começando pelo Cancioneiro da Paraíba (SANTOS; BATISTA, 1993), quando vimos a necessidade de realizarmos uma tese sobre o assunto que teve como objetivo analisar os sistemas de valores presentes nas cantigas de ninar, explorando as categorias temático-figurativas da discursivização à luz da semiótica das culturas. Tínhamos o intento de descobrir se as cantigas de ninar ainda soavam como prática social na família moderna e que tipo de cantiga era usada nessa prática? Partimos de uma recolha substanciosa de cantigas populares e/ou eruditas que fizemos em regiões da Paraíba e Pernambuco e que serviram de corpus a essa tese, possibilitando o encontro de textos de épocas e lugares diversos, utilizando o critério da funcionalidade das cantigas, ou seja, aquelas usadas para auxiliar no sono das crianças. Tradicionalmente, são conhecidas como cantigas de ninar, acalantar, embalar, pelo fato de serem cantadas nas atividades que caracterizam o cuidado e o carinho da mãe com o filho pequenino, antes de colocá-lo para dormir. Nossa coleta revela cantigas tradicionais e/ou adaptações, já divulgadas por outras pesquisas ou textos inéditos, que se materializam por narrativas cantadas ou dialogadas, por discursos que indicam saberes sobre o mundo e que concepções são levantadas sobre ele. Os temas e atores variam, mas prevalece as figuras da família. Nesse mundo expressivo e mediante a relevância do gênero como portal das tradições, das superstições, das crenças, insere-se nossa pesquisa que utilizou como base teórica a Semiótica de linha francesa, considerando, entre outros teóricos, Greimas e Courtés (2012), Pais (1993), Batista (2014), para fundamentar as análises deste corpus. Agrupamos nosso levantamento por informantes e comunidades pesquisadas, organizando essas cantigas em sete categorias temático-figurativas, uma vez que, embora sejam cantigas usadas numa única função social: a de acalentar, elas pertencem a gêneros discursivos diferentes, como poesias narrativas, mitos, contos, parlendas e até cantigas populares, geralmente não utilizadas como acalantos.
  • ALINE CUNHA DE ANDRADE SILVA
  • UM BRINDE AO QUE SUSPENDE, ESCAPA E PERSISTE:TRAVESSIAS ERÓTICAS NA POESIA DE RITA SANTANA
  • Data: 30/03/2020
  • Hora: 14:00
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  • Nesta tese, apresentamos uma leitura do erotismo, em poemas de Rita Santana, a partir da análise das recorrentes figuras femininas que imbricam o fazer poético e o encontro sexual. As referências à Lilith, à Safo e à Verônica Franco, em poemas dos livros Tratado das veias (2006), Alforrias (2012) e Cortesanias (2019), são analisadas como um contínuo de vozes que atualizam, em contextos distintos, a aproximação entre poesia e erotismo. Objetivamos investigar como a voz da poeta baiana contemporânea convoca outras tradições e vozes na sua escrita. A partir dos estudos culturais e de gênero, discutimos a articulação entre autoria feminina e poesia erótica, a fim de situar a poesia contemporânea de Rita Santana na cena literária brasileira. Para discutir a categoria de erotismo partimos das contribuições de Bataille (2009) e da crítica literária brasileira (MORAES, 2003), (BORGES, 2009), avançando pela perspectiva das feministas negras Audre Lorde (2019) e bell hooks (2006).
  • ANA XIMENES GOMES DE OLIVEIRA
  • GÊNERO E MATERNIDADE POLÍTICA EM LITERATURAS AFRICANAS: Um estudo sobre Ventos do Apocalipse e Hibisco Roxo
  • Data: 30/03/2020
  • Hora: 09:00
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  • A presente tese se centra no estudo do gênero e da maternidade como categorias políticas diante do sujeito feminino pertencente a duas sociedades africanas, Nigéria e Moçambique, transpostas nos romances de Ventos do Apocalipse, de Paulina Chiziane, e Hibisco Roxo, de Chimamanda N. Adichie. O corpus desta pesquisa apresenta narrativas que inscrevem o feminino como sujeitos tangenciados pela cultura patriarcal e que subvertem os lugares impostos de silenciamento. Teóricas como Anne McClintock (2010), Bibi Bakare-Yusuf (2003) e Amina Mama (2013) foram trazidas para o estudo, destacando a necessidade de se entender o gênero como uma categoria que perpassa as experiências coloniais e pós-coloniais em África, assim como a necessidade de localização de experiências singulares de luta de mulheres contra discursos de subordinação. A oralidade feminina não-ficcional surge, assim, como uma prática também política de propagação de saberes, que reposiciona a voz feminina como uma ferramenta de transgressão na cultura e tradição, apresentando o feminino como um sujeito de ação e um agente modificador dos lugares de opressão. Para construir um aprofundamento no universo ficcional das autoras em tela, estabelecemos uma reflexão diante da produção de autoria feminina nos territórios africanos citados, apontando sua conexão a partir da voz feminina enunciadora que rasura valores e práticas masculinistas, nos ambientes público e privado, através da literatura. Assim, observamos a maternidade pelo viés político de análise, como debatida por Mary O’Brien (2007) e Andrea O’Reilly (2007) nos estudos feministas, atuando como um lugar de força e resistência de mulheres entre si, capaz de gerar modificações nas gerações que se seguem e questionando as narrativas históricas e seus lugares de protagonização e poder.
  • KHAYLES NOBREGA PEREIRA ALVES
  • Estética e Política na Cena Irlandesa: as Dublin Plays de Sean O’Casey
  • Orientador : SANDRA AMELIA LUNA CIRNE DE AZEVEDO
  • Data: 30/03/2020
  • Hora: 09:00
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  • Esta Tese apresenta uma leitura crítica das peças The shadow of a gunman (1923), Juno and the paycock (1924) e The plough and the stars (1926), trilogia conhecida como as Dublin Plays, do dramaturgo irlandês Sean O’Casey (1880-1964). Focalizando-se a relação entre Estética e Política, conflitos sociais e dramas existenciais constitutivos da ação das peças, analisados sob o enquadramento histórico dos acontecimentos políticos concernentes à independência da Irlanda, no início do século XX, avalia-se como o contexto político incide sobre a construção dramática dos textos, no sentido mesmo formulado por Raymond Williams (2002), para quem os conteúdos se precipitam em formas. Ambientada nos tenements dublinenses, a trilogia de O’Casey adota como setting os cortiços nos quais residia a população pobre da cidade, e a ação, nas três peças, decorre durante importantes eventos da história da Irlanda, como o Levante de Páscoa (1916), a Guerra Anglo-Irlandesa (1919-1921) e a Guerra Civil Irlandesa (1922-1923). Inscritas na estética teatral naturalista, essas obras apresentam uma configuração da ação trágica que se encaixa na problematização sobre a crise do drama teorizada por Peter Szondi, em seu livro Teoria do Drama Moderno: 1880-1950, obra na qual o autor discorre sobre a problemática da forma na dramaturgia moderna, no momento em que esta busca representar conteúdos fundamentalmente épicos, resultando em inconsistência na dramaticidade cênica. A estética naturalista das peças associa-se à análise do meio social por via da representação dramática de suas consequências sobre a vida humana, ou seja, denota um ponto de vista sobre as causas socais de ações nas quais os personagens sucumbem a forças políticas, sociais e econômicas, que lhes subtraem a subjetividade autônoma e voluntariosa característica dos heróis das tragédias renascentistas. Williams (2000, 2002) reconhece, contudo, que a composição dramática fundamenta-se em uma “Forma Geral” que se atualiza continuamente, como expressão das transformações tecnológicas, filosóficas, políticas e culturais que afetam as sociedades em um dado momento histórico. Para entender como esse processo se realiza nas Dublin plays de O’Casey, nosso primeiro capítulo apresenta uma revisão de dados históricos da Irlanda associados aos eventos políticos implicados nas ações das peças. O segundo capítulo revisita a teoria do drama, examinando conceitos e formulações pertinentes ao estudo crítico das Dublin Plays, cuja estética naturalista atualiza a Forma Geral das antigas tragédias nos moldes do drama social. Por fim, o terceiro capítulo expõe a análise do corpus à luz dos conhecimentos previamente discutidos nos capítulos histórico e teórico, descrevendo os processos de representação dramática empregados por O’Casey para incorporar à estrutura textual questões externas ao universo dramático, provenientes dos fatos históricos que o artista vivenciou e fez representar nos palcos.
  • RICCARDO MIGLIORE
  • REPRESENTAÇÕES DIALÓGICAS DO OUTSIDER NO CINEMA DE JIM JARMUSCH: ESTRANHOS NO PARAÍSO, GHOST DOG E PATERSON
  • Data: 27/03/2020
  • Hora: 09:00
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  • Esta tese tem por objeto o cinema do diretor Jim Jarmusch, com ênfase nos filmes Estranhos no paraíso (1984), Ghost dog (1999) e Paterson (2016). Nossa categoria analítica é a do personagem. Neste aspecto, focamos principalmente em entidades ficcionais outsiders. No cinema deste realizador audiovisual não só ocorre a presença maciça de outsiders, e sim, defendemos o fato que a interação dialógica entre “diversos” oriente tanto a narrativa como a mise en scène dos vários filmes, adquirindo um papel estrutural. Através de um viés interdisciplinar, abordamos as representações do outsider no cinema de Jarmusch, cuja obra fílmica é rica em termos de “diversidade”, o que nos permite propor uma sistematização das submodalidades do outsider, onde, entre outras coisas, podemos verificar aproximações entre outsider e pícaro, outsider e malandro, outsider e beatnik, e também, outsider e poeta. Percebe-se, assim, que o outsider permeia toda a obra do cineasta, em suas multíplices vertentes e nuanças, já que a representação é meticulosamente heterogenea. Este outsider vai muito além das representações midiáticas corriqueiras, e aponta, mais do que para um marginal (embora existam personagens transgressores da lei), para toda uma variedade de estranhos que incluem: o forasteiro, o estrangeiro, personagens em trânsito, personagens desenraizados (ou que constroem uma nova identidade em um novo local), o poeta, o músico de free jazz, o deejay, o taxista noturno, um afro-samurai “(pós)moderno”, e até mesmo vampiros e zumbis. Se do ponto de vista analítico, nossa leitura dos três filmes tem como principal referência a pesquisa de David Bordwell (2007) (2008), do ponto de vista teórico, compreendemos o outsider de Jarmusch, em suas interações com outros outsiders, através do estudo bakhtiniano das interações dialógicas (1997) (1998) (2017). Além de fundamentarmos no pensamento de Mikhail Bakhtin, trabalhamos com questões como: personagens ficcionais no cinema e na literatura, através de Antonio Candido e Anatol Rosenfeld (2007) e Eder, Jannidis e Schneider (2010); a interiorização estrutural do aspecto social (supostamente exterior) no cinema e na literatura, com autores como Antonio Candido (2006) (2007); representação e identidade, através de autores como Stuart Hall (1989) (1997) (2006), Woodward (2000) e Tomaz Tadeu da Silva (2000). Vale salientar que, nesta tese, evidenciamos a forte presença de intertextualidade no cinema de Jim Jarmusch, a qual, das três obras por nós selecionadas, ocorre principalmente em Ghost dog e Paterson. E sempre em termos de embasamento teórico, sinaliza-se que o humor peculiar deste diretor torna necessária uma reflexão sobre pastiche, paródia e sátira, fato que nos leva a utilizar como referências autores como Northrop Frye (1973), Linda Hutcheon (1985) e Fredric Jameson (1991).
  • JOSE DIEGO CIRNE SANTOS
  • A DIALÉTICA SARAMAGUIANA: UM MÉTODO NARRATIVO
  • Data: 27/03/2020
  • Hora: 08:00
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  • Este trabalho se propõe a investigar a produção romanesca de José Saramago à luz da narratologia e da filosofia. Constatamos em todas as vertentes dos romances do autor, considerados maduros pelos principais estudiosos de suas produções literárias, um ponto de vista contraditório no desenvolvimento ficcional dos temas abordados, sejam eles históricos, religiosos, intimistas ou engajados. A partir disso, objetivamos comprovar que tal inclinação é o resultado estético de um método narrativo dialético. As narrativas saramaguianas escolhidas como corpus para a análise de tal procedimento estilístico são: A viagem do elefante, O homem duplicado e A caverna¬. A escolha de cada uma delas visa abranger os três assuntos predominantes na obra do escritor: o passado, a intimidade psicológica humana e a crítica social. Nossas referências essenciais da narratologia são Norman Friedman, em “O ponto de vista na ficção”; Gérard de Genette, em O discurso da narrativa; Jean Pouillon, em O tempo no romance; Theodor Adorno, em “Posição do narrador no romance contemporâneo”; Walter Benjamin, em “O narrador”; Mikhail Bakhtin, em “A pessoa que fala no romance”; Paul Ricoeur, em “Os jogos com o tempo”; e Käte Hamburger, em “O gênero ficcional ou mimético”. O suporte teórico para as discussões filosóficas de nosso estudo acerca da dialética são, prioritariamente, A República, de Platão; a Enciclopédia das Ciências Filosóficas e Fenomenologia do espírito, de Hegel; A ideologia alemã e o Manifesto comunista, de Engels e Marx, e o “Prefácio” da Crítica da economia política, de Marx. A metodologia utilizada por nosso julgamento avaliativo é o exame crítico de cada livro, respeitadas as particularidades de todos, a fim de verificarmos como esse posicionamento antitético da voz locutora se comporta esteticamente em cada eixo temático explorado por Saramago.
  • FRANCEILTON ALVES PASSOS
  • A METAMORFOSE NOS CONTOS DE FADAS DE MADAME D’AULNOY
  • Data: 26/03/2020
  • Hora: 09:00
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  • A proposta desse estudo é analisar o processo de metamorfose em dois contos de fadas da escritora francesa Madame d’Aulnoy (1650/1651-1705), a quem se deve o mérito pela criação da nomenclatura “contos de fadas”. Também pretendemos divulgar a obra da autora, pois poucos de seus contos foram traduzidos em língua portuguesa, sendo assim não muito conhecidos, como também escassos os estudos sobre essas narrativas entre as pesquisas acadêmicas no Brasil. Os contos selecionados para a análise foram “A gata branca” e “O ramo de ouro”. Pretendemos refletir sobre a caracterização e motivação da metamorfose das personagens, especificamente do gênero feminino. Em relação à constituição do gênero conto de fadas, abordaremos o nascimento dos contos de fadas a partir da escrita feminina, recorrente no movimento literário que ocorreu na França no século XVII, conhecido como Preciosismo. Dessa forma, traçamos um percurso histórico que começa nos mitos e na oralidade, culminando com a tradição escrita. No mais, a nossa pesquisa é de abordagem qualitativa, quanto à natureza é pesquisa básica e de procedimento bibliográfico, por conseguinte, o pressuposto teórico utilizado para embasar a discussão, organizamos da seguinte maneira: fontes históricas, através de livros, sites e trabalhos acadêmicos para abordar a biografia da Madame d’Aulnoy e o contexto em que a sua obra está inserida; também estudos que teorizam a respeito do maravilhoso, dos contos de fadas, e da metamorfose, a saber, André Jolles (1930) Clive Staples Lewis (2015), Irlemar Chiamp (2015), Jack Zipe (1979), John Ronald Reuel Tolkien (2013), Joseph Campbell (1997), Mariza B. T. Mendes (2000), Mircea Eliade (1972), Nelly Novaes Coelho (2003), Robert Darnton (1986), Vera Maria Tietzmann Silva (1985), Vladimir Propp (2002), entre outros; e ainda o específico estudo de uma pesquisadora francesa sobre a obra de d’Aulnoy, Anne Defrance (1998).
  • ANA RAQUEL DIAS SILVA LOURENÇO
  • A CONSTRUÇÃO DO PERCURSO SEMIÓTICO DA MOÇA NO CONTO DE INSPIRAÇÃO POPULAR: tradição e contemporaneidade.
  • Orientador : MARIA DE FATIMA BARBOSA DE MESQUITA BATISTA
  • Data: 03/03/2020
  • Hora: 14:30
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  • Partindo da hipótese de que as personagens femininas apresentam como objeto de valor ter um marido como forma de se sentirem completas, esse trabalho procurou analisar a ideologia presentes nos contos populares tradicionais, comparando-os com os contos escritos na contemporaneidade para verificar o que vem mudando na atitude das mulheres em relação ao assunto. Em vista disso, o objetivo geral foi analisar a personagem feminina (mulher) como sujeito semiótico do querer-ter um marido no conto de inspiração popular. O corpus constituiu-se de quatro contos que vão da tradição à contemporaneidade, dos quais dois são tradicionais e dois contemporâneos. Os primeiros foram extraídos do acervo de contos de Sylvio Romero, “A moça e o Gambᔠe “A moça e o Gavião”, do livro Contos Populares do Brasil (1885, p. 187-189). Os contemporâneos foram: “A moça Tecelã e Doze reis” e a “Moça no labirinto do vento”, escolhidos do livro de Marina Colasanti, Doze reis e a moça no labirinto do vento (1982, p.9-13, 41-46), que marcam a preponderância da literatura escrita. Apesar da diferença entre as duas modalidades de conto – oral e escrita, observa-se que os contos escolhidos têm, fundamentalmente, uma inspiração popular: foram moldados pela cultura do povo, enraizada na tradição. A proposta teórica escolhida foi a semiótica de linha francesa, descrita por Greimas e seus colaboradores da Escola Semiótica de Paris, que é tida como a ciência que estuda as significações presentes nos textos "verbais e não-verbais e sincréticos (BATISTA,2009).
  • JOSE EIDER MADEIROS
  • UM GOZO EXPLOSIVO PARA A ANTIPOÉTICA PORNOTERRORISTA DE DIANA J. TORRES
  • Data: 28/02/2020
  • Hora: 16:00
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  • A presente dissertação busca compreender na voz dissidente da linguagem póspornográfica de Diana J. Torres, a Diana Pornoterrorista, a manifestação de um gozo por meio da antipoética, a partir das relações dialógicas entre literatura e psicanálise. Os recortes literários se debruçam na análise de “Transfrontera”, “Sin título”, “Animal” e “Mi vagina”, poemas demonstrativos do que se alicerça em Pornoterrorismo (2011) e do que se mescla enquanto ruptura de estilo característico da paródia pós-pornográfica no pós-modernismo, fenda no simbólico e na submissão à lei fálica decorrente do feminino não-todo, e infamiliar recorrência à imagética do abjeto, do grotesco e do patológico como modo de ressignificação dos corpos inscritos sob a égide imprecisa e indeterminada do queer. Para tanto, apresentamos um histórico sumário da presença de personagens putas na literatura ocidental que foram nomeadas, de modo a aproximar a marca da subjetividade na representação ficcional desde os escritos clássicos até as produções de meados do século XIX, associando essa nomeação com certo reconhecimento da constituição de sujeito nestas personagens. Logo, enveredamos na discussão teoria sobre temas relativos ao feminino como corpo pulsional, representação fantasmática no imaginário, e signo desestabilizador da ordem simbólica, a partir de variados escritos de Freud e de Lacan, e seus críticos e comentadores. De modo a ilustrar a antipoética pornoterrorista como sintoma do contemporâneo, ensaiamos aproximações em torno da intersemiose pornográfica e do gozo, através de um olhar psicanalítico, enquanto fissuras apropriadas pelo feminismo pró-sexo e pelas narrativas pós-pornográficas frente aos determinismos do império das imagens, mas criativamente vinculadas à ambivalência do feminino como indeterminável, bifurcado, fendido, terrífico.
  • THAYSE KELLY BARBOSA DA SILVA
  • A disciplinarizaçao feminina e a propriedade privada em “Senhor diretor”, de Lygia Fagundes Telles
  • Data: 28/02/2020
  • Hora: 15:00
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  • A presente dissertação tem como objetivo analisar o conto “Senhor Diretor”, de Lygia Fagundes Telles. A obra foi publicada no livro de contos “Seminário dos Ratos” e veio a público no final da década de setenta, mais precisamente 1977, um período da história em que os valores patriarcais ainda vigoravam fortemente, apesar das importantes mudanças de comportamento que começaram a se operar na sociedade brasileira no século XX, devido aos movimentos políticos que questionavam esses valores, principalmente no que se refere aos arranjos de gênero. Deste modo, a análise do conto parte de uma proposta que tem como principal interesse ponderar sobre como essas ideologias interferiam diretamente na vida das mulheres, através da personagem principal, Maria Emília, cujo protagonismo está personificado em uma relação existente entre seu corpo disciplinarizado, devido à imposição patriarcal, e a angústia de estar submersa em um campo de inúmeras contradições internas e determinações, ainda que inconscientemente. Dessa forma, analisaremos como essa disciplinarização feminina é compreendida enquanto um fator histórico, tendo sua raiz no patriarcado, o qual, por sua vez, tem origem com o surgimento da propriedade privada, fazendo-nos pensar que a questão da opressão da mulher (seja ela financeira, sexual, etc.) está diretamente ligada à questão de classe. Além disso, a proposta de análise alcança a forma do texto, pensando na narrativa, fator elementar e de extrema importância para que essas mesmas contradições internas vivenciadas pela protagonista possam ser visualizadas. Para embasamento da nossa pesquisa, utilizaremos alguns pressupostos teóricos, como textos de Susana Borneo Funck (2011), Foucault (2006), Constância Lima Duarte (2003), Frederich Engels (1887), Mary Del Priore (2007), entre outros, a fim de dar o embasamento histórico e cultural o debate sobre gênero que desenvolvemos.
  • GUILHERME DE OLIVEIRA DELGADO FILHO
  • Máscaras de Ezra Pound em Personae (1909): uma tradução comentada
  • Data: 28/02/2020
  • Hora: 14:00
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  • Poeta de inegável importância para a moderna poesia de língua inglesa, o estadunidense Ezra Pound (1885-1972) é a grande motivação deste trabalho. Seu terceiro livro de poemas, Personae, de 1909, é aqui entendido como um título paradigmático por reunir sistematicamente a formulação das chamadas “máscaras poundianas”: máscaras pelas quais Pound se apropriava das personae de poetas do passado através de um exercício complexo na adoção da técnica, voz ou características desses mesmos autores no intuito de revivificar e reapresentar tradições que julgava importantes, mas também moldar uma linguagem pessoal, conforme apontou Brooker (1979). Nossos objetivos gerais foram colaborar para que a tradução e recepção do autor no contexto brasileiro se aproxime de suas múltiplas facetas, atenuando o lapso que ainda se observa sobre sua obra poética, e destacar a importância do período em questão para os desdobramentos de sua obra posterior. Nosso objetivo específico foi realizar uma tradução comentada de seis poemas de Personae (1909) centrados em três autores fundamentais para a poesia inicial de Ezra Pound: Robert Browning (1812-1889), François Villon (1431-1463?) e William Butler Yeats (1865-1939). Nossa tradução procurou comentar não apenas o diálogo que Pound manteve com esses poetas, e a maneira particular como ele os absorveu em sua poesia, mas sobretudo os meios de que nos valemos para responder aos anseios de nossa teoria, que prezou por relativizar extremos e assumir uma perspectiva prática de tradução a partir de reflexões de Britto (2012) e Flores (2014). Em meio ao processo de análise, utilizamos Campos (2015), Meschonnic (2010), Spina (2003 [1971]) e sobretudo Britto (2005) para destacar possíveis correspondências formais e funcionais entre original e tradução e refletir sobre as possibilidades de recriá-las com êxito. Nossos resultados apontam para a pertinência de uma discussão mais ampla sobre a historicidade contida nas formas poéticas tradicionais, para a importância da forma para Ezra Pound e para uma revalorização de sua poesia inicial.
  • PEDRO PAULO NUNES DA SILVA
  • Transferências linguístico-culturais em An invincible memory de João Ubaldo Ribeiro: a autotradução de palavras sufixadas por -inho à luz da estilística de corpus
  • Data: 28/02/2020
  • Hora: 13:00
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  • Viva o povo brasileiro foi traduzido para diversos idiomas, dentre as línguas estão o alemão, o holandês, o sueco, o francês e o espanhol. Todavia, para a língua inglesa, o próprio autor realizou uma versão para este idioma, por consequência, uma autotradução. O romance foi publicado, em 1984, e sua autotradução, An invincible memory, em 1989. Ambos os textos se tornam, portanto, uma fonte para estudos no campo disciplinar dos estudos tradutológicos, sendo um deles a atual pesquisa. Neste estudo, analiso o uso do sufixo -inho em corpus comparável monolíngue, a fim de verificar se o sufixo -inho é uma característica linguístico-cultural brasileira por meio de comparações e contrastes em subcorpora contendo textos literários lusitanos, brasileiros e textos traduzidos para o português, e, com isso, poder tratar o uso do sufixo por João Ubaldo não apenas como aspecto estilístico seu, mas como uma particularidade que parece existir proeminentemente no português brasileiro. Além disso, investigo a circulação de obras ubaldianas traduzidas, de forma a observar se houve indícios que motivaram a realização da segunda autotradução ubaldiana e perceber as implicações linguístico-culturais dessa circulação sobre o texto autotraduzido (An invincible memory). Por fim, cotejo a mediação intercultural autotradutória realizada por João Ubaldo no corpus paralelo bilíngue Viva o povo brasileiro/An invincible memory com atenção especial sobre as palavras sufixadas por -inho. Esta pesquisa baseia-se em autores que descrevem os aspectos morfológicos do sufixo -inho (FERRARI NETO, 2014; GONÇALVES, M. 2006; ROSA, 2005; SANTANA, 2017; e outros), em pesquisadores que apresentam aspectos socioculturais desse mesmo afixo, considerando as interfaces com a sociedade, a línguas e a cultura (FURTADO DA CUNHA, 2016; MARTELOTTA; KENEDY, 2015; OLIVEIRA; WILSON, 2015; SOUZA, 2015; e outros), em teóricos que expõem sobre a estilística (MARTINS, 2011; MONTEIRO, 2009, 2002; RODRIGUES, M. 2009; SIMPSON, 2004, 1997; e outros), a linguística de corpus (BERBER SARDINHA, 2004; CHENG, 2012; VIANA, 2010, 2008; e outros) e a estilística de corpus (FISCHER-STARCKE, 2010), mas, principalmente, em autores que estão inseridos nos estudos tradutológicos (AUBERT, 1998; GENTZLER, 2009; HEILBRON, 1999; OUSTINOFF, 2011; e outros). Os resultados, no corpus comparável monolíngue, apontam que o uso do sufixo -inho está atrelado ao comportamento sociolinguístico-cultural do homem cordial descrito por Holanda (1995) como aquele que se abstém da polidez para dar lugar à intimidade e que, muitas vezes, revela-se em seu socioleto através do uso quase irrestrito e frequente do sufixo -inho, logo, uma característica sociolinguístico-literário-cultural brasileira. Além disso, a análise também aponta que o segundo romance ubaldiano autotraduzido ocorreu devido a fatores inerentes à circulação de outras obras literárias ubaldianas traduzidas. Por fim, o corpus paralelo bilíngue apresenta uma leve vantagem numérica para as traduções indiretas em comparação às traduções diretas. Consequentemente, tais quantificações indicam que a tradução de palavras sufixadas por -inho estão mais atreladas a uma mudança considerável da forma e/ou da função do sufixo -inho de maneira a indicar uma domesticação por parte da autotradução. Por outro lado, é notório que a diferença numérica não é tão díspar e, por isso, também corroboram para uma perspectiva que a autotradução se guiou por uma ideologia de não apagamento de aspectos linguístico-culturais. Em vista disso, há um equilíbrio entre resistência e adaptação à língua-alvo e suas culturas correspondentes, isto é, uma autotradução que parece conter estrangeirização e domesticação em níveis semelhantes.
  • RAYSSA KELLY SANTOS DE OLIVEIRA
  • AS INTERMITÊNCIAS DO CORAÇÃO SELVAGEM: (sub)versões do feminino na prosa Clariciana
  • Data: 28/02/2020
  • Hora: 09:30
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  • Desde os primórdios da civilização, a questão dos papéis sociais é teorizada de maneira complexa e diversificada, sobre a qual recaem discursos, por vezes, inconformes, originários de distintos setores da sociedade, que se aplicam as igrejas, universidades, escolas, entre outros. No tocante à mulher, esses dispositivos de poder engendram, amiúde, estigmas que se inscrevem na utopia da fragilidade, covardia e vulnerabilidade. O desempenho em esfacelar e aniquilar esse feminino edificou diálogos que, perversamente, autoriza o masculino a fragmentar a existência daquele enquanto sujeito autônomo, sinalizando um arquétipo de inferioridade. Essa deturpação estende-se, pois, aos tempos vigentes e, não menos, às artes. Com o ensejo desse panorama social é que a literatura de autoria feminina brasileira insurge como resistência aos desígnios patriarcais e perpetua um modelo de denúncia, no qual explora protagonismos antes usurpados. É nessa seara que nos deparamos com a escritura de Clarice Lispector. O universo feminino da autora perpassa a profundidade dos sentimentos e assola a imposição do silenciamento, vozeando a anunciação desde o íntimo das almas ao externo da convivência, reativando a multiplicidade do (não) pertencer. Em seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem (1943), essas nuances surgem moldando a subjetividade de Joana. A obra aborda as fases da vida da protagonista sob o prisma da descoberta e da liberdade, cujos contornos ainda são demarcados pela instituição familiar patriarcal, e, por consequência, por valores que priorizam o contexto religioso que, por sua vez, imputam a mulher a se (re)conhecer na condição da “boa e dedicada esposa”, enclausurando seus desejos e anseios. A narrativa rompe com esses preceitos utilizando-se da heroína como representante de uma trajetória transgressora. A travessia entre o ser e o tornar-se revela um feminino que desafia a disciplina e dissipa a norma em razão do direito autoral de seu próprio instinto, transformando a estabilidade da impossibilidade em percursos plurais e factíveis. A fim de corroborar com nossa análise, utilizaremos o arcabouço teórico de Zolin (2009), Lins (2012), Beauvoir (1949/2009), Telles (2004), dentre outros para tratar da subversão feminina. Dessa forma, buscaremos, dentro do romance Clariciano, as faces desse feminino em ebulição, que subverte e se (des)constrói a todo instante.
  • BRENDA MARIA PEREIRA DE PONTES
  • A crítica literária de Ana Cristina Cesar: verdade e máscara
  • Data: 19/02/2020
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho consiste na investigação da produção crítica da poeta, tradutora e crítica literária contemporânea brasileira Ana Cristina Cesar, a partir da problemática da relação ficção-realidade, tema frequentemente abordado pelos estudiosos de seus escritos poéticos, mas ainda não discutido de maneira ampla em seus textos críticos. Para tanto, dedicamo-nos aos textos de Literatura não é documento (1980) e Escritos no Rio (1993), publicados posteriormente em Crítica e Tradução (2016), cujos objetos frequentes são a poesia marginal, os gêneros autobiográficos, o próprio exercício crítico e o cinema documentário. Na referida compilação, Cesar apresenta uma posição de questionamento sobre questões concernentes à verdade e à máscara, reverbera as proposições de teóricos de inclinação estruturalista e pós-estruturalista, além de levantar uma proposta de estetização da realidade em obras ficcionais, que se entrevê ao longo de sua trajetória crítica. Quanto ao suporte teórico de nossa pesquisa, voltamo-nos aos postulados de viés historiográfico de Flora Süssekind (2004), Heloísa Buarque de Hollanda (2004), Ítalo Moriconi (2016), a fim de abordarmos a literatura da década de 1970; Roland Barthes (2004), no tocante ao discurso crítico e autoria; Michel Foucault (2011), no que concerne a função autor e a escrita de si; e Michael Hamburger (2007), no tocante à ideia de máscara. Assim, levando em consideração o que pesquisamos e discutimos ao longo dessa dissertação, chegamos à conclusão de que as propostas de estetização e fingimento são as principais perspectivas a partir das quais Cesar reflete a literatura, o que revela ainda uma atitude independente de seus posicionamentos crítico-teóricos, em detrimento às inclinações dos estudos literários vigentes na época no Rio de Janeiro.
  • ELLEM KYARA PESSOA DOS SANTOS
  • A Linguagem Regional-Popular em Jessier Quirino: Um Estudo Léxico-Semântico
  • Data: 14/02/2020
  • Hora: 09:00
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  • O presente trabalho apresenta considerações acerca da linguagem regional-popular utilizada pelo escritor paraibano Jessier Quirino, com o propósito de identificar e descrever o léxico regional característico da região do Nordeste brasileiro. É neste viés, que o objetivo central de nossa pesquisa é inventariar, em um glossário, a linguagem regional-popular do escritor Jessier, assegurando, assim, que a sociedade atual e as gerações futuras, bem como pesquisadores da área tenham acesso a este acervo linguístico-cultural. Tal objetivo é justificado pela riqueza de expressões regionais que as obras em estudo apresentam, desta maneira, podemos atestar que uma pesquisa deste teor contribui para a preservação dos falares regionais, como também comprova a riqueza cultural do Nordeste brasileiro, enaltecendo, ainda, a escrita literária de escritores regionalistas como Quirino. Tornando, desta maneira, esse tipo de linguagem, ainda pouco estudada, reconhecida não somente no meio acadêmico, mas na sociedade em geral. Nesta perspectiva, nosso estudo se fundamenta nos pressupostos teóricos da Dialetologia, Sociolinguística, Etnolinguística, Lexicologia, Lexicografia e da Semântica, que serão utilizados conforme Aragão (2005), Biderman (2001), Borba (2002), Cardoso (2016), Coseriu (1977), Pottier (1972), entre outros. Quanto ao corpus da pesquisa, este é composto por quatro obras quirinianas, a saber: Prosa Morena (2005), Bandeira Nordestina (2006), Berro Novo (2009) e Papel de Bodega (2013). Tais obras poéticas representam, com propriedade, a linguagem regional utilizada pelo povo nordestino. Diante disso, fica notória a importância de um glossário léxico-semântico, haja vista que este pode exercer, dentre tantas funções, a função de patrimônio histórico de uma dada comunidade linguística, possibilitando, portanto, o conhecimento e a preservação dos falares regionais. Por fim, inferimos que no corpus analisado foi possível identificarmos dentro daquilo que depreendemos como linguagem regional/popular: neologismos, arcaísmos e expressões nordestinas de uso corrente na língua.
  • JOAES CABRAL DE LIMA
  • PETER PAN DE MONTEIRO LOBATO: ENTRE CAPAS E ILUSTRAÇÕES, UM OLHAR NOS PROTOCOLOS DE LEITURA
  • Data: 13/02/2020
  • Hora: 09:00
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  • Os protocolos de leitura, em seus diversos aspectos e usos, que abarcam a estrutura do livro concernente a todo o seu projeto gráfico editorial, são usados como elementos antecipadores do texto, devido à sua carga narrativa, da mesma forma que também norteiam a leitura, explicando determinados itens; organizando sua ordem; resumindo capítulos, além de, no caso da ilustração, estabelecendo uma relação discursiva com o próprio texto, como bem evidenciam CARVALHO (2008), CAVALCANTE (2010) e ARANTES (2019). Tendo em vista a importância dos protocolos de leitura, que embora sejam pouco estudados no meio acadêmico, mas evidenciados por teóricos em seus estudos acerca da leitura, como CHARTIER (1990), SCHOLES (1989), ROSA (2016), MARTINS (1989), BASTIANETTO (2005) entre outros, esta dissertação objetiva avaliar as diversas mudanças que ocorreram ao longo do tempo nas capas e ilustrações internas da adaptação de Peter Pan, realizada por Monteiro Lobato em 1930, por meio dos protocolos de leitura e da própria história cultural. Além disso, evidenciamos as muitas edições adaptadas e traduzidas que foram realizadas por diferentes editoras brasileiras. Para a realização deste trabalho partimos de uma metodologia centrada na pesquisa bibliográfica a partir de dissertações, teses e das próprias obras infantis de Lobato, em especial, as várias edições da adaptação de Peter Pan. Também se fez necessário uma pesquisa biográfica de Monteiro Lobato, dada a sua relevância na construção do mercado editorial brasileiro nos primeiros decênios do séc. XX e da sua contribuição como autor e inovador no campo da literatura infantil brasileira. Desta forma nos foi possível identificar mudanças significativas tanto no projeto gráfico das muitas edições da adaptação realizada por Lobato, como também em relação a elementos textuais.
2019
Descrição
  • LUIZA HELENA COSTA
  • BERTOLEZA, DE ALUÍSIO AZEVEDO: A REPRESENTAÇÃO DA NEGRA LIVRE EM SUA TRAJETÓRIA DE RESISTÊNCIA
  • Data: 13/11/2019
  • Hora: 14:00
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  • Com esta pesquisa objetiva-se realizar um estudo a respeito das configurações da mulher negra na narrativa azevediana e de suas formas de resistência, de maneira mais particular, a partir do perfil de Bertoleza, personagem que habita o cortiço ficcional de Aluísio de Azevedo. Nessa intenção, tentamos apreender os mecanismos e maneiras com as quais o romancista maranhense, em estreita aproximação com os ideais naturalistas de sua época, elabora esta personagem. Nossa análise se fundamenta, primordialmente, nas contribuições de Candido (1993), Soethe (2007), Nogueira (1999), Santos e Canuto (2017), Almeida (2010), Silva (2008), Linhares (2015) e Mott (1991). Sendo assim, tecemos uma reflexão sobre a representação da mulher negra livre que, ao longo da narrativa, reinventa-se como sujeito ativo em sua trajetória de resistência.
  • THAMIRES NAYARA SOUSA DE VASCONCELOS
  • O LOBO EXPIATÓRIO: O RITO SACRIFICIAL E A TENTATIVA DE RESTAURO DA ORDEM SOCIAL NA DITADURA SALAZARISTA, EM OS CUS DE JUDAS
  • Data: 30/09/2019
  • Hora: 14:30
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  • A presente dissertacao dedica-se a analisar a obra Os Cus de Judas (1976), do escritor portugues Antonio Lobo Antunes. Narrada em primeira pessoa, a obra apresenta o relato de um medico inominado que exprime os traumas de sua experiencia agonica durante a Guerra Colonial em Angola (1961-1974), onde atuou como combatente pelo periodo de vinte e sete meses. Refem das obrigacoes patrioticas, a personagem desvela como as violacoes perpetradas pelo – e para - Estado Novo (1933 – 1974) transformou a em um sujeito identitariamente desmembrado e cativo de uma guerra sem fim. Neste sentido, a presente investigacao adota como hipotese que a obra recupera e ressignifica os pressupostos formulados por Rene Girard, em sua obra a Violencia e o Sagrado (1990)acerca do sacrificio. Apesar de transitar no ambito simbolico, a possibilidade de leitura apresenta-se como um caminho dotado pertinencia, visto que, conforme defende Girard (1990), os mecanimos vitimarios produzidos pelas sociedades com fins de expurgar o caos e restituir a ordem metamorfosea-se, nao adotando assim, uma forma unica de possibilidade existencial. Destarte, avaliamos que o corpus adotado, atraves do testemunho, nos permite romper com as fronteiras entre o privado e o publico,ao retratar com crueza a experiencia de repressao e desumanizacao implementada pela politica colonial salazarista em solo africano. Ademais, destacamos que o exercicio ficcional, nos possibilita uma (re)leitura acerca da ruptura do selfda personagem, um sujeito que submerso em um novo paradigma, o pos-colonial, nao mais reconhece Portugal como sua patria apos os desmandos vivenciados durante a Guerra. Isto posto, destacamos que nosso enfoque sera dado sobre um espectro que vai desde a violencia politica explicita ate as formas mais silenciosas e menos manifestas, mas nao menos presentes e destrutivas, na obra antoniana. A fim de embasar nossa analise, utilizamos os pressupostos girardianos do sacrificio e bode expiatorio de Rene Girard (1990) e (2009) aplicando-o a luz da posmodernidade, com o auxilio das compreensoes acerca da violencia de Michel Foucault (2012) e (2013), Giorgio Agamben (2014). Pierre Bordieu (1989), Judith Butler (2015), perpassando pelas teorizacoes de Benedict Anderson (2006),acerca do nacionalismo e os sacrificios que a manutencao nacao exige e alcando os estudos pos-coloniais acerca da fragmentacao do eu desenvolvidos por Stuart Hall (2002), dentre outros.
  • GEOVANNA DAYSE BEZERRA SILVA
  • A REDE LANÇADA ÀS AGUAS: A SIMBOLOGIA DA ÁGUA EM O OUTRO PÉ DA SEREIA, DE MIA COUTO
  • Data: 30/09/2019
  • Hora: 10:00
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  • O presente trabalho tem como objetivo tecer uma análise do romance O outro pé da sereia, de Mia Couto. O estudo é desenvolvido a partir da categoria simbologia da água. Para fundamentar nossa análise, utilizamos as contribuições teóricas de Eliade (1991, 1992, 2010, 2011), Frye (2014), Chevalier e Gheerbrant (2016), Bachelard (1994, 1997, 2009), Durand (1993), entre outros. A proposta da análise é apresentar uma tipologia do elemento água, relacionando-a aos dois personagens selecionados: Mwadia Malunga e Nimi Nsundi. Observamos que as formas simbólicas em que o elemento água se manifesta, o rio e o mar, estão intrinsecamente ligadas aos personagens Mwadia e Nsundi, respectivamente. Por meio da análise constatamos que ambos os personagens possuem relação de semelhanças e diferenças. A semelhança se dá pela presença do elemento água na trajetória de Mwadia e Nsundi. A diferença se dá quanto ao comportamento que cada um tem diante dos acontecimentos: Mwadia é a tranquilidade da correnteza do rio, é a constância; o temperamento submisso diante do marido, da mãe e daqueles que a cercam, demonstram sua maleabilidade em seguir o curso do rio de acordo com a correnteza. Nsundi representa as instáveis e bravias águas do mar: de temperamento impetuoso, não hesita em transgredir as ordens dos sacerdotes que estão à frente na viagem. É imprevisível como como as águas do oceano, por vezes manso, suave; outrora avassalador. Mesmo com essas diferenças notórias em seus comportamentos, os dois personagens são semelhantes em sua essência, pois ambos são permeados pelo mesmo elemento norteador em suas vidas: a água.
  • LAURA MARIA DA SILVA FLORETINO
  • MÁCULA CLERICAL E JOGOS ADÚLTEROS NOS FABLIAUX MEDIEVAIS
  • Data: 03/09/2019
  • Hora: 14:30
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  • EM BREVE
  • EDITH ESTELLE BLANCHE OWONO ELONO
  • ANÁLISE DESCRITIVA DA TRADUÇÃO PARA O INGLÊS DA OBRA MISSION TERMINÉE, DE MONGO BETI
  • Data: 30/08/2019
  • Hora: 14:30
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  • Esta dissertacao de mestrado analisa a traducao para a lingua inglesa da obra Mission Terminee, do escritor camaronense Mongo Beti (1932-2001), publicada pela primeira vez em 1956. Publicada em 1958 na Inglaterra, a traducao ganhou o titulo Mission to Kala e foi realizada pelo britanico Peter Green. No mesmo ano, a mesma traducao foi publicada nos Estados Unidos da America sob o titulo Mission Accomplished (1958). Esta pesquisa debruca-se sobre a edicao de 2008, publicada pela Mallory International (London) em sua colecao Classic African Writing. A analise se baseia nos Estudos Descritivos da Traducao (EDT), com foco na teoria de Jose Lambert e de Hendrik Van Gorp (1985), que apresenta um esquema de analise das traducoes. Conforme os autores, e um modelo que comporta quatro aspectos: a coleta de dados preliminares, o nivel da macroestrutura, o nivel da microestrutura e por fim o nivel do contexto sistemico. E a partir desses niveis que descrevemos, observamos e analisamos a traducao da obra, comparando-a com o texto fonte nao para apresentar um julgamento sobre ambos os textos, mas com o intuito de perceber com clareza as decisoes tomadas pelo tradutor. A partir disso, as escolhas feitas pelo tradutor em sua tarefa de recriacao passam, entao, a ser analisadas conforme as perspectivas de Haroldo de Campos (2009) e Paulo Henriques Britto (1999), complementadas com as abordagens sobre a reescrita e a manipulacao textual de Andre Leverere (2007). Outros estudos, tais como os de Gerard Genette (2009) e de Marie-Helene Catherine Torres (2011), esta ultima engajada no fortalecimento dos estudos da traducao no Brasil, tambem sao utilizados para a discussao sobre paratextos. Quanto a literatura africana e as pesquisas sobre a vida do autor, os seguintes autores foram considerados: Ait-T-Aarab (2012), Habiballah (2009), Mokam (2009), Bishop (1988) Djiik (2011), Senghor (1967). A partir da analise deste estudo, constatou-se a mudanca de significados, da pontuacao, o uso de explicacoes extensas (muitas palavras) que nao acrescentam de forma alguma o sentido da frase em termos de significado. Verificou-se tambem a presenca de algumas escolhas problematicas que dao uma imagem equivocada da cultura do texto fonte. Com isso, entendemos que a recriacao textual por meio da traducao oferece ao leitor alvo, a oportunidade de construir novos significados acerca da obra e o tradutor e visto ao mesmo tempo como um novo membro da cultura fonte por ter conseguido penetra em sua intimidade mantendo a propria individualidade cultural.
  • LÍVIA CAVALCANTE GAYOSO DE SOUSA
  • A POÉTICA DE FERNANDO PESSOA NAS CANÇÕES-POEMAS DE MARIA BETHÂNIA: UM OLHAR SEMIÓTICO
  • Data: 30/08/2019
  • Hora: 14:30
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  • A juncao da cancao com a poesia suscita investigacoes dos mais variados matizes, uma vez que os objetos permitem leituras varias, a partir de concepcoes teoricas diversificadas. No contexto da Musica Popular Brasileira, a interprete Maria Bethania tem como habito inserir o dizer poetico nos seus espetaculos musico-teatrais, fazendo uma interligacao significativa entre esses elementos, cujo produto e observado por meio de suas performances. Nessa conjuntura, a poetica de Fernando Pessoa surge como materia-prima recorrente, tomada pela artista para a elaboracao daquilo que, neste trabalho, convencionou-se chamar de cancao-poema. Considerando esse contexto, o problema levantado na presente dissertacao e: como analisar, por um vies semiotico, a poetica de Fernando Pessoa nas cancoes-poemas de Maria Bethania? O trabalho, portanto, tem por objetivo apresentar uma possivel leitura das cancoes-poemas, a partir da analise do proprio texto literario, utilizando-se de teorias como a de Charles Sanders Peirce, Luiz Tatit e Algirdas Julius Greimas. Tem-se, inicialmente, um levantamento de fortuna critica acerca da trajetoria poetico-musical dos dois artistas, Pessoa e Bethania, bem como sobre a forma como a ultima constroi os seus espetaculos, a partir de um roteiro construido pela interligacao entre a musica, a poesia e o teatro, o que nos traz, como consequencia, uma manifestacao cenica repleta de signos capazes de produzir sentidos mais abrangentes, se comparados, por exemplo, com uma analise isolada dos elementos musica e poesia. Nessa perspectiva, investigou-se a incidencia da obra pessoana nos discos e espetaculos de Maria Bethania e, em seguida, propos-se uma leitura semiotica de cinco cancoes-poemas extraidas desse corpus. Espera-se, desse modo, contribuir com a proposta de ampliacao de sentidos produzidos pelas cancoes-poemas, permeadas pela atuacao performatica – e carregada de signos – de Bethania nos palcos..
  • HAROUDO SATIRO XAVIER FILHO
  • REVERBERAÇÕES DO ARQUÉTIPO DA FADA NO ROMANCE "JONATHAN STRANGE & MR. NORRELL", DE SUSANNA CLARKE
  • Data: 30/08/2019
  • Hora: 13:30
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  • Esta pesquisa teve como objetivo realizar a análise do arquétipo da Fada no romance Jonathan Strange & Mr Norrell (2016), de Susanna Clarke. Trata-se de um livro inglês de Fantasia e História Alternativa que ganhou e foi indicado aos maiores prêmios do gênero na época de sua publicação, 2006. Buscamos investigar como se deu o processo de adaptação do arquétipo da Fada no romance, perante o contexto da produção da obra e escolhas da autora em relação ao tempo, espaço e prévias representações do arquétipo. Para tanto, ensaiamos uma definição de arquétipo embasada em Campbell (1990), Dundes (1996) e Jung (1978), entre outros. Também utilizamos o conceito de cronotopo (BAKHTIN, 2014), além de elaborar uma tipologia – limitada, mas suficiente para nossa finalidade – do arquétipo da Fada. Utilizamos Hutcheon (2006) como principal base metodológica, que consiste na aplicação do LIDE jornalístico (Ou seja, as perguntas: Quem? Como? Onde? Como? Por Quê? Quando?) aos elementos da adaptação do arquétipo da Fada no romance de Clarke. De acordo com nossa análise, tal arquétipo foi representado de dois modos distintos perante um embate simbólico entre formas apresentadas anteriormente na história da Inglaterra: a Fada como elemento infernal e a Fada como parte constitutiva do próprio espírito da Inglaterra
  • SUELEN OLIVEIRA DE BRITO
  • ENTRE PRÁTICAS E APROPRIAÇÕES: OS GÊNEROS RETÓRICO-POÉTICOS DO FOLHETO DE AMBAS LISBOAS (1730-1731)
  • Data: 28/08/2019
  • Hora: 14:00
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  • Esta pesquisa busca dar visibilidade aos generos retorico-poeticos pertencentes ao Folheto de Ambas Lisboas (1730 – 1731) bem como procura investigar a relacao entre esse folheto jocoso e o periodico oficioso Gazeta de Lisboa Occidental (1715-1760). Assim, pretendemos reconstruir as praticas de escrita de generos que circulavam em Lisboa - Portugal no seculo XVIII. Nesta analise, utilizamos procedimentos previstos e aplicados pelas convencoes letradas em vigencia no periodo (PECORA, 2001) de circulacao do folheto jocoso atribuido a Jeronimo Tavares Mascarenhas de Tavora e a seu colaborador Victorino Jose da Costa. Para tanto, foi realizada uma catalogacao dos generos retorico-poeticos presentes no Folheto e a analise qualitativa dos generos retorico-poeticos, buscando demonstrar o jornal como um espaco experimental que dava vazao a producao escrita da epoca. O estudo fundamenta-se, metodologicamente, na Historia Cultural, que lancou um olhar diverso do que comumente se tem sobre os objetos literarios do passado, concebendo-os como fruto de um tempo historico, agregando valor ao suporte e considerando objetos e autores relegados, apagados e preteridos em razao de uma visao anacronica presente na Historiografia Literaria que os condenou ao esquecimento e silenciamento. Desse modo, importa-nos observar as prescricoes da historiografia da epoca para esses generos, o lugar de fala dos redatores, a importancia do suporte na circulacao e propagacao dos generos retorico-poeticos, as demandas impostas aos generos e a educacao retorica da epoca. Para isso, consideramos os estudos de Barbosa (2007; 2017), Carvalho (2007), Chartier (1990; 1991; 1999; 2004), Gama (1846;1851), Hansen (2013), Honorato (1879), Lopes Moraes (1856), Machado (1746), Mattoso (2011), Mckenzie (2004), Mello Moraes (1856), Moraes Silva (1789) Mota (2003; 2005) e Pecora (2001), Quintiliano (2015) entre outros. Para realizacao desta pesquisa, recorremos aos arquivos eletronicos do Folheto de Ambas Lisboas e a Gazeta de Lisboa Occidental (1715-1760) da Biblioteca Nacional de Portugal.
  • ROSEMERI VERISSIMO SANTANA DA COSTA
  • A ESCRITA DE SI COMO RESISTÊNCIA E DESCLAUSURA EM CARTAS DE AMOR, DE SÓROR MARIANA ALCOFORADO
  • Data: 28/08/2019
  • Hora: 09:00
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  • Esta pesquisa de cunho qualitativo e bibliografico toma como objeto de estudo o livro Cartas de Amor (1992), cuja autoria se atribui a freira portuguesa Mariana Alcoforado (1640-1723). Esta edicao que utilizamos e de uma retroversao, feita pela escritora brasileira Marilene Felinto, uma vez que as cartas foram publicadas em sua versao princeps, intitulada Lettres Portugaises traduites em francois, em 1669, na Franca. A obra e composta por cinco missivas, provavelmente enderecadas a Noel Bouton de Chamilly (1636-1715), oficial frances com quem Soror Mariana haveria se relacionado amorosamente no periodo das Guerras da Restauracao (1640-1668). Para alem das duvidas que existem a respeito da quantidade de cartas, da ordem em que estao dispostas, da autenticidade e/ou da autoria, objetivamos analisa-las a luz das categorias da resistencia e da desclausura, sob a otica dos Estudos Culturais e de Genero, considerando essa producao uma escrita de si. Portanto, trazemos a tona mais uma escrita feminina, no sentido de prosa de ficcao, e uma escritora, sobretudo se atentarmos para o seu carater vanguardista, haja vista que o romance epistolar ganha notoriedade somente no seculo XVIII. Desse modo, privilegiamos o debate acerca da cultura letrada em setecentos, com foco para a literatura conventual feminina, evidenciando assimetrias entre generos nesse espaco, as quais fundamentam e justificam nossa proposta investigativa. Entao, aqui apresentamos uma nova leitura, entre as tantas possiveis para as cartas de Alcoforado, buscando apontar o potencial dessa escrita para a conquista de novos espacos de discurso para aquela que as produziu. Para isso, centramo-nos nos estudos de Morujao (2002; 2011; 2015), Anastacio (2013), Rector (1999), Garretas (1990), Perrot (2005; 2008), Foucault (1992), Figueiredo (2013), Arfuch (2010), Gameiro (2012), Lejeune (2014), Barthes (1981), Bourdieu (2012), entre outros
  • SILVIO TONY SANTOS DE OLIVEIRA
  • OS ENIGMAS DO CORPO FALANTE: A HISTERIA COMO EXPRESSÃO DA FEMINILIDADE
  • Data: 22/08/2019
  • Hora: 18:00
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  • Desde os primordios das primeiras civilizacoes, embasadas no matriarcado, e, posteriormente, a insurreicao do patriarcado, a sexualidade humana pode ser vislumbrada nos mais diversos vestigios historicos: pinturas, esculturas, registros rupestres entre outros. O feminino, em particular, e seu erotismo, de acordo com o tempo e a transicao sociocultural, transitam entre lugares sociais de exaltacao e condenacao; supremacia e subversao; sagrado e profano. Durante o matriarcado, periodo que corresponde, aproximadamente ao paleolitico e neolitico, o corpo feminino e exaltado por meio da fertilidade. O divino e o erotico se fusionam nas imagens divinizadas de entidades que se relacionam com a natureza e se materializam na nas multiplas estatuetas da virgem de venus. Em relacao ao feminino, o masculino se mostra como uma figura a parte: nao havendo lacos subversivos entre os dois generos. Em contrapartida, a fragmentacao do matriarcado culmina em uma derrocada da exaltacao do feminino. A fertilidade, de uma condicao sagrada, no contexto patriarcal, passa a ser vista como uma forma importante de preservacao das culturas e sociedades antigas, porem destituida de qualquer simbologia sagrada. O corpo feminino passa a configurar um hiato em relacao ao erotismo: No contexto greco-romano, berco socio-historico do cultural da sociedade ocidental, a mulher passa a ser compreendido como um componente subalternizado em relacao a figura masculina. Entre os helenicos, as figuras de esposa e mae, restritas as delimitacoes do oikos, sintetizam a visao patriarcal sobre o feminino. Consequentemente, os latinos, por meio de suas aproximacoes culturais historicas com a cultura grega, ratificam as percepcoes de um feminino submisso e constantemente atrelado a tutela masculina. Ja no periodo medieval, a partir do seculo V d. C., os estereotipos da mulher e da feiticeira se confundem de forma indissociavel acarretando estigmas e perspectivas alicercadas na misoginia. Na visao do cristianismo e de seus representantes, a mulher e o diabo se fundem nas inumeras tentativas de corromper os mais desatentos homens, levando-os a perdicao de seus espiritos, e afrontando o divino, por meio da profanacao do corpo, templo sacrario do espirito de Deus. O pecado se personifica na mulher medieval pela intermediacao da amaldicoada personagem biblica Eva. Correlatamente a esses cenarios historicos, os periodos seculares a frente ate os limiares do seculo XIX pouco apresentaram em avancos no que tange as visoes sociais sobre a mulher e sua sexualidade: fonte de satisfacao masculina e detentora de um corpo destinado a reproducao reverberaram ao longo dos anos. Nesses parametros historicos, a insurreicao da histeria feminina se mostrou perene, obedecendo sempre a uma caraterizacao sintomatica em cada epoca. Sexualidade e os sintomas enigmaticos acabam por se interlacarem de forma singular. A hystera, na visao de filosofos e medicos, apresenta ligacoes proximas com um animal errante e obcecado pela fertilidade. Uma perspectiva fundada na metafisica, defendida pelos religiosos medievais, associavam as histericas as manifestacoes demoniacas empreitadas pelo inimigo da fe crista. A partir do seculo XVII, paulatinamente, a histeria, anatomicamente, migra do ventre para o cerebro e, por vezes, concilia com uma posicao de descrenca por parte da medicina, em sua existencia. Essas denotacoes, dirigidas a histerica, acabam por ser encenadas nas manifestacoes culturais como a literatura. As personagens femininas, dos romances, do periodo oitocentista, apresentam-se acometidas por sintomas que lhes atribuem caracteristicas de adoecimento. Debilitadas, fragilizadas ou ate mesmo loucas, essas personagens sao, costumeiramente, vislumbradas como fragilizadas e submissas diante de um pathos devastador. Por meio de uma interface entre psicanalise e literatura, galgamos debrucar um outro olhar sobre a histeria feminina: a histerica, longe de ser uma personagem debil, se apresenta-se subversiva diante da cultura patriarcal e seus prismas. Para tanto, Lancamos mao de um estudo do romance oitocentista circunscrito pelas obras O homem (1887), de Aluisio de Azevedo e A carne (1888), de Julio Ribeiro. Nesses corporas, vislumbramos Magda e Lenita, respectivamente, que diante das vicissitudes culturais, responsaveis pela interdicao do desejo, gozam a partir da imposicao de uma feminilidade subversiva, ofertada pelos sintomas histericos. Nossas consideracoes teoricas, que buscam resgatar a histeria do campo patologico, defendido pela psiquiatria, e alca-la ao campo da subjetividade psiquica, sao fundamentadas nas contribuicoes teoricas de Sigmund Schlomo Freud (1856-1939) e Jacques-Marie Emile Lacan (1901-1981). Nesse sentido, por meio do corpo, Magda e Lenita ostentam uma feminilidade enigmatica que destoa dos preceitos estereotipados, da sociedade oitocentista, acerca do feminino e de sua sexualidade.
  • ERICK FRANCE MEIRA DE SOUZA
  • As Bucólicas de Públio Vergílio Maro: tradução e estudo à luz de aparato filológico e de simbologia da flora
  • Data: 09/08/2019
  • Hora: 09:00
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  • As Bucolicas (ou Eclogas) do poeta romano do periodo classico, Publio Vergilio Maro, ha mais de dois milenios vem sempre (re)despertando o interesse de leitura e estudo literario, quer por imagens emblematicas como a do locusamoenus, quer pela composicao requintada dos poemas em meio a flora que apresentam, quer pela tematica literaria do bucolismo (termo herdado do grego para ‘pastoreio’), cujo perfil Vergilio recupera e retraca a partir de referencias notorias como do poeta helenistico Teocrito. Por outro lado, em termos de teoria e metodologia, os avancos do metodo historico-comparativo sob uma perspectiva indo-europeia vem sendo consideraveis nas ultimas decadas, e esse fato nos faz indagar que leituras seriam possiveis desses celebres poemas a partir de uma atualizacao quanto a aplicacao do metodo referido, de modo que tanto a etimologia como a fraseologia, a onomasiologia e mesmo discussoes de elementos culturais em geral ocupem a maior parte do trabalho. Discute-se, inicialmente, um percurso do conceito de filologia de modo a se formar uma ideia mais clara da aplicacao sob perspectiva historico-comparativa, porem sem aplicacao das etapas formais da filologia (stemmatica, collatio etc.). Ainda se discutem, tambem inicialmente, criterios quanto ao processo de traducao adotado, vantagens e desvantagens dele e como se configura, na pratica, o formato dela. Apresentados, em seguida, os originais em latim acompanhados de suas respectivas traducoes propostas, cada um tem seu proprio comentario conforme a proposta mencionada. Finalmente, o ultimo capitulo complementa, em forma de verbetes, os comentarios principais com um exame, sobretudo, da flora presente nos poemas e de como nos tenha parecido mais pertinente literariamente essa presenca, que nao so sendo puramente ornamental. Para tal, recorreu-se a uma selecao dos termos da flora e de outros de interesse cultural (libertas, honos, amoenus, labor etc.), com imagens das plantas para melhor ilustracao. A conclusao e de que, malgrado haja uma discussao que ha algum tempo questiona a eficiencia de qualquer estudo etimologico, os estudos e traducoes apresentados devem possibilitar, como amostra e forma atualizada do metodo adotado, uma viabilidade concreta para entendimento dos poemas sem, contrariamente a certas opinioes discutidas, perder-se de vista a perspectiva literaria deles.
  • ANDREIA RAFAEL DE ARAÚJO
  • DIÁLOGOS ENTRE HISTÓRIA E FICÇÃO NA RESSIGNIFICAÇÃO DE "BRANCA DIAS" NO ROMANCE DE MIGUEL REAL
  • Data: 31/05/2019
  • Hora: 09:30
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  • O presente estudo, baseado nas relacoes entre Literatura e Historia, concentra-se na discussao da teoria da metaficcao historiografica, atraves do mecanismo da ironia, no romance Memorias de Branca Dias (2009), de Miguel Real. Nosso objetivo consistira em analisar a voz autorreflexiva e ironica da personagem marginalizada Branca Dias, dentro do romance, que tem sua historia marcada pela perseguicao empreendida pelo Tribunal do Santo Oficio portugues no cenario Portugal-Brasil do seculo XVI. Neste sentido, atraves da pesquisa bibliografica, procuramos evidenciar sua ressignificacao no ambito romanesco. Esta pesquisa fundamenta-se nas contribuicoes de Hutcheon (2000) (1991), White (1992), Wilke (2009), Marcocci e Paiva (2013), Novinsky (1982), Wiznitzer (1966), Lipiner (1969), Siqueira (1978), Mello (1996) e Lima (2015).
  • LUANA EYDSAN SILVA DE MOURA
  • SUBJETIVIDADE E INTIMISMO EM A POESIA EM PÂNICO, DE MURILO MENDES
  • Data: 27/05/2019
  • Hora: 14:00
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  • Em A poesia em panico, publicado em 1937, Murilo Mendes, o poeta das tensoes e paradoxos conciliados, nao e somente o autor que segue a cartilha da poesia moderna, trazendo para o seu poema um deslocamento do eu para os objetos, mas neste livro especificamente, apresenta um lirismo intimista, por vias da subjetividade confessional e do erotismo, tais elementos vem marcados por um eu lirico em panico, que vivencia o sagrado e o profano em constante tensoes. O objetivo deste trabalho e, pois, investigar por meio das analises dos poemas, os elementos esteticos e historicos que levaram Murilo Mendes a conceber uma diccao tao diferenciada em A Poesia em Panico, diccao esta subjetiva e intimista, bastante diversa dos livros anteriores e posteriores do autor. O trabalho se justifica porque a questao ainda nao foi suficientemente estudada pelos criticos de Murilo Mendes, que, de maneira geral, nao se voltaram para o intimismo e a subjetividade no poeta, tampouco em A poesia em Panico, procedimentos esses cruciais neste livro. Para fundamentar nossa pesquisa, utilizaremos algumas teorias do eu lirico, como a de Hugo Friedrich, o qual defende a tese da despersonalizacao do eu lirico na modernidade. Em contraposicao a essa critica, nos valeremos das posicoes de Michel Hamburger para mostrar que apesar de moderno, Murilo Mendes tambem pode ser intimo e confessional. Tambem nos apoiamos nos estudos de Georges Bataille, que foi essencial para entendermos a ligacao entre o sagrado e o profano que Murilo Mendes traz em varios poemas do livro
  • MONALIZA RIOS SILVA
  • CONTANDO TRICKSTERS: AGENTES DE SUBVERSÃO/TRANSGRESSÃO DE RELAÇÕES DE PODER EM ERDRICH, MORRISON E HOPKINSON
  • Data: 23/05/2019
  • Hora: 14:00
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  • Em tempos de crescente disseminacao de odio e ascensao de autoritarismos estatais e de opressoes institucionalizadas, olhar para a forca do povo, um poder endogeno, constitui no maior agenciamento que cada cidadao deve exercer em sociedade. Enquanto a Literatura puder promover discussoes, simbolos e representacoes desse rizoma transformacional, embora corroido pela estrutura externa, faz-se valer a figura trickster. Tricksters sao compreendidas, e marcamos o lugar do feminino, como personalidades multi(trans)facetadas e agenciadoras de estrategias ora discursivas, ora representacionais para o enfrentamento das injusticas sociais. Soma-se a isso a capacidade das tricksters de serem agentes de subversao e/ou transgressao no escopo da ordem hegemonica racista, sexista, machista, lgbtqifobica e classicista. Esta pesquisa tem o intuito de investigar a categoria trickster e suas possibilidades de agenciamento das relacoes de poder, envolvendo genero, raca e classe em tres romances de: uma nativo-americana, de uma afro-americana e de uma jamaico-canadense, a saber: The Antelope Wife, de Louise Erdrich (1998); Sula, de Toni Morrison (1973); Midnight Robber, de Nalo Hopkinson (2000). Baseamos nossas epistemes, fundamentalmente, em aparatos teorico-filosoficos que discutem o lugar de nativo-americanas/os e de povos afrodiasporicos nas Americas, como garantia do lugar de fala. Para nossas discussoes teoricas e criticas em Tricksters, trazemos: Hyde (1998), Hynes; Doty (2003); Cunha (2005); Smith (1997); Gates Jr. (1988); Vizenor (1990). Para questoes de estudos em literaturas nativo-americanas, feminismo interseccional, transculturalidade, des-/decolonialidade: Schneider (2001); hooks (1984); Davis (2016); Ribeiro (2017); Pratt (1999); Walter (2009); Costa (2015). Percebemos formas diferentes de tricksters nos romances em estudo que agenciam relacoes de poder, ora subvertendo-as, ora transgredindo-as. Em The Antelope Wife a storytelling, evidenciada no discurso da narradora central e nas focalizacoes em varias personagens, traz uma multivocalizacao narrativa que subverte a ordem linear da narratividade e transgride os discursos hegemonicos das narrativas de fundacao. Em Sula, a assertividade da trickster Sula utiliza o Womanism sass, como linguagem verbal e performatividade, que subverte o patriarcado branco e elitista e transgride instituicoes “sagradas”, como o casamento. Em Midnight Robber, a discursividade transcultural nas diasporas confere o carater trickster de Tan-Tan que performatiza a pluriversalidade cultural, subvertendo opressoes e transgredindo fronteiras, ao se travestir de uma figura mitica e folclorica caribenha, alem de outros tropos de cultura. Sendo assim, em diferentes multi-esteticas e formas, as tricksters dos romances convergem no sentido de estabelecerem lugares de fala diversos e compoem um acervo produzido por povos contra hegemonicos que se circunscrevem nas Americas dos nativos e dos povos de afrodiaspora.
  • KEYLE SÂMARA FERREIRA DE SOUZA
  • ALBA VALDEZ: A PALAVRA DAS MULHERES NA HISTÓRIA DA LITERATURA E DA IMPRENSA CEARENSE
  • Data: 30/04/2019
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho objetivou rastrear o processo de inclusao da escritora, jornalista e professora Alba Valdez na historia da Literatura e da Imprensa no Ceara. Analisamos a escrita literaria e jornalistica da mulher no Ceara, durante o seculo XIX e XX, com o intuito de compreender as praticas de escrita de Alba Valdez. Para tanto, propusemo-nos a revisitar a historia das mulheres atraves de Perrot (1991;1998; 2005), Kappeli (1991), Falci (2011), D’incao (2011), fazendo um paralelo com a realidade das mulheres no Ceara, sobretudo, no mesmo recorte temporal, remontando ao processo de conquista do espaco publico por essas mulheres atraves da escrita literaria nos periodicos cearenses, bem como, reconhecendo a imprensa como lugar da palavra das mulheres no Ceara, fundamentando-nos para isso em Ketterer (1996), Cunha (2008), Duarte (2016), e nos discursos e memorias da propria Valdez (1907; 1937), assim, como nos jornais dos seculos XIX e XX. Isso nos conduziu a revisitar a historia da imprensa feminina nesse Estado, o que nos possibilitou ir alem da organizacao de uma lista de periodicos editados e, ou destinados ao publico feminino, mas investigar a participacao e atuacao da mulher em toda a imprensa entre o final dos anos oitocentistas e meados do seculo XX. Nessa empreitada, priorizamos a busca nas fontes primarias, periodicos e documentos. Desse modo, primeiro contextualizamos para entendermos o lugar social de Alba Valdez na historia da literatura e da Imprensa cearense com o auxilio das teorias de Certeau (2011). Isso posto, a partir de recortes de jornais e producoes memorialistas, considerando-os como fontes documentais, restauramos a historia de vida de Alba Valdez, em um processo analogo ao descrito por Chartier (1990; 2011) e Lacerda (2003). Por conseguinte, deduzimos que na trajetoria bibliografica de Alba Valdez predominou a publicacao nos periodicos, que se converteram em importantes redes de sociabilidades, em conformidade com Sirinelli (1996), Teixeira (2011), Schueler (2018), como tambem podemos conceituar as associacoes literarias e intelectuais que proporcionaram as mulheres de letras, como Alba Valdez, publicar o que escreveram, expressando seus pensamentos, sentimentos e suas opinioes. Nessa perspectiva, o cotejamento dos jornais, das revistas e dos almanaques nos permitiu identificar, reunir e reorganizar a obra de Alba Valdez, refazendo sua travessia atraves de seus escritos, de tal modo que encontramos producoes ineditas da autora, que nos viabilizaram a construir uma nova trajetoria biobibliografica dessa escritora, reconhecendo que os periodicos foram bem mais que suportes textuais, como preconizaram Barbosa (2007) e Luca (2014; 2015), se constituindo como determinantes na producao da escrita literaria e meios de sociabilidade para a literatura de autoria feminina
  • ADAYLSON WAGNER SOUSA DE VASCONCELOS
  • Inércia estatal e denúncia do caos ambiental e social em escritos euclidianos sobre o espaço amazônico
  • Data: 23/04/2019
  • Hora: 15:00
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  • A presente tese doutoral traz como eixo central de sua discussao o espaco amazonico a partir de uma leitura critica promovida dentro dos escritos euclidianos, precisamente nas cronicas presentes n’A margem da historia (1909), esta que permite o estabelecimento de uma analise de denuncia da omissao estatal que gera caos ambiental e social naquela localidade. Para tanto, estabelecemos como objetivo-geral da pesquisa reconhecer, a partir do contexto socio-politico-ambiental, ressignifica a proposta filosofica determinista mediante as particularidades do Brasil do Seculo XIX-XX. Esse percurso e construido a partir da discussao do proveito abusivo do capital em relacao a natureza e ao homem, da identificacao da retomada da subjetividade da natureza como sendo uma extensao tambem para aqueles grupos vulneraveis igualmente excluidos e da resposta de como a critica ao estado omisso, nos escritos euclidianos sobre o espaco amazonico, pode ser analisada como uma releitura da proposta determinista e uma adequacao no solo brasileiro. No plano metodologico, a pesquisa esta amparada no metodo hipotetico-dedutivo. Qualitativa, em relacao a abordagem. No tocante a natureza, se mostra interdisciplinar e inclusiva, e exploratoria em relacao aos objetivos. Ja em para os procedimentos, e bibliografica. Estudiosos como Alier (2017), Boff (2004), Garrard (2006), Hannigan (2009), Hatoum (2002), Leff (2006, 2009 e outros), Lima (1997), Lowy (2005 e outros), Ventura (1996), dentre outros tantos, embasam as nossas discussoes. Os resultados permitem a verificacao que, com o inicio da critica ao modelo republicano logo apos os acontecimentos em Canudos, Euclides da Cunha adota uma escrita que critica o modo pelo qual o estado nacional observa e gere os espacos e as populacoes perifericas, no corpus precisamente delimitados como o espaco amazonico e a populacao nordestina que migrou para a regiao dos seringais na busca por melhores condicoes de vida. Com o auxilio das discussoes ambientalistas e ecocriticas que e dado o devido suporte para propormos a releitura da perspectiva determinista impressa pelo aludido autor para o cenario nacional a partir da insercao do elemento estado omisso como fator primordial para o atraso do desenvolvimento nacional e estabelecimento do caos ambiental e social. A partir da releitura do determinismo euclidiano, e possivel constatar e concluir que a “pratica de acao do estado” eleita pelas elites que detem o poder politico nacional, ate mesmo antes daquele periodo historico, e a acao da omissao, esta que perdura ate os dias atuais, estando sempre o estado a delegar a particulares e a outros agentes o dever de agir que prioritariamente originariamente e sua.
  • LUCIANA DE QUEIROZ
  • O silêncio que grita
  • Data: 15/04/2019
  • Hora: 09:00
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  • A pesquisa em questao tem como objeto de analise tres contos do escritor Caio Fernando Abreu. A saber, os contos analisados sao: “Do outro lado da tarde”, presente na obra O ovo apunhalado (1975); “Luz e Sombra”, integrante da obra Morangos Mofados (1982); e “Sem Ana, Blues”, que, por sua vez, faz parte da obra Os dragoes nao conhecem o paraiso (1988). O referido escritor se utiliza, nos tres contos, da tecnica do fluxo de consciencia, de variadas formas e de maneira diversa de outros escritores. O fluxo de consciencia provoca rupturas no modo como se concebia a acao narrativa, pois, o conceito de acao sofre mudancas, passa, entao, a ser exercido de forma interiorizada, subjetivamente, concentra-se ao nivel dos processos mentais. A teoria literaria desenvolvida no Ocidente, por sua vez, de modo hegemonico, nao privilegia a acao como um mecanismo efetivo do fluxo de consciencia. O presente trabalho, a partir de aportes teoricos como Aristoteles (1983), Theodor Adorno (2003) e Paul Ricoeur (2010b), tem por hipotese o exercicio da acao interna nos contos selecionados, sendo essa acao uma categoria consolidada a partir da tecnica do fluxo de consciencia. Alem de conceituar a acao interna em narrativas, a tese em desenvolvimento se propoe a constituir uma tipologia dessa acao e demonstrar concretamente diferentes modos de acao interna possibilitados pelo fluxo de consciencia narrativo.
  • RANIERE DE ARAUJO MARQUES
  • O LOCAL DA INDEXICALIDADE EM PAULICÉIA DESVAIRADA
  • Data: 27/03/2019
  • Hora: 13:00
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  • A cidade de Sao Paulo e cenario de inumeras obras literarias na literatura brasileira. Este trabalho teve como corpus o livro Pauliceia Desvairada, de Mario Andrade. Observamos como o contexto de intensa mudanca, pelo qual passava a cidade de Sao Paulo, no inicio do seculo 20, foi determinante para a construcao de varios elementos presentes nos poemas desse livro de Mario de Andrade. Alem disso, interessa-nos saber como esse sujeito insere-se neste contexto fazendo um livro sobre essa cidade, mas ao mesmo tempo, e de certa forma, sobre ele mesmo. Nesse sentido, nosso objetivo central foi estabelecer relacoes entre o contexto da obra e as varias referencias presentes no livro. Alem de observar as diversas formas e graus de indexicalidade que estas referencias possuem na obra estudada e como tais indices podem atuar como elementos estruturadores de metaforas, ajudando assim naquilo de Jakobson (2001) chamou de “duplicacao da referencialidade”. Utilizamos para tanto, os conceitos de indices de Charles Peirce (2005; 2014), assim como alguns outros conceitos da semiotica peirciana, para compreender as relacoes signicas presentes em diversas dimensoes da obra. Isto nos obrigou a inter-relacionar os poemas, e mesmo versos, com o contexto da obra como um todo. Tentamos nos afastar da mera nocao de simbolo, para pensar no livro, em sua intregalidade, sendo um indice sobre Sao Paulo do inicio do seculo XX. Para tanto, dividimos o estudo em tres capitulos. Sendo o primeiro um capitulo mais teorico, denominado “Signos, referencia e metafora”. Em seguida, no capitulo: Da Sao Paulo a Pauliceia Desvairada: os caminhos de uma cidade e de uma poesia em transformacao, trouxemos para o debate uma reflexao historica e sociologica sobre o processo de construcao desta metropole e as fissuras de resistencias produzidas no coracao de uma modernidade excludente, assim como a obra, em si, a partir da sua critica, inserir- se-a neste contexto. Por ultimo, em: Indices e metaforas em Pauliceia Desvairada, temos o capitulo que prioriza as analises, propriamente ditas, usando os poemas quase sempre em sua integridade e pensando nestes em relacao ao livro e sua completude. Nosso percurso buscou ancorar-se nas categorias de “indexicalidade manifesta” e “indexicalidade difusa”, propostas nesta tese, o que nos ajudou, devido a opacidade da linguagem literaria, a compreender as diferentes formas como os indices se apresentam nos poemas. Sendo assim, pudemos constatar que no livro estudado ha uma serie de indicacoes a espacos, acoes e sujeitos, que representaram ruptura no campo artistico e comportamental. E que tais escolhas traz a tona uma serie de marginalizados pelo processo de urbanizacao, dando-lhes destaque, nao so poetico, mas tambem historico. Mais que isso, este trabalho buscou pensar os indices como elementos de construcao poetica, colocando em xeque sua capacidade representar a realidade e nos obrigando a pensar a propria realidade como elemento de construcao da arte. Por fim, ao problematizarmos as tenues relacoes entre a arte e realidade buscamos pensar o signo como artefato poetico e ideologico.
  • ISABELLE DE ARAÚJO PIRES
  • A SEMIÓTICA APLICADA A POEMAS INTERMÍDIA DE AUGUSTO DE CAMPOS: UMA PROPOSTA DE ENSINO DE LITERATURA NA CONTEMPORANEIDADE
  • Data: 25/03/2019
  • Hora: 09:00
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  • Este trabalho surge a partir da vivencia da pratica docente e de estudos teoricosdesenvolvidos ao longo dos anos com o texto literario, especificamente, as poeticasvisuais. Nessa investigacao, procuramos divulgar essa poetica e, dentro desse vastouniverso, elegemos cinco poemas intermidia de Augusto de Campos. Assim sendo, essapesquisa, alem de creditar visibilidade ao poeta mencionado, aborda a possibilidade doestudo das poeticas visuais e suas relacoes com as diversas midias. Para a apreciacaodos poemas nos liames desse estudo, buscamos ampliar nossa discussao, que procuraobservar os dialogos entre a poetica visual intermidia de Augusto de Campos e o ensinode literatura, especialmente na contemporaneidade, cujos leitores nascem no primado dacomunicacao multimidiatica. Nosso objetivo geral foi, portanto, estabelecer umaabordagem investigativa e dialetica da poetica experimental de Augusto de Camposcom o ensino de literatura na atualidade, a partir do estudo critico de poemas intermidia,utilizando os conceitos extraidos da Teoria Geral dos Signos, de Charles SandersPeirce. Nos objetivos de natureza mais especifica, discutimos acerca do Concretismo eda poesia experimental de Augusto de Campos e suas contribuicoes literarias;apontamos o modo de atribuicao semiotica e relacoes intermidia e suas transfiguracoes ecombinacoes criativas com outros sistemas, num corpus composto por cinco poemas:Poema-bomba, Cidade, SOS, Greve, Criptocardiograma. Nesse interim, analisamos ossubsidios dessa poesia experimental potencializada pelas midias digitais tecnologicas para o ensino de literatura, considerando uma concepcao mais ampla de texto em consonancia com uma sociedade onde a tecnologia avanca gradativamente. A pesquisas e configura qualitativa, bibliografica e exploratoria, descritiva e explicativa de estudos criticos e teoricos. Nosso aporte teorico contou com os estudos de Peirce (1975; 2005),Campos (1975; 1986; 2017; 2018, entre outros), Noth (1996;1997), Plaza (2003),Pignatari (1975;1979;1987), Santaella (1986; 1992; 1995; 2000; 2004), Ferraz Junior(2005; 2012; 2014), Claus Cluver (2014) e Dick Higgins (1984), Lajolo (2001; 1984),Pinheiro (2002), Colomer (2007), entre outros. A apreciacao transcorreu ainda pelaBase Nacional Comum Curricular, Etapa ensino medio, BNCC (2017, 2018), pelos Referenciais Curriculares para o ensino medio na Paraiba (2006) e pelas Orientacoes Curriculares Nacionais para o ensino medio (2006), que subsidiam o ensino medio no Brasil. Alem disso, aplicamos uma entrevista semiestruturada com o poeta Augusto de Campos, que versou sobre o legado do Concretismo no Brasil, seu percurso poetico, as abordagens de textos experimentais na educacao basica e os novos projetos enquanto autor. Construimos nao apenas uma descricao e analise, mas tambem buscamos promover discussoes sobre uma experiencia de leitura num conjunto sociocultural especifico que ganha maior relevancia em contexto contemporaneo.
  • VALMIR NASCIMENTO DE MOURA
  • ASPECTOS DE POÉTICA INDO-EUROPEIA: Recursos estilísticos empregados no gênero hínico nas tradições grega e indiana
  • Data: 25/03/2019
  • Hora: 09:00
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  • Partindo da hipotese de que a lingua hipotetica conhecida como indo-europeu pode transmitir caracteres como heranca as linguas derivadas dela, a ponto de se poder reconstruir sua gramaticalidade, conjecturamos, baseados na teoria de Watkins (1995), que reconstruir os esquemas basicos de uma linguagem poetica aplicada ao genero hinico seja igualmente possivel. Para tentarmos comprovar essa hipotese faremos uma analise comparativa entre hinos produzidos na Grecia e na India, duas tradicoes genuinamente de descendencia indoeuropeia e que possuem uma antiguidade consideravel. Temos por objetivo reconhecer, em ambas culturas, elementos empregados pelos poetas que poderiam ser heranca de seu ancestral linguistico para a producao desse genero literario. Em nosso percusso, primeiramente, tratamos de conceituar o indo-europeu de maneira concisa e de assinalar os principios pelos quais a hereditariedade linguistica e cultural e possivel, baseando-nos nos trabalhos de estudiosos como Benveniste, Meillet, West, Campanile, de um lado e de estudiosos como Dumezil, Berger, Bakthin, de outro. Em seguida, tratamos da instituicao indo-europeia conhecida como poeta e de sua producao artistica em geral de acordo com a documentacao sobrevivente em varios ramos dessa familia linguistica ate conceituarmos o genero hinico em questao e verificarmos a existencia de producoes literarias analogas na Grecia e na India. Por fim, construindo um corpus a partir dos Hinos Homericos, dos Hinos Orficos e do Rig-Veda, analisamos tanto composicoes completas como excertos dentro das tradicoes grego e indiana, ressaltando os elementos mais significativos empregados em sua constituicao e estruturacao. Nossa investigacao aponta para um forte indicio de continuidade de uma tradicao que pode ser percebida pela similaridade e emprego de recursos poeticos como tambem aponta para inovacoes por meio da producao de caracteres proprios e tendencias de escolha no modo de usos desses recursos por cada cultura.
  • WALDELANGE SILVA DOS SANTOS
  • A NARRATIVA DE VENTOS DO APOCALIPSE, DE PAULINA CHIZIANE: visão de mundo e cosmopolitismo cultural
  • Data: 21/03/2019
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho constitui uma analise em Semiotica das Culturas do romance Ventos do Apocalipse, da escritora mocambicana Paulina Chiziane. Partimos da hipotese de que em Ventos do Apocalipse, a narrativa contistica funciona como inscricao da tradicao oral africana e como liame genealogico transcultural que radica a escrita de Chiziane numa estetica plural, este estudo tem como objetivo principal analisar, pelo vies da semiotica, a representacao cultural cosmopolita da literatura popular africana presente no romance em voga. Para atingir esse objetivo, fizemos uma analise nos processos de transcodificacoes culturais, bem como a analise do percurso da significacao, considerando aspectos como: os valores investidos, a instauracao dos sujeitos semioticos, as relacoes intersubjetivas de enunciacao e enunciado, os procedimentos discursivos de tematizacao e figurativizacao, alem da insercao dos sujeitos/atores nas zonas antropicas de identidade, proximidade e distanciamento culturais e seus modos de mediacao. O desenvolvimento deste trabalho contem quatro momentos interligados: discussoes teoricas sobre a semiotica (considerando seus aspectos culturais – interculturais e transculturais); explanacao do processo e momentos literarios formadores da literatura mocambicana contemporanea, assim como o proprio espaco adquirido pela escritora Paulina Chiziane, dentro da literatura; a analise do corpus escolhido, atentando para os aspectos orais tradicionais de Mocambique, dentro de uma perspectiva cosmopolita e a analise dos percursos de sentidos semioticos dentro da obra Ventos do Apocalipse. Tal escolha da obra se justifica pela complexidade estrutural que deflui, diretamente, da inscricao do texto literario na tradicao da literatura popular. De igual modo, as relacoes do texto ficcional com os polissistemas culturais que a escrita do romance apresenta.
  • VIRGÍNIA DUAN ARAÚJO DE ALCÂNTARA E LIMA
  • HAMLET E SONS OF ANARCHY: MODELIZAÇÃO DAS PERSONAGENS DO TEATRO À FICÇÃO SERIADA TELEVISIVA
  • Data: 11/03/2019
  • Hora: 14:30
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  • Esta pesquisa visa realizar uma investigacao semiotica da estruturacao e interacao das diferentes linguagens semioticas, bem como a semiose produzida a partir desses encontros dialogicos. Nessa perspectiva, nosso estudo busca compreender como acontece a ressignificacao do texto dramatico Hamlet(1601), de William Shakespeare; a partir da construcao da ficcao seriada televisiva Sons of Anarchy (2008-2014), de Kurt Sutter. A categoria da personagem sera considerada enquanto signo modelizado no processo de dialogo entre as obras de distintas linguagens, observando seu processo de modelizacao a partir dos estudos russos sobre a Semiotica da Cultura. Dessa forma, essa pesquisa pretende contribuir para o entendimento das referidas obras enquanto textos semioticos que sao ressignificadas em constante movimento criativo.
  • BERNARDO LUIZ ANTUNES SOARES
  • FAZENDO “SOPA DE CARVER”: A TRANSTEXTUALIDADE EM SHORT CUTS – CENAS DA VIDA, DE ROBERT ALTMAN
  • Data: 11/03/2019
  • Hora: 09:00
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  • O presente trabalho tem como proposito analisar a adaptacao cinematografica Short cuts – cenas da vida, de Robert Altman, em consonancia com dois de seus textos-fonte, o conto “Tanta agua tao perto de casa” e o poema “Limonada”, de Raymond Carver. Atraves da teoria da transtextualidade, de Gerard Genette, a discussao foi subdividida em cinco categorias que contemplam aspectos distintos e complementares da relacao entre texto filmico e texto literario. Fizemos uso de teorias relacionadas a musica no cinema e as relacoes entre poesia e musica para contemplar a expressividade da musica no processo de adaptacao do poema, atraves de Michel Chion e Christina Cano; o papel da montagem e da descentralizacao na estrutura do filme para explorar o entrecruzamento narrativo, atraves de Jacques Aumont e Jacques Derrida; a onipresenca das imagens na sociedade (pos)moderna para trabalharmos com a sociologia da adaptacao, a partir de Guy Debord; a transposicao de personagens e enredo do conto e poema para o filme, com o auxilio de Linda Hutcheon; e analisamos os codigos associados ao realismo nos textos literario e filmico a partir de Roland Barthes, Roman Jakobson e Andre Bazin. Todos esses temas estao associados diretamente com a teoria da intertextualidade elaborada por Julia Kristeva e desenvolvida por outros teoricos. Os resultados apontam para uma obra cujos autores e vozes distintas se complementam atraves de elaboradas tecnicas de adaptacao, reafirmando, no processo, a adaptacao como um meio poderoso de dialogo entre as artes.
  • MICHEL DE LUCENA COSTA
  • ANÁLISE DO CONCERTO CANTATA BRUTA: UMA SEMIOSE DA VIOLÊNCIA
  • Data: 11/03/2019
  • Hora: 09:00
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  • Esta pesquisa tem por objetivo realizar uma analise do concerto Cantata Bruta, realizado no fim de outubro de 2011, no antigo Cine Bangue do Espaco Cultural, em Joao Pessoa-PB. O interesse por este tema surgiu pelo fato desta obra ser baseada em uma selecao de contos do livro A Historia Universal da Angustia, de Waldemar Solha. Temos, portanto, uma obra literaria sobre a qual foi feita uma releitura, sendo transformada em musica. Buscamos entender como ocorre o transito entre essas linguagens, compreendendo, alem deste processo de traducao intersemiotica, como elas dialogam com os conceitos de angustia e de violencia. Como fio condutor desta pesquisa, nos utilizamos da semiotica de extracao russa, mais conhecida como Semiotica da Cultura.
  • ANA MARIA NUNES
  • DONZELA GUERREIRA: NO TRUPÉ DA SEMIÓTICA
  • Data: 08/03/2019
  • Hora: 09:00
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  • Este estudo analisa a estrutura organizacional dos diversos sistemas de signos que formam o espetaculo Donzela Guerreira, montado pela Cia. Mundu Roda de Teatro. O objetivo primordial desta pesquisa e a compreensao da forma como os diversos sistemas signicos que formam a peca teatral enfocada funcionam e interagem, assim como entender o processo de semiose resultante desses encontros dialogicos. Dentre os metodos de analise utilizados esta o estudo dos diversos signos que constituem o espetaculo, tais como: os movimentos da atriz e do ator, os elementos do cenario, os sons, a iluminacao, a vestimenta, o tom de voz, os signos linguisticos, entre outros. A analise encontrou alicerce teorico em autores que desenvolveram estudos dentro do ambito da Semiotica da Cultura, como: Lotman, Machado, Schnaiderman, Uspenski, Bakhtin e Jakobson. Para compreender o teatro como um sistema semiotico, os subsidios teoricos de Pavis, Fischer-Lichte, Ubersfeld e Guinsburg foram fundamentais. Isto posto, esta pesquisa buscou colaborar para a percepcao do espetaculo teatral Donzela Guerreira na qualidade de texto intercultural.
  • ANDRE GUEDES TRINDADE
  • SOM E FÚRIA: UMA LEITURA CARNAVALIZADA
  • Data: 07/03/2019
  • Hora: 14:30
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  • A minisserie Som & Furia (2009), dirigida por Fernando Meirelles, trata-se de uma traducao para o contexto brasileiro da minisserie canadense Sling and Arrows (2003). Ambas trazem a tona, em formato televisivo, quatro das principais obras de William Shakespeare: Sonho de uma noite de verao (1590), Hamlet (1879), Romeu e Julieta (1591-1595) e Macbeth (1603-1607). Por isso, os principais objetivos desta pesquisa serao: analisar as relacoes sistemicas entre Som e Furia e a as outras linguagens que a constitui, como o a linguagem teatral, por exemplo. A pesquisa tera como fio condutor a teoria da Carnavalizacao, postulada pelo teorico russo Mikhail Bakhtin em dialogo com a Semiotica da Cultura representada aqui, por Lotman e Machado. Ja o formato televisivo sera respaldado por Arlindo Machado, Pallottini, Balogh e Renato Pucci Jr. Por fim, Erika Fisher-Lichtie, Pavis e Kowzan nos ajudaram a entender a constituicao semiotica da linguagem teatral. Portanto, espera-se que esse trabalho, tanto atraves dessas teorias como das construcoes de sentido geradas a partir desta interacao, contribua para a ampliacao da rede de comunicacao sistemica da cultura e da linguagem televisiva, em particular.
  • ANDRE GUEDES TRINDADE
  • SOM E FÚRIA: UMA LEITURA CARNAVALIZADA
  • Data: 07/03/2019
  • Hora: 14:30
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  • A minisserie Som & Furia (2009), dirigida por Fernando Meirelles, trata-se de uma traducao para o contexto brasileiro da minisserie canadense Sling and Arrows (2003). Ambas trazem a tona, em formato televisivo, quatro das principais obras de William Shakespeare: Sonho de uma noite de verao (1590), Hamlet (1879), Romeu e Julieta (1591-1595) e Macbeth (1603-1607). Por isso, os principais objetivos desta pesquisa serao: analisar as relacoes sistemicas entre Som e Furia e a as outras linguagens que a constitui, como o a linguagem teatral, por exemplo. A pesquisa tera como fio condutor a teoria da Carnavalizacao, postulada pelo teorico russo Mikhail Bakhtin em dialogo com a Semiotica da Cultura representada aqui, por Lotman e Machado. Ja o formato televisivo sera respaldado por Arlindo Machado, Pallottini, Balogh e Renato Pucci Jr. Por fim, Erika Fisher-Lichtie, Pavis e Kowzan nos ajudaram a entender a constituicao semiotica da linguagem teatral. Portanto, espera-se que esse trabalho, tanto atraves dessas teorias como das construcoes de sentido geradas a partir desta interacao, contribua para a ampliacao da rede de comunicacao sistemica da cultura e da linguagem televisiva, em particular.
  • ANÁLIA SOFIA CORDEIRO DE LIMA GOMES
  • BAILIAS DE ABRIL: LIRISMO E POLÍTICA NA REESCRITA DOS CANTARES DE AMIGO DE NATÁLIA CORREIA
  • Data: 07/03/2019
  • Hora: 10:00
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  • A presente pesquisa tem por objetivo de estudo a producao poetica de militancia de Natalia Correia e esta inserida nos campos dos estudos culturais, de genero e medievais, especificamente sobre as cantigas de Bailia/bailada inseridas nos Ineditos posteriores a 1990, encontrados na obra O Sol nas Noites e o Luar nos Dias II, publicada em 1999. O ainda escasso acervo academico sobre o Trovadorismo, assim como os raros estudos acerca do Neotrovadorismo escrito por mulheres, principalmente sobre o periodo ditatorial, justifica a intencao do trabalho ao entrelacar as ressonancias da literatura trovadoresca galego-portuguesa na poesia portuguesa contemporanea. Inicialmente, sera abordada a vida e a obra da autora, a sua relacao subversiva frente ao periodo ditatorial e o seu vies da luta pelas causas das mulheres: A Matria. Em seguida, sera feito um levantamento historico sobre o periodo do trovadorismo galego-portugues, a presenca feminina no cenario rural medieval e as aproximacoes de Natalia Correia com o periodo Medieval. Por ultimo, sera feita a analise de suas cantigas neotrovadorescas no que diz respeito ao universo das bailias/bailadas. Este estudo sera norteado pelas teorias de Flores (2017), Furlan (2017), Bueno (1968) Spina (1956/1971), Lapa (1970), Correia (2003). Havera tambem as contribuicoes de alguns dos mais renomados pesquisadores que abordam o Neotrovadorismo como, Maleval (2002), Lopez (1997).
  • JAINE DE SOUSA BARBOSA
  • A MORTE E O MORRER EM CONTOS DE PERRAULT, IRMÃOS GRIMM E ANDERSEN
  • Data: 01/03/2019
  • Hora: 14:30
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  • Esta pesquisa de carater bibliografico-documental e de matriz historico-cultural dispoe-se a compreender, por meio de uma leitura critico-interpretativa, como foi construida a representacao da morte nos contos “O Barba azul”, recolhido da obra Contos de mamae gansa (2015), de Charles Perrault; “Quando criancas brincaram de acougueiro I e II”, publicados em 1812, e recolhidos no livro Contos Maravilhosos Infantis e Domesticos (1812 – 1815) (2012), de Jacob e Wilhelm Grimm; e, por ultimo, “A crianca na sepultura”, de Contos de Hans Christian Andersen (2011), de Andersen. Os quatro autores sao nomes relevantes no universo das narrativas maravilhosas e dos contos de fadas e publicaram textos sobre os mais variados temas, sendo bastante recorrente a tematica da morte. Tendo em vista o fato dessas narrativas estarem inseridas em contextos historicos e temporais distintos, uma vez que os autores sao de nacionalidades e epocas diferentes, optamos por observar a representacao da morte nao somente como um evento em si, mas principalmente como um acontecimento que sofre influencias politicas, sociais, culturais, temporais e espaciais. Por essa razao, adotamos um referencial teorico pertinente principalmente a Representacao e a Historia Cultural, ambos aliados ao pensamento de Roger Chartier (1990) e outros autores com orientacao epistemologica semelhante, afim de compreendermos como se constitui o processo de representacao de um objeto, bem como dos atuantes nesse processo. Utilizamos os estudos de nomes importantes no contexto da morte, como Phillipe Aries (2012), que nos mostraram como o homem relaciona-se com o fim da vida. Alem desses, como deteremos nossa analise aos contos maravilhosos, elencamos, a priori, duas autoras que estudam o genero, Nelly Novais Coelho (2012) e Maria Emilia Traca (1998). Atraves da elaboracao da presente pesquisa, pudemos constatar quao distintas sao as representacoes e os modos de compreender a morte nao apenas no universo da literatura, mas na historia da humanidade como um todo. Embora nos prendamos a um contexto eurocentrico, percebemos que ha muitas repeticoes e semelhancas no modo de vivenciar a morte e que no universo literario ha muitos fatores influentes em sua ficcionalizacao, dentre eles o contexto historico. Alem disso, pudemos compreender tambem que mesmo sendo um tabu ha tanto tempo, a morte ainda e um tema controverso e que continuara fazendo parte de muitas historias, sejam elas destinadas para criancas ou nao. Representada em suas variadas maneiras, ela ainda sera motivo para o medo, o riso, o sofrimento e a liberdade, como veremos nos contos aqui analisados.
  • THIAGO DA SILVEIRA CUNHA
  • ENTRE RISCOS, NARRATIVAS E LEMBRANÇAS: esboço de uma memória coletiva na arte de rua em João Pessoa
  • Data: 01/03/2019
  • Hora: 14:00
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  • Os graffiti e as pixacoes ha muito acompanham a historia das cidades. Inscrevem anseios populares, poesias, sentimentos, itinerarios, cronicas, memorias. Para muito alem do conteudo veiculado nas paredes, este trabalho busca atingir seus criadores e suas narrativas. De maneira geral, esse esforco comunga com a proposta politica dos Estudos Culturais, tonificando as vozes de personagens perifericos e suas memorias subterraneas (POLLAK, 1989). O movimento empreendido visa torna-los autores de sua propria memoria coletiva. Procuro realizar uma critica a partir de suas narrativas, explorando as relacoes entre a literatura, a memoria e a oralidade. Trago alguns dos marcos deste movimento urbano e discuto as aproximacoes e distanciamentos entre o graffiti e a pixacao ao longo do tempo, a partir de suas proprias fissuras internas e regimes de memoria. Alem disso, confronto-os ao que veiculam os orgaos oficiais a respeito, evidenciando seus movimentos criativos de subversao da lingua, tanto em sua grafia - piXacao - quanto ao nivel da adjetivacao. Nessa perspectiva, as narrativas oficiais costumam associar estas inscricoes a sujeira e ao vandalismo, termos que sao positivados por seus agentes. A reflexao sobre a memoria aprofunda os vinculos entre a subjetivacao e a rememoracao a partir de dispositivos disparados por Deleuze e Guattari (1972; 1992). Sob esse vies, a antropologia visual auxilia a analise dessas dobras no corpo, na voz e na situacao da narrativa oral (ZUMTHOR, 1997). Desse modo, o exercicio da critica pode atender os requisitos exigidos pelo seu oficio, alcancando um equilibrio entre forma e conteudo, texto e contexto (EAGLETON, 2001; SARLO, 1997). A reflexao metodologica tem enfase na experiencia de campo. Com isso, procuro contribuir e incentivar as pesquisas sobre oralidade realizadas na area da literatura pelos “criticos-etnografos” que visam ir ao encontro fisico do outro, exercendo uma escuta humana e captando narrativas que, se nao fosse por esse esforco, so se ouviria falar a respeito. Confluindo com a hipotese de Paul Zumthor (1997), foi possivel reconhecer nos depoimentos dos grafiteiros e pixadores inumeros generos narrativos, encontrando enredos bem desenvolvidos do ponto de vista literario. Isto desestabiliza o objeto literario e o canone, revelando uma riqueza singular provida das vozes cotidianas.
  • JHENNEFER ALVES MACÊDO
  • PRINCESAS NEGRAS: AS ADAPTAÇÕES DOS CONTOS EUROPEUS NA LITERATURA INFANTIL COM TEMÁTICAS AFRO-BRASILEIRAS
  • Data: 01/03/2019
  • Hora: 09:30
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  • A proposta central da presente dissertacao e apresentar um estudo sobre as releituras dos classicos europeus nas obras contemporaneas da literatura infantil com tematicas afro-brasileiras, analisando o processo de adaptacao e os aspectos artisticos, esteticos e literarios das narrativas, particularmente das que tem princesas negras como protagonistas. Para desenvolvimento da pesquisa, inicialmente, investigamos o contexto historico, social, cultural e politico nos quais a literatura infantil esteve inserida ao longo dos seculos. Para tanto, desenvolvemos uma investigacao que apresentou as marcas das diferentes visoes das sociedades que foram transmutadas para os contos populares, ressaltando, principalmente, a complexidade dos temas e os processos de adaptacao nos quais os textos, em sua forma oral ou escrita, foram inseridos para que o dialogo com o leitor fosse possivel. De posse desses dados iniciais, na sequencia, apresentamos um panorama que revela a presenca dos contos populares desde a formacao da literatura infantil ate os tempos atuais. A partir disso, desenvolvemos uma discussao sobre o papel das adaptacoes, tanto do texto verbal quanto do visual, na consolidacao desses contos como classicos para os leitores infantis. Por fim, utilizando as obras Rapunzel e o Quibungo (2012), Pretinha de neve e os sete gigantes (2013) e Cinderela e Chico Rei (2015), desenvolvemos uma analise que abarca tanto o aporte tematico dessas adaptacoes quanto os elementos verbais e visuais que as constitui.
  • JHENNEFER ALVES MACÊDO
  • PRINCESAS NEGRAS: AS ADAPTAÇÕES DOS CONTOS EUROPEUS NA LITERATURA INFANTIL COM TEMÁTICAS AFRO-BRASILEIRAS
  • Data: 01/03/2019
  • Hora: 09:30
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  • A proposta central da presente dissertacao e apresentar um estudo sobre as releituras dos classicos europeus nas obras contemporaneas da literatura infantil com tematicas afro-brasileiras, analisando o processo de adaptacao e os aspectos artisticos, esteticos e literarios das narrativas, particularmente das que tem princesas negras como protagonistas. Para desenvolvimento da pesquisa, inicialmente, investigamos o contexto historico, social, cultural e politico nos quais a literatura infantil esteve inserida ao longo dos seculos. Para tanto, desenvolvemos uma investigacao que apresentou as marcas das diferentes visoes das sociedades que foram transmutadas para os contos populares, ressaltando, principalmente, a complexidade dos temas e os processos de adaptacao nos quais os textos, em sua forma oral ou escrita, foram inseridos para que o dialogo com o leitor fosse possivel. De posse desses dados iniciais, na sequencia, apresentamos um panorama que revela a presenca dos contos populares desde a formacao da literatura infantil ate os tempos atuais. A partir disso, desenvolvemos uma discussao sobre o papel das adaptacoes, tanto do texto verbal quanto do visual, na consolidacao desses contos como classicos para os leitores infantis. Por fim, utilizando as obras Rapunzel e o Quibungo (2012), Pretinha de neve e os sete gigantes (2013) e Cinderela e Chico Rei (2015), desenvolvemos uma analise que abarca tanto o aporte tematico dessas adaptacoes quanto os elementos verbais e visuais que as constitui.
  • MARCELO DE LIMA FERNANDES
  • RESSIGNIFICAÇÃO DOS DISCURSOS NO CINEMA: DIALOGISMO E RECEPÇÃO CRÍTICA EM TUDO SOBRE MINHA MÃE, DE PEDRO ALMODÓVAR
  • Data: 01/03/2019
  • Hora: 09:00
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  • O presente trabalho tem por objetivo realizar uma analise filmica de Tudo sobre minha mae (1999), de Pedro Almodovar, identificando as relacoes dialogicas (BAKHTIN, 2003; STAM, 1992) presentes no texto filmico, encarando essas interacoes discursivas como pontos de producao e revisao de significados sociais, numa conexao entre ficcao e sociedade. Para isso, estudamos principalmente o jogo de dialogo estabelecido entre o filme de Almodovar e o longa A Malvada (1950), de Joseph Mankiewicz; a peca Um bonde chamado Desejo (1947), de Tennessee Williams, e sua adaptacao Uma rua chamada Pecado (1951), de Elia Kazan; a peca Bodas de Sangue (1933), de Federico Garcia Lorca; alem do genero melodrama. Analisamos, ainda, aspectos relativos as categorias narratologicas de espaco (LINS, 1976) e personagem (ROSENFELD, 2002; SALES GOMES, 2002); e a recepcao critica jornalistica do filme (BRAGA, 2006), considerando o fenomeno recepcional como uma outra instancia com a qual o filme dialoga e de onde sentidos sao produzidos.
  • RODOLFO MORAES FARIAS
  • (In) conformação amorosa e fragmentação subjetiva: colonização emocional em Niketche, de Paulina Chiziane
  • Data: 25/02/2019
  • Hora: 15:00
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  • O presente estudo aborda o romance Niketche: uma historia de poligamia (2002), da escritora mocambicana Paulina Chiziane, a luz dos Estudos de Genero, e analisa de que modo a narrativa reproduz valores coloniais no discurso da narradora-protagonista, que, no afa de denunciar a catastrofe afetiva de que padece, finda por (inconscientemente) validar a logica de dominacao que a oprime. Procura-se demonstrar de que maneira se da essa colonizacao emocional, i.e., a interferencia da episteme judaico-crista europeia nos reconditos mais profundos da psique dos sujeitos colonizados, que, mesmo (intelectualmente) cientes da opressao sofrida, sao incapazes de rechaca-la totalmente, perpetuando assim o ideario colonial, particularmente no que tange a vivencia amorosa. E justamente em relacao ao amor que a narradora se mostra mais acorrentada a logica exogena, e em razao disso pena para conciliar seus desejos intimos com a dura realidade autoctone circundante, parecendo estar presa num limbo entre a tradicao e a modernidade, sem conseguir resolver de forma satisfatoria a fragmentacao interior que a dilacera e lhe contamina o discurso. Situando a transmissao dos padroes ocidentais num nivel que escapa a volicao dos individuos envolvidos, verifica-se como os efeitos da colonizacao do pais africano reverberam na atualidade, poluindo a gnose ancestral e metamorfoseando o conhecimento local, cuja nova forma amalgamada ainda nao foi totalmente compreendida.
  • LUCIANA PRISCILA SANTOS CARNEIRO
  • O percurso da escrevivência em Mulher Matriz, de Miriam Alves
  • Data: 25/02/2019
  • Hora: 13:00
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  • Enquanto confrontavam o sistema hegemonico branco, dentro do proprio movimento negro, escritoras afro-brasileiras perceberam resistencia ao reconhecimento e as especificidades das suas escritas. A escrevivencia – termo criado por Conceicao Evaristo e adotado por Miriam Alves a fim de descrever a sua escrita – rompe os muros das discriminacoes paralelamente caminhantes, genero e etnia; atribui especificidade a escrita de expressao do corpo negro feminino; e ocupa o lugar de direito da mulher negra na literatura e na epistemologia. Este trabalho visa investigar como se constitui a escrevivencia e os caminhos esteticos e ideologicos percorridos por esta epistemologia a fim de enredar os contos de Mulher Mat(r)iz (2011), de Miriam Alves. Desse modo, passeamos por analises sociologicas, culturais e literarias: memoria africana, etnia, corpo feminino, classes economicas, violencias, linguagem e receptividade. Para tanto, consideramos necessario um estudo acerca da historia e dos contextos que produzem a Literatura Afro-brasileira de autoria feminina, bem como dos seus dialogos com o feminismo negro e as questoes sociais e individuais que vivenciam a mulher negra na sociedade brasileira. Em nossa analise, deixamos falar vozes representantes da literatura afro-brasileira de autoria feminina, como a propria Miriam Alves, Conceicao Evaristo e Livia Natalia. Alem delas, a discussao e subsidiada pelos teoricos Constancia Lima Duarte (2010), Eduardo de Assis Duarte (2014), Maria Nazareth Fonseca (2002), entre outros nomes que tecem sobre escritas afro-brasileiras, a expressao feminina da mulher negra e suas vivencias.
  • MARCOS TULIO FERNANDES
  • TRAVESSIAS DO FANTÁSTICO E TRANSFORMAÇÕES NO BRASIL: O CASO MACHADO DE ASSIS
  • Data: 22/02/2019
  • Hora: 14:00
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  • A presente tese investigou as travessias de contos fantasticos do escritor romantico alemao E. T. A. Hoffmann por traducoes francesas e suas transformacoes na producao de contos fantasticos de Machado de Assis para periodicos fluminenses no periodo entre 1862 e 1892. O sucesso editorial dos contos de Hoffmann em Paris, que deflagrou a moda do conto fantastico na Franca durante os anos 1830, promoveu a importacao das narrativas do autor para o cenario cultural brasileiro, inspirando nossos autores a producao de contos fantasticos e estimulando nossos tradutores a reescrita do hoffmanniano, ate que ela se transformasse em voga fantastica no Brasil. O contato de Machado de Assis com as traducoes francesas da obra de Hoffmann inspirou-o tambem a producao do genero, mas cujo hoffmanniano se ressignificou em seus temas e conceitos para atender as imposicoes editoriais de Garnier e corresponder as expectativas do leitorado feminino do Jornal das Familias, durante as decadas 1860 e 1870, momento no qual o escritor procurava consolidar sua carreira literaria e sobreviver de sua pena. Arrefecida a moda fantastica nos anos 1880, o Bruxo do Cosme Velho desenvolveu nova formula fantastica para atender outras revistas femininas, como A Estacao, que despontavam inseridas em nova poetica cultural e cujo leitorado ja nao se identificava com o kitsch sentimental utilizado na revista de Garnier. Assim, os contos fantasticos machadianos estiveram sempre ajustados as condicoes editoriais e aos perfis dos suportes nos quais foram publicados. Nos analisamos os emprestimos literarios e suas transformacoes com intuito de preencher lacunas na tessitura do fantastico machadiano, fruto da inspiracao, direta ou indireta, das obras de Hoffmann. Reavaliamos os parametros que definem o genero fantastico nos oitocentos, como literatura produzida prioritariamente para e publicada nos jornais. Nossa pesquisa apresenta-se exemplo de como o perfil dos suportes e as necessidades do mercado editorial brasileiro atuaram sobre a producao dos contos fantasticos de Machado, promovendo manipulacao dos conceitos hoffmannianos e obrigando o Bruxo do Cosme Velho a produzir formulas fantasticas para atender a leitorados especificos e de acordo a poetica cultural vigente.
  • MARIA TERESA RABELO RAFAEL
  • A CIRCULAÇÃO DA LITERATURA DE AUTORIA AFRICANA DE LÍNGUA FRANCESA NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA TRADUÇÃO DE "ALLAH N'EST PAS OBLIGÉ", DE AHMADOU KOUROMA
  • Data: 21/02/2019
  • Hora: 15:00
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  • A presente pesquisa tem por objetivo analisar as problematicas que envolvem a circulacao da literatura de escritores africanos de lingua francesa no Brasil, desdobrando-se sobre o estudo da traducao brasileira do romance "Allah n'est pas oblige (200), do escritor manfinense Ahmadou Kouroma. Os parametros metodologicos utilizados partiram dos catalogos de onze editoras, seis independentes (Pallas, Kapulana, Nadyala, Lingua Geral, Ediouro, Globo e Melhoramentos), que serviram de base para o estudo em torno da origem linguistica das obras, do volume de traducoes, da sub-representacao da producao africana feminina, e por fim, do caminho percorrido por tais obras ate a publicacao no Brasil. No que diz respeito a traducao, foram das enfases aos elemento paratextuais e as estrategias utilizadas para traduzir os vocabularios, as expressoes e as crencas populares da lingua malinque para o texto de chegada. A pesquisa mostrou que dentro do total de 122 identificadas no presente estudo, 9 sao de lingua francesa, o que equivale a 7% das publicacoes. Esse resultado revelou o lugar marginal que ocupam essas textualidades no Brasil. Identificou-se que essa realidade e ainda mais problematica quando sabido que das 9 obras apenas 1 e de autoria africana feminina. Quanto a analise tradutologica, chegou-se a conclusao de que, ao subverter o portugues a norma e logica da lingua/cultura malinque, a traducao se distanciou de uma perspectiva domesticadora, onde os tracos culturais e linguisticos da lingua de origem sao adaptados a lingua/cultura de chegada.
  • MARIA TERESA RABELO RAFAEL
  • Campo editorial e circulação da literatura de autoria africana de língua francesa no Brasil: um estudo de caso das estratégias de tradução em Alá e as crianças-soldados, de Ahmadou Kourouma
  • Data: 21/02/2019
  • Hora: 15:00
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  • A presente pesquisa tem por objetivo analisar as problematicas que envolvem a circulacao da literatura de escritores africanos de lingua francesa no Brasil, desdobrando-se sobre o estudo da traducao brasileira do romance "Allah n'est pas oblige (200), do escritor manfinense Ahmadou Kouroma. Os parametros metodologicos utilizados partiram dos catalogos de onze editoras, seis independentes (Pallas, Kapulana, Nadyala, Lingua Geral, Ediouro, Globo e Melhoramentos), que serviram de base para o estudo em torno da origem linguistica das obras, do volume de traducoes, da sub-representacao da producao africana feminina, e por fim, do caminho percorrido por tais obras ate a publicacao no Brasil. No que diz respeito a traducao, foram das enfases aos elemento paratextuais e as estrategias utilizadas para traduzir os vocabularios, as expressoes e as crencas populares da lingua malinque para o texto de chegada. A pesquisa mostrou que dentro do total de 122 identificadas no presente estudo, 9 sao de lingua francesa, o que equivale a 7% das publicacoes. Esse resultado revelou o lugar marginal que ocupam essas textualidades no Brasil. Identificou-se que essa realidade e ainda mais problematica quando sabido que das 9 obras apenas 1 e de autoria africana feminina. Quanto a analise tradutologica, chegou-se a conclusao de que, ao subverter o portugues a norma e logica da lingua/cultura malinque, a traducao se distanciou de uma perspectiva domesticadora, onde os tracos culturais e linguisticos da lingua de origem sao adaptados a lingua/cultura de chegada.
  • THAISE GOMES LIRA
  • A máquina do tempo: ressonância de H. G. Wells na ficção distópica do século XX
  • Data: 21/02/2019
  • Hora: 14:00
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  • A maquina do tempo ([1895] 2018), primeira obra de H. G. Wells, e uma das obras representantes do impulso distopico britanico e influenciou as narrativas distopicas do seculo XX, de forma que seu reflexo ainda e percebido nas obras do seculo XXI. A Distopia, cuja nomenclatura e recente nos estudos literarios, carece de maiores investigacoes em lingua portuguesa, e e nesse sentido que direciono este estudo. A essencia do universo distopico, da forma que alcancou os dois ultimos seculos, remonta a um conjunto de obras do seculo XIX e tambem as narrativas utopicas que surgiram no seculo XVI, a partir de A Utopia, de Thomas More. Socialista e visionario, Wells estabeleceu, em seu primeiro romance, dialogos consistentes que reverberariam na Ficcao Cientifica e na distopia do seculo XX, segundo aspectos apontados por Figueiredo (2009) e outros estudiosos. O objetivo central desta pesquisa foi analisar o primeiro romance de Wells, sob a luz da ficcao distopica, como uma das narrativas essenciais do impulso distopico britanico do seculo XIX, que auxiliaram no estabelecimento das bases estruturais das distopias contemporaneas; alem disso, buscou delimitar as semelhancas e diferencas entre a Literatura de ficcao cientifica e de ficcao distopica; realizar um paralelo entre as Literaturas utopica, (pos) apocaliptica e distopica; investigar os aspectos insolitos, sociais e espontaneamente distopicos da narrativa de Wells, que influenciaram as obras canonicas do genero no seculo XX. A pesquisa esta amparada pelos estudos de Suvin (1979), Tomachevski (2013), Oliveira (1999), Todorov (2013; 2014), Culler (1999), Castro (2007) Soares (2007), Saer (2012) Garcia (2007), Jameson (2005; 1982), Cardoso (2003), Cardoso (2006), Bozzetto (2007), Vieira (2010), Silva (2013), Miranda (2016), Booker (1994), Figueiredo (2009), Moraes (2012), Pavlovski (2012), Baccolinni (1995), Moylan (2016), Perrone-Moises (2016), Arendt (1979) Aristoteles (2007), Genette (2017), entre outros. A analise da obra permitiu a observacao de que A maquina do tempo ([1895] 2018) e, na verdade, uma obra hibrida, que mescla tracos utopicos, pos-apocalipticos e distopicos; nem todos os aspectos apontados por Figueiredo (2009) sao identificados na obra, mas atraves de seu livro, Wells tambem lancou alicerces para as distopias contemporaneas: a alta tecnologia e a visao republicana e socialista, com criticas marxistas de classe.
  • ALINE KELLY VIEIRA HERNANDEZ
  • A EXPRESSÃO DO OCULTISMO NA NARRATIVA FANTÁSTICA DE RUBÉN DARÍO
  • Data: 21/02/2019
  • Hora: 09:00
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  • A literatura fantastica do Romantismo, inspirada no irracional, unida aos dogmas religiosos e positivistas da America finissecular, serviram de forte influencia para o desenvolvimento dos temas do fantastico modernista. Muitos escritores introduziram na America hispanica uma literatura de cunho sobrenatural, que visou confrontar a filosofia positivista predominante naquele momento. Atraves das pseudociencias e das ciencias ocultas, os modernistas encontraram um caminho alternativo a religiao, para se comunicar com o transcendental e tentar entender e responder a inumeras questoes que a ciencia convencional nao era capaz de explicar. Nossa proposicao, neste trabalho, e demonstrar os reflexos das pseudociencias e do ocultismo nos contos fantasticos do Modernismo Hispano-americano, sobretudo do escritor modernista Ruben Dario. Para a realizacao de nossa proposta, escolhemos como corpus analitico os contos fantasticos “El caso de la senorita Amelia”(DARIO, 2002) e “La extrana muerte de Fray Pedro” (DARIO, 2002), ambos de Ruben Dario. As principais referencias utilizadas para preceder a analise foram: Ceserani (2006),Todorov (1981), Lovecraft (1987), Furtado (1980), entre outros. Os principais suportes teoricos usados para a realizacao da analise foram: Hahn (1978), Martin (2009), Vax (1965), entre outros. Apos a analise constatou-se que os dois contos atendem perfeitamente aos objetivos desta pesquisa, uma vez que, nas duas narrativas, se mostra de forma clara, a presenca de varios elementos de influencia do ocultismo, esoterismo e pseudociencias, fato este que cremos ressaltar a relevancia de nosso estudo.
  • MARIA RICHELY BARBOSA DE MOURA
  • RELAÇÃO ANIMAL HUMANO E NÃO HUMANO NO ROMANCE AS HORAS NUAS, DE LYGIA FAGUNDES TELLES
  • Data: 20/02/2019
  • Hora: 10:30
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  • Esta dissertacao objetiva realizar uma analise interpretativa da relacao entre o animal humano e nao humano e suas implicacoes etico-esteticas no romance As horas nuas (2010), de Lygia Fagundes Telles, por meio do confronto das tres vozes narrativas. As vozes, que se alternam em capitulos na composicao da obra, sao: a da atriz Rosa Ambrosio, o do seu gato Rahul e da terceira pessoa onisciente, contemplando as acoes envoltas a Ananta Medrado, analista da atriz. Para tanto, no capitulo I, ha a revisao do antropocentrismo historico por meio da Etica Animal e da critica ao especismo, empreendida por Peter Singer, em Libertacao Animal, a questao do olhar na relacao entre o animal humano e nao humano, postulada por Jacques Derrida, em O animal que logo sou (a seguir); e a analise do dualismo, efetivada por Val Plumwood, em Feminism and the mastery of nature. A partir disso, o capitulo II problematiza e propoe uma revisitacao do conceito tradicional de antropomorfizacao. Alem disso, correlaciona os dois modos derridianos (ver / ver e ser visto) de se relacionar com o animal nao humano com a forma de escreve-lo e, consequentemente, de le-lo em algumas imagens-textos do animal nao humano na literatura narrativa ocidental pertinentes a discussao. O capitulo III efetua a analise interpretativa literaria do corpus escolhido, a partir do dialogo entre as tres vozes narrativas. Para isso, se apoia nas consideracoes filosoficas dos autores mencionados no que concerne a relacao entre o animal humano e nao humano e examina as implicacoes etico-esteticas.
  • MARIA RICHELY BARBOSA DE MOURA
  • RELAÇÃO ANIMAL HUMANO E NÃO HUMANO NO ROMANCE AS HORAS NUAS, DE LYGIA FAGUNDES TELLES
  • Data: 20/02/2019
  • Hora: 10:00
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  • Esta dissertacao objetiva realizar uma analise interpretativa da relacao entre o animal humano e nao humano e suas implicacoes etico-esteticas no romance As horas nuas (2010), de Lygia Fagundes Telles, por meio do confronto das tres vozes narrativas. As vozes, que se alternam em capitulos na composicao da obra, sao: a da atriz Rosa Ambrosio, o do seu gato Rahul e da terceira pessoa onisciente, contemplando as acoes envoltas a Ananta Medrado, analista da atriz. Para tanto, no capitulo I, ha a revisao do antropocentrismo historico por meio da Etica Animal e da critica ao especismo, empreendida por Peter Singer, em Libertacao Animal, a questao do olhar na relacao entre o animal humano e nao humano, postulada por Jacques Derrida, em O animal que logo sou (a seguir); e a analise do dualismo, efetivada por Val Plumwood, em Feminism and the mastery of nature. A partir disso, o capitulo II problematiza e propoe uma revisitacao do conceito tradicional de antropomorfizacao. Alem disso, correlaciona os dois modos derridianos (ver / ver e ser visto) de se relacionar com o animal nao humano com a forma de escreve-lo e, consequentemente, de le-lo em algumas imagens-textos do animal nao humano na literatura narrativa ocidental pertinentes a discussao. O capitulo III efetua a analise interpretativa literaria do corpus escolhido, a partir do dialogo entre as tres vozes narrativas. Para isso, se apoia nas consideracoes filosoficas dos autores mencionados no que concerne a relacao entre o animal humano e nao humano e examina as implicacoes etico-esteticas.
  • ANTONIO FELIPE BARBOSA NETO
  • O RIO AMAZONAS NO PERCURSO POÉTICO DE THIAGO DE MELLO E DE JUAN CARLOS GALEANO
  • Data: 20/02/2019
  • Hora: 09:00
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  • A literatura contemporanea latino-americana, especificamente a amazonica, tem apresentado uma perspectiva instigada pelos aspectos factuais do homem e da natureza em degradacao. Os efeitos da violencia lenta sobre os espacos florestais e povos que nela habitam, vem despertando os posicionamentos etico e politico, nao partidarios, dos escritores locais, que saem em defesa dos sujeitos historicamente marginalizados, colocando-se enquanto vozes que repercutem as mudancas da paisagem amazonica. No tocante a imagem da natureza, o presente trabalho enseja, junto a valorizacao da cultura nativa entrevista nos textos, analisar como a construcao literaria da Amazonia tem auxiliado no processo de conscientizacao acerca das problematicas ambientais e sociais na regiao. Para isso, buscamos, mediante as representacoes do elemento rio, encontradas na ecopoetica do escritor brasileiro Amadeu Thiago de Mello na obra Amazonia patria da agua (1987), bem como no livro Amazonia y otros poemas (2004), do poeta colombiano Juan Carlos Galeano, observar como os autores atribuem a subjetividade as aguas amazonicas. O rio, portanto, adentra em nosso estudo como recurso estetico simbolico responsavel por condicionar o percurso imaginativo da poetica, perpassado no carater popular que reforca a posicao de pertencimento dos discursos. Vale ressaltar que o Amazonas e demais afluentes tambem se caracterizam como responsaveis pelas denuncias, seres subjetivos que externalizam os efeitos da degradacao ambiental. O recorte das poesias (poemas e prosas) que foram estudadas ocorreu mediante a representacao espacial do mesmo, em que buscamos tracar uma analise da narrativa poetica mediante um metodo de leitura ecocritico pautado nos seguintes aspectos: analisar os textos em suas representacoes do meio ambiente como uma questao politica e estetica; identificar as problematicas ecologicas entrevistas pelos elementos relacionados a discussao ecopoetica; e por fim, relacionar as vozes poeticas como forma de ambientalismo especifico. Dessa forma, propomos dialogar as obras, buscando identificar as aguas como ambiente subjetivizado pelas memorias, marcado pelas presencas das criaturas humanas e nao humanas, e seres reais e sobrenaturais que permeiam a sua existencia. Como principais aportes teoricos, procuramos respaldar em nomes como: Coelho (1945); Mendes (1974); Leonel (1998); Mires (1990); Junk e Melo (1990); Allier (1992); Mesa (1993); Bhabha (1996); Morin (2001); Leff (2003); Mendes (2005); Nielson (2014); Oyarzun (2015); Coutinho (2003); Said (2007); Schneider (2007); Spivak (2010); Nixon (2011); Levy (2011); Walter (2012); Thiel (2012); Braga (2015). Verificamos que as poeticas analisadas refletem percepcoes unicas que se relacionam em prol de uma luta comum. O subjetivismo atribuido ao rio reverbera em consonancia com a simbologia universal, no entanto, imbuido por uma percepcao nativa que possibilita ao leitor uma experiencia de empatia, do reconhecimento da vida em sua pluralidade.
  • ADRIANA NUVENS DE ALENCAR
  • NA TERRA DOS PASSARINHOS, PATATIVA NÃO CANTA SÓ: Um olhar semiótico sobre a poética da comunidade de Assaré
  • Data: 18/02/2019
  • Hora: 14:00
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  • Neste trabalho, analisamos, sob o ponto de vista da semiotica das culturas, uma amostra das producoes da Comunidade Poetica de Assare, verificando os valores a elas subjacentes, a fim de caracterizar a identidade daquele grupo cultural. Partimos das hipoteses de que: a poesia, sobretudo como expressao do desejo de justica social, e o que melhor define a comunidade; o saber sobre o mundo compartilhado pelos membros do grupo inclui o sentimento/ a consciencia de que a existencia de Patativa e de sua obra o distingue dos demais; a producao de cada poeta revela outras caracteristicas da coletividade, paralelamente ao ideal de justica; os principios comunitarios ainda se sobrepoem ali ao individualismo da sociedade moderna. Por meio de pesquisa de campo, registramos vinte e sete poetas em atividade, bem como um demonstrativo das composicoes de cada um. Deste universo, selecionamos um corpus composto de seis textos, representativos de tematicas recorrentes no conjunto dos autores. Analisamos os textos a partir da teoria das zonas antropicas de Rastier, abordando as categorias de pessoa, tempo, espaco e modo, com o intuito de identificar os valores presentes, situando-os no quadro antropico. Nas analises, sobressairam os valores: justica social, Patativa e a poesia, o sagrado, as relacoes afetivas e comunitarias. O anseio por justica/progresso e discursivizado por meio de objetos culturais de natureza basica situados na zona distal do povo. A poesia ocupa todas as zonas do entorno; e instrumento de denuncia e de luta por uma vida digna. A valorizacao do sagrado e das relacoes interpessoais sao tracos ainda tradicionais da comunidade.
  • CRISTINA ROTHIER DUARTE
  • A LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA DO SÉCULO XIX: reescritas para crianças em Contos da Carochinha, de Figueiredo Pimentel
  • Data: 13/02/2019
  • Hora: 14:30
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  • Neste trabalho, investigamos a literatura infantil do seculo XIX, a partir de narrativas reunidas por Figueiredo Pimentel em Contos da Carochinha ([1894]/1958), obra que inaugurou, cronologicamente, a literatura infantil brasileira, configurando um divisor de aguas na historia desta, por apresentar os primeiros sinais que a fazem caminhar para uma literatura autonoma e dotada de caracteristicas esteticas proprias. Assim, partimos de um estado de lacuna sobre o processo de reescrita desse autor, para empreendermos uma jornada acerca de uma investigacao que busca conhecer alguns de seus textos sob determinados aspectos: texto-fonte, caracteristicas e tipo de reescritura realizada. Desse modo, a pesquisa apresenta como objetivo geral estudar os primordios da literatura infantil brasileira com base na escrita de Figueiredo Pimentel direcionada a esse publico, e como objetivos especificos: tracar um panorama da literatura infantil, partindo do estudo dos principais expoentes europeus e outros contistas pertinentes para esta dissertacao, ate chegarmos as obras que, aqui, circulavam e estavam disponiveis como literatura para criancas no periodo correspondente ao final do seculo XIX e inicio do XX; conhecer a producao de Figueiredo Pimentel, abordando a sua atuacao como jornalista e literato; e compreender o processo de reescritura dos contos infantis empreendido por esse autor, mediante o cotejamento dos contos “O Chapeuzinho Vermelho”, “Branca como a neve” e “A Gata Borralheira”, retirados da 25ª edicao de Contos da Carochinha (1958), com classicos europeus da literatura infantil reunidos por Xavier Marmier, em L’Arbre de Noel et legedes recueillis par Xavier Marmier (1873), com os propositos de: identificar uma possivel fonte imediata utilizada na obra que inaugurou a Biblioteca Infantil da Livraria Quaresma; definir qual a modalidade de reescrita dos contos que compoem o corpus desta pesquisa foi eleita pelo autor brasileiro; e conhecer os tracos esteticos que caracterizam sua obra como abrasileirada, adequando a literatura ao gosto de nossas criancas naquele periodo. A bibliografia basica consultada para o estudo historico-literario foi Arroyo (2011), Coelho (2000; 2010), Bravo-Villasante (1977), Mendes (2017), Duarte (1995), El Far (2006; 2010), Hallewell (1985) e Leao (2003; 2007a; 2007b), e para o estudo sobre adaptacao, Carvalho (2014), Hutcheon (2013), Feijo (2010), Formiga (2009) e Amorim (2005). A pesquisa e classificada, quanto aos fins, como exploratoria, quanto aos meios, como bibliografica (GIL, 2002), e, quanto a abordagem, como qualitativa (JACOBSEN, 2009). Como resultados da pesquisa, concluimos que Figueiredo Pimentel partiu da obra de Xavier Marmier (1873), para a reescrita dos contos de origem europeia analisados nesta pesquisa, empregando como procedimento de adaptacao a indigenizacao (HUTCHEON, 2013) e construcoes linguisticas mais proximas da oralidade, com o fim de suprir uma necessidade urgente daquele tempo decorrente da carencia de obras infantis proximas da realidade do leitor mirim brasileiro.
  • GIZELDA FERREIRA DO NASCIMENTO LIMA
  • Uma Análise da Educação Feminina em O Livro das Tres Vertudes a Insinança das Damas de Christine de Pizan
  • Data: 12/02/2019
  • Hora: 09:30
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  • Esta pesquisa tem por objetivo analisar o Livro das Tres Vertudes (1405), da autora Christine de Pizan sob uma perspectiva comparada com outros tratados de educacao escritos neste mesmo periodo, entre eles Institutione Feminae Christianae de Juan Luis Vives, Espelho de Casados de Frei Luis de Leon, Lo Libre de les Donas (O Carro de las Donas) de Francisco Eiximenis e o Llibre de les dones ou Spill de Jaume Roig. O corpus do nosso trabalho e a traducao portuguesa do livro de Pizan intitulado, O Livro das Tres Vertudes a Insinanca das Damas, publicado por volta de 1450 a pedido da Rainha D. Isabel. Trata-se de um texto destinado exclusivamente a educacao das mulheres, seu conteudo e composto por ensinamentos e conselhos de ordem pratica que dizem muito sobre as regras impostas as mulheres na Idade Media. Inserida em uma tradicao composta em sua maioria por autores homens, Pizan constroi seu projeto de educacao a partir de estrategias que a diferencia dos demais tratados de educacao. Assim, buscaremos defender como a questao autoral diferenciou o tratamento e ensinamentos destinados as mulheres neste contexto.
2018
Descrição
  • JOÃO MARCUS SOARES CAMPELO
  • As vidas suscetíveis em contos de "Olhos d´Água", de Conceição Evaristo
  • Data: 20/12/2018
  • Hora: 14:00
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  • A pesquisa em questao pretende tecer analise de alguns contos presentes no livro Olhos d´agua, de autoria da escritora mineira Conceicao Evaristo, publicado no ano de 2015. Os contos, a saber, sao os seguintes: Duzu - Querenca; A gente combinamos de nao morrer; Ayoluwa, a alegria do povo. Pretendemos investigar, alem das especificidades referentes a cada conto, um eixo tematico comum que percorre as narrativas escolhidas, a vida precaria dos personagens, as condicoes sociais adversas, mas, sobretudo, a suscetibilidade para transformar suas realidades, a possibilidade de modificacao, de "inventar sobrevivencias".
  • DALVA SALES CARVALHO CUNHA
  • ESTUDO DO ROMANCE "A MÁQUINA DE FAZER ESPANHÓIS", DE VALTER HUGO MÃE, A PARTIR DE PRESSUPOSTOS DA TEORIA GERAL DOS SIGNOS
  • Data: 26/11/2018
  • Hora: 14:00
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  • EM BREVE
  • GRYGENA DOS SANTOS TARGINO RODRIGUES
  • A DRAMATIZAÇÃO DO TRÁGIGO EM "YERMA", "BODAS DE SANGRE" E "LA CASA DE BERNARDA ALBA"
  • Data: 13/11/2018
  • Hora: 15:00
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  • Esta tese tem por objeto de estudo a dramatizacao do tragico em "Bodas de sangre", "Yerma" e "La casa de Bernarda Alba", de Federico Garcia Lorca, obras espanholas escritas na primeira metade do seculo XX. No primeiro capitulo analisamos o contexto historico-literario relativo as pecas, destacando o cenario conservador e patriarcal da Segunda Republica espanhola, comum a trilogia. Investigamos tambem o teatro poetico de Lorca, assim como a participacao do dramaturgo no grupo da Generacion de 27. Ainda neste capitulo tecemos reflexoes acerca do comportamento mitico e religioso da cultural rural da Andaluzia, destacando a sacralidade atavica e o cristianismo rustico daquela populacao, mediante o processo de modernidade tardia dessa cultura. Para a analise, contemplamos definicoes e reflexoes de varios autores, a exemplo de Josephs y Juan Caballero (2012), Ian Gibson (2013), Allen Ildefonso Manuel Gil (2013), Mario Gonzalez (2013), Maria Francisca Vilches de Frutos (2014), Ortega y Gasset (1944) e Castro Filho (2009). No segundo capitulo apresentamos uma abordagem da teoria do drama a partir de fundamentos que nortearam a arte dramatica ao longo dos seculos. Em um primeiro momento, ponderamos sobre a tragedia enquanto forma artistica que busca enquadrar o tragico em esquemas racionalistas e abordamos o tragico enquanto conceito filosofico, existencial, ligado a finitude da vida. Em um segundo momento exploramos os pilares do drama moderno, tendo como parametros conceitos teoricos que podem embasar reflexoes sobre a existencia da tragedia em tempos modernos, considerando semelhancas e diferencas entre as dramaturgias classica e moderna. Para essas discussoes nos valemos de contribuicoes de Aristoteles (1991), Hegel (2010), Peter Szondi (2004, 2011), Heorge Steiner (2006), Raymond Williamns (2011), Terry Eagleton (2013), Sandra Luna (2012), dentre outros autores. No terceiro capitulo realizamos uma analise das pecas tendo como base as teorias elencadas nos capitulos anteriores. Nessa perspectiva, tentamos provar que as pecas pertencentes a essa trilogia sao tragedias modernas, pela enfase nos dramas sociais e pelo tratamento das subjetividades das personagens, que revelam dramas interiores em oposicao ao contexto social andaluz da decada de 1930. Para alem dos parametros caracteristicos do drama moderno, as pecas apresentam conflitos com ares fatalisticos a partir do aproveitamento de temas tabus, de dogmas religiosos e regras de conduta social que interferem diretamente nos conflitos individuais das personagens das pecas. Alem disso, cabe destacar a presenca de uma dimensao sagrada e ritualistica implicada na trilogia, que vai alem do realismo contextual das pecas e transcende os limites da razao, influenciando diretamente o comportamento e as acoes das personagens.
  • CLEDERSON MONTENEGRO MEDEIROS
  • INVEJA, ANTAGONISMO E TEATRALIDADE EM "ANTONIO E CLEÓPATRA", DE WILLIAM SHAKESPEARE
  • Data: 09/11/2018
  • Hora: 15:00
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  • Aproximadamente 10 anos separam a peca "Romeu e Julieta", do dramaturgo ingles William Shakespeare, de uma outra tragedia sobre a paixao, "Antonio e Cleopatra": ambas trazem os nomes dos protagonistas no titulo, ambas falam das possiveis consequencias de uma experiencia privada, o amor, e ambas tem a paixao como tema. No entanto, "Romeu e Julieta", tragedia lirica sobre dois jovens amantes, difere de "Antonio e Cleopatra", em que amantes na maturidade optam pela experiencia do amor-eros, tendo como fonte a obra "A vida paralela dos nobres gregos e romanos", do historiador grego Plutarco. William Shakespeare se utiliza de dois dos protagonistas mais celebres da historia, e certamente, de amplo conhecimento do publico, para criar seu enredo. Refletindo sobre a paixao que envolve os amantes shakespearianos, o presente trabalho procura estabelecer um dialogo com o critico frances Rene Girard, que, a partir de sua teoria do desejo mimetico afirma que o homem nao e capaz de desejar por si mesmo a imitacao de modelos sendo a base nao apenas do desejo, mas tambem dos conflitos humanos. Desse modo, e possivel justificar muito da relacao entre Antonio, Cleopatra e Otavio Cesar a partir da dinamica triangular de amor, odio e rivalidade. No livro "Shakespeare: o teatro da inveja" (2009), Rene Giorar, embora nao contemple em seus estudos "A tragedia de Antonio e Cleopatra", utilizando-se, para tratar do desejo em suas pecas, um termo caro ao vocabulario do proprio Shakespeare, a inveja. E por meio de alguem que detem o privilegio de um objeto que nao possuimos que a dinamica dos conflitos e o drama ocorrem. O interesse de imitar o modelo e, segundo Girard, a vontade de estabelecer uma identidade com o mesmo modelo invejado. Portanto, fazendo uso das consideracoes de Girard e relacionando suas ideias e a formulacoes de outros criticos e outras obras do dramaturgo ingles, o presente trabalho propoe-se, no estudo da "A tragedia de Antonio e Cleopatra", estabelecer conexoes que legitimam a tese acerca das relacoes entre inveja, rivalidade e teatralidade.
  • MARIA GRACIELE DE LIMA
  • UMA INQUIETA ESCRITURA: ESTUDO E TRADUÇÃO DE "EXCLAMACIONES" E "VEJAMEN", DE TERESA D'ÁVILA
  • Data: 30/10/2018
  • Hora: 09:30
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  • Esta pesquisa tem como centro o estudo e a traducao de dois escritos deixados pela autora espanhola, Teresa d'Avila, intitulados "Exclamaciones" e "Vejamen". Levou-se em conta o pertencimento dessas producoes literarias, de carater mistico, a uma tradicao literaria desenvolvida por mulheres cujas origens encontram-se na Idade Media, dentre muros de mosteiros, bem como nas beguinarias. Essa tradicao continuou seu percurso e ultrapassou o 'Siglo de Oro', periodo em que a autora produziu. Adotou-se uma visao sistemica, segundo a qual a Literatura se manifesta, na sociedade, dentro de um complexo de elementos que sao movimentados a partir da atuacao de agentes conhecidos como reescritoras/es e leitoras/es profissionais, o que incide na definicao do que chega ou nao as maos das/os chamadas/os leitoras/es nao profissionais. As/os reescritoras/os sao criticas/os, editoras/es, comentadoras/es, tradutoras/es, entre outros agentes que criam a imagem de uma obra literaria e de sua/seu autora/autor por meio de opinioes, publicacoes, comentarios, traducoes e outros textos que contribuem para tal. Constatou-se que as obras pesquisadas possuem relacao com todo o corpus de producao de Teresa d'Avila e esse e um ponto de partida fundamental para estudar qualquer parte da escritura dessa autora.
  • EMMANUELA NOGUEIRA NITAO DINIZ
  • "Mito, Imagem e Analogia: um estudo comparativo do lógos de Platão nos diálogos Politeia, entre o final do Livro VI e o início do Livro VII, e o prelúdio do Timeu".
  • Data: 28/09/2018
  • Hora: 09:00
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  • O presente estudo pretende analisar o logos de Platao nos dialogos "Politeia", VI 506d6 - VII 515d7, em comparacao com o proemio do "Timeu", entre os passos 27d5-29d6, assim como em outros trechos, com o fim de aprofundar as nocoes de mythos, imagem, e analogia, no pensamento e na linguagem do autor, nos corpora selecionados. As obras serao tratadas, primeiro, tendo em vista o sentido e os usos que o filosofo faz desses recursos em busca do entendimento do que sejam o muthos, as imagens e as estruturas analogicas. A seguir, verificar a existencia de uma relacaio entre a analogia do Sol com o Bem, a imagem da linha Seccionada e a Caverna com o discurso do personagem Timeu, percebendo, num e noutro, a similitude e aproximacao semantica dos temas relacionados. O que se pretende realizar e o aprofundamento do vocabulario dos corpora, observando as principais passagens nas quais ocorre o emprego de mythos, eikones e analogias que, por sua vez, sao signos do discurso platonico, a fim de extrair deles um melhor entendimento do sentidos termos que Platao aplica para designar seus conceitos filosoficos.
  • VIVIANE MORAES DE CALDAS
  • A tragédia "Hércules no Eta" e a formação moral do homem romano
  • Data: 14/09/2018
  • Hora: 09:00
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  • Seneca foi um dos expoentes da filosofia estoica do Imperio Romano, cujos ideais pretendiam servia de guia para o individuo, orientando suas acoes, uma vez que compreendia que a filosofia deveria ser pratica e vivenciada no dia a dia, sempre busca pela virtudee e pela sabedoria. Nosso estudo se propoe a discutir alguns principios estoicos referentes a virtude (uirtus), as paixoes (affectus), a viver conforme a natureza (uiuere naturae), a morte (mors) e ao sabio (sapiens), como essenciais para guiar o individuo no caminho para a impertubalidade da alma, para a felicidade plena. A partir da compreensao desses principios, analisamos a tragedia "Hercules no Eta", com o objetivo nao so de compreender como Seneca se utilizou desses principios para difundir os ideais estoicos, assim como mostrar em que medida os exempla, ou os contra-exempla, evidenciados pelo comportamento dos personagens nessa obra, principalmente pelo heroi Hercules, poderiam contribuir para a formacao moral do homem romano.
  • JESSICA TORQUATO CARNEIRO
  • TATUAGENS LITERÁRIAS: o corpo como suporte para o texto poético
  • Data: 28/08/2018
  • Hora: 09:00
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  • Obras literarias sao absorvidas pelo publico e, frequentemente, transformam-se em variados tipos de expressao artistica, como o cinema, o teatro, a pintura, a escultura, entre outros. Conforme e discutido no presente trabalho, tatuagens tambem sao influenciadas pela literatura. Esta pesquisa objetiva explorar como a literatura marca os corpos humanos ao acessar o que pessoas que possuem esse tipo de tatuagens dizem sobre a decisao de ter na pele determinado texto, verbal ou nao verbal. Ao todo, sao analisadas cinco tatuagens inspiradas em tres poemas e um romance:"A Virgem Maria", de Manuel Bandeira, "Poeminho do contra", de Mario Quintana, "Amor sem saida", de Pedro Gabriel, e "Frankenstein", de Mary Shelley. Por se tratar de um tipo de expressao artistica que se da de maneira (quase) indelevel na pele, a tatuagem literaria promove ricas discussoes sobre a literatura deixas marcas nas mentes e nos corpos dos sujeitos.
  • MARIA VERÔNICA ANACLETO PONTES
  • Entre Novas e Velhas Histórias: a construção de bruxas e princesas nos fios discursivos de contos de fadas
  • Data: 27/08/2018
  • Hora: 09:00
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  • O trabalho de investigacao proposto nesta tese focaliza o lugar socio historico ocupado pela mulher nos contos maravilhosos, narrativas milenares que encantam os/as leitotres/as das mais diferentes idades idades, e suas releituras filmicas. Atualmente, diante de sua popularidade e sucesso que sempre obtiveram, os contos de fadas vem servido de motivacao para a criacao cinematografica, atraves de releituras direcionadas nao so para criancas, mas tambem para o publico adulto. Essas reatualizacoes (FOUCAULT, 2002) sao sujeitas as concepcoes do momento da producao, por isso revelam vontades de verdades presentes em cada epoca. Considera-se que essas narrativas apresentam diversos lugares ocupados pelo sujeito mulher (maes, madrastas, filhas e esposas) que nos permitem enxergar regularidades no que concerne ao papel ideologico representado por essas personagens e as relacoes de poder que perpassam suas construcao narrativa atraves do tempo, comparando-se epocas em que surge cada uma enquanto acontecimento singular na historia.
  • SUELLEN RODRIGUES RAMOS DA SILVA
  • Morrer, gestar, renascer: estetização e autorrepresentação nos documentários "Elena" e "Olmo e a gaivota"
  • Data: 25/06/2018
  • Hora: 09:00
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  • Os documentarios "Elena" (2013), da cineasta mineira Petra Costa, e "Olmo e a gaivota" (2015), tambem realizado por Costa, mas codirigido pela dinamarquesa Lea Glob, constiutuem o corpus desta pesquisa. Tratam-se, portanto, de dois filmes de autoria feminina, ambos protagonizados por mulheres, narrativas centradas em nucleos familiares, utilizando a intertextualidade entre pesonagens documentais e caracteres ficcionais enquanto recurso de estetizacao, e estabelecendo dialogos, sobretudo, com arquetipos femininos. Nesta tese, realiza-se uma analise comparativa de tais obras, observando de que maneira esses documentarios possibilitam a partilha de experiencias pessoais, estetizam a vida cotidiana neles representada e apresentam uma leitura sensivel de suas personagens, sem perderem de vista a relevancia das questoes da serie social constitutivas dos dois filmes, consideradas tabus devido ao silenciamento que as envolvem. Em "Elena", tematiza-se, sobretudo, o suicidio cometido pela personagem homonima, irma da diretora; e em "Olmo e a gaivota", os questionamentos da protagonista, a atriz Olivia Corsini, em sua primeira gestacao, sobre a maternidade e as consequencias de tal escolha em relacao a sua carreira, a sua liberdade e ao seu cotidiano. As duas producoes estruturam-se via narracao homodiegetica, com imersao na interioridade das personagens, suscitando reflexoes sobre a natureza do coumentario em primeira pessoa e a autorrepresentacao, seja das cineastas ou das personagens, e mobilizando os conceitos de autorreflexividade, autobiografia, autoficccao e alterficcao. As obras ainda permitem estabelecer conexoes com dois documentarios pessoais, os curtass-metragens "Olhos de ressaca" (2009) e "Encontro com papai Kasper Cartola" (2011), realizados, respectivamente, por Petra Costa e Lea Glob, tambem focados nas relacoes familiares, embasando observacoes a respeito de elementos recorrentes que constituem tracos estilisticos.
  • JENISON ALISSON DOS SANTOS
  • A construção das subjetividades femininas em Como água para chocolate, de Laura Esquivel
  • Data: 20/06/2018
  • Hora: 09:00
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  • A presente dissertacao propoe uma investigacao acerca da construcao das subjetividades femininas em Como agua para chocolate, da autora mexicana Laura Esquivel, a partir do discurso gastronomico que perpassa o romance. Para tanto, nosso trabalho contempla quatro caminhos de analise, objetivando melhor compreender a constituicao de tal fenomeno: as vozes das mulheres no processo de (re)escrita da historia; os movimentos de opressao e resistencia no espaco da cozinha; as relacoes de afeto construidas a partir do dado gastronomico; e os diferentes lugares do materno. Nosso embasamento teorico se alicerca em um estudo interdisciplinar que transita por diferentes areas de conhecimento, como Teoria e Critica Literaria, Historia, Historiografia, Filosofia e pelos estudos da relacao entre o discurso culinario e a literatura, o que nos permite abordar as propostas de analise de forma mais abrangente e significativa. Nosso referencial teorico se constitui especialmente pelas discussoes de Woolf (2014), Sceats (2003), Badinter (1985) e Hutcheon (1987). Notamos, como consequencia do dialogo entre romance e teorias, como Esquivel constroi uma narrativa singular, demonstrando potencia para a inventividade, resistencia e protagonismo de suas personagens femininas a partir das vivencias do efemero, subvertendo as expectativas de representacao e empoderamento de tais personagens no canone literario.
  • ELISANGELA MARCOS SEDLMAIER
  • Estéticas da carne: literatura, prostituição e psicanálise
  • Data: 13/06/2018
  • Hora: 09:00
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  • Considerado o primeiro romance erotico da modernidade, "Fanny Hill ou memorias de uma mulher de prazer", datado de meados do seculo XVIII, subverte as tradicionais representacoes sobre o feminino, em especial, no tocante a sua vinculacao com a prostituicao. Perpassando a historia do sexo, encontramos, primeiramente, no campo do sagrado, uma conexao entre as prostitutas e a(s) deusa(s) telurica(s). Na era crista - estacao conduzida pelo patriarcado - a prostituta perde seus 'encantos' divinos, sendo alocada, doravante, no territorio do profano. Nesse lugar, torna-se um ser abjeto, mas que, ao mesmo tempo, dialoga com o(s) desejo(s) do(s) outro(s). A obra embora descreva pormenorizadamente a vida da personagem a partir de sua entrada no meretricio, nao compactua com a imagem coletiva ou estigmatizada que a moral social nos oferece sobre a prostituta. Caminhando por vaos historicos, filosoficos e literarios - ressignificados pela psicanalise pos freudiana - examinamos as imagens e discursos que recobrem a prostituta Fanny, a partir dos quais a protagonista experiencia sua feminilidade, de modo a assumir suas fendas e vazios.
  • ANA KARLA COSTA DE ALBUQUERQUE
  • O sentimento pós-moderno na filmografia Quentin Tarantino
  • Data: 11/06/2018
  • Hora: 10:00
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  • Os filmes "Pulp fiction" (1994), "Kill Bill vol. 1" (2003) e "Kill Bill vol. 2" (2004) e "Bastardos inglorios" (2009) sao representativos de um sentimento pos-moderno que permeia toda a filmografia do diretor norte-americano Quentin Taratino. Na presente pesquisa, as escolhas esteticas do diretor serao analisadas a luz dos conceitos que caracterizam a cultura e a sociedade contemporanea, tais como pensados ou teorizados por Susan Sontag, Jean Francois Lyotard, Ihab Hassan, Stuart Hall, Charles Jeccks, Linda Hutcheon, dentre outros. O nosso objetivo e realizar uma investigacaio que atravesse a construcao formal do discurso metaficcional de Tarantino e a entrelace com o problema da crise da representacao e a representacao da subjetividade no cinema pos-moderno.
  • STEFANO ALVES DOS SANTOS
  • Aspectos Retóricos Greco-Romanos na Epistola de Paulo a Filemon
  • Data: 04/06/2018
  • Hora: 09:00
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  • O corpus da presente tese e a "Epistola de Paulo a Filemon", conhecida e classificada como uma "Carta pessoa" e, tambem, como "Epistola de recomendacao ou de mediacao", como um discurso deliberativo. O objetivo e demonstrar que o apostolo Paulo estruturou estrategicamente sua epistola a Filemon segundo a tipologia aristotelica do genero retorico deliberativo, com o intuito de convence-lo a receber de volta o seu escravo fugido, Onesimo. A presente tese e uma aplicacao do criticismo retorico do Novo Testamento na analise da "Epistola de Paulo a Filemon". Para atingir o objetivo estabelecido, fizemos uma abordagem do g`enero epistolar antigo e as epistolas do Novo Testamento, ressaltando a sua estrutura e como ele incidiu no discurso retorico.
  • NICOLE CORTE LAGAZZI
  • As palavras abaixo da cintura: articulações entre a sublimação freudiana e a escrita obscena de Hilda Hilst em "Contos d'escárnio/Textos grotescos".
  • Data: 18/05/2018
  • Hora: 09:00
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  • O trabalho objetiva investigar as vicissitudes do processo sublimatorio, conforme postulado pela teoria freudiana, na obra de Hilda Hilst (1930-2004), mais precisamente em "Contos d'escarnio/Textos grotescos" (1990), ao entrelacar conceitos psicanaliticos e um modo de interpretacao literaria de cuno psicanalitico a escrita de uma das maiores autoras da literatura brasileira do seculo XX. Partimos da compreesao da sublimacao como um dos destinos da pulsao que, atraves da dessexualizacao de sua finalidade mantem, ao mesmo tempo, a economia de satisfacao, e culmina na reorientacao da pulsao para alvos nao sexuais e de maior valor social. Perguntamo-nos como poderiamos pensar tal conceito frente as obras literarias de cunho erotico e pornografico e, para tanto, revisitamos a historia do genero literario e suas especificidades esteticas ao tracarmos as origens e entendimentos das escritas erotica, pornografica e obscena nos contextos literarios.
  • JOSE ROBSON DO NASCIMENTO SANTIAGO
  • A LINGUA DO POVO NO ROMANCE DE GILVAN LEMOS: GLOSSÁRIO DE "O ANJO DO QUARTO DIA" E "EMISSÁRIOS DO DIABO"
  • Data: 08/05/2018
  • Hora: 08:30
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  • Os estudos sobre autores regionais realizados a partir de pressupostos da Lexicologia, da Dialetologia, da Sociolinguistica e da Etnolinguistica demonstram que existe uma indissociabilidade entre lingua, sociedade e cultura. Neste sentido nos debrucamos sobre os romances do escritor Gilvan Lemos, pernambucano que escrevia sobre o que conhecia, vivia e sabia. Em suas obras ha a presenca do lexico regional e popular e, especificamente, nas falas de seus personagens, as marcas de identidade regional e a riquiza vocabular caracterizam o falar de seu povo. Partimos da hipotese de que sua cultura e seu conhecimento linguistico sobre seu povo o levaram a conceber personagens cujas falas pudessem representar o falar nordestino, a sociedade como ele conheceu e a cultura do povo com que conviveu. Defendemos que a melhor forma de demonstrar o valor de suas obras e atraves de um glossario dos romances mais bem avaliados por seus leitores e criticos, "O anjo do quarto dia" e "EmissarioS do diabo".
  • CLECIA MARIA NOBREGA MARINHO
  • O LÉXICO REGIONAL POPULAR NA OBRA DE GRACILIANO RAMOS
  • Data: 07/05/2018
  • Hora: 14:00
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  • O trabalho constitui-se de estudo linguistico voltado para a descricao dos aspectos lexico-semanticos em "Caetes" (1933), "Sao Bernardo" (1936) e "Vidas secas" (1938), de Graciliano Ramos, com vistas a colaboracao de um glossario do lexico regional e popular do escritor, consistindo numa pesquisa de palavras e expressoes de cunho regional e popular nas obras, respaldada em pressupostos teorico-metodologicos da Lexicologia, da Lexicografia a qual se inclui a Lexicografia Dialetal ou Regional da Semantica, bem como da Dialetologia, da Sociolinguistica e da Etnolinguistica.
  • WELLINGTON LOPES DOS SANTOS
  • A LINGUAGEM REGIONAL E POPULAR DO REPENTISTA ZÉ VICENTE DA PARAÍBA: GLOSSÁRIO LÉXICO-SEMÂNTICO
  • Data: 07/05/2018
  • Hora: 09:00
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  • A cultura popular, em especial, as poesias, os repentes e a literatura de cordel apresentam-se como importantes ferramentas para analises de natureza linguistica. Tais obras poeticas mostram-se nas suas estrofes um acervo vocabular caracteristico do universo sociocultural no qual o autor esta inserido. Sao producoes artisticas que revelam uma rioqueza linguistica inesgotavel. Nesta perspectiva, o presente trabalho intitulado "A linguagem regional/popular do peota Ze Vicente da Paraiba: glossario lexico-semantico" tem como objetivo principal elaborar um glossario de natureza lexico-semantica da linguagem regional/popular identificada nas obras (poesias e cancoes) de autoria de Ze Vicente da Paraiba.
  • CAMILA MACHADO BURGARDT
  • Prosa de Ficção Oitocentista: revisando práticas de escrita literária na imprensa paraibana
  • Data: 26/04/2018
  • Hora: 09:00
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  • Esta tese busca dar visibilidade á permanência dos gêneros retórico-poéticos antigos - anedota, apólogo, diálogo, epigrama, necrológio e epístola - à época Impwewrial, bem como procura reconstruir uma intensa prática de escrita e publicação de gêneros que se nos jornas da província da Paraíba, mas que foi transversal às províncias de todo o país, a partir do exame de procedimentos previstos e aplicados pelas convenções letradas em vigência no período em questão (PÉCORA, 2001). Sabendo que os jornais se configuraram, no século XIX, como principal suporte de circulação do escrito e de divulgação do literário e conhecendo que esses arranjos foram desconsiderados menores (BARBOSA, 2007), tomamos como fonte um variado número de periódicos paraibanos, tais como A Ordem (1849;1850), A Estrela (1860), A Liberal Paraibano (1882;1883) e Gazeta do Sertão (1888), por exemplo. Pensamos nosso corpus, ou seja, os gêneros elencados, enquanto determinações convencionais e históricas constitutivas dos sentidos verossímeis de cada um desses escritos, que também atuaram como "laboratório" na construção das pequenas narrativas e prosas ficcionais, no qual os leitores-escritores experienciaram e testaram a linguagem.
  • LUCIANA DE CAMPOS
  • Literatura e mito na Escandinávia medieval. Aspectos da mulher guerreira na Saga de Hervor
  • Data: 05/04/2018
  • Hora: 09:00
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  • A Saga de Hervor, composta na Islandia, no seculo XIII, nos apresenta em sua narrativa, acontecimentos passados no periodo pre-Viking da Escandinavia Continental mais precisamente, no seculo IX. Esta saga pertence a um conjunto de narrativas literarias que em islandes sao classificadas como “sagas dos tempos antigos das terras do norte” ou Fornaldosogur, as sagas lendarias. Esta narrativa vai apresentar um motivo literario que ha seculos fascina os seres humanos: a mulher guerreira. Os estudos sobre o mito na literatura medieval escandinava, - mais precisamente o da mulher guerreira -, que refletem em suas linhas uma condicao feminina em determinada epoca que esta ligada a esfera do mito sao pesquisas ainda pouco realizadas no Brasil, mas que na Escandinavia, e tambem no restante da Europa ja estao consolidadas. Com o estudo da condicao feminina da Escandinavia medieval, representada nas sagas lendarias e possivel propormos uma analise dessas personagens femininas, mais especificamente a das mulheres guerreiras de maneira que se possa nao so entender a construcao do mito da mulher guerreira, mas principalmente, a sua importancia tanto para a epoca em que foi escrito como para o presente momento. A nossa analise do mito da mulher guerreira na literatura se pautara na teoria do mito proposta por autores como Marcel Detienne e Jean-Pierre Vernant que propoe analises pormenorizadas sobre o mito na literatura e as suas repercussoes na sociedade. No decorrer da analise sobre a construcao do mito da mulher guerreira na literatura, desde a Antiguidade Classica ate a escrita das sagas na Escandinavia Medieval, recorremos aos teoricos da literatura e escandinavistas que se debrucam exclusivamente na analise das sagas, como Torfi Tilinius, Regis Boyer e Margeret C. Ross e Terry Gunnell.
  • ANDRÉIA PAULA DA SILVA
  • O BILDUNGSROMAN E A INEXISTÊNCIA DE UM ESTADO DE DIREITO NO SERTÃO ROSIANO DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS
  • Data: 28/03/2018
  • Hora: 09:00
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  • O romance de Guimaraes Rosa apresenta um Brasil sertanejo que, ainda que historicamente ja no periodo republicano, praticamente nao tem lei constitucional ou qualquer mecanismo publico que caracterize um Estado de direito. E dentro desse contexto que se analisa a formacao do protagonista, em certa sintonia com o quadro geral das contradicoes do pais.
  • ELAINE REIS LAUREANO
  • LITERATURA DE AUTORIA FEMININA: CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO MULHER EM “MARIAS”, DE JANAÍNA AZEVEDO
  • Data: 26/03/2018
  • Hora: 08:00
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  • Esta Tese sistematiza uma pesquisa voltada para a investigacao da constituicao do sujeito mulher nos contos de “Marias” (1999), de Janaina Azevedo. Compreendendo a literatura como espaco de acontecimento constante e atualizacao dos discursos, acreditamos que os textos literarios devem lidos como um produto socio-historico e ideologico que se concretiza com a historia e com a memoria. Para tanto, tomamos como base os pressupostos teoricos Analise do Discurso (AD) de linha francesa, com base principalmente nos estudos de Foucault (2004), Pecheux (1997), Courtine (2006) e Robin (1977), a partir dos quais se concebem os textos como fontes propagadoras de discursos, tendo em vista que materializam representacoes socio - historicas e culturais que marcam a identidade dos sujeitos. Focalizamos, de modo especial, as ideias foucaultianas, no que concerne aos conceitos de “Vontades de verdade” e “Relacoes de poder” e nos voltamos para a discussao sobre autoria feminina, a partir de autores como Badinter (2005), Perrot (2013), Mill (2006), Woof (1985) e Silva(2010). Para compreender as questoes relativas as construcoes identitarias, recorremos aos Estudos Culturais, por meio de Hall (2006), Bauman (2005) e Silva (2000). Quanto a metodologia, trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho documental, cujo corpus e composto por seis dos treze contos da obra selecionada. Os objetivos norteadores sao os seguintes: investigar os discursos que constituem o sujeito mulher em “Marias”; analisar como a “voz” de autoria feminina constroi as representacoes do sujeito mulher nos contos de “Marias”; identificar as vontades de verdades, as relacoes de poder e, Esta Tese sistematiza uma pesquisa voltada para a investigacao da constituicao do sujeito mulher nos contos de “Marias” (1999), de Janaina Azevedo. Compreendendo a literatura como espaco de acontecimento constante e atualizacao dos discursos, acreditamos que os textos literarios devem lidos como um produto socio-historico e ideologico que se concretiza com a historia e com a memoria. Para tanto, tomamos como base os pressupostos teoricos Analise do Discurso (AD) de linha francesa, com base principalmente nos estudos de Foucault (2004), Pecheux (1997), Courtine (2006) e Robin (1977), a partir dos quais se concebem os textos como fontes propagadoras de discursos, tendo em vista que materializam representacoes socio - historicas e culturais que marcam a identidade dos sujeitos. Focalizamos, de modo especial, as ideias foucaultianas, no que concerne aos conceitos de “Vontades de verdade” e “Relacoes de poder” e nos voltamos para a discussao sobre autoria feminina, a partir de autores como Badinter (2005), Perrot (2013), Mill (2006), Woof (1985) e Silva(2010). Para compreender as questoes relativas as construcoes identitarias, recorremos aos Estudos Culturais, por meio de Hall (2006), Bauman (2005) e Silva (2000). Quanto a metodologia, trata-se de uma pesquisa qualitativa de cunho documental, cujo corpus e composto por seis dos treze contos da obra selecionada. Os objetivos norteadores sao os seguintes: investigar os discursos que constituem o sujeito mulher em “Marias”; analisar como a “voz” de autoria feminina constroi as representacoes do sujeito mulher nos contos de “Marias”; identificar as vontades de verdades, as relacoes de poder e, consequentemente, os lugares outorgados a mulher nos referidos contos, bem como identificar os estereotipos que constituem a identidade do sujeito mulher. Apos a analise dos contos, diante dos dados, foi possivel perceber que a constituicao do sujeito mulher em “Marias” se da a partir de discursos que marcam a identidade da mulher, por meio de representacoes multifacetadas da mulher na contemporaneidade e pela negacao do discurso biblico/religioso. Na opacidade da escrita de Janaina Azevedo, observamos um choque de identidades provocado no confronto do discurso religioso, que permeia todos os contos analisados, e o discurso feminista que busca combater os grilhoes que submete a mulher ao homem por seculos. Vemos na obra da referida autora momentos de submissao versus momentos de resistencia, por meio das mulheres representadas. Janaina Azevedo transita entre o ceu (religiao) e o inferno (desejo sexual), delineando diferentes modos de ser mulher na terra.
  • WILLIAN LIMA DE SOUSA
  • Mito Deslocado: o arquétipo de Sodoma e Gomorra nas páginas de "O Ateneu"
  • Data: 12/03/2018
  • Hora: 14:00
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  • Trata-se de uma analise critica, com base na teoria dos arquetipos de Northrop Frye, da presenca de mitos biblicos como componentes da narrativa do romance " O Ateneu ", de Raul de Pompeia
  • ROSSANA TAVARES DE ALMEIDA
  • A TRANSFORMAÇÃO DA MULHER NAS LENDAS INDÍGENAS DA AMAZÔNIA: PERCURSOS SEMIÓTICOS DE SENTIDO
  • Data: 08/03/2018
  • Hora: 14:30
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  • Partindo da hipotese de que o indigena tem uma forte relacao com o meio ambiente, principalmente, a figura feminina por estar associada a mae natureza, aquela que nutre o ser humano, esse trabalho teve como objetivo analisar as lendas amazonicas pelo vies da semiotica greimasiana, verificando os valores culturais dos vegetais bem como significado da metamorfose do ser humano em vegetal. Para tanto, foram inferidos os seguintes objetivos especificos: observar as significacoes das metamorfoses sofridas ou ocasionadas pela figura feminina; descobrir os valores presentes nas narrativas dos sujeitos semioticos; perceber os elementos simbolicos de outras culturas, no que tange a universalizacao dos mitos. As narrativas lendarias utilizadas como corpus foram extraidas de Lendario Amazonico (BRITTO, 2007), cujo levantamento foi realizado pelo o autor atraves de entrevistas aos habitantes da Regiao Norte do Brasil. A amostragem efetivamente analisada constou de lendas que tinham como tema a metamorfose da mulher ou ocasionada por ela. Esse recorte foi uma estrategia metodologica, a fim de especificar e aprofundar o estudo, melhorando a qualidade da pesquisa. As lendas escolhidas para analise foram: A lenda da vitoria-regia, A lenda do guarana, A lenda do acai e A lenda da mandioca. O estudo das lendas amazonicas justifica-se em virtude da riqueza cultural que carregam. Concluimos que a observancia dos niveis semioticos, corroboram para enfatizar que a lenda contem o mito, sendo uma forma de manifestacao de valores culturais, contento elementos de identidade de um povo. Assim, a concepcao de que a lenda e apenas uma historia de cunho imaginativo, distante da realidade e desconstruida.
  • KLARA MARIA SCHENKEL
  • DA INFÂNCIA DO MÁGICO À GÊNESE DO LOBO: A mitologia de Harry Haller em O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse
  • Data: 27/02/2018
  • Hora: 14:30
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  • Esta pesquisa investiga o repertorio da “mitologia pessoal” de Harry Haller, o protagonista de O Lobo da Estepe (Der Steppenwolf, 1927), de Hermann Hesse. Alem do ecletico “mosaico de citacoes” selecionado por Harry Haller para narrar seus conflitos interiores, dados autobiograficos de Hesse deliberadamente entremeiam a criacao literaria. Nesse sentido, ao ultrapassar fronteiras entre vida e obra (ou entre o “real” e o “ficcional”), a “autoficcao” hessiana busca o dialogo provocativo com uma alteridade multifacetada, a partir da qual Haller/Hesse tenta alcancar sua “unidade”. Para tanto, tambem nao bastara o ponto de vista estritamente subjetivo: o protagonista tera de ocupar o territorio do Outro e descentrar-se do “eu”, ser sujeito e objeto, ultrapassar a “ficcao do ego”, enfim, romper com a visao dualista para reconhecer uma verdade menos provisoria sobre si e sobre aquilo que denomina como sua “mitologia pessoal”. Extirpado tanto do mundo asseptico e ordenado da burguesia, quanto da promessa romantica de reencontrar o paraiso perdido, o mythos desse Lobo solitario atravessa importantes questoes em voga no periodo que sucedeu a Primeira Grande Guerra no solo germanico. O vasto percurso percorrido pela mitologia de Harry Haller — desde as obras de Goethe e Novalis ao pensamento tragico de Nietzsche, da contracultura germanica a Psicologia Analitica de Jung e a “gnose” indiana — revela, sobretudo, a genese de um “sujeito multipersonalistico” que prenuncia a falencia dos valores burgueses e da propria Modernidade, um sujeito que requisita novas formas literarias de expressao.
  • MAYSA MORAIS DA SILVA VIEIRA
  • Os percursos estéticos e ideológicos em Noémia de Sousa e Sónia Sultuane: uma análise do eu-feminino na poesia moçambicana
  • Data: 26/02/2018
  • Hora: 14:00
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  • O presente trabalho de pesquisa versa sobre um estudo das marcas estetico-ideologicas na poesia de Mocambique, por meio dos poemas dos livros Sangue Negro (2001) e Imaginar o poetizado (2006), de Noemia de Sousa e Sonia Sultuane, respectivamente. Para tanto, faremos, no primeiro capitulo, um breve panorama literario enfatizando as vozes femininas que foram precursoras e, por que nao, fundamentais no desenvolvimento da Literatura Mocambicana, dando voz a mulher e colocando-a como sujeito ativo das transformacoes nos variados ambitos sociais de Mocambique. No segundo capitulo, analisaremos o eu-poetico das obras de Noemia de Sousa e Sonia Sultuane identificando as posicoes ocupadas pela mulher mocambicana, buscando entender o lugar social do qual essas vozes femininas falam. Nosso objetivo e apontar as possiveis diferencas e similitudes na poesia de Noemia de Sousa, que apresenta uma poesia ligada a tradicao literaria mocambicana guiada pela Literatura Combate e pelo projeto da Mocambicanidade, e na poesia de Sonia Sultuane que representa as mudancas sociais que possibilitaram a escrita feminina abordar tematicas diversas as questoes politico-sociais, principalmente, no que diz respeito aos prazeres femininos, a liberdade sexual e ao erotismo da mulher mocambicana da contemporaneidade. Para isso, serao utilizados os referenciais teoricos que dao conta da teoria de analise poetica, dos estudos culturais, da literatura africana de autoria feminina e teorias feministas.
  • CAMILA DE MATOS SILVA
  • Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves: uma escrita de resistência entrelaçamentos entre metaficção historiográfica, memória e religiosidade.
  • Data: 26/02/2018
  • Hora: 11:00
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  • Este trabalho debruca-se sobre o romance "Um defeito de cor", de Ana Maria Goncalves, procurando preencher lacunas da Historia dita oficial, pela voz e grafia de Kehinde. Busca-se, tambem, entrelacar memoria a resistencia dos povos da diaspora africana em solo brasileirio, bem como demonstrar que os rastros de memoria tem sido um traco estetico, marcante, na escrita de mulheres afro-brasileiras.
  • NAYARA DE ALMEIDA ADRIANO
  • LITERATURA SURDA: As Categorias da Narrativa do Gênero Humor por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)
  • Data: 26/02/2018
  • Hora: 09:00
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  • O trabalho consiste em uma investigacao para o entendimento do genero humoristico nas piadas em lingua de sinais, durante as criacoes literarias da comunidade surda e a partir deste contexto surgiram as seguintes problematicas: como surgiu as piadas em LIBRAS? Em qual categoria podemos classificar as piadas? Existe sinal para identificar o humor na piada? Para responder a essas indagacoes a pesquisa que se apresenta tem como objetivo geral descobrir qual e o sinal apresente na piada que transmite a diversao, ou seja, o riso, por meio das narrativas humoristicas que sao passadas de mao em mao pela comunidade surda fazendo com que pertenca a literatura surda, qualitativa e de cunho documental, tendo com supedaneo documentos e midias eletronicas contidas na internet, com abrangencia material no humor focado em lingua de sinais, tendo sido escolhidos (19) dezenove videos contendo piadas em lingua de sinais e postos a observacao de pessoas surdas na cidade de Joao Pessoa, com participacao de pessoas fluentes em linguagem brasileira de sinais (LIBRAS), sendo entregues questionarios para avaliar-se a identificacao dos surdos em 15 categorias linguistas distintos. Tambem foi feito uma indagacao sobre a origem da piada na comunidade surda no Brasil e no mundo, e fez-se um apuramento a respeito do empenho em transmitir as piadas na lingua de sinais atraves do povo surdo como forma de reconhecimento. Conclui-se que as piadas em lingua de sinais produzida em video fazem parte do elemento linguistico e que sao objetos que podem servir para futuros estudos referente a Literatura na concepcao visuo-espacial que e algo proprio do sujeito surdo.
  • IRANY ANDRÉ LIMA DE SOUZA
  • O folheto no cenário das adaptações literárias: releituras do conto Chapeuzinho Vermelho
  • Data: 20/02/2018
  • Hora: 14:00
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  • Nascidos de narrativas orais populares, os contos de fadas/maravilhosos mais conhecidos chegaram ate nos pela propagacao de geracao a geracao promovida, antes, pelos contadores(as) de historias, e que ha tempo vem ganhando inumeras versoes e adaptacoes desde sua primeira compilacao em livro. Dentre as diferentes releituras para as diferentes midias, a que nos chamou atencao foi a da literatura de folhetos, que mantem forte relacao com as historias infantis, por preservarem algumas caracteristicas em comum. Em tres capitulos, discutimos nesta dissertacao, sucessivamente, sobre as intersecoes entre o folheto e a Literatura Infantil, sobre o fenomeno historico da adaptacao literaria e que lugar o folheto ocupa nesse contexto. Alem disso, selecionamos o conto popular “Chapeuzinho Vermelho” em transposicoes para folhetos publicados no seculo XXI, como corpus principal de nossa analise. Nesse sentido, a nossa analise (o nosso estudo, a nossa pesquisa) recai sobre a materialidade e a textualidade dessas adaptacoes, a fim de perceber o que esses textos mantem ou alteram do conto classico, versoes de Perrault e dos irmaos Grimm, adotadas aqui como hipotextos principais. Com esse objetivo, lancamos mao de uma pesquisa de cunho qualitativo e interpretativo dos folhetos O casamento de Chapeuzinho Vermelho com o Pequeno Polegar, de Costa Senna (2006), Chapeuzinho Vermelho – versao versejada, de Manoel Monteiro (2010) e O casamento da Chapeuzinho Vermelho, de Cleusa Santo (2010). Desde os titulos e perceptivel a indicacao para uma nova forma na qual o texto sera apresentado, o que ja pressupoe mudancas significativas para o texto envolto nas especificidades do folheto. Ha, inclusive, certa tendencia ao moralismo nas adaptacoes, como um resgate de uma das caracteristicas presentes nos contos dos irmaos Grimm. Mais do que isso, ha alteracoes que precisaram ser analisadas, a exemplo da nova configuracao do texto verbal em dialogo com as ilustracoes que acarreta novos sentidos para a leitura do conto tradicional “Chapeuzinho Vermelho”.
  • ANA PAULA SERAFIM MARQUES DA SILVA
  • O universo infantil e escolar em Poesias Infantis, de Olavo Bilac
  • Data: 20/02/2018
  • Hora: 09:00
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  • Por volta do final do seculo XIX e inicio do seculo XX, comecou a se firmar no Brasil a consciencia de que uma literatura propria se fazia urgente para a demanda infantil, ao mesmo tempo em que a sala de aula passou a incorporar uma producao literaria especifica, originando a criacao de um publico consumidor de livros escolares. Nesse vies, a presente dissertacao tem como objetivo averiguar aspectos tematicos e formais da coletanea poetica Poesias infantis (1904), do escritor fluminense Olavo Bilac. Ao estudarmos o impresso, compreendemos os valores socioculturais da epoca, os contornos da nossa educacao, a valorizacao da memoria nacional, alem de percebermos a marcacao do inicio da literatura escolar. Realizamos uma pesquisa de carater bibliografico e documental que buscou analisar o comparecimento de uma preocupacao estetica aliada a disseminacao de valores vinculados a Primeira Republica brasileira em poemas, fabulas e ilustracoes presentes na seleta. Para isso, investigamos os fatos sociais, politicos e culturais que envolveram a origem da literatura para criancas, bem como o seu surgimento no contexto nacional. Ainda exploramos os poemas que representam, por meio de versos e ilustracoes, o espaco escolar e os valores da epoca. Alem disso, analisamos a insercao das fabulas de Esopo, pelo autor, na coletanea. Constatamos ao longo da pesquisa que o autor, em meio as limitacoes artisticas da epoca, alem de se utilizar do estilo literario parnasiano para a composicao de seus versos infantis, nos quais apresentou uma metrica perfeita na sua construcao, possibilitando ao publico leitor da obra seducao e divertimento, ele variou generos em seu livro de poemas, a fim de apresentar ao destinatario mais de um genero literario, o que, juntamente com as ilustracoes, reforca o criterio estetico do compendio poetico.
  • UELIDA DANTAS DE OLIVEIRA
  • A Linguagem de Ariano Suassuna: Um glossário léxico-semântico
  • Data: 20/02/2018
  • Hora: 08:30
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  • No presente estudo, temos como objetivo geral elaborar um glossario lexico-semantico das escolhas lexicais do escritor paraibano Ariano Suassuna, analisando seu lexico nas obras O casamento suspeitoso (2012), Farsa da boa preguica (2014) e O santo e a porca (2011). Com essa finalidade, selecionamos lexias no corpus para a elaboracao do glossario, ressaltando a relevancia das lexias de natureza regional nordestina, analisando o aspecto do lexico regional. Outro objetivo importante para a elaboracao do glossario e a questao das lexias configurarem arcaismos ou neologismos. Para o desenvolvimento do estudo, a principio, realizamos pesquisas bibliograficas sobre lexicografia e a fortuna critica sobre Ariano Suassuna, assim como as leituras dos livros desse autor. A bibliografia consultada sobre o autor foi Victor e Lins (2007) e Tavares (2007). Para a fundamentacao teorica, conforme as teorias linguisticas do Lexico e suas ciencias, a lexicologia e a lexicografia, utilizamos a teoria de Barbosa (1981), Biderman (2001), Vilela (1995) e Ilari (2012), como tambem as teorias “neologismo lexical” e “arcaismo linguistico”, com subsidio de Carvalho (1984), explanando tambem questoes sobre dicionarios, com o auxilio de Borba (2003), entre outros. Para a elaboracao do glossario foram preenchidas fichas lexicograficas, com os verbetes selecionados na analise do corpus, constatando depois se os mesmos encontravam-se ou nao dicionarizados. Tal atividade foi realizada com o auxilio dos dicionarios de lingua portuguesa de Ferreira (2010) e Houaiss (2012), entre outros, e dos dicionarios regionais nordestinos de Navarro (1998) e Cabral (1982), entre outros.
2017
Descrição
  • FELIPE DOS SANTOS ALMEIDA
  • Transtextualidades entre Sófocles e Ovídio: virtude e ira na caracterização de Ajax
  • Data: 12/12/2017
  • Hora: 09:00
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  • O Objetivo deste trabalho e estudar a intertextualidade entre a obra Metamorfoses, de Ovidio, autor latino. e a peca Aias, de Sofocles........
  • SAULO SANTANA DE AGUIAR
  • A poética da emulação no De rerum natura
  • Data: 06/12/2017
  • Hora: 09:30
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  • O poema De rerum natura, de Lucrecio, pode ser considerado uma das grandes obrasprimas de toda a literatura latina, tendo sido composto na primeira metade do seculo I a. C., com intuito declaradamente didatico de propagar as doutrinas epicuristas em meio a sociedade romana de entao, fragilizada por guerras e conflitos politicos de enorme relevancia. Em vistas a fragmentacao da estrutura social da urbs, fundamentada num sistema politico republicano em profunda debacle, o poeta Tito Lucrecio Caro, fervoroso adepto da filosofia de Epicuro, que pregava uma atitude de total abstencao em relacao a vida politica e a busca de riquezas, com o fim de alcancar-se a verdadeira felicidade por meio do estudo da natureza e de suas leis, e da libertacao do homem de seus medos a respeito da morte e dos deuses, enxergava neste sistema doutrinal uma importante via de salvacao moral para a corrupcao dos costumes que vogava em sua geracao. Nao obstante os objetivos pragmaticos que se possam atribuir ao intento lucreciano, nao restam duvidas quanto ao valor literario de sua obra, devido ao seu carater mimetico, voltada para a imitacao da natureza. Ao mesmo tempo, e igualmente possivel perceber na construcao da obra inumeras alusoes e referencias a outros textos da tradicao literaria antiga, seja de sua vertente didatica, seja da grande epica classica,remontando a um proficuo dialogo emulativo entre a poesia lucreciana e todas essas obras. Desse modo, objetivo deste trabalho e analisar o livro I do De rerum natura, tendo por base a compreensao de uma poetica subjacente ao texto do poema que reflita as suas relacoes mimeticas com as demais obras que com ele compoem a tradicao epico-didatica. Para tanto, utilizar-nos-emos, como embasamento teorico de nossa pesquisa, da obra Palimpsestes: la litterature au second degre, de Gerard Genette, que nos fornecera os instrumentos necessarios para o estudo da literatura sob a clave do comparativismo, alem, e claro, do aporte teorico de outros autores antigos que se esforcaram em compreender o fenomeno da mimesis na criacao poetica, como Platao, Aristoteles, Quintiliano e outros.
  • ANGELI RAQUEL RAPÔSO LUCENA DE FARIAS
  • A perversão e suas confissões: a erótica de Hilda Hilst.
  • Data: 28/11/2017
  • Hora: 14:00
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  • Em breve.
  • DANIELLE ALEXA BARBOSA MEIRA
  • Literatura, cinema e adaptação: Flor do Deserto no espaço das narrativas femininas contemporâneas
  • Data: 10/11/2017
  • Hora: 10:00
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  • A pesquisa tem como foco a análise da autobiografia "Flor do deserto" (2001), DE Warris Diris e Cathleen Miller, e da adaptação fílmica homônima, de Sherry Hormann (2009) dentro do cenário atuas das narrativas autobiográficas femininas, observando como o elemento memorialístico atua no processo de redimensionamento do literário e ficcionalização da história, além de incidir na reconfiguração da identidade feminina negra da personagem Warris Dirie, na literatura e no cinema, em como isso reverbera no conjunto social contemporâneo.
  • GRACILENE FELIX MEDEIROS
  • Corpo e Conhecimento no Timeu e no Brihadaranyaka-Upanisad: um estudo critico baseado na teoria da enunciação metafórica e do símbolo mítico
  • Data: 30/10/2017
  • Hora: 15:00
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  • estabelecemos como objetivo geral analisar o signo corpo como construcao imagetica atraves da qual possamos apreender o conhecimento contemplativo (nous e jnāna) no Timeu e no Brihadaranyaka-Upaniṣad. Os objetivos especificos sao reconhecer a construcao metaforica como uma significacao vivente, dentro de um conjunto de relacoes opostas apresentadas no espaco do texto e que essa significacao que surge de uma enunciacao pode corroborar com a compreensao da construcao simbolica dentro da literatura; identificar o corpo enquanto enunciacao metaforica e simbolica nas manifestacoes ritualisticas e miticas dentro das seguintes obras: na Iliada, Odisseia, Teogonia, Trabalhos e Dias e no Rig-Veda; observar e estabelecer as diferencas existentes entre a relacao metaforica do corpo e do conhecimento no Timeu de Platao e no Upaniṣad, Brihadaranyaka-Upaniṣad, compreendendo o corpo, como elemento linguistico imprescindivel para explicar o mundo e atingir o conhecimento e baseando-nos nessa analise, apresentar tambem possiveis semelhancas entre as duas civilizacoes em estudo, buscando assim definir uma sutil aproximacao entre elas.
  • SANDRO LUIS DE SOUSA
  • O ABC do Sertão: aspectos semântico-culturais e fonéticos do português brasileiro na obra de Luiz Gonzaga
  • Data: 20/10/2017
  • Hora: 08:00
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  • Neste trabalho, parte-se da concepcao de que o falar nordestino e resultante de variacoes do Portugues Brasileiro, as quais importam, tanto alteracoes do foneticismo quanto do material semantico-lexical, advindas dos processos de distribuicao geografica e das influencias socioculturais. Com base nessa fundamentacao teorica, o estudo propoe-se investigar a existencia de particularidades semantico-culturais e particularidades foneticas, caracterizantes do falar sertanejo nordestino na obra de Luiz Gonzaga. Essas categorias de analise acionam uma abordagem multifocal, o que exige a colaboracao/o cruzamento de saberes varios, oriundos das mais diversas areas do conhecimento, em particular aqueles saberes derivados da Dialetologia, da Etnolinguistica e da Sociolinguistica (manancial teorico I); e da Lexicologia, da Lexicografia, da Semantica Cultural e da Fonetica (manancial teorico II). Levando-se em conta as inter-relacoes entre lingua, cultura e sociedade, a pesquisa documenta as variacoes dialetais encontradas em lexias simples, compostas e textuais, usadas pelo sanfoneiro, autentico representante do falar nordestino. Fazendo ancoragem nos postulados da Semantica Cultural, na vertente Semantica de Contextos e Cenarios, a investigacao constata que os sentidos sao manifestacoes linguisticas do significado de uma lingua natural, os quais se especializam em contextos e cenarios, constituidos por fatos culturais. No conjunto, foram identificados os seguintes campos semantico-culturais caracteristicos da obra de Luiz Gonzaga: a seca, a saudade, a terra, a religiao e as crencas, o cangaco, o amor e a sensualidade, e a alegria. Esses campos contem itens lexicais cujos sentidos representam verdadeiros “depositos de valores linguistico-culturais” compartilhados entre os habitantes mais humildes da zona rural nordestina. Tambem foram descritas, pela analise de metaplasmos brasileiros (por adicao, supressao, transposicao e transformacao), as singularidades foneticas da linguagem rural nordestina. As fontes documentais incluiram textos de cancoes, narrativas de causos, registros de entrevistas e depoimentos. Os procedimentos metodologicos contemplaram pesquisa bibliografica, audicoes de musica, transcricoes grafematicas das cancoes e causos coletados, visita exploratoria ao municipio de Exu–PE, assim como transcricoes foneticas de lexias que continham metaplasmos brasileiros. As bases teoricas que dao sustentacao a propositura da tese reconhecem que a variedade rural nordestina contem um vocabulario tipico e especificidades fonetico-fonologicas proprias que sofrem um alto grau de estigmatizacao na sociedade brasileira. Como produto das analises realizadas, apresenta-se um glossario eletronico cujas organizacoes macro, medio e microestrutural foram ordenadas no programa computacional Lexique Pro©. Pelos indicios e pelas evidencias encontradas no corpus, fortalece-se a tese de que a producao artistica de Luiz Gonzaga difundiu, de forma deliberada, nao apenas um genero musical mas tambem a expressividade linguistica do falar rural nordestino como instrumento linguistico de valorizacao identitaria
  • CAROLINA SILVA RESENDE DA NOBREGA
  • Literatura Surda: As produções digitais de textos religiosos em libras
  • Data: 03/10/2017
  • Hora: 08:30
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  • A tese tem como sua tematica principal a organizacao de textos religiosos em Libras, separados em Literarios e Informativos, com o fim de identificar o uso dos temas na Literatura Surda. A base da pesquisa se respalda nos teoricos da Literatura Surda, Traducao, Producao Textual e Religiao como Peters (2000), Sutton-Spence (2005), Mourao (2011), Oustinoff (2011), Jakobson (1971), Leite (2010), Assis Silva (2012), Wigles e Colombo (1979), entre outros. A investigacao apresenta analises baseadas no questionario com doze surdos evangelicos de diversas regioes do Brasil. Todos evangelicos e frequentadores de suas igrejas, sujeitos da pesquisa, relatam suas observacoes acerca dos videos escolhidos nas redes sociais e em DVD. Para problematizar, e preciso levantar questoes de uso do texto religioso como quais sao as categorias necessarias para os textos sagrados? Por que essas estrategias sao utilizadas e em que momentos do texto? Ha possibilidade de a pessoa surda compreender o texto religioso em Libras sem o uso do portugues? Sao essas questoes que nos levam a realizar pesquisas as quais abordam categorias organizadas. Os objetivos da tese e analisar e categorizar as producoes digitais dos textos religiosos; analisar, na Libras, o uso dos lexicos comparativos entre diferentes textos religiosos; e destacar os textos religiosos categorizados para os tipos de textos Literarios e Informativos em Libras. No desenvolvimento da pesquisa, sao analisados os videos e, estes, categorizados por Figura, Figurino, Traducao, Narrativa e Criacao, com base de teorias e depoimentos coletados dos informantes. Por fim, espera-se que os textos religiosos em Libras possam ser categorizados e inseridos, como uma contribuicao Literaria, na Literatura Surda.
  • SAYONARA SOUZA DA COSTA
  • Da Terra ao Céu: elementos de moçambicanidade e do período pós-colonial presentes nos contos " O Cachimbo de Felizberto" e " O Homem Cadente"
  • Data: 12/09/2017
  • Hora: 14:00
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  • em breve
  • DANIELLE DE LUNA E SILVA
  • MATERNAGENS NA DIÁSPORA AMEFRICANA: RESISTÊNCIA E LIMINARIDADE EM AMADA, COMPAIXÃO E UM DEFEITO DE COR
  • Data: 18/08/2017
  • Hora: 09:00
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  • Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar a partir de uma perspectiva transnacional e historica as praticas de maternagem presentes em Amada, Compaixao e Um defeito de cor como atos de resistencia a objetificacao e apropriacao dos corpos femininos negros nos Estados Unidos e no Brasil pela instituicao da escravidao. Tanto osromances escritos por Toni Morrison (Amada e Compaixao) quanto o de Ana Maria Goncalves (Um defeito de cor) podem ser considerados como neo-slave narratives ou narrativas contemporaneas da escravidao, textos ficcionais que revisitam e recriam as primeiras slave narratives, amplamente disseminadas pelo movimento abolicionista na Inglaterra, Franca e Estados Unidos, no seculo XVIII, em que exescravizados/as apresentavam relatos, mediados ou nao, sobre as experiencias vivenciadas naquele contexto. Menos preocupadas com a reproducao de fatos historicos, Goncalves e Morrison dao voz a “vida interior” de suas personagens, mulheres escravizadas, que recorrem a estrategias diversas para resistir a um sistema que visa reifica-las. As narrativas, dessa maneira, encenam novos paradigmas a respeito da maternagem negra no contexto da diaspora amefricana, representando-a como possibilidade de integracao a comunidade e de empoderamento feminino, enfatizando, tambem, a luta destas mulheres para garantir a preservacao e protecao de seus filhos, em consonancia com o que apontam Patricia Hill Collins e Andrea O’Reilly a respeito das especificidades da maternidade/maternagens negras. Outrossim, percebe-se uma forte presenca de praticas religiosas e culturais de matriz africana, que permeiam e influenciam as relacoes entre maes e filhos, o que justifica a utilizacao do termo amefricano, colocando America e Africa em contato nesse contexto transnacional. Os abikus e ogbanjes, criancas com forte conexao com o mundo dos espiritos, e os ibejis, gemeos, sao lidos como figuras liminares que encenam tanto a possibilidade de ruptura, quanto de (re)conexao entre maes e filhos e entre africanos e seus descendentes dispersos pela experiencia da diaspora negra e seu continente de origem. Portanto, as conexoes entre maternagem e resistencia, a discussao das fronteiras entre o mundo dos vivos e dos espiritos, entre Africa e America sao os caminhos que nortearam a analise dos tres romances, indicando formas bastante alternativas, ficcionalmente construidas, nas quais o empoderamento se da com base nos elos de sangue, de cultura e de religiao.
  • HILDA MENEZES DA SILVA CORDEIRO
  • IMIGRAÇÃO/ MIGRAÇÃO E SUBJETIVIDADE NOS ROMANCES: EL ZORRO DE ARRIBA Y EL ZORRO DE ABAJO, J.M.ARGUEDAS E A REPÚBLICA DOS SONHOS, NÉLIDA PIÑON
  • Data: 09/08/2017
  • Hora: 14:00
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  • em breve
  • THALITA ROSE TAMIARANA GADÊLHA TAVEIRA
  • REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO NO BARROCO LATINO-AMERICANO: GREGÓRIO DE MATOS E SOROR JUANA INÉS DE LA CRUZ
  • Data: 01/08/2017
  • Hora: 14:00
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  • Nesta pesquisa buscam-se as possiveis respostas para o conceito de feminilidade desenvolvidas por Gregorio de Matos e Soror Juana Ines de la Cruz. Objetivando formular um referencial teorico-pratico sobre as caracteristicas estruturais dos estudos de genero na poesia de Gregorio e Juana Ines, analisamos os poemas Hombres necios que acusais, Engrandece el hecho de Lucrecia, A uma dama, que mandando-a o poeta solicitar lhe mandou dizer que estava menstruada e Manas, depois que sou freira, a fim de avaliar a postura de ambos frente a condicao feminina imposta pelo patriarcado. A pesquisa esta dividida em tres partes. Primeiramente, faz-se necessario um capitulo historico a fim de situar nao so os poetas e a estetica a qual eles pertencem, como tambem, contextualizar as mulheres do seculo XVII e as questoes sociais do periodo. No segundo capitulo, trabalhamos as questoes de genero atraves das mais conceituadas pesquisadoras a fim de embasar a pesquisa e trazer seguranca sobre o possivel caminho de analise. Neste capitulo tambem foi feita uma pesquisa de escritoras do seculo XVII, contemporaneas a Juana Ines, para mostrar a intensa producao literaria feminina e avaliar uma provavel homogeneidade de pensamento entre elas bem como os caminhos de luta tracados atraves da literatura. No ultimo capitulo foi feita uma analise estrutural, social e de genero dos poemas propostos utilizando os caminhos ja trilhados nos primeiros capitulos. E possivel observar de forma precisa como os poetas trabalhados seguem opostos extremos: enquanto Juana Ines busca, de forma inovadora na America, nao se calar diante de uma imensidao de preconceitos formados acerca da figura feminina, Gregorio de Matos, ao contrario, contribui para o fortalecimento da opressao da mulher na sociedade seiscentista.
  • CAIO ANTONIO DE MEDEIROS NOBREGA NUNES GOMES
  • Entre leitores(e) espiões: um estudo da metaficção no romance Sweet tooth, de Ian McEwan
  • Data: 23/06/2017
  • Hora: 09:00
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  • Esta dissertacao propoe uma analise da metaficcao no romance Sweet Tooth, escrito por Ian McEwan e publicado em 2012. Para tanto, examinaremos os movimentos que o texto literario faz em direcao a propria literatura – a suas condicoes de producao e recepcao –, que caracteriza um processo continuo de reflexao sobre o fazer ficcional. Nosso aporte teorico e composto por estudos publicados na area da metaficcao, seja em relacao a seus principios gerais, seja em relacao a cada uma das estrategias criativas aqui analisadas. De fato, diversos procedimentos metaficcionais problematizam o fazer literario no romance de McEwan, a exemplo da parodia das narrativas de espionagem e de deteccao, do recurso mise en abyme e da representacao metamidiatica da literatura, que dotam a narrativa de uma estrutura complexa, que ira influenciar diretamente o processo de recepcao. Assim, nossa analise pretende identificar como Sweet Tooth tem seus significados construidos a partir do fenomeno estetico da metaficcao. Nosso referencial teorico-metodologico e composto especialmente pelas discussoes de Bernardo (2010), Hutcheon (1980) e Waugh (1984), no que concerne o fenomeno estetico metaficcional, e por Hutcheon (1989) e Korkut (2005), em relacao a estrategia criativa da parodia.
  • FREDERICO DE LIMA SILVA
  • Literatura e Violência: efeitos do desmentido na contística de Rinaldo de Fernandes
  • Data: 19/05/2017
  • Hora: 09:30
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  • Este trabalho objetiva apresentar uma leitura acerca dos registros da violencia, enquanto manifestacao do funcionamento perverso, na contistica do escritor contemporaneo Rinaldo de Fernandes, onde, alicercados pelas elucidacoes propostas, sobretudo, pela teoria psicanalitica freudiana e auxiliados pelas contribuicoes de outras vertentes psicanaliticas e outras areas do saber, como a filosofia e a sociologia, demarcaremos nuances dos efeitos da violencia como resultado de, pelo menos, dois processos decorrentes da acao do desmentido, na qualidade de operador da perversao: a instabilidade do homem contemporaneo ante a incapacidade da sociedade de lhe garantir seguranca e, consequentemente, a escolha pela recusa/desmentido em relacao as leis que regem e tentam garantir o bem-estar da civilizacao, em nome da satisfacao derivada da eliminacao de suas tensoes. Nos contos O Perfume de Roberta e Ilhado, que serviram como amostras da contistica de Rinaldo de Fernandes, notam-se inumeros marcadores da fragilizacao das relacoes humanas, um mal que nao e produto da nossa contemporaneidade, mas que se encontra potencializado pela acao de diversos componentes criados e/ou aperfeicoados na atualidade, como, por exemplo,