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FRANCISCO DANILLO PEREIRA TAVARES
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O OLHAR SOBRE OUTRO PARA FALAR DE SI: TEMPO E FOCALIZAÇÃO EM A CHEGADA (2016)
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Data: 30/11/2021
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Hora: 14:00
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Os elementos que constituem uma narrativa são fundamentais na organização lógica da história a ser narrada. Os estudos narratológicos atualmente dão conta de muitos suportes utilizados para contar histórias sejam eles às palavras, às imagens, os sons etc. E o cinema é um meio que reúne diversos signos na construção de seus significados. Em geral, as narrativas lidam com a manipulação de um tempo da história para se encaixar dentro do tempo do discurso, além de uma perspectiva assumida na narração da história. Em A chegada, filme de 2016 dirigido por Denis Villeneuve e adaptado do conto História da sua vida de Ted Chiang, o tempo é manipulado estruturalmente através da percepção e do ponto de vista da protagonista Louise Banks durante o contato dela com seres alienígenas. A percepção do outro faz com que a personagem entenda mais sobre si e sua relação com a alteridade. Para analisarmos como ocorrem essas as relações, utilizamos como base a narratologia genettiana aplicada aos estudos do cinema. Articulando o tempo como categoria narrativa a partir de Gérard Genette (2017) atrelado às especificidades cinematográficas principalmente abordadas por André Gaudreault e François Jost (2009). A pesquisa tem como base em termos de foco narrativo e focalização autores como Gérard Genette (2017), Jean Pouillon (1974) e Norman Friedman (1967). Como também, visto que o filme pertence ao gênero ficção científica, faz-se imprescindível observar como ele trabalha temas como a alteridade e a relação do eu com o outro, temática cara ao gênero. Para tanto, o aporte teórico quanto à ficção científica está ancorado em Fátima Régis (2006), Adam Roberts (2018) e Allana Miranda (2016). E quanto aos estudos da linguagem e do discurso do outro, estes são fundamentados nos conceitos bakhtinianos sobre a alteridade. Por fim, o estudo analisa como a narrativa fílmica constitui a perspectiva em função do tempo não linear da narrativa, escolhendo o que esconde e releva do espectador através do ponto de vista assumido.
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RAFAEL PAULO DE ATAIDE MONTEIRO MELO
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UMA ANÁLISE DE SENTIDO DO POEMA LAMENTO OCULTO DE UM SURDO, DE SHIRLEY VILHALVA
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Data: 22/10/2021
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Hora: 15:00
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Nesta dissertação, desenvolvo uma Análise de Discurso norteada pelas Categorias de Análise da Teoria de Bakhtin, no poema Lamento Oculto de um Surdo, de Shirley Vilhalva, corroborando com o crescimento Cultural, Histórico, Político e Social da Comunidade Surda. Apresento contribuições de pesquisas desenvolvidas no campo da Literatura, Literatura Surda, Cultura Surda, Literatura Visual, tais como: as constribuições de Eagleton (2006), Wrigley (1996), Peixoto (2016), Nascimento (2006), Karnopp (1999), Skliar (1998) e outros. A partir da análise de sentido do poema, através de estudos bibliográficos relacionados com a Comunidade Surda e sua Literatura, busco nas categorias de análise fornecidas por Bakhtin, a relação histórica, cultural social, política e ideológica da Comunidade Surda frente a Comunidade Ouvinte. As motivações para esta pesquisa se dá pela necessidade dessa Comunidade Surda despertar para poiesis (criação) de suas suas próprias produções literárias, olhando para si mesma o eu e para o outro (comunidade ouvinte), encontrando-se no outro e em si mesma, numa relação dialógica entre mim e o outro. Como objetivo geral, pretendi analisar os sentidos presentes no corpus, os quais influenciam diretamente à militância da Comunidade Surda. A pesquisa tem uma abordagem de Análise de Discurso, em que utiliza as categorias da Teoria de Bakhtin: Autoria, Ideologia, Estilo e Estética, Polifonia e Cronotopia para extrair e descrever, dentro do universo de sentido, a relação de poder entre as Comunidades Surda e Ouvinte. Nos resultados das análises, destaco o universo de sentido contido no poema, evidenciando as categorias da Teoria de Bakhtin nos trechos do corpus. Logo, a Literatura Surda é narrada como área de conhecimento em diferentes espaços, tanto em ambientes sociais formais, quanto informais, em texto sinalizado ou escrito, pinturas e poemas, represetando e registrando um público diversificado na Cultura, na História, no Social, na Ideologia e na Militância de um povo que busca chancelar a sua voz como Comunidade Surda. Com este trabalho espera-se dar destaque à Literatura Surda e às experiências da Comunidade Surda, contribuindo assim para a educação de surdos, com a academia e a sociedade.
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REGINALDO CLECIO DOS SANTOS
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A PROSA DE FICÇÃO FRANCESA NOS PERIÓDICOS DIÁRIO DE PERNAMBUCO, O LIBERAL PERNAMBUCANO E JORNAL DO RECIFE (1850-1870): JOSEPH MÉRY E O PÚBLICO LEITOR
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Data: 30/09/2021
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Hora: 14:00
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O presente trabalho teve como objetivo reconstituir os modos de circulação da prosa de ficção nos jornais periódicos de Recife, capital da província de Pernambuco, entre 1850 e 1870. A pesquisa contou com o levantamento de autores e autoras que estiveram presentes nas seções destinadas à prosa de ficção Folhetim, Variedades, Miscelâneas, etc. bem como nas colunas de comentários variados sobre a vida cultural da província dos jornais Diário de Pernambucano, Jornal do Recife e O Liberal Pernambucano. Paralelamente a esse levantamento, foi feita uma pesquisa bibliográfica que objetivou reconstituir os primeiros passos da história da tipografia, da imprensa periódica, bem como de reconstruir fragmentos de memória de sujeitos e de instituições direta ou indiretamente envolvidos na circulação da cultura escrita em Pernambuco no século XIX. Ganharam destaque, nessa parte da pesquisa, artigos publicados na Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco nas décadas finais do Oitocentos, além das pesquisas de pioneiros como Alfredo de Carvalho (1906), Gilberto Freyre (1979) e Luiz do Nascimento (1966; 1968), desenvolvidas ao longo do século XX. Para analisar os dados coligidos nos periódicos recifenses, foram utilizados pressupostos da História Cultural, sobretudo as noções relacionadas às práticas e aos modos de circulação de materiais impressos em determinadas comunidades de leitores, bem como às representações construídas por essas comunidades a partir de apropriações e representações específicas (ABREU, 2003a, 2003b; BARBOSA, 2007; CHARTIER, 1999, 2012; MEYER, 1996, 1998). O levantamento empreendido demonstrou a presença majoritária, quase exclusiva, da prosa de ficção produzida na França, por autores e autoras célebres como Amédée Achard (1814-1875), Paul Féval (1816-1887), Delphine de Girardin (1804-1855), que circulou em Paris por meio de publicações periódicas a exemplo da Revue de Paris, da Revue des Deux Mondes e do jornal diário La Presse, com destaque para um autor praticamente esquecido até pela historiografia literária francesa: Joseph Méry (1797-1866). Ao que tudo indica, esse autor, nascido em Marselha, foi um dos autores preferidos do público leitor recifense, haja vista o comparecimento significativo das prosas de ficção de sua autoria e dos comentários sobre sua produção nos periódicos pesquisados. A partir da análise, torna-se possível afirmar que a prosa de ficção, majoritariamente oriunda dos impressos periódicos franceses, em circulação nos jornais periódicos recifenses na metade do século XIX, demonstra indícios de critérios de seleção de textos ficcionais por parte de redatores e demais envolvidos no processo de tradução e veiculação, relacionados intimamente com o gosto e o imaginário de pelo menos uma parte do público leitor pernambucano.
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ADRIANO RODRIGUES DOS SANTOS
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Aspectos Lexicais da Língua Brasileira de Sinais: Glossário em Libras da Região Metropolitana do Cariri do Ceará
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Data: 30/09/2021
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Hora: 09:00
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Esta pesquisa foi motivada pela minha convivência e meus contatos com a comunidade surda da região metropolitana do cariri, o fato que me chamou atenção foi quando os surdos me convidavam para conhecer alguns locais turísticos no cariri, quando eles me chamavam eles produziam os sinais dos pontos turísticos, isso passou na minha cabeça a importância de realizar um registro dos sinais produzidos pelos próprios surdos utilizados em sua própria cidade. Nesses momentos de meus contatos com os surdos do Cariri do Ceará, em sua comunicação notei uma grande importância dos sinais lexicais variantes expressados pelos surdos desta região e me despertou interesse em realizar uma pesquisa para um glossário técnico de lexicologia de Libras da região do Cariri do Ceará, para assegurar, registrar e difundir os sinais de sua própria região. Para conhecer os léxicos para a organização do Glossário em Libras da Região Metropolitana do Cariri do Ceará, especialmente os léxicos usados pelos surdos das cidades de Juazeiro do Norte e Crato, principalmente os termos dos pontos turísticos. Para preparar o glossário em Libras da Região Metropolitana do Cariri do Ceará, tomamos como ponto inicial os conteúdos e as palavras que possuem dentro dos conteúdos que estão relacionados a eles, retirados de um site chamado Turismo no cariri, com o link https://www.turismonocariri.com.br. O Universo da pesquisa é principalmente o estudo da língua natural dos surdos da comunidade surda da região metropolitana do cariri do Ceará, focalizando tanto nos léxicos dos sinais quanto nas formas que os surdos realizam na produção dos sinais. Assim, espera-se que essa pesquisa contribua para garantir e valorizar os sinais utilizados pelos surdos do Cariri do Ceará, bem como, principalmente sua língua, suas histórias e culturas que a sociedade deixou de valorizar desde o início até os tempos atuais, de suas histórias de lutas e conquistas na sociedade em que vivemos majoritariamente dos ouvintes.
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VALNIKSON VIANA DE OLIVEIRA
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Mulher de letras em relicário de papeis: Itinerário de Zalina Rolim na imprensa periódica entre os séculos XIX e XX
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Data: 29/09/2021
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Hora: 14:00
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O presente trabalho tem como objetivo investigar a participação da escritora Zalina Rolim (1867-1961) na imprensa periódica brasileira entre o final do século XIX e o início do século XX, tentando ressignificar o seu nome e a sua trajetória do apagamento na historiografia literária. A pesquisa defende a tese de que, no percurso bibliográfico da referida escritora, mais do que a publicação em livro, a participação na imprensa periódica permite a compreensão de sua inclusão no campo intelectual de seu tempo. Nesse sentido, argumentamos que a presença em impressos de interesse geral, veículos escritos por mulheres e órgãos pedagógicos foi determinante em seu percurso na literatura. Dessa forma, em um primeiro momento, propusemo-nos estudar e refletir sobre a atividade de mulheres de elite no contexto histórico-social e cultural do referido período, dando ênfase à conquista feminina dos espaços públicos pela palavra, mostrando como o acesso à leitura e à escrita possibilitou novas perspectivas diante dos papéis femininos pré-estabelecidos de mãe, esposa e anjo do lar. Para tanto, utilizamos Bourdieu (2018), DIncao (2018), Eleutério (2005), Lacerda (2003), Lajolo e Zilberman (1996), Louro (2018), Muzart (1999; 2000; 2003; 2011), Perrot (1992, 1998; 2005; 2019), Telles (2012; 2018), entre outros. Com isso, em um segundo momento, pudemos iniciar o processo de revisitar e reescrever a trajetória biobibliográfica de Rolim a partir dos periódicos, avaliando o seu lugar social e suas redes de sociabilidade intelectual (SIRINELLI, 2003), analisando as possíveis condições de produção oferecidas à sua escrita por meio dos jornais, das revistas e dos almanaques nos quais colaborou e as vozes que repercutiram e/ou opinaram a respeito da sua produção. Para tal, priorizamos a busca em fontes primárias, permitindo compreender e reconstituir de forma mais verossímil e não-anacrônica a vida literária e os modos de apropriação da cultura escrita no período estudado (BARBOSA, 2007). Dessa maneira, confirmamos ou refutamos o que é mencionado nas principais pesquisas sobre a vida e a obra da autora estudada, como Piza (2008) e Dantas (1983), também podendo identificar a diferença de tratamento entre a crítica feita por homens e a crítica feita por outras mulheres a respeito do trabalho da autora estudada. Em um terceiro momento, empenhamo-nos em localizar e caracterizar os escritos de Zalina Rolim publicados na imprensa periódica em relação à temática e à forma, além de traçar a relação de tal produção com o seu suporte, contribuindo para a recuperação do álbum em que a escritora guardou memórias de sua carreira nas letras. Por fim, intencionamos mensurar o alcance da produção da autora estudada por meio da localização de reproduções ou republicações de seus escritos em periódicos que não receberam a sua colaboração efetiva.
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LUBOVA TRABO
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Corpo e sexualidade em contos de Lyudmila Petrushevskaya e Marina Paley: um olhar a partir da crítica literária feminista russa
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Data: 27/09/2021
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Hora: 10:00
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Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo sobre a percepção do corpo
feminino no período soviético e pós-soviético na Rússia, a partir da leitura de contos de
Lyudmila Petrushevskaya e Marina Paley. No primeiro capítulo identificamos as
prerrogativas históricas de lutas feministas e como foram abordadas as condições das
mulheres no regime soviético, observando principalmente a relação com o corpo e a
sexualidade feminina e como isso dialoga com o regime comunista. Aprofundamos a
reflexão sobre os discursos acerca do corpo e as condições da mulher, a percepção da qual
mudava de acordo com as mudanças políticas, econômicas e demográficas ou seja, de
acordo com as necessidades do estado sempre patriarcal no seu cerne, apesar da
propaganda da igualdade entre os gêneros. Como consequência, constatamos que a
mulher sempre foi deixada fora de domínio e do poder sobre o seu corpo, sexualidade e
desejos. No segundo capítulo apresentamos um panorama dos pensamentos e obras das
teorias feministas russas. Demostramos como o feminismo é percebido na academia russa
e, mais especificamente, a recepção das teorias feministas e crítica literária feminista
ocidental pelas críticas e teóricas feministas russas, abordando, ainda, a teoria literária
feminista tendo como foco corpo feminino. A metodologia utilizada será analítica e
comparativa e as reflexões acerca do tema serão um ponto de partida para análise de
contos de duas escritoras russas: Lyudmila Petrushevskaya e Marina Paley e seus contos
Groselhas verdes e A ala das acabadas, respectivamente.
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HEUTHELMA RIBEIRO BRAGA SANTOS
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DIÁSPORAS DO SIGNIFICANTE, A ERRÂNCIA DO SUJEITO EM A HORA DA ESTRELA DE CLARICE LISPECTOR
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Data: 31/08/2021
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Hora: 14:00
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Esta dissertação visa fazer um percurso pelas ideias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856 -1939) e Jacques Lacan (1901-1981) sobre a Constituição do Sujeito. Teorias psicanalíticas revelam que o ser humano se constitui na relação com o outro. A forma como o bebê é acolhido no mundo, na sociedade e na família é determinante para que o sujeito possa advir. Ancorada no campo simbólico e fazendo uma ligação entre a Psicanálise e a Literatura, mais precisamente por meio da análise da personagem Macabéa, da obra A Hora da Estrela (1977), da escritora Clarice Lispector (1920-1977), procuramos compreender como se dá o processo de Constituição do Sujeito nos primeiros anos de vida e as implicações decorrentes das falhas na interação da protagonista com os outros personagens da obra aqui analisada. O romance é projetado nas palavras de Rodrigo S M, personagem narrador, que escreve como se confessasse sua própria dor de existir, sua mágoa, sua culpa. Teria que ser escrito por um homem, pois segundo Clarice uma mulher pode chorar piegas. Macabéa é uma jovem nordestina de 19 anos, pobre, desnutrida, miserável que mal tem consciência de existir. Órfã desde os dois anos de idade, já não sabia mais ter tido pai nem mãe, tinha esquecido seus nomes e o gosto de tê-los. Cresceu num ambiente hostil, vazio e sem afeto. Mudou-se de Alagoas para o Rio de Janeiro e empreendeu grande esforço para sobreviver na cidade grande. Desamparada no mundo, nada sabia do seu não saber, da sua história e do seu lugar. Macabéa tornou-se um sujeito precário.
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FLAVIA VALERIA SALVIANO SERPA
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DOS ESPELHOS NARCÍSICOS À METAMORFOSE: IMAGENS MELANCÓLICAS DO CORPO EM O BURACO DE LUIZ VILELA E CARTA A UNA SEÑORITA EN PARÍS DE JULIO CORTÁZAR
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Data: 30/08/2021
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Hora: 09:00
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O inconsciente desborda e se inscreve no corpo com a mesma violência que O Senhor açoita o seu escravo e é desde esta perspectiva que o presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise acerca do emprego da figura animal na construção literária como significante do caráter anímico do sujeito. Para tanto, tomamos como primeiro objeto de estudo o conto O buraco, de Luiz Vilela, presente na obra Tremor de terra, escrita em 1967. Na trama vamos acompanhando como o personagem começa sua fixação em cavar um buraco desde a infância e aos poucos vão acontecendo transformações físicas e anímicas, fazendo que ele comece a caminhar de quatro até que, por fim, se transforme completamente em um tatu, distanciando-se da superfície. E tomamos como segundo objeto de estudo o conto Carta a una señora en Paris, de Júlio Cortázar presente na obra Bestiario, escrita em 1951. No conto personagem vomita regularmente coelhinhos e vive a angústia de ser descoberto a qualquer momento, o que o leva a vomitar mais coelhinhos até que seu desespero o leva ao final trágico. Para que pudéssemos realizar o nosso estudo, enveredamos pelos pressupostos psicanalíticos que nos deram suporte para analisar como ocorre a metamorfose do personagem Zé no O buraco, e como se manifestam os sintomas do personagem do conto Carta a una señorita en Paris a causa de seus estados anímicos. Para isso, recorremos primeiramente aos pressupostos freudianos (1914) e aos estudos lacanianos (1965) que versam sobre o narcisismo como uma fase na qual são construídas as imagens que o sujeito leva por toda a vida. A continuação, fizemos um recorrido sobre os pressupostos teóricos de NASIO (2009) que versam sobre o corpo e o entendimento de corpo para a psicanálise, considerando que é nele que se manifesta o inconsciente. Posteriormente nos debruçamos sobre os pressupostos teóricos de LAMBOTTE (1997) que nos apresenta a melancolia como um transtorno narcísico no qual o sujeito sofre a falta relacionada a uma deficiência da sua primeira imago. Através de nosso estudo pudemos observar que dentro do campo dos estudos literários é possível pensar as metamorfoses bem como as manifestações dos sintomas, como uma representação do inconsciente no corpo e que os pressupostos psicanalíticos nos dão suficientes subsídios para fazer uma análise literária mais profunda, bem como, conhecimento daquilo que forma a subjetividade humana.
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FRANCIELLY ALVES PESSOA
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MULHERES EM DESLOCAMENTO: O ESPAÇO TRANSCULTURAL EM AZUL-CORVO, DE ADRIANA LISBOA, E ALGUM LUGAR, DE PALOMA VIDAL
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Data: 27/08/2021
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Hora: 10:00
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O presente trabalho tem por objetivo analisar a presença da categoria espaço como marca textual nos romances Azul Corvo (2014) e Algum Lugar (2009) de Adriana Lisboa e Paloma Vidal, respectivamente. Entendemos a literatura produzida por essas autoras como representações de discursos de uma poética da diversidade no contexto dos deslocamentos contemporâneos. Assim, abordamos brevemente o contexto dos movimentos da globalização e as modificações quanto à ideia de sujeito da contemporaneidade. Os deslocamentos das protagonistas femininas de ambas as tramas incidem sobre a forma como elas se percebem nos diferentes espaços que passam a ocupar ao se movimentarem de um lugar a outro, de um país a outro, de uma cultura à outra. À medida que adentramos a leitura dos textos, buscamos problematizar, pela conjuntura que lhes configura, o espaço em que ocorrem as vivências das personagens femininas, não apenas como o meio físico em que ocorrem suas trajetórias, mas como processo e efeito subjetivo da construção das identidades num contexto marcado pelos trânsitos culturais. A partir das colaborações teóricas de Brandão (2013) e Massey (2004, 2008 e 2020) problematizamos a definição de espaço para pensar em sua relação com o texto literário, com a produção escrita de mulheres no Brasil e, finalmente, analisar a construção literária da categoria nos romances em estudo como reflexo dos sujeitos que narram seus trânsitos por entre Américas. Enfocamos ainda a perspectiva de Butler (2017) e Ricouer (2014) para pensar sobre a possibilidade de os sujeitos fazerem um relato de si, uma vez que as narrativas em estudo são construídas principalmente a partir da primeira pessoa do discurso. Entendemos que a narrativa em primeira pessoa se configura como modo de representar a condição do eu fraturado em que se encontram as protagonistas. Por fim, abordamos a ideia de cultura (KEESING, 2014; EAGLETON, 2011) para pensarmos esse conceito em relação às fronteiras culturais que atravessam a constituição de ambos os romances e suas protagonistas como sujeitos da fratura do contemporâneo, mas que buscam no deslocamento ressignificar suas vidas como experiência da fragmentação e da transculturalidade (DAGNINO, 2012).
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MARIA EDILENE JUSTINO
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POESIA NEGRO-FEMININA: discurso poético e empoderamento em Elisa Lucinda
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Data: 25/08/2021
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Hora: 15:00
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Refletir sobre as questões de gênero é compreender que essa discussão é ampla, desafiadora e complexa, uma vez que coexistem aí relações sócio-históricas e culturais profundamente imbricadas. Assim, por acreditarmos na força e no poder da poesia escrita por mulheres negras, nesta pesquisa desenvolvemos um olhar crítico sobre a poesia de Elisa Lucinda e seus desdobramentos, no que se refere às questões de gênero, estereótipo e empoderamento, auxiliadas pelas teorias feministas e pelo feminismo negro. A presente pesquisa traz à luz os resultados obtidos após a apreciação e análise crítica do corpus poético extraído dos livros: Euteamo e suas estreias (2007); A fúria da beleza (2013); O Semelhante (2015); e Vozes Guardadas (2016), de Elisa Lucinda. Nossa fundamentação vem das teorias supracitadas, partindo de debates sobre mulher/mulheres, desde Beauvoir (1970b), das discussões de gênero, com Lauretis (1994; 2019) entre outras, e do feminismo negro com Davis (2016; 2017; 2018) e Gonzalez (2019), Carneiro (2019),
hooks (2019), Kilomba (2019) e Ribeiro (2017; 2018; 2019). Problematizamos a noção de estereótipo, com Schmidt (2019), Collins (2019) e Gonzalez (2019). Discutimos corpo e erotismo, com Susan Bordo (1998), Borges (2013), Almeida (2012) e Lorde (2019. Empoderamento, com Rute Baquero (2012), Joice Berth (2019), e Collins (2019). Além disso, observamos as diferenças de direitos de inserção no universo literário vivenciado por autores e autoras, além das diferenças entre brancas e negras. Destacamos também a negação da poesia escrita pelas poetas negras, que persiste nas antologias da segunda metade do século XX; Revisitamos o caminho de milhares de mulheres negras adentrando o universo poético, com Auta de Sousa como pioneira na poesia negro-feminina; os Cadernos Negros, como marco histórico na poética nacional, que visibilizou a poesia das
mulheres negras, possibilitando conexões com a irreverente poética de Elisa Lucinda, que quer passar verdades a limpo, desguardar as vozes e reeditar o destino das mulheres negras. Estudamos também conceitos de corpo, especialmente o corpo feminino negro em sua performance poética, que foi do corpo subjugado pela cultura midiática, chegando ao corpo falante que desestabiliza a mentalidade patriarcalista e ao corpo desejante, que assume conscientemente seus desejos e sua sexualidade como liberdade transgressora. Constatamos que o empoderamento feminino, poético e erótico se materializa ora via corpo e linguagem, ora pela descolonização da mente, das palavras e dos discursos quanto às formas de ver a si e de identificar como essas são vistas pelos outros. Por fim, com esta
pesquisa buscamos contribuir com o debate acadêmico sobre gênero, estereótipo e empoderamento, entrelaçando a leitura desses elementos à poesia negro-feminina brasileira Lucindiana, onde a vez e a voz são, indubitavelmente, das mulheres negras.
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JONATHAN LUCAS MOREIRA LEITE
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O sertão e o mundo nas margens do alguidar: uma análise semiótica da canção de Chico César
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Data: 23/08/2021
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Hora: 14:00
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O presente trabalho insere-se no campo dos estudos semióticos, bem como no dos estudos sobre canção, tendo como principal objetivo analisar as tensões formadoras da canção de Chico César, músico, compositor e poeta brasileiro. Inicialmente, faremos uma revisão da Teoria Geral dos Signos, principal suporte metodológico de nossa pesquisa, através de Peirce (1975), além das contribuições de outros autores que se orientam pela perspectiva peirceana, como Santaella (2000; 2004; 2005; 1997), Nöth (2003), Ferraz Júnior (2012) e Pignatari (1974). O segundo capítulo é dedicado a elucidar as questões relativas à música e à canção. Construiremos um breve apanhado histórico da Música Popular e de suas relações com a Literatura. Discorreremos, ainda, acerca das abordagens metodológicas adotadas para os estudos sobre canção popular, focalizando o modelo sistematizado por Luiz Tatit. (1996; 2001; 2004). No terceiro capítulo, faremos uma leitura panorâmica da canção do autor, buscando evidenciar as principais características de sua obra. Por fim, dialogando com o conceito de hibridação cultural, proposto por Nestor Canclini (2019), refletiremos sobre as tensões entre os universos sígnicos díspares que se estabelecem na obra do paraibano, através da análise das canções Nato, Zabé, A prosa impúrpura do Caicó, Dança do Papangu e Folia de Príncipe.
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JAYNNOÃ FERNANDO SILVA LOPES
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A ETIMOLOGIA ESTOICA: PRINCÍPIOS E PROPÓSITOS, ANÁLISE DOS TESTEMUNHOS DE CÍCERO E DE LAÉRCIO
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Data: 20/08/2021
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Hora: 10:00
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É nosso intento, por este trabalho, identificar, a partir de testemunhos de Cícero e de Diógenes Laércio, os princípios e os propósitos da prática etimológica na filosofia estoica, interpretando duas ocorrências suas a partir das concepções filosóficas da escola. Servirão a este escopo tanto o discurso de Balbus no segundo livro Da natureza dos deuses (De Nat.), de Cícero, quanto o testemunho de Diógenes Laércio acerca dos estoicos em seu Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres (Vitae Philos.). Em ambos os trechos, dão-se etimologias de teônimos com o fim de demonstrar a sentença teológica da escola. A fim de distinguir o lugar dos estoicos no avanço da abordagem etimológica das palavras, também se faz mister remeter aos passos que a mesma abordagem dera até antes do Período Helenístico. Para isso, apresentar-se-á na primeira seção o uso da etimologia nos escritores gregos que precederam cronologicamente os estoicos, agrupando-os em duas fases: a da etimologia poética compreendendo desde Homero até os tragediógrafos e a da etimologia filosófica, desde Platão. Busca-se, assim, oferecer uma contribuição aos estudos de história da Gramática, da qual a etimologia era considerada parte na Antiguidade. Por outro lado, far-se-á necessário explorar os aspectos da doutrina estoica que auxiliarão na compreensão de seu uso da etimologia, de modo a ressaltar as concepções físicas e lógicas que nele estão ensejadas; disso ocupar-se-á a segunda seção. Finalmente, propõem-se na última seção uma tradução e uma análise de De Nat. II, 63-71, e de Vitae Philos. VII, 147.
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VANALUCIA SOARES DA SILVEIRA
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A PRODUÇÃO PARANOICA DA REALIDADE NA LITERATURA: PSICOSE E DESCONTRUÇÃO
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Data: 20/08/2021
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Hora: 09:00
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A realidade literária, sob a positivação discursiva da paranoia, é o objeto a articular, nesta pesquisa, de natureza teórica e exploratória, e de método indutivo e dedutivo, as relações entre Literatura, Psicanálise, Materialismo Histórico e Pós-Estruturalismo. Essa questão é pensada a partir das teorias dos psicanalistas Sigmund Schlomo Freud (2018; 2017a; 2017b; 2016; 2015; 2014; 2013a; 2013b; 2011; 2010a; 2010b; 2010c; 1996a; 1996b; 1975), Melanie Klein (1996; 1994; 1991; 1981a; 1981b; 1975; 1974; 1964) e Jacques Marie Émile Lacan (2016; 2014; 2011; 2007; 2005; 1995; 1988); relacionada com a ideologia de Karl Heinrich Marx (2015, livros 1 e 3) e Karl Marx e Friedrich Engels (1998), alusiva à produção material da realidade, de base anti-hegeliana, e, principalmente, compreendida sob a ótica da Desconstrução, do autor pós-estruturalista Jacques Derrida (2018; 2014; 2006; 2001; 1981). Nossa proposta é mostrar que mecanismos de defesa paranoicos - o delírio, a alucinação, a comunicação pré-verbal, a lalíngua, a negação do Supereu, a obsessão, a culpa persecutória, o ciúme, a inveja, a ansiedade paranoide, a identificação projetiva, o fetichismo, a fixação oral e anal, a solidão, o desamparo, a economia de prazeres, de perda de realidade e de foraclusão significante, o desejo da mãe, o desejo pela mãe e pelo Pai, o desejo de morte do falo materno e do falo paterno, a suplência do Outro, o sonho, a mania, o humor, a ironia, o sopro verbal, a histeria, a idealização, a sublimação libidinal - são arranjados, esteticamente, pelo autor-criador de sua obra para a obtenção da verossimilhança e da polissemia. Portanto, a nossa tese é que a realidade na Literatura é uma produção paranoica. Para comprová-la, recorremos a obras da Literatura universal e nacional, sobretudo, ao romance Jane Eyre, da escritora inglesa Charlotte Brontë, com o intuito de ilustrar como as suas arquitetônicas resultam de uma consciência ao mesmo tempo, material e abstrata - das fontes do inconsciente, embora reconheçamos a inscrição não premeditada de certas fantasias na construção das metáforas e metonímias textuais. Compreendemos que a simbolização do Imaginário enraíza-se em uma dupla falta: a falta subjetiva e a falta significante. É por sentir-se perseguido pela castração de suas pulsões sexuais e da linguagem que o Homem internaliza um Supereu terrorífico e busca projetá-lo na Literatura. O resultado disso é a deformação da realidade, em especial, da realidade literária, pelos processos de tradução psíquica e fonética. A partir dessa proposição, interpretamos que, no enodamento paranoico e no limite da falta humana e linguística, institui-se a (i)mortalidade do autor e do leitor pelos processos de escrita e de leitura. Assim, a realidade literária é um Sinthoma positivo dos efeitos da castração enredada pela divisão psíquica e pela divisão significante. É uma simbolização do Real, concebendo esse Real como traços já simbólicos. A sua lógica corresponde a de um delírio inventado e protegido pelo desejo de um sujeito criador em suplência do grande Outro, da desconstrução. A Literatura é, pois, o encontro paranoico do Eu com o seu abismo, mediante a promessa enganadora da linguagem.
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MILENA VERÍSSIMO BARBOSA
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TRADIÇÃO, MEMÓRIA E IDENTIDADE: AS NARRATIVAS INDÍGENAS POTIGUARA (RE)CONTADAS
NAS ALDEIAS JACARÉ DE CÉSAR E TRÊS RIOS
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Data: 11/08/2021
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Hora: 14:00
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Narrar fatos ocorridos no dia a dia, contar histórias fabulosas e de grandes
feitos, bem como descrever entes sobrenaturais e suas ações, são tarefas inerentes aos
sujeitos nas diversas sociedades. O povo indígena Potiguara, por meio dos anciãos,
também utiliza a contação de histórias para comunicar sua cultura, identidade e suas
tradições. Contudo, essas narrativas ainda são compartilhadas apenas através da
oralidade, sem o registro escrito de narrativas que versam sobre as origens das famílias,
de como se deu o processo de povoamento dentro das aldeias, assim como as histórias
sobrenaturais que cercam o cotidiano dos parentes indígenas. Nesse contexto, a presente
pesquisa buscou reunir, através de coleta de relatos entre os anciãos, um conjunto de
narrativas presentes no imaginário coletivo do povo Potiguara localizado no Litoral
Norte paraibano, a fim de registrar, por meio da escrita, narrativas da tradição oral que
permeiam o cotidiano indígena dessa região. Autores como Ong (1998), Cascudo
(2007), Munduruku (2009), Le Goff (1990), Halbwachs (1993), Moonem e Maia (2008)
Cardoso e Guimarães (2012), Benjamin (1994), entre outros, fundamentaram esta
pesquisa. Sob o ponto de vista metodológico, realizou-se uma pesquisa de campo,
utilizando-se entrevistas semiestruturadas como instrumento de coleta de dados. Os
relatos coletados foram analisados sob três perspectivas: tradição oral, memória e
identidade. Dentre as principais contribuições desta dissertação, destaca-se a coleta e o
registro escrito das narrativas contadas pelos anciãos potiguaras, que fazem parte da
memória coletiva deste povo em torno dos seus ancestrais, dos seres sobrenaturais e das
lutas territoriais e culturais que colaboram para construção e fortalecimento da
identidade das novas gerações.
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FELIPPE NILDO OLIVEIRA DE LIMA
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POÉTICAS DA CARNE: A NECROPOLÍTICA NO ENCALÇO DA POESIA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
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Data: 03/08/2021
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Hora: 09:00
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A pesquisa de mestrado se centra em duas antologias poéticas lançadas em 2019 pela revista Cult: Poemas para ler antes das notícias, organizada por Alberto Pucheu, e Quando a delicadeza é uma afronta, com curadoria de Tarso de Melo. A realidade das mortes perpetradas pelo Estado brasileiro e suas instituições, como o exército e a polícia, e pela sociedade civil contra negros/as, mulheres, indígenas e LGBTQIA+, nos termos do que Achille Mbembe (2016) denomina necropolítica, atravessa fortemente as sensibilidades dos/as poetas, e é colocada em seus textos como questão que confronta politicamente a palavra e o trabalho com a poesia em nosso tempo, mais especificamente em 9 poemas que trago para análise e leitura nesta dissertação. Logo, o objetivo geral da pesquisa é discutir a busca desenvolvida pela poesia brasileira da última década de se constituir como contramola ou reação à necropolítica e ao apagamento de suas vítimas. Apesar de os poemas enunciarem mortes bastante recentes, é inevitável, em suas análises, relacionar o contexto político atual de morte no país ao histórico de traumas e feridas desde o início do projeto colonial. Partindo dessa gênese da violência de Estado no Brasil, o trabalho ainda desenvolve os seguintes aspectos: entender como os/as poetas contemporâneos/as têm nomeado e situado os vazios deixados pelos corpos vitimados por mortes políticas e crimes gratuitos de ódio motivados pelo racismo e pela LGBTQIA+fobia; perceber como a linguagem dos poemas ressoa no patético, no trágico e no horror como tentativas de se aproximar do real inominável sofrido pelas carnes dos corpos de dor dilacerados; buscar nos poemas proposituras políticas que perpetuem as vidas, os corpos e as memórias das vítimas do necropoder para além do tempo de existência curta que possuem a recepção imagética das catástrofes do cotidiano e as notícias de jornal, demarcando os compromissos políticos da poesia recente não só com os/as mortos/as, mas também com a vida dos/as matáveis que insistem em sobreviver.
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ROSILENE FELIX MAMEDES
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MARCAS PSICANALÍTICAS E LITERÁRIAS NA ESCRITA INTIMISTA UMA ADOLESCENTE
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Data: 30/07/2021
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Hora: 14:00
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Este trabalho tem como finalidade discutir o processo da continuidade e da descontinuidade na construção do adolescente por meio da escrita de diários pessoais. Dessa forma, esta pesquisa de doutorado busca compreender a fase da adolescência por meio da escrita do diário e da relação intimista que o autor possui com este instrumento. Como objetivo geral: analisar o processo da continuidade e da descontinuidade do comportamento do Eu- adolescente a partir das marcas que plasmam na escrita dos diários pessoais a partir da óptica da Psicanálise e da escrita intimista. Para os Objetivos Específicos: Identificar na psicanálise e na literatura subsídios para compreender as subjetividades apresentadas nos diários pessoais da adolescente analisada; Compreender como a adolescente se constitui como sujeito psicanalítico; Compreender o diário pessoal como uma narrativa intimista confessional. Identificar características ficcionais na escrita intimista. Assim, como caminho teórico esta pesquisa se apresenta da seguinte maneira: No capítulo I- Percurso metodológico a partir de uma metodologia com fins qualitativos, descritivos, além de ser um estudo de caso, por se tratar da análise de apenas um sujeito de pesquisa, uma vez que se tem como finalidade analisar a escrita de diários pessoais para compreender o universo da construção do sujeito adolescente. No Capítulo II traz um panorama obre o advento da escrita e como esta foi se transformando até chegar à escrita intimista; Capítulo III- busca compreender como a Literatura e a Psicanálise convergem, de forma a refletir este sujeito psicanalítico por meio das marcas de subjetividade na escrita, como o sujeito de pesquisa é uma adolescente. No que tange à Literatura, a teoria será sob a óptica da ficção, da escrita feminina e intimista. No capítulo IV destinado à adolescência buscou-se compreender o adolescente como sujeito sócio-histórico, descrevendo como ele foi se delineando ao longo da sociedade e, posteriormente, sob óptica da Psicanálise. Por fim, o capítulo V será destinado às análises e ao confronto com a teoria apresentada, procurando, sobretudo, compreender a relação íntima autor-diário, que é produzida a partir da escrita confessional, interligando-se entre a narrativa factual e a de ficção, a partir das relações psicanalíticas e da construção do sujeito. Como aporte teórico serão utilizados teóricos que se debruçam sobre a teoria da escrita, da teoria da Literatura e da Psicanálise, além do universo do adolescente, especialmente, as categorias freudianas e bakhtinianas. Dessa forma, pretende-se contribuir para a compreensão do universo do adolescente, de modo a entendê-lo como ser psicanalítico, protagonistas na sua própria construção social, mas, como sendo produto do seu meio e das relações com os outros.
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RIVÂNIA MARIA DA SILVA
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Da Fragmentária às Mínimas: as odes de Hilda Hilst
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Data: 28/07/2021
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Hora: 14:00
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A presente pesquisa tenciona efetuar uma investigação sobre como se dão os movimentos de autoria da ode em diferentes fases da poética de Hilda Hilst. Por isso, tendo como corpora os livros que a escritora manifesta a referida forma lírica, a saber, Ode fragmentária (1961), Odes maiores ao pai (1963-1966), Ode descontínua e remota para flauta e oboé. De Ariana para Dionísio (1974), e Da morte. Odes mínimas (1980), elencamos os seguintes objetivos: 1. investigar o percurso do gênero dentro do universo lírico hilstiano; 2. evidenciar os pontos de contatos e os pontos de afastamentos entre as obras; 3. averiguar os momentos em que Hilst dialoga ou desvia da tradição clássica e das apropriações do modelo da poesia brasileira que lhe era contemporânea, e 4. analisar quais procedimentos a poeta utiliza para atualizar a ode. A fim de atingir os objetivos traçados, realizamos uma revisão teórico-crítica da ode, a partir de Ragusa (2013); Albuquerque (1936), Penna (2007), e Achcar (1994), com o intuito de investigar as raízes do gênero, e traçar um percurso de como essa forma chegou às poéticas modernas, bem como discutimos as leituras que foram realizadas pelos estudiosos das odes na obra poética de Hilst.
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ROBSON NASCIMENTO DA SILVA
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UM ESTUDO DA MELANCOLIA NA POESIA LÍRICA DE JOAQUIM CARDOZO
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Data: 26/07/2021
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Hora: 14:00
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Este trabalho objetiva analisar alguns poemas inseridos na obra poética de Joaquim Cardozo publicados a partir de 1970, ou seja, suas últimas produções líricas, que demonstrem a presença do discurso melancólico em seu sujeito lírico, e como tais questões ajudam a esclarecer as suas formulações. Sendo assim, essa investigação levanta a seguinte problemática: como a melancolia se torna uma das claves centrais para a constituição do sujeito lírico cardoziano, e quais as questões históricas e estéticas que envasaram essa propositura? Para isso, as hipóteses que norteiam esta pesquisa são: 1. A nota melancólica na poesia do pernambucano induz a uma leitura que remete à solidão do eu lírico, o que por sua vez reforça o entendimento de um sujeito desarticulado com os espaços a sua volta; 2. Os procedimentos estéticos utilizados por Cardozo para a composição de alguns dos seus poemas reforçam a leitura de um eu lírico que se volta contra e sobre si em uma perspectiva melancólica; 3. A melancolia irá ser notada em torno de algumas formas poéticas, como o soneto, elegia e canção como parte associada a sua composição, modulando novas perspectivas a essas formas tradicionais. Diante disso, nos capítulos de análises, iremos delimitar mais especificamente nos principais desdobramentos estéticos da melancolia na poesia cardoziana, com o intuito de discutir como ocorre e, por conseguinte, por que são recorrentes em suas obras. No primeiro capítulo, delimitaremos o nosso olhar para a presença da solidão na poesia lírica de Joaquim Cardozo, relacionando a melancolia e como essa temática é representativa em suas produções literárias, especialmente nas repetições sonoras. No segundo capítulo o foco será em torno da melancolia e tempo, na ação duradoura que esse estado proporciona no sujeito lírico. No último, discorreremos em torno da melancolia e morte, a fim de compreender como a percepção da morte no eu lírico cardoziano contribui para o entendimento da obra do pernambucano, uma vez que essa temática reincide, em muitos casos, ao retorno às formas fixas, como o soneto e a elegia, para a produção desses poemas. O referencial teórico coletado para esta pesquisa centra-se, acima de tudo, nos estudos sobre a melancolia, deixados por Jean Starobinski (2011; 2016), Freud (1992), Lambotte (2000), Löwy e Sayre (2015), e Lima (2017).
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LEANDRO DOS SANTOS SOUZA
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A SIMBOLOGIA DOS METAIS E O UNIVERSO DO HERÓI: UM ESTUDO SOBRE O ESCUDO DE AQUILES E O MITO DAS RAÇAS
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Data: 13/07/2021
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Hora: 10:00
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O presente trabalho tem como proposta fazer uma análise literária da representatividade dos metais presentes na construção das imagens forjadas no escudo de Aquiles no canto XVIII da Ilíada. Para sua realização, propomos uma comparação entre a descrição do escudo e o mito das raças encontrado em Trabalhos e dias, de Hesíodo. Durante nossa pesquisa, percebemos uma relação simbólica e estrutural entre os textos, e partindo desse ponto, obtivemos êxito em encontrar essa similaridade entre o poema homérico e o hesiódico. A análise inicia-se pela representação do universo em que o herói está inserido, em seguida repousará sobre o mito das raças e seu valor simbólico de acordo com os metais que as representam. Partindo daí, estabelecemos um parâmetro para que pudéssemos nivelar ambos os textos no mesmo assunto, os metais. Assim sendo, fizemos um contraponto entre a simbologia dos materiais utilizados na forja do escudo de Aquiles e aqueles apresentados por Hesíodo no mito da criação do homem. Deste modo, pudemos estabelecer um paralelo entre ambos. Dentre os teóricos abordados em nosso estudo, adotamos como base, quando se trata do mito das raças, a análise de Jean Pierre Vernant encontrada em sua obra Mito e Pensamento entre os Gregos. Para fazer referências a parte histórica, optamos por utilizar Claude Mossé, pois vimos a necessidade de trazer um panorama histórico no que diz respeito ao surgimento da pólis grega. Além disso, visto que decidimos analisar de maneira simbólica as imagens presentes no escudo de Aquiles e os metais encontrados na sua construção, bem como os aqueles presentes também na descrição do mito das raças, trouxemos para nossa discussão J. R. Forbes, com o intuito de trazer à tona o significado dos metais na Grécia durante o período arcaico e clássico. No âmbito do simbólico, decidimos seguir Northrop Frye, para que pudéssemos suscitar uma discussão embasada em seus apontamentos sobre o assunto. Considerando, pois, esses teóricos, pudemos constatar que a figura do herói está inserida como pilar simbólico, que ao carregar o escudo, leva sobre si todas as demais raças descritas por Hesíodo.
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ALEXIA ELOAR FELIX CAVALCANTE
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A JORNADA DAS HEROÍNAS NO CINEMA DE ANIMAÇÃO:
MITOS, FANTASIA E SÍMBOLOS EM ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS E A VIAGEM DE CHIHIRO
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Data: 05/07/2021
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Hora: 09:00
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Alice no País das Maravilhas (1951) atrai grande público, de crianças a adultos, há mais de um século, com diversas refilmagens e adaptações em mídias de diferentes formatos. Mas foi nos Estados Unidos, nos anos de 1950, que a Walt Disney conseguiu adaptar em seu estúdio a obra do inglês Lewis Carroll para uma animação audiovisual de longa-metragem. Indo até o Japão, famoso pelos animês e mangás, temos o Studio Ghibli, um dos principais nomes das animações orientais. Entre tantas obras produzidas, tendo em boa parte mulheres como protagonistas, Hayao Miyazaki, um dos fundadores do estúdio, nos apresenta Chihiro, em A viagem de Chihiro (2001). Nesta pesquisa, é sob os olhares das meninas Alice e Chihiro, a partir da teoria da focalização (GENETTE, 2017; STAM, 1992), que acompanharemos as suas partidas, de estruturas semelhantes em um momento de autodescoberta com a transição entre a infância e a vida adulta, para a jornada da heroína. Junto a esses objetos pretendemos entender a arte da animação, com apoio de Fossati (2011) e Graça (2006), como uma delegação de vozes, devendo atentar para que histórias estão sendo contadas, por quem estão sendo contadas e também como são produzidas, disseminadas e recebidas pelo público (SHOHAT; STAM, 2006). Com isso, este trabalho busca demonstrar quais elementos de estereótipos se mantêm e quais são quebrados a partir da análise do arquétipo da jornada do herói, de Joseph Campbell (1989), comparado à jornada da heroína, de Maureen Murdock (2013). Esses modelos serão usados para percebermos como o olhar afetivo de Alice e Chihiro tem valor significativo, em suas animações fílmicas, trazendo questões específicas do gênero feminino em suas jornadas de autoconhecimento a partir dos mitos e símbolos, apoiando-se nos estudos de Bachelard (1978, 1996, 1998), J. Brandão (1987), Chevalier e Gheerbrant (1986, 1982, 2015), Eliade (1979, 1996), Kato (2012) e Mendlesohn (2008), tanto no Ocidente quanto no Oriente.
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ANIELY WALESCA OLIVEIRA SANTIAGO
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Os tipos de morte na Chanson de Roland
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Data: 25/06/2021
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Hora: 09:00
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Obra inaugural da literatura francesa, escrita em meados do século XI, La Chanson de Roland, é considerada como A mais antiga, a mais célebre e a mais bela de todas as canções de gesta (GAUTIER, p.12, 1875). O poema épico versa sobre o conflito entre o exército francês e os sarracenos, ocorrido no desfiladeiro de Roncesvales, resultando na morte de Roland e os Doze Pares de França. O objetivo desta pesquisa consiste em analisar as imagens literárias da morte na obra La Chanson de Roland, a partir do conceito de figurativização, procedimento da teoria da Semiótica referente ao campo da semiótica discursiva que, de acordo com Fiorin (2018), pode ser definido como a concretização dos sentidos, por meio de mecanismos internos e externos presentes no texto, e das classificações dos tipos de morte formuladas nos estudos de Michel Vovelle, Philippe Ariès e Jean-Pierre Vernant, compreendendo as esferas imagéticas, estilísticas e textuais da morte, considerando os aspectos históricos e sociais. Apoiamo-nos nos estudos de Le Goff (1984), Herman Braet (1980), Werner Verbeke (1996), Erich Auerbach (1971), Roger Chartier (2007), José Luiz Fiorin (2018), Léon Gautier(1875), Jean- Claude Schmitt (1999), dentre outros.
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CAIO CESAR MARTINO
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MONTEIRO LOBATO À LUZ DAS PESQUISAS ACADÊMICO-CIENTÍFICAS SOBRE SEU PAPEL DE TRADUTOR: uma perspectiva bibliográfica e bibliométrica em artigos em contexto brasileiro
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Orientador : ROBERTO CARLOS DE ASSIS
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Data: 18/06/2021
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Hora: 14:30
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Este trabalho teve como objetivo mapear publicações acadêmicas de artigos
científicos, no contexto brasileiro, sobre Monteiro Lobato no papel de tradutor,
identificando suas datas de publicação e autoria, bem como as afiliações dos autores, e
regiões geográficas das instituições às quais estão vinculados, numa perspectiva que
dialoga com estudos bibliométricos em sua interface com os Estudos da Tradução. Para
examinar a abordagem dos pesquisadores em relação a Monteiro Lobato como tradutor,
conduziu-se uma pesquisa bibliográfica com revisão sistemática qualitativa. O
levantamento foi realizado em duas plataformas online, a saber: o Portal de Periódicos da
CAPES, e o SciELo. De uma amostra inicial de 172 artigos, um total de 73 textos que
combinavam os termos de busca Monteiro Lobato e tradução foram analisados. A
análise desses artigos evidenciou que Monteiro Lobato e sua produção literária e
tradutória são o foco de trabalhos de (ou, ao menos, mencionados em) variadas áreas do
conhecimento; que há poucos artigos que discutem aspectos das traduções de Monteiro
Lobato, mais especificamente dentro dos Estudos da Tradução; que os trabalhos que
consideram as traduções de Monteiro Lobato como adaptações geralmente não se ocupam
de apresentar uma definição clara desse termo. De um ponto de vista quantitativo, a
maioria dos estudos sobre Monteiro Lobato encontrados nas duas bases de dados
utilizadas são desenvolvidos por pesquisadores com vínculo institucional na região
sudeste do Brasil, especificamente, no Estado de São Paulo, sendo a USP a instituição
que concentra o maior número de estudos sobre Monteiro Lobato.
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JHONATAN LEAL DA COSTA
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POR QUE AS PESSOAS TRAEM? UM RETORNO DA PSICANÁLISE AOS MITOS INDÍGENAS E ÀS
TRAGÉDIAS EURIPIDIANAS PARA SE COMPREENDER AS ORIGENS DO ADULTÉRIO
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Data: 15/06/2021
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Hora: 09:00
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Essa tese possui como objetivo principal compreender por que as pessoas cometem o adultério.
Para tanto, problematizamos as origens da infidelidade conjugal através da psicanálise freudiana,
de mitos indígenas coletados em território brasileiro por Betty Mindlin (1993) e de tragédias
euripidianas. Polêmico, controverso e ambivalente, o adultério existe, segundo estudiosos como
Helen Fisher (1995), Thimothy Taylor (1997) e Peter Stearns (2010), desde que a ideia de
exclusividade sexual foi estabelecida. Identificada em todas as épocas e sociedades até então
investigadas, a infidelidade conjugal, apesar de ter acompanhado a evolução da humanidade
enquanto prática sociossexual, costuma ser imbuída, tanto por artistas quanto por civis, de
representações, sentimentos e valores paradoxais. Por mais que o adultério costume ser
amplamente compreendido como a ruptura da exclusividade sexual entre cônjuges, o fato é que a
sua definição tende a variar de cultura para cultura, de período para período e, atualmente, de
casal para casal e de sujeito para sujeito. Porém, mesmo com todas as variações e diferentes
possibilidades de se constatar a incidência de uma traição amorosa, o fato é que, de maneira
universal e atemporal, o adultério tende a ser considerado uma transgressão. Talvez por isso, a
infidelidade conjugal tenha sido tema recorrente nas obras literárias, usado por escritores que, no
atravessar dos séculos, buscaram representar, entender, problematizar, sublimar ou nos entreter com a intensidade das volúpias e dos infortúnios que comumente regem as quebras dos
juramentos afetivos e sexuais. Nesse cenário, problematizamos: por que as pessoas traem? Quais
as origens históricas e psíquicas da infidelidade conjugal? A quem se é infiel quando se trai?
Nossa tese é a de que o adultério tem a sua gênese e o seu prazer primordial na fantasia psíquica,
por acreditarmos poder ser ele uma experiência inconsciente de tentativa de realização de
fantasias originárias, conforme estabelecidas por Sigmund Freud (2019): visão da cena
primitiva, sedução, castração e retorno ao útero materno. Partiremos da hipótese de que os mitos
indígenas e as tragédias gregas, quando representam o tema do adultério, em alguma medida
também fazem alusão à uma ou mais fantasias originárias. Ao nos colocarmos apenas como um
ponto de vista, ideológico e inevitavelmente faltoso sobre um assunto tão vasto como o da
infidelidade conjugal na mitologia e nos textos antigos, delimitamos cinco mitos indígenas e duas
tragédias gregas que melhor ilustrarão as nossas ideias: O namoro malandro, Um namoradoAnta, O homem do pau cumprido, Berewekoronti, o marido cruel e a mulher traidora e O
amante Txopokod e a menina do pinguelo gigante, todos (re)contados por Betty Mindlin (2014);
de Eurípides (2015), o nosso enfoque recai sobre as tragédias Hipólito (428 a.C.) e Medeia (431
a.C.), ainda que não tenhamos o objetivo de fazer um trabalho de profunda análise literária.
Trabalhamos, principalmente, por um viés psicanalítico, mais precisamente em uma abordagem
freudiana, uma vez que Freud calcou boa parte de sua teoria em tragédias e mitos antigos. A
pesquisa está articulada em quatro capítulos: o primeiro compreende o adultério na Pré-História
e na Antiguidade; o segundo e o terceiro trazem conceitos e casos basilares da psicanálise
freudiana, articulados, por nós, às noções de infidelidade; e o quarto, em uma perspectiva da teoria
literária, busca elucidar a genealogia e as formas dos mitos indígenas, das tragédias gregas
euripidianas, de como abordá-los psicanaliticamente, e de como esses textos ancestrais podem
contribuir no entendimento das origens do adultério. A ideia é a de que as análises psicanalíticas
ajudem a melhor compreender o tema da infidelidade conjugal nas formas como essa prática
afetiva e sexual foram talhadas pelas narrativas em discussão, obras essas que remontam aos
primórdios da humanidade. Nas considerações, a avaliação geral de nossos resultados e a
validação de nossa tese, que ressoa na ambiguidade com que o adultério pode ser, ao mesmo
tempo, uma tentativa de fuga e (re)encontro.
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JOÃO BATISTA ALVES DE OLIVEIRA FILHO
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ANÁLISE VERBO-VISUAL DE TEXTOS LITERÁRIOS ADAPTADOS PARA A COMUNIDADE SURDA
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Data: 09/06/2021
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Hora: 09:00
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O presente trabalho trata-se de uma análise semiótica de duas obras de literatura surda: Cinderela surda e O Feijãozinho surdo. Elas são adaptadas para a cultura surda, por isso, contém o texto escrito em Libras, pelo sistema Sutton SignWriting, e em português que são acompanhados por ilustrações. As bases teóricas da pesquisa foram apoiadas na categoria de ideologia de Bakhtin e na verbo-visualidade de Brait. O objetivo geral da pesquisa é: analisar a produção de sentido do texto verbo-visual presente na literatura adaptada para surdos. Os objetivos específicos são: identificar quais são os aspectos que sofreram adaptação dos clássicos da literatura infantil ouvinte ao ser adaptado à cultura surda; analisar a ideologia presente no texto verbo-visual; averiguar se a cultura e a subjetividade surda são representadas nas imagens, na escrita de sinais e no português. Adotamos a metodologia qualitativa de caráter documental com técnica de análise da produção de sentido no texto verbo-visual e seus corpora foram as duas obras citadas acima. Os dados apontaram que as obras são textos verbos-visuais e apresentam as ideologias sobre a comunidade surda: educação, história, família e ouvintismo.
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MAYSA RAMOS VIEIRA
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O PASSARINHO DIFERENTE: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA NA LITERATURA SURDA
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Data: 31/05/2021
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Hora: 14:00
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Com as conquistas a partir do status linguístico que a Lei 10.436/2002 trouxe para a comunidade surda brasileira, muitos estudos surgiram voltados para a Libras. Desde então, podemos perceber que as produções culturais desta comunidade linguística ganharam uma maior visibilidade, dentre estas, a produção literária, através de textos sinalizados, e na escrita de sinais. Porém, ainda é muito recente se pensarmos que a primeira coletânea com registro fílmico da Literatura Surda Brasileira foi publicada no ano de 2021, completando 22 anos. Com base neste marco, surgiu o interesse em analisar uma das obras presentes nessa coletânea pioneira, a fábula intitulada O passarinho diferente, relacionando a teoria da Semiótica Greimasiana com os estudos sobre a Cultura Surda. Em nossa leitura analítica, percebe-se que o caráter semiótico presente na narrativa alegórica proposta corrobora com a estrutura visual que a língua de sinais apresenta. Esta pesquisa foi guiada através do olhar dos autores Rastier (2010), Barros (2002) e Fiorin (1989), Strobel (2008), Segala (2010), Peixoto (2016), dentre outros. Teve como objetivos realizar um resgate histórico da literatura surda e do gênero fábula, traduzir pela primeira vez para a língua portuguesa a obra selecionada, analisar a obra com base nos três níveis da Semiótica Greimasiana (Fundamental, Narrativo e Discursivo) e relacionar as características encontradas na fábula com os artefatos culturais elencados por Strobel (2008). Assim, foi possível abordar questões intrínsecas à subjetividade dos sujeitos surdos reconhecidas ao ter acesso à obra, e levantar reflexões relevantes, tanto para a representatividade dos surdos na arte, quanto para os ouvintes inseridos nesta comunidade. Além disso, através da tradução para Língua Portuguesa e da análise do sentido realizadas neste trabalho, a sociedade, de modo geral ouvintes não fluentes na Libras, terá o privilégio de mergulhar nesta obra que guia o leitor para uma viagem ao mundo dos surdos.
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LIGIO JOSIAS GOMES DE SOUSA
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VIDA E OBRA DO POETA POPULAR SURDO MAURÍCIO BARRETO: UM ESTUDO DE ABORDAGEM SEMIÓTICA
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Data: 28/05/2021
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Hora: 14:00
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Embora os sujeitos surdos brasileiros compartilhem da mesma nacionalidade dos ouvintes, eles apresentam aspectos diferentes por se desenvolverem como cidadãos biculturais e bilíngues, e possuem aspectos peculiares da sua própria cultura, a cultura do povo surdo, que consiste em um povo sem demarcação geográfica. Sendo assim, este estudo pretende promover um melhor conhecimento por parte da sociedade brasileira sobre a cultura surda, sua língua, valores e crenças, a partir da teoria abordada pela Semiótica Greimasiana dialogando com os estudos sobre a Cultura Surda, com base nos autores Diana Barros, José Luiz Fiorin, Fátima Batista entre outros como Hall, Strobel e Peixoto. A proposta do presente trabalho foi estudar sobre a vida e obra do poeta popular nordestino, surdo, Maurício Barreto, em especial a poesia intitulada 24 de abril Lei da Libras, assim como, catalogar as suas obras (de todos os gêneros), fazer um levantamento biográfico do poeta e por fim, analisar a poesia escolhida com base nos três níveis de estudo semiótico: fundamental, narrativo e discursivo. Podendo assim mostrar a riqueza dessa Literatura, além de promover a preservação e a valorização desta herança cultural que é a Literatura Surda.
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GILBÉRIA FELIPE ALVES DINIZ
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Entre a Residualidade e a transtextualidade. Uma análise da influência de Kalila e Dimna em El Conde Lucanor de Don Juan Manuel
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Data: 21/05/2021
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Hora: 09:00
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El Conde Lucanor pode ser considerado uma das mais importantes obras da Europa Medieval, tendo sido composta no século XIV.Os contos têm uma finalidade didática ese apresentam como um manual de instrução para aqueles que desejam tomar decisões sábias diante das inúmeras possibilidades. Esta narrativa não surgiu sozinha. Don Juan Manuel, autor da obra, utilizou inúmeras fontes que influenciaram,diretamente, a escrita desse texto, fazendo com que esse livro se tornasse o mais importante da sua trajetória intelectual. Entre as várias fontes, encontra-se Kalila e Dimna, primeira narrativa oriental a ser traduzida para língua romance. Esta obra apresenta uma compilação de histórias que expõem muitas situações que são resolvidas através da moral apresentada na fábula. As duas obras exibem semelhanças tanto sua estrutura como na temática, posto que, Juan Manuel tinha muito contato com as traduções das narrativas orientais deixadas pelo legado do seu tio Alfonso X.Sendo assim, este trabalho pretende analisar, à luz da teoria de Gérard Genette (2010)e Roberto Pontes (2017), como esta relação acontece, isto é, de que maneira Juan Manuel desdobra em seus contos elementos da literatura Oriental. Além dos teóricos responsáveis pela parte metodológica desta dissertação, cabe acrescentar Gómez Redondo (1987), Mamede Mustafa Jarouche (2005) e María Jesús Lacarra (2006), que são os principais autores que fundamentam o corpus da análise literária.
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SHEYLA MARIA LIMA OLIVEIRA
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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS: UM ESTUDO SOBRE A PROBLEMATICIDADE DO HERÓI MACHADIANO
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Data: 30/04/2021
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Hora: 09:00
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O presente trabalho de dissertação consiste em analisar o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, publicado em 1881, a partir dos conceitos postulados por Georg Lukács em sua Teoria do Romance (2009). Com efeito, o cerne de nossa análise é, especificamente, investigar o perfil do protagonista Brás Cubas, observando quais são os aspectos que constituem a sua problematicidade, ou seja, o conflito existente entre a interioridade e o mundo externo. Em sua obra, Lukács parte da epopeia para mostrar a fragmentariedade do sujeito representado no romance moderno, no qual a relação homem/mundo torna-se problemática pela dissonância, permanente desavença, entre a primeira e a segunda natureza. Desta sorte, podemos encontrar no personagem machadiano, características que o configuram como um herói problemático da tipologia lukacsiana. A abordagem dessa categoria narrativa baseia-se no cinismo, na ironia, nas tentativas de autenticidade e na volubilidade, aspectos que se destacam ao longo dos capítulos. A metodologia utilizada em nosso percurso investigativo é de cunho bibliográfico, com a leitura imanente da obra, bem como, mapeamentos a fim de priorizar os momentos nos quais a dimensão problemática de Brás Cubas é evidenciada. Acerca dos referenciais que compõem a longa fortuna crítica de Machado de Assis, trabalhamos, prioritariamente, as apreciações de Antonio Candido (2014), Alfredo Bosi (2015), Raymundo Faoro (2001), Valentim Facioli (2008), Roberto Schwarz (2012), entre outros, que dialogam diretamente com nossa análise. Com efeito, a leitura que empreendemos aqui nos permite demonstrar que os aspectos intrínsecos ao perfil de Brás Cubas coadunam com as concepções de Lukács, desse modo o protagonista transcende a tipologia lukacsiana. Assim, o classificamos como herói problemático híbrido.
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ALINE SOUZA MELCHIADES
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O RELATO DE SI EM JOÃO VÊNCIO: OS SEUS AMORES DE LUANDINO VIEIRA DO NARRADOR À SOCIEDADE LUANDENSE
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Data: 29/04/2021
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Hora: 14:00
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Este projeto objetiva realizar um estudo acerca do relato de si realizado pelo narrador personagem protagonista do romance João Vêncio: os seus amores, escrito em 1968 e publicado em 1979, cuja autoria é do escritor luso-angolano José Luandino Vieira. De acordo com Butler (2017), o sujeito não pode narrar a si mesmo sem assumir determinada responsabilidade pelas condições sociais em que surge. Nesse sentido, destacamos o discurso do narrador como categoria analítica capaz de ressignificar o plano social, subverter e descolonizar a opressão e violências agenciadas pelo sistema colonial, no cenário angolano. Contribuem para a fundamentação deste trabalho Chaves (2005), que discorre de maneira ampla sobre experiência colonial e os territórios literários; Hamilton (1999), que retrata a literatura dos Palop; Tutikian (2006) e Hall (2005), ambos analisando a questão da identidade; Santos (2009), que se posiciona a respeito de o discurso entre o narrador e o narratário; Macêdo (2002, 2004) discutindo a concepção do pretoguês e a temática da geografia de Luanda nas ficções angolanas; Butler (2017), trazendo uma abordagem social do relato de si, Mignolo (2017), abrangendo uma perspectiva decolonial; Candau (2011), relacionando memória e identidade, Halbwacks (1990) discorrendo sobre a memória individual e coletiva; Kilomba (2019), abordando a questão da dupla alteridade da mulher negra como consequência da opressão do sistema colonial; Foucault (1999), discorrendo sobre a vigilância das instituições e a representação do Panóptico; Bourdieu (2012), considerando a ideia da virilidade como representação da dominação masculina; (MERUJE; ROSA, 2013), discorrendo sobre a concepção do rito sacrificial elucidado por Girard (1979); Torres (2009), refletindo sobre as questões da colonização do ser, saber e poder; Fanon (1997, 2008), discutindo sobre a consciência colonial e o reconhecimento do sujeito outrorizado, inserido nesse sistema opressor; Mbembe (2001, 2018), discutindo sobre a tendência das produções literárias africanas de reinventar ou ressignificar as tradições do universo africano e a problemática racial, no âmbito psicológico dos sujeitos outrorizados; iec (2014), argumentando sobre as violências subjetivas e objetivas, as quais associamos em nosso estudo às marcas do sistema colonial dominante e opressor.
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IVSON BRUNO DA SILVA
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TERRITÓRIOS DO FANTÁSTICO EM PERNAMBUCO: O ESPAÇO EM NARRATIVAS DE GILBERTO
FREYRE E JAYME GRIZ
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Data: 29/04/2021
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Hora: 14:00
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Condicionada pelo estigma da transgressão da realidade, a literatura fantástica
produzida em Pernambuco tem representações no eixo urbano de Recife e nas regiões
do interior do estado. As obras Assombrações do Recife velho, de Gilberto Freyre, e O
lobishomem da porteira velha, de Jayme Griz, albergam o universo misterioso e
incógnito condenado pelas leis racionais e cultivado pelo imaginário social. Tematizando
as tradições, os ritos, o misticismo, a religiosidade e os assombramentos que cercam
os indivíduos, os livros se alicerçam nas circunstâncias inexplicáveis que inquietam o
cotidiano do homem. Com foco nos ditames das ordens que se opõem ao real, esta
dissertação de mestrado objetiva analisar o espaço ocupado pelo fantástico no relato
freyreano O sobrado da Estrela e no conto griziano O lobishomem da porteira velha.
Antecede à investigação a exploração dos aspectos biográficos e bibliográficos dos
autores pernambucanos, em liame com a recepção crítica dos textos. No que tange às
proposições teóricas sobre o fantástico, as leituras de Charles Nodier, Tzvetan Todorov,
Irene Bessière, Felipe Furtado, Remo Ceserani e David Roas iluminam a compreensão
acerca da evolução dos estudos do insólito ficcional. Já a espacialidade literária tem nos
pressupostos de Antonio Candido, Osman Lins, Antonio Dimas e Luis Alberto Brandão
a validade no âmbito da estética. Na análise do relato de Freyre, é possível perceber
que os sobrados são moradas de visagens, cuja dinâmica espacial, dentro e fora das
casas, é modificada pelas ações incomuns dos fantasmas. À luz da manutenção de
vínculos com o contexto, a narrativa estabelece correspondência entre as
assombrações recifenses e a história da cidade, marcada pelo progresso no período
colonial e pelas lutas político-sociais. De forma análoga, a fantasticidade ganha
destaque no mundo agrário do conto de Griz, amalgamado pelas crendices regionais do
engenho, pelo mito do lobisomem e pelas alusões aos traços folclóricos e socioculturais.
Nele, a fronteira entre o possível e o impossível é uma porteira, espaço onde as
personagens são ameaçadas pela irrupção do sobrenatural. No contraste dicotômico
entre o urbano e o rural, o real e o irreal, os prismas intra- e extratextuais, as narrativas
engendram a ruptura com os quadros de referência da realidade e postulam a crise
entre as convicções humanas e o fantástico.
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THÁRCILA ELLEN AIRES BEZERRA
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IMPLEMENTAÇÃO DO ROTEIRO DIDÁTICO METAPROCEDIMENTAL NUMA TURMA DE ENSINO MÉDIO: EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E REVERBERAÇÕES
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Data: 28/04/2021
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Hora: 14:00
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Neste trabalho, analisamos os relatos escritos e orais referentes à leitura literária realizada por duas turmas do 3º ano do Ensino Médio da Escola Cidadã Integral Lyceu Paraibano, localizada na cidade de João Pessoa-PB, em contexto de sequências didáticas criadas, organizadas e implementadas pela autora desta pesquisa, no dia 02 de dezembro de 2019. Tal empreendimento objetivou analisar, através do uso do Roteiro Didático Metaprocedimental (RDM), o desenvolvimento do processo de ficcionalização em leitura literária dos alunos, via relatos de sua experiência estética com o texto. O referido instrumento foi criado e testado pelos Programas CANAL 67 (Cinema Articulado às Noções de Antropologia Literária, sexta e sétima artes) e PARDAL (Programa de Aplicação do Roteiro Didático Metaprocedimental em Antropologia Literária) que abarcavam projetos do PIBIC, PROLICEN e PROBEX da Universidade Federal da Paraíba, nos anos de 2015 a 2019. Trata-se de um instrumento esteado teoricamente no pensamento do crítico alemão Wolfgang Iser para o ato de leitura ficcional. Para alcançarmos o propósito ora apresentado, nossos objetivos específicos consistiram em: selecionar duas turmas do Ensino Médio, uma intitulada Grupo de Controle (GC), e a outra, Grupo de Tratamento (GT); observar o método utilizado pela docente para o ensino da leitura literária; escolher um curta-metragem e um conto, juntamente com a docente, considerando o conceito iseriano de Repertório e o conceito vygotskiano de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) dos alunos; planejar sequências didáticas com e sem a utilização do RDM; implementar as sequências; avaliar suas produções à luz do referencial teórico; e comparar seus resultados. No dia programado, realizamos vivências de apresentação e significação nos dois grupos, esta visando o compartilhamento da leitura pelos alunos e aquela a apresentação dos participantes. A diferença foi a seguinte: no GT exibimos o curta-metragem The Maker (KEZELOS, 2015), analisado verbalmente e em conjunto, seguindo a proposta do RDM. Após, lemos o conto A partida, de Osman Lins (2003 [1957]) e solicitamos aos alunos que também o analisassem, porém, desta vez, de forma escrita. Já no GC, o curta e o Roteiro não foram utilizados. As produções escritas deveriam relatar as experiências e percepções dos estudantes em relação ao conto. Em síntese, desenvolvemos dois estudos: um com o GC, que não recebeu a mediação guiada pelo RDM, e outro, com o GT, aquele no qual o RDM foi utilizado. Comparamos os resultados obtidos, o que permitiu demonstrar que no Grupo de Tratamento houve um maior detalhamento dos processos de leitura dos alunos. Inferimos, assim, que o uso do RDM concorreu para o desenvolvimento do processo de ficcionalização em leitura literária dos alunos participantes do presente estudo. Esses resultados possibilitaram, por conseguinte, a comprovação da eficácia e eficiência do RDM, bem como a discussão de suas possíveis reverberações metodológicas e teóricas.
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ELIZA DE SOUZA SILVA ARAÚJO
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MORRISON, ANGELOU E EVARISTO: MULHERES NEGRAS E ESCRITA REVOLUCIONÁRIA
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Data: 13/04/2021
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Hora: 14:00
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Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar, a partir de uma abordagem comparativa, interdisciplinar e transnacional as três narrativas O olho mais azul (Toni Morrison), Eu sei por que o pássaro canta na gaiola (Maya Angelou) e Becos da memória (Conceição Evaristo). Nestes três textos literários, observo que mulheres negras que escrevem narrativas nos importantes momentos históricos que se apresentam nos Estados Unidos e Brasil quando da publicação desses volumes, inovam tanto no que diz respeito aos temas que abordam em suas escritas, quanto no que se refere aos recursos distintos que trazem à forma narrativa. Alguns desses elementos narratológicos seriam a estética do jazz (SMALL-MCCARTHY, 1995), a rememória (MORRISON, 2019) e a escrevivência (EVARISTO, 2005; 2007). Considero, então, a escrita dessas mulheres negras como revolucionária, tanto do ponto de vista artístico quanto do político. Enquanto as narrativas em tela discorrem sobre questões também exploradas pela agenda do feminismo negro (no contexto estadunidense e no brasileiro), o feminismo negro aponta a quase total ausência de discussão quanto à condição interseccional que afeta as mulheres negras mesmo dentro do feminismo (CRENSHAW, 1989). Revisitando registros e análises históricas, sociológicas e políticas sobre o Black Power Movement, Black Arts Movement e o Movimento Negro Unificado, apresento uma leitura dos textos literários das três autoras enfocadas em diálogo e contraponto com a práxis e as concepções desses movimentos. As narrativas deste corpus não somente apresentam novas perspectivas no campo político e artístico, como reinstauram a discussão sobre o cânone literário supostamente universal, questionando seus históricos apagamentos. Com as análises das narrativas, que são aqui articuladas e embasadas em discussões interdisciplinares com pressupostos da Literatura, História, Sociologia e Ciência Política, pretende-se expandir uma compreensão das dimensões da estética negra tanto no contexto estadunidense como no brasileiro e destacar como mulheres negras que escrevem literatura trazem novas dimensões e legados ao universo da escrita, do conhecimento e da arte, tendo desde sempre lutado por sua participação tanto no campo literário como no político.
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REGINALDO CLECIO DOS SANTOS
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A PROSA DE FICÇÃO FRANCESA NOS PERIÓDICOS DIÁRIO DE PERNAMBUCO, O LIBERAL PERNAMBUCANO E JORNAL DO RECIFE (1850-1870): JOSEPH MÉRY E O PÚBLICO LEITOR
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Data: 31/03/2021
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Hora: 14:00
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O presente trabalho teve como objetivo reconstituir os modos de circulação da prosa de ficção nos jornais periódicos de Recife, capital da província de Pernambuco, entre 1850 e 1870. A pesquisa contou com o levantamento de autores e autoras que estiveram presentes nas seções destinadas à prosa de ficção Folhetim, Variedades, Miscelâneas, etc. bem como nas colunas de comentários variados sobre a vida cultural da província dos jornais Diário de Pernambucano, Jornal do Recife e O Liberal Pernambucano. Paralelamente a esse levantamento, foi feita uma pesquisa bibliográfica que objetivou reconstituir os primeiros passos da história da tipografia, da imprensa periódica, bem como de reconstruir fragmentos de memória de sujeitos e de instituições direta ou indiretamente envolvidos na circulação da cultura escrita em Pernambuco no século XIX. Ganharam destaque, nessa parte da pesquisa, artigos publicados na Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco nas décadas finais do Oitocentos, além das pesquisas de pioneiros como Alfredo de Carvalho (1906), Gilberto Freyre (1979) e Luiz do Nascimento (1966; 1968), desenvolvidas ao longo do século XX. Para analisar os dados coligidos nos periódicos recifenses, foram utilizados pressupostos da História Cultural, sobretudo as noções relacionadas às práticas e aos modos de circulação de materiais impressos em determinadas comunidades de leitores, bem como às representações construídas por essas comunidades a partir de apropriações e representações específicas (ABREU, 2003a, 2003b; BARBOSA, 2007; CHARTIER, 1999, 2012; MEYER, 1996, 1998). O levantamento empreendido demonstrou a presença majoritária, quase exclusiva, da prosa de ficção produzida na França, por autores e autoras célebres como Amédée Achard (1814-1875), Paul Féval (1816-1887), Delphine de Girardin (1804-1855), que circulou em Paris por meio de publicações periódicas a exemplo da Revue de Paris, da Revue des Deux Mondes e do jornal diário La Presse, com destaque para um autor praticamente esquecido até pela historiografia literária francesa: Joseph Méry (1797-1866). Ao que tudo indica, esse autor, nascido em Marselha, foi um dos autores preferidos do público leitor recifense, haja vista o comparecimento significativo das prosas de ficção de sua autoria e dos comentários sobre sua produção nos periódicos pesquisados. A partir da análise, torna-se possível afirmar que a prosa de ficção, majoritariamente oriunda dos impressos periódicos franceses, em circulação nos jornais periódicos recifenses na metade do século XIX, demonstra indícios de critérios de seleção de textos ficcionais por parte de redatores e demais envolvidos no processo de tradução e veiculação, relacionados intimamente com o gosto e o imaginário de pelo menos uma parte do público leitor pernambucano.
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THIAGO DA SILVA ALMEIDA
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A LITERATURA VEICULADA PELA CAMPANHA DA FRATERNIDADE: SIGNIFICAÇÃO E CULTURA.
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Data: 30/03/2021
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Hora: 16:00
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Esta tese objetiva analisar, do ponto de vista semiótico, as significações culturais presentes em textos literários, veiculados pela Campanha da Fraternidade cuja celebração passou por reformulações no que diz respeito ao direcionamento das suas escolhas desde a sua primeira edição na década de sessenta. Em um primeiro momento, a Igreja centrava-se na renovação de sua estrutura interna. Depois, começou a se preocupar com a realidade social do povo, mas o fazendo, ainda, internamente. Por fim, a Igreja passa a se interessar pelas questões existenciais do povo brasileiro, porém agindo de maneira mais proativa e participativa na sociedade. É neste terceiro momento que o presente trabalho delimita seu enfoque, especificamente a partir de 1985, quando se findou o regime militar brasileiro, até a primeira década do século XXI. A proposta metodológica empregada, de natureza interpretativa e comparativa, utiliza como corpus hinos que são textos verbais em linguagem geralmente apelativa e cartazes, textos sincréticos que unem o verbal ao imagético. Estes são analisados com a base teórica da Semiótica das Culturas de linha francesa, principalmente as contribuições dos semioticistas François Rastier (2010) e Teodoro Pais (2009). Concebida como ciência da interpretação das significações culturais, compreende os saberes compartilhados, a visão de mundo e os sistemas de valores de um grupo sociocultural como parte integrante de uma identidade social. O trabalho está delimitado em três momentos: estudos teóricos sobre os fundamentos básicos da semiótica das culturas, seguidos de um panorama das principais tendências semióticas, como a norte-americana, a russa e a francesa. Em sequência, fez-se um breve histórico da Campanha da Fraternidade, com informações acerca das primeiras celebrações. Por fim, realizou-se o trabalho analítico do corpus que mostrou uma cultura centrada na inclusão e na aceitação das diferenças.
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NEMUEL GONCALVES DE LIMA
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Deaf culture in comic books: a semiotic analysis of Daigle 's' collection
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Data: 25/03/2021
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Hora: 14:30
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Esse trabalho é um estudo semiótico das significações em torno do surdo e dos valores
expressos, culturalmente, através dos textos que compõem o acervo literário do povo surdo, à exemplo das histórias em quadrinhos de Matt e Kay Daigle (2014) que compõem o corpus dessa pesquisa. A obra That Deaf Guy: A wild ride! é um produto cultural e objeto de investigação extremamente valioso que nos leva a descobrir aspectos históricos, sociais e culturais dos sujeitos surdos. Para isso, tomamos como suporte teórico a semiótica de linha francesa, considerando, em especial, a metodologia do percurso da significação de Greimas destacando as três estruturas: narrativa, discursiva e fundamental que foi completada com estudos sobre as significações culturais presentes no texto. Trata-se de um estudo analítico, interpretativo e comparativo. Os resultados encontrados destacam a tematização, os valores culturais, os percursos e as significações geradas nos quadrinhos de autores surdos. Tal análise possibilita a visualização de elementos que influenciam na construção da significação nas histórias em quadrinhos e na atmosfera semiótica da cultura surda.
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ISABOR MENESES QUINTIERE
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O abismo como espelho: formas e efeitos da metaficção em O assassino cego, de Margaret Atwood
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Data: 19/03/2021
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Hora: 14:30
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O objetivo deste trabalho é analisar o romance O assassino cego (2000), de Margaret Atwood, focalizando os aspectos metaficcionais da obra e observando a articulação entre metaficção e subjetividade dos personagens em seus múltiplos níveis diegéticos. Para tanto, temos um capítulo inicial dedicado aos conceitos de metaficção e mise en abyme, com base teórica de Gass (1980), Dällenbach (1980), Ron (1987), Waugh (2001), Bernardo (2010) e Hutcheon (2013), e de subjetividade na ficção, partindo de escritos de Lodge (1992), Culler (1999), Candido (2009), Wood (2012) e Todorov (2013), além de nos voltarmos para Genette (2010) e Rajewsky (2012) para tratarmos da intermidialidade observada no corpus. No segundo capítulo, é analisada a metaficção enquanto alicerce do romance de Atwood, considerando quatro pontos principais da narrativa e separando-os em níveis. Os resultados obtidos através dessa análise mostram como os recursos metaficcionais são utilizados para compor a fragmentação na caracterização das personagens de O assassino cego, apresentando a metaficção de uma perspectiva não apenas formalista como também dotada de subjetividade e crítica sociopolítica. Este trabalho acrescenta também à teoria já existente acerca deste corpus, considerando que outras pesquisas tendem a conferir menor importância à sua composição estético-formal e focalizar os aspectos de feminismo e gênero presentes na obra, enquanto neste é trabalhada especialmente a articulação entre experiência e forma.
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RENATA ESCARIAO PARENTE
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ESCRITA DE SI E VOZ NARRATIVA EM HOSPÍCIO É DEUS E O SOFREDOR DO VER, DE MAURA LOPES CANÇADO
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Data: 17/03/2021
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Hora: 08:00
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A pesquisa tem por objetivo investigar como a escritora mineira Maura Lopes Cançado constrói representações de si em suas narrativas ficcionais e de não ficção nos livros Hospício é Deus Diário I (1965) e O sofredor do ver (1968), em especial, a representação da autora-narradora-personagem, como ponto de partida para a discussão sobre a escrita de si, a escrita de mulheres e a relação entre a escrita de si e a literatura da urgência, produzida em situações-limite. Para tal, nos referenciamos em autores(as) como Foucault (1992), Arfuch (2010), Maciel (2009), Woodward (2000), Schmidt (2014), Klinger (2006) e Hidalgo (2008). Além de estudar como a voz narrativa em Cançado se apresenta no Diário e nos contos Espiral ascendente; No quadrado de Joana; Introdução a Alda; e Pavana, buscando suporte teórico em autores como Lejeune (2008), Reis e Lopes (1988), Sarlo (2007), Wadi (2011), Engel (2006) e Porter (1990), verificamos o diálogo entre essas vozes, e como, nesse diálogo, aparecem temas cruciais em Cançado, como gênero, memória, o cotidiano e os diagnósticos limitantes dentro de uma instituição psiquiátrica, no caso, em torno da esquizofrenia. Também produzimos um perfil biográfico sobre a autora, contribuindo com um registro sistematizado sobre sua trajetória, método essencial também para as discussões sobre escrita de si. Nossa hipótese é que o motivo do sentimento de rejeição e inadequação apresentado por Cançado, em vários momentos das suas narrativas, não se restringe às suas internações e à sua possível condição de esquizofrênica, mas também à sua condição de mulher, com um comportamento inadequado para os padrões da época, que acaba por ser segregada. Também defendemos que sua escrita é uma ferramenta de sobrevivência e denúncia, refletindo não apenas suas vivências enquanto mulher interna em uma instituição psiquiátrica, mas reflete também a realidade de tantas outras mulheres com as quais conviveu, sobre as quais escreveu e que socialmente representa.
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LUCAS NEVES VERAS
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Da novela ao filme: processos adaptativos e intermidiáticos na articulação entre história de iniciação e espaço em The cement garden
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Data: 11/03/2021
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Hora: 09:30
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A presente dissertação tem como objetivo analisar a história de iniciação em articulação com o espaço na novela The cement garden (1978), de Ian McEwan, em comparação com sua adaptação fílmica, de mesmo nome, dirigida por Andrew Birkin, em 1993. Por estarmos investigando um texto literário em diálogo com sua adaptação fílmica é importante delinear como cada linguagem é utilizada para a construção da história de iniciação. Para tanto, levaremos em conta as potencialidades de ambas as linguagens audiovisual e literária à luz da teoria da adaptação e da intermidialidade, com textos de Rajewski (2012), Straumann (2015) e Gaudreault e Marion (2012). Por se tratar de um contexto de história de iniciação, em que subjetividades são questionadas e desconstruídas, em que também se faz presente a perda da inocência, Marcus (1976) e Lacan (1977) foram utilizados com o objetivo de compreender como se dá esse processo. Ambas as obras levantam questões sobre as consequências que a orfandade e o isolamento quando presentes em um contexto de construção de identidade podem trazer; por essa razão, também foi utilizado Culler (1999) a fim de complementar a discussão acerca da construção de identidade, bem como teóricos que tratam das noções de espaço.
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FRANCIS WILLAMS BRITO DA CONCEIÇÃO
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COLONIALIDADE DO ESPAÇO E ESPIRALIDADE EM PONCIÁ VICÊNCIO
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Data: 05/03/2021
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Hora: 15:00
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Nesta pesquisa, realizamos um estudo da categoria espaço no romance Ponciá Vicêncio (2003), da escritora brasileira Conceição Evaristo, considerando a trajetória de deslocamentos de Ponciá e sua família sob o prisma dos estudos pós-coloniais/decoloniais e feministas. Inicialmente, lançamos um olhar crítico sobre a narrativa, através da perspectiva estrutural do espaço, atentando para os aportes teóricos de Antonio Candido (2014), Antônio Dimas (1987) e Luís Alberto Brandão (2013); em seguida, abordamos os elementos da configuração espacial como constituintes de um aparato colonial moderno na ficção evaristiana, enfatizando conceitos como movimento e regulação do território pelas marcações da diferença, a partir das discussões de Doreen Massey (2008), Gayatri Spivak (2019), Homi Bhabha (1998), Paul Gilroy (2012), entre outros. No segundo momento da pesquisa, articulamos a ideia de uma Colonialidade do espaço, formulação conceitual central nesta investigação, baseada nas leituras de Aníbal Quijano (2005), Édouard Glissant (1989), María Lugones (2019) e Walter Mignolo (2017), a fim de inferir que as personagens estão em um contexto de deslocamento da experiência histórica de origem, e, quer no espaço rural ou urbano, sem que haja o prejuízo de uma apreensão dicotômica dos cenários pelos quais elas transitam, ocorre a continuidade de uma lógica colonial, em que se empregam mecanismos opressores como o racismo, o sexismo e o separatismo espacial. Sendo assim, amparados pelas vozes que ecoam no feminismo negro e na teoria da interseccionalidade como Carla Akotirene (2019), bell hooks (2019), Grada Kilomba (2019), Kimberlé Crenshaw (2002) e Lélia Gonzalez (2019) , constatamos que a narrativa é perpassada por um Espaço espiralar (Fernanda Miranda, 2019; Leda Maria Martins, 2003); e a protagonista, em condição de deslocamento, performatiza uma trajetória de movimento, retorno e reinvenção, com o intuito de inscrever uma nova cartografia de possibilidades para a existência/resistência, que se realiza, segundo Leda Martins (2003, p. 65) e Spivak (2019, p. 268), por meio da estratégia de consignação do espaço e do processo de refazer a história. Sendo assim, esta pesquisa dissertativa nos permitiu chegar aos seguintes resultados: a protagonista e sua família se encontram em um espaço regulado pela colonialidade e se utilizam da performance a exemplo das idas e vindas no tempo-espaço, do vazio, dos sentimentos de ausência e dos abortos objetivando romper com a continuidade do controle colonial, sendo a espiralidade, portanto, um fundamento, que expressa tanto as intermitências das opressões de poder quanto as repetições das performances de insurgência das personagens.
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JOSÉ ALEXANDRE CAVALCANTE DE MIRANDA
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Do Surrealismo ao fantástico moderno: processos semióticos na obra de René Magritte e J. J. Veiga
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Data: 04/03/2021
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Hora: 14:30
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Tomando como subsídio a teoria Semiótica, analisou-se a presença do fantástico em quadros do pintor belga René Magritte e no romance do escritor brasileiro J. J. Veiga, visando descrever as estratégias semióticas da narração e da imagem de inspiração surrealista. A semiótica filosófica de Peirce constituiu a tendência escolhida, ampliada pelos conceitos da semiótica das culturas(a), no que tange à caracterização dos objetos culturais e da narrativa. Das nove células sígnicas formadas pelas tricotomias peirceanas, foram consideradas duas delas: o quali-signo e o índice, a partir das quais foram apontados quatro modelos ou estratégias semióticas responsáveis pelo efeito fantástico. São eles: (a) a distorção das propriedades do quali-signo, (b) os índices não confirmados, (c) a contrajunção e (d) a confrontação de opostos. Essas categorias foram estudadas em um corpus constituído de dezesseis quadros de Magritte: A traição das imagens (1928-29), O jóquei Perdido (1948), As férias de Hegel (1958), A resposta inesperada (1933), A canção da tempestade (1937), A batalha de Argonne (1959), O túmulo dos lutadores (1961), O mês da vindima (1959), O jogador secreto (1927), O além (1968), Os amantes (1928), Reprodução proibida (Retrato de Edward James) (1937), O assassino ameaçado (1926), O império das luzes (1954), A voz do silêncio (1928), A cascata (1961). Os textos imagéticos serão comparados com trechos do romance A hora dos ruminantes de Veiga. Traçou-se, a seguir, um panorama acerca das diferenças entre o fantástico tradicional e o moderno e o Surrealismo, surgido no momento histórico no qual a crise cultural e ideológica de uma Europa devastada após a Primeira Grande Guerra criou uma arte nonsense: o Dadaísmo, representativo da crise dos sistemas burgueses. O Surrealismo, porém, traria um novo método: acessar a zona cinzenta do inconsciente humano e assim revelar a verdade plena, aquela não sufocada pela previsibilidade dos sistemas burgueses. Daí a importância da caracterização do objeto surrealista, que seria aquele de utilização desconhecida ou, mais importante que isso, seria o objeto não vinculado a uma cultura opressora.
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JANAINA DA CONCEIÇÃO JERONIMO LIRA
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Haicai e Poesia Visual: Tessituras/ Tecituras da Poesia Brasileira à Luz da Semiótica
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Data: 25/02/2021
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Hora: 14:00
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Esta pesquisa dedicou-se ao estudo comparativo entre a poesia visual e o haicai, tendo como impulso investigativo as contribuições estéticas dessas formas poéticas para a
poesia contemporânea em nosso país. Para tal fim, elegemos os poemas visuais de
Augusto de Campos e os haicais de Paulo Leminski, verificamos, então, em quais
aspectos a poética desses autores se aproxima e ou se distancia esteticamente e quais as
consequências teóricas dessa aproximação ou distanciamento. Escolhemos para compor
o corpus da pesquisa poemas de Augusto, distribuídos na obra: Viva Vaia (2014), que
reúne poemas de 1959-1979. Utilizamos, de igual modo, haicais de Leminski, que
apresentam recursos visuais em sua constituição, publicados pela primeira vez no livro
Caprichos e Relaxos (1983), atualmente reunidos no livro Toda Poesia (2013).
Constatamos que um dos vieses que aproxima a poética desses autores é uma inclinação
para o diálogo com a tradição oriental, baseada no modo de compor inspirado nos
ideogramas japoneses, cuja influência foi um divisor de águas para muitos poetas
ocidentais, no século XX, reverberando igualmente nas produções do século XXI.
Realizamos a análise do corpus da pesquisa à luz da Teoria Geral dos Signos, elaborada
pelo pensador norte-americano Charles Sanders Peirce. Priorizamos, assim, as três
categorias do signo que formam a mais importante das tricotomias consideradas pelo
pesquisador norte-americano em sua gramática especulativa: o símbolo, o índice e o
ícone; dessa última categoria, ressaltamos a sua subclassificação: a imagem, o diagrama
e a metáfora. Utilizamos como aportes teóricos os estudos de Décio Pignatari (2004),
Ezra Pound (2006), Ernest Fenollosa (2000), Expedito Ferraz Júnior (2012), Haroldo de
Campos (2000), Winfried Nöth (2003), Lúcia Santaella (2012), Peirce (2015) (Roman
Jakobson (1995), dentre outros autores.
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SILVIA MARIA FERNANDES ALVES DA SILVA COSTA
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A VIDA ESCRITA DO POETA ESCRAVO JUAN FRANCISCO MANZANO: CAMINHOS, PEDRAS E VERSOS
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Data: 25/02/2021
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Hora: 14:00
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Esta tese apresenta um estudo sobre a composição da Autobiografía de un esclavo, do poeta cubano Juan Francisco Manzano (1797?-1853), para determinar os procedimentos criativos da obra e verificar a possibilidade do seu texto autobiográfico ser fundacional na América Latina, construindo uma identidade e memória do negro, logo uma subversão da escrita colonial. Para isto, utilizou-se uma metodologia de natureza básica, enfoque qualitativo, nível exploratório e procedimentos de investigação bibliográfica, que deu suporte teórico à discussão, elucidando o assunto em questão, no intento de explicar o corpus deste estudo e a fim de reconhecer o autorretrato (ou a imagem) de Manzano, tanto direto quanto indiretamente. O texto autógrafo de Manzano foi escrito em 1835 por incentivo do crítico literário Domingo del Monte (1804-1853) e publicado em Londres em língua inglesa em 1840, uma vez que a censura metropolitana espanhola não permitia a publicação de textos com fundo escravocrata em Cuba. Porém, a primeira publicação em língua espanhola aconteceu em Havana em 1937 com base no texto autógrafo. Foi também baseado nesse texto, o qual está na Biblioteca Nacional José Martí em Havana, que William Luis fez a sua publicação em 2007 com todas as emendas e correções que este texto apresenta. É a partir dessa publicação que esta tese se desdobra, primeiramente, sob a perspectiva do pacto autobiográfico, de Philippe Lejeune (1994), que se comprovou a autenticidade da autobiografia de Manzano ao cumprir esse pacto. Ademais, utilizou-se sete das cartas de Manzano a Del Monte para apoiar esta análise e revelar a sua imagem ou o seu autorretrato direto. Posteriormente, estabeleceu-se o espaço autobiográfico do poeta em um diálogo possível entre a sua única peça teatral publicada, Zafira (1842) supostamente uma história de colonização africana e sete poesias selecionadas de Manzano com teor antiescravagista, todas analisadas sob o viés pós-colonial para desprender a imagem indireta do poeta. Finalmente, este estudo examinou a autobiografia, de Manzano, sob a ótica da psicodinâmica da oralidade em relação a psicodinâmica da escrita que, segundo Walter Ong (1998), diferenciam-se, o que permitiu determinar o fundamento da escrita literária latino-americana, sendo Manzano e sua autobiografia de fundamental importância no papel de construção da identidade do negro nas Américas.
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LARISSA BRITO DOS SANTOS
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EXPERIÊNCIA ESTÉTICA EM LOOPING: SOLIDÃO E MEMÓRIA NO DESVELAR DOS SENTIDOS
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Data: 25/02/2021
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Hora: 09:00
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A experiência estética é um fenômeno imanente, porém, conhecer como ocorre o processo de atribuição de sentido na interação com um texto é fundamental para que o ensino de literatura se torne mais eficaz e eficiente, tendo em vista a complexidade de mediar uma interação que ocorrerá somente entre o indivíduo e o texto. Portanto, essa dissertação objetiva evidenciar como a experiência estética se constrói no âmbito da literatura em comparação com o cinema, considerando as perspectivas textuais articuladas no ato da leitura e a presença de recursive loopings, a partir do mapeamento do romance Cien años de soledad e do longa-metragem Memento (2000). A fundamentação teórica utilizada une a Antropologia Literária e a Teoria do Efeito Estético, ambas formuladas por Wolfgang Iser, que buscam descrever o ato da leitura, fornecendo subsídios para que os processos que ocorrem na mente do leitor quando interage com o texto possam ser vistos como corpora teórico. A metodologia associada à teoria é o Mapeamento da Experiência Estética, uma análise autoetnográfica da experiência individual de leitura, elaborada pelo programa Cinema articulado às noções de Antropologia Literária (CANAL 67), sob a supervisão de Santos e Andrade (2009), unindo diversos projetos de licenciatura, extensão e pesquisa na Universidade Federal da Paraíba. Com a análise dos recursive loopings identificados no processo de leitura foi possível categorizar seis tipos de procedimentos, possibilitando a comparação entre as experiências estéticas de leitura que resultaram na confirmação da hipótese de que o cinema e a literatura se organizam na mente do leitor por processos similares, respeitando as idiossincrasias entre os suportes, ainda que no cinema a percepção desses processos se mostre de mais fácil identificação. Os resultados dessa pesquisa possibilitaram uma maior compreensão da experiência estética, mostrando como ocorre a atribuição de sentido via looping, cuja concretização reverbera na formulação do objeto estético e, consequentemente, na emancipação do leitor.
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JOAZ SILVA DE MELO
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DO NARIZ DE GOGOL ÀS UNHAS DE RUBIÃO: A CRÍTICA SOCIAL NA LITERATURA FANTÁSTICA DOS SÉCULOS XIX E XX
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Data: 24/02/2021
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Hora: 14:00
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A relação entre literatura e sociedade sempre foi motivo de debates entre
estudiosos do assunto. Alguns, como os formalistas russos, buscavam um
método mais científico para suas análises imanentistas. Outros, como Antonio
Candido, buscavam analisar como o texto reflete e se relaciona com o mundo
que representa. A literatura fantástica, por sua vez, não é diferente, há os que
privilegiam a estrutura do texto, como Tzvetan Todorov, e há os que admitem
os ecos sociais, como David Roas, Jean-Paul Sartre, entre outros. Todorov, por
exemplo, desconsidera a interpretação alegórica, pois ela não é inerente ao
texto; o que é desconstruído pelos outros estudiosos. Em nossa pesquisa,
estudamos duas narrativas, O Nariz, de Nikolai Gogol, autor ucraniano-russo
do século XIX, e As Unhas, de Murilo Rubião, autor brasileiro do século XX.
Analisaremos como as narrativas se desenvolvem no fantástico, como são
construídas críticas a partir de uma leitura alegórica delas e como ambas
representam a sociedade em que estão inseridas. A literatura fantástica,
geralmente, apresenta relações com o mundo, diferentemente do conceito
popular de fantasia como distanciamento do real. Essa ligação, muitas das
vezes, serve para denunciar as anormalidades do mundo. Muitos autores
trabalharam com críticas a sociedade ao longo do tempo. Embora Nikolai
Gogol e Murilo Rubião pertençam a diferentes séculos e continentes, as
narrativas selecionadas de ambos são classificadas como fantásticas.
Inicialmente, nossa pesquisa é desenvolvida a partir do levantamento da
fortuna crítica dos autores e como eles trabalhavam o fantástico como uma
forma de crítica. Em seguida, nos deteremos na análise do texto, destacando
pontos que despertam uma leitura alegórica que combine com fatores sociais
contemporâneos e do século XIX para, assim, detectar e classificar a(s)
crítica(s) apresentada(s). De acordo com Jean-Paul Sartre (2005), o artista persiste onde o filósofo desiste, assim, pretendemos compreender a concepção de mundo expressa nas narrativas dos autores. Nosso estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica, na qual utilizamos o método comparativo de forma qualitativa. Como pressupostos teóricos para o presente estudo, apresentamos: Tzvetan Todorov (2017), David Roas (2014), Jean-Paul Sartre (2005); sobre a alegoria na literatura: Walter Benjamim (2011) e João Adolfo Hansen (2006).
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