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RAFAEL AGUIAR MARINHO
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Diversidade e Interação de Insetos Galhadores na Caatinga
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Data: 23/11/2022
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Hora: 14:00
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As galhas são alterações do tecido vegetal de plantas hospedeiras desencadeadas
principalmente por insetos. Neste contexto, esta tese de Doutorado conduziu um
levantamento sobre a ocorrência de galhas em remanescentes de Caatinga e modelou
hipóteses para explicar a riqueza de galhas em ambientes conservados e degradados.
Assim, a tese se dividiu em dois capítulos principais. No primeiro capítulo realizei um
levantamento e caracterização de galhas entomógenas em remanescentes de caatinga
presentes na Depressão Sertaneja Setentrional. Foram selecionados dois sítios no estado
da Paraíba, dois no Rio Grande do Norte e dois no Ceará. A amostragem das galhas e de
suas plantas hospedeiras foi conduzida durante os períodos chuvosos, de fevereiro a junho
de 2019, e de fevereiro a maio de 2021. Identificamos 41 morfotipos de galhas em 24
espécies de plantas, pertencentes a 12 famílias botânicas. A Família Fabaceae abrigou
29,2% (n= 12) do total de morfotipos de galhas encontrados. As folhas (61%) e os caules (25%) foram os órgãos mais atacados. A maioria dos morfotipos é glabra (75,6%),
enquanto apenas 24,4% exibiram tricomas. As galhas, em sua maioria, foram induzidas
por insetos da família Cecidomyiidae. A fauna associada compreendeu sucessores,
cecidófagos, inquilinos e parasitoides. Os primeiros foram encontrados em quatro
morfotipos de galhas, estando representados por aranhas e quatro ordens de insetos:
Hemiptera, Coleoptera, Lepidoptera e Hymenoptera (Formicidae). Os inquilinos foram
representados por Tanaostigmoides Ashmead, 1896 (Tanaostigmatidae). Já os
parasitoides, encontrados em 18 morfotipos de galhas (43,9%), foram representados por
seis famílias de Hymenoptera. Todos os registros de galhas são novas referências para a
Depressão Sertaneja Setentrional nos estados estudados. No segundo capítulo, abordei
modelos ecológicos que explicam a abundancia e riqueza de plantas bem como a
abundancia e riqueza de insetos galhadores. Os modelos para riqueza de planta e
galhadores foram construídos utilizando a distribuição de erro de Poisson, enquanto os
modelos de abundância de plantas e galhadores utilizaram a distribuição binomial
negativa. Para a seleção das áreas de amostragem, foi utilizado o HumanFootPrint (HFP)
que é um índice que mede o impacto humano na superfície não antártica da Terra. Assim,
selecionamos um total de seis áreas, onde três foram consideradas com baixa impacto
(HFP < 5) e outras três com alto impacto humano (HFP > 19). Registramos um total de
66 espécies botânicas para as seis áreas amostradas. Descobrimos que nas áreas menos
impactadas, a riqueza de plantas e galhas é maior do que nas áreas mais impactadas. O
mesmo ocorreu com a composição de plantas e galhas que foram significativamente
diferentes entre os ambientes. A composição de plantas hospedeiras direcionaram a
composição dos insetos galhadores nos ambientes mais conservados.
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GUSTAVO LIMA URBIETA
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Moscas ectoparasitas (Diptera, Streblidae) de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em cavernas do Nordeste do Brasil, com ênfase no bioma da Caatinga
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Data: 29/09/2022
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Hora: 08:30
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Cavidades subterrâneas oferecem aos morcegos abrigo, proteção e
estabilidade de condições para reprodução e socialização. Dentre outros
organismos associados aos morcegos, as moscas ectoparasitas também são
favorecidas pelo ambiente das cavidades e estão intimamente associadas a esses mamíferos, embora aspectos biológicos sobre essa associação sejam
pouco conhecidos. Em particular, há ausência de estudos comparativos
sobre as associações de assembleias de morcegos cavernícolas e de suas
moscas ectoparasitas em cavernas quentes (hot caves ou cuevas
calientes, cavidades com populações grandes de morcegos e condições
únicas de temperatura e umidade, dentre outras características) e cavernas
frias (cold caves, cavidades com grandes populações de morcegos)
incluindo possíveis efeitos da variação desses ambientes nessa relação
parasitária. Portanto, o objetivo dessa tese foi caracterizar as interações
entre morcegos e moscas ectoparasitas em cavernas e avaliar se essas
variam em diferentes cavidades. Para tal, capturamos 700 morcegos (19
espécies) e coletamos 1,412 moscas ectoparasitas (29 espécies) ao longo
de 16 cavernas na região Nordeste do Brasil. Os resultados e discussões
do objetivo central estão distribuídos em três capítulos. No Capítulo I,
investigamos informações publicadas sobre interação morcego-mosca em
poleiros (i.e., cavernas, construções humanas) e avaliamos os padrões
globais de coautoria para identificar tendências de novos estudos. No
Capítulo II, testamos o efeito de variáveis microclimáticas e tipo de
cavernas (i.e., hot e cold caves) no parasitismo de estreblídeos em
morcegos. Por fim, no Capítulo III, descrevemos e comparamos a
topologia, a especialização e força das espécies nas redes de interações
morcegos-moscas em escala local (i.e., hot e cold caves) e regional (meta-
network). Nossos achados evidenciam que a composição de morcegos e
moscas ectoparasitas em ambientes cavernícolas são altamente específicas
e apresentam estruturação ecológica dependente da caverna. Sobretudo,
para hot caves, onde há fenômenos ecológicos específicos nas relações
parasitárias. E, por isso, as cavernas necessitam de estratégias de
conservação que considerem todos da comunidade, inclusive as moscas
ectoparasitas.
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NICOLAS EUGENIO DE VASCONCELOS SARAIVA
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Taxonomia e sistemática dos gêneros Gaibulus Roewer, 1943, Iguarassua Roewer, 1943, Kaapora Pinto-da-Rocha, 1997 (Opiliones: Stygnidae) e espécies relacionadas, da Floresta Atlântica costeira do Nordeste.
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Data: 31/08/2022
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Hora: 09:00
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Stygnidae é a quarta maior família dentro de Gonyleptoidea, e é caracterizada por
corpos retangulares, olhos separados em duas elevações e pedipalpos geralmente longos
e finos. Exclusivamente neotropical, a maior parte da sua diversidade está no Brasil,
sobretudo na Amazônia e Mata Atlântica. Três gêneros monotípicos, Gaibulus Roewer,
1943, Iguarassua Roewer, 1943 e Kaapora Pinto-da-Rocha, 1997, se distinguem dos
demais da família por seu tamanho reduzido e ocorrência restrita à serrapilheira das
matas. São predominantemente distribuídos para o estado de Pernambuco, no entanto,
coletas realizadas no Nordeste sugerem uma maior riqueza e provável proximidade
filogenética. Na revisão da família, apenas Gaibulus schubarti foi incluída em análises
filogenéticas com o grupo, recebendo status de incertae sedis, enquanto Iguarassua schuabarti e Kaapora minutissimus não fizeram parte da análise por apresentar,
respectivamente, série típica composta por fêmeas e por sua série típica não ter sido
localizada na época da revisão. Portanto, o trabalho teve como objetivo registrar e
descrever essas possíveis novas espécies; revisar o status taxonômico de K.
minutissimus; propor uma nova hipótese filogenética que inclua as espécies descritas e
não descritas para o grupo hipotetizado, usando caracteres morfológicos e moleculares
(COI, 12S, 16S, 28S e H3); e, a partir disso, realizar análises de tempo de divergência
para discutir os padrões de distribuição observados, considerando a relação histórica das
áreas de endemismo da nossa região. Para tal, foram examinados espécimes
provenientes de empréstimos e de coletas realizadas em regiões da Floresta Atlântica
costeira ao Norte do Rio São Francisco. Treze novas espécies são descritas, distribuídas
em Iguarassua, Gaibulus e dois novos gêneros. Além dessas, foram realizadas
descrições de exemplares machos de I. schubarti e sinonimização de Kaapora com
Iguarassua. A análise cladística com pesagem implícita dos caracteres resgatou uma
topologia mais estável, na qual a hipótese inicial de monofilia para o grande grupo de
espécies aqui descritas não foi resgatada, com Verrucastygnus hoeferscovitorum
surgindo dentro dessa linhagem. Com esse resultado quatro gêneros foram
reconhecidos: Gaibulus (oito espécies), Iguarassua (quatro espécies), Gen nov. 1 (uma
espécie) e Gen nov. 2 (duas espécies). A análise molecular de máxima verossimilhança,
realizada com os terminais que pudemos sequenciar, resgatou a monofilia do grupo com
o respectivo ramo sustentado por um índice de bootstrap de 0,968. Apesar da diferença
de representatividade entre as análises filogenéticas, os resultados encontrados indicam
uma maior proximidade evolutiva entre essas espécies, que até então foram pouco
consideradas ao longo dos estudos filogenéticos com a família. Além disso, as novas
espécies descritas ratificam o padrão de diversidade da Área de Endemismo de
Pernambuco.
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BRENO FALCÃO DE CARVALHO
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ECOLOGIA DA TAXOCENOSE DE LAGARTOS NA SERRA VERMELHA: DESVENDANDO PADRÕES DE DIVERSIDADE E USO DO RECURSO EM UMA ÁREA DE TRANSIÇÃO ENTRE OS BIOMAS CAATINGA E CERRADO NO NORDESTE DO BRASIL
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Data: 31/08/2022
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Hora: 08:00
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Uma comunidade é considerada estruturada quando as espécies que a compõem utilizam o recurso disponível de forma não aleatória. Diversos fatores podem estar relacionados a presença de estrutura, assim, desvendar os padrões que dão forma uma comunidade é do interesse de todos os ecólogos. Com apoio do projeto Passado, presente e futuro da Caatinga: história, ecologia e conservação da herpetofauna frente às mudanças ambientais, amostramos a herpetofauna da Serra Vermelha (Redenção do Gurguéia - Piauí), região localizada na transição entre os biomas Caatinga e Cerrado no Nordeste do Brasil. Utilizando a taxocenose de lagartos como modelo, investigamos os padrões de interação e ocorrência das espécies valendo-se de parâmetros espaciais, climáticos, tróficos e morfológicos, abordando a ecologia da taxocenose em dois capítulos. Primeiramente, investigamos o padrão de organização do uso de recurso pelos lagartos, e a influência histórica/recente nos padrões observados em um capítulo intitulado Padrão de Uso de Recursos dos Lagartos na Serra Vermelha: Efeito Histórico/Recente na Estrutura da Taxocenose em uma Área De Transição Entre Biomas Caatinga e Cerrado no Nordeste Do Brasil. No segundo capítulo, avaliamos a variação de riqueza e abundância das
espécies considerando um gradiente ambiental aberto-florestado em um capítulo intitulado Efeito da Variação do Micro-habitat na Ocorrência de Lagartos na Serra Vermelha, Área de transição entre biomas Caatinga e Cerrado no Nordeste do Brasil.
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FELIPE JARDELINO ELOI
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Impactos Causados por Linha de Transmissão na Fauna Silvestre Nordestina
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Orientador : HELDER FARIAS PEREIRA DE ARAUJO
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Data: 30/08/2022
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Hora: 14:00
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Linhas de Transmissão podem representar obstáculos para as aves e
oferecer risco de colisão. Acidentes com essas estruturas podem ocorrer
devido à influência de fatores biológicos, como envergadura, tamanho e
comportamento gregário, ou de fatores ambientais como a presença de
áreas alagadas e a presença de fragmentos florestais. O presente estudo
tem como objetivo avaliar quais os fatores que podem potencializar o risco
de colisão da avifauna com os cabos aéreos de LTs em operação no
nordeste brasileiro, assim como testar a eficiência de sinalizadores
anticolisão e o impacto desse tipo de empreendimento na fauna silvestre
local. As métricas de paisagem foram testadas em escalas de influência de
250m e 500m a partir do centro dos trechos observados. Foi possível
observar que a escala de 500m foi capaz de indicar com mais precisão os
fatores ambientais que potencializam o risco de colisão, sendo o mais
determinante a composição de corpos dágua, principalmente quando
combinado com a presença de fragmentos florestais próximos. O
comportamento gregário foi o fator biológico que apresentou mais
influência sobre o risco de colisão. A eficiência dos sinalizadores foi
testada em abordagem temporal, testando o efeito antes e depois da
instalação dos aparelhos, e sincrônica, com trechos da LT sinalizados e
trechos controle. Análises de GLM não foram capazes de identificar o
efeito dos sinalizadores sobre os indicadores de colisão, indicando que
outros modelos podem apresentar melhor resposta para a avifauna local.
Também não foi possível detectar efeito do empreendimento quanto à
composição da macrofauna de vertebrados terrestres, tendo fatores
ambientais, como distância geográfica e precipitação, exercido maior
influência nos parâmetros de biodiversidades avaliados.
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FERNANDA VIRGINIA ALBUQUERQUE DA SILVA
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Interação trófica entre grandes peixes pelágicos no arquipélago São Pedro e São Paulo utilizando analises de isótopos estáveis
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Orientador : RICARDO DE SOUZA ROSA
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Data: 30/08/2022
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Hora: 10:00
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Os grandes pelágicos desempenham um papel importante no ecossistema marinho, ocupando os níveis tróficos mais altos das cadeias alimentares. Predadores de topo de cadeia alimentar são considerados espécies-chave na manutenção e estrutura de diversos ecossistemas, através de efeito regulatório das populações situadas em nichos inferiores. Os estudos de ecologia trófica são indispensáveis para a compreensão do papel exercido pelas diversas espécies no cossistema aquático, pois indicam como elas se relacionam na partilha de recursos, evidenciando indiretamente como funciona o fluxo de energia dentro da comunidade e permitindo, assim, compreender os efeitos da competição e predação sobre a estrutura das redes tróficas. Neste sentido as análises de isótopos estáveis tem se tornado uma alternativa eficiente no omplemento de informações tróficas, pois é um marcador biogeoquimico capaz de examinar as relações tróficas a longo prazo, de modo a refletir os nutrientes assimilados O arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) é uma importante área de concentração de peixes pelágicos de
importância ecológica e econômica, portanto faz-se necessária a realização de estudos sobre a biologia das espécies capturadas, com vistas não somente a assegurar a sua conservação, mas, sobretudo, para compreender os possíveis impactos da atividade pesqueira no ecossistema insular, aspecto em relação ao qual uma adequada compreensão das relações tróficas adquire particular relevância. A presente tese busca compreender a dinâmica trófica a partir da utilização de traçadores bioquímicos, isótopos estáveis, na população de dois grupos funcionais distintos e de interesse no ASPSP. No Capítulo 1 testamos a hipótese de que os peixes pelágicos de interesse econômico partilham dos recursos disponíveis em torno do ASPSP, a partir de estratégias de consumo diferentes fontes de presas. A partir das assinaturas de δ15N e δ13C, foi possível observar que as espécies utilizam distintas estratégias alimentares em virtude da vasta diversidade de organismos marinhos disponíveis no ambiente insular, no intuito de minimizar a
competição e aumentar o ganho energético. Essas descobertas são de fundamental importância para o entendimento das complexas interações ocorrentes dentro de uma teia alimentar e apresenta resultados relevantes que podem ser empregados na gestão ecossistêmica da comunidade oceânica de predadores e da pesca. No Capítulo 2 foi testada a hipótese de que os tubarões mantem sua função ecológica, como predador de topo, no ASPSP. Por meio das análises de isótopos estáveis, uma ferramenta não letal, observamos que os tubarões apresentaram assinaturas isotópicas de δ15N altas, compatível com predadores de topo. E que apesar da alta sobreposição dos nichos isotópicos, sugerindo competição pelos recursos, os tubarões lombo-preto e de galápagos apresentaram uma segregação a partir de diferentes estratégias na utilização do espaço e no tempo. Com base nos nossos resultados enfatizamos a importância dos estudos de ecologia trófica dos grandes peixes pelágicos pois desempenham papel de predadores terciários e quaternários no ASPSP, sendo importantes na regulação e manutenção de níveis tróficos inferiores. Fornecendo subsídios para a gestão dos recursos nesse
ecossistema insular tão singular. Enfatizamos também a importância de métodos de estudos não letais para a compreensão da biologia e ecologia dos peixes pelágicos, sobretudo de espécies que estão sujeitas a ameaça, como os tubarões.
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LEANDRO ALVES DA SILVA
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Revelando novas espécies e abordando padrões de diversificação de anfíbios na região Neotropical por meio de dados morfológicos, moleculares e acústicos
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Data: 30/08/2022
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Hora: 08:00
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A dificuldade de descrever apropriadamente a riqueza de espécies do globo (Linnean
shortfall), bem como a imperfeita compreensão da distribuição das espécies no espaço
(Wallacean shortfall), comprometem severamente o nosso entendimento sobre padrões
de biodiversidade. Esse problema é especialmente evidente em áreas
megadiversificadas, como o Neotrópico. Apesar de abrigar a mais rica anurofauna do
mundo, essa região ainda apresenta muitas lacunas de conhecimento, tanto geográficas
quanto taxonômicas. A presente tese se propõe a preencher algumas dessas lacunas,
investigando a taxonomia e a história evolutiva de diferentes grupos de anuros com ocorrência no Neotrópico. Para tal, utilizamos evidências bioacústicas, moleculares e
morfológicas. No Capítulo 1 apresentamos o maior barcoding do clado Scinax ruber
(Hylidae) baseado em um fragmento do mtDNA 16S. Nosso dataset molecular consistiu
em 561 sequências geradas pelo presente estudo e 870 provenientes do GenBank, onde
ao menos 47 (~61%) espécies nominais atribuídas ao clado foram contempladas.
Nossos resultados apontam níveis de subestimação do clado S. ruber de até 39%. Na
maioria dos casos, essa diversidade escondida foi associada a complexos de espécies
cujas espécies nominais eram consideradas amplamente distribuídas (e.g. complexos S.
ruber, S. nasicus e S. fuscomarginatus). Algumas das linhagens geneticamente
divergentes aqui recuperadas podem corresponder a espécies atualmente sinonimizadas
(e.g. Hyla affinis, H. leucotaenia e Ololygon trilineata), enquanto outras são
potencialmente novas para a ciência (e.g. S. aff. x-signatus e S. aff. tropicalia). Por
outro lado, também observamos que algumas espécies atualmente válidas foram
geneticamente indistinguíveis entre si de acordo com os métodos de delimitação aqui
utilizados (e.g. S. funereus e S. iquitorum). A delimitação de espécies através de dados
moleculares representa uma eficiente ferramenta para explorar a diversidade de grupos
de organismos. Porém, diferentes linhas de evidência (e.g. moleculares e morfológicas)
podem gerar interpretações conflitantes. Por esse motivo, é importante uma verificação
caso-a-caso das linhagens genéticas recuperadas no presente estudo para garantir
decisões taxonômicas mais adequadas. No Capítulo 2, investigamos a taxonomia e as
relações filogenéticas do complexo de espécies Leptodactylus mystaceus
(Leptodactylidae), onde descrevemos três espécies (uma para o Cerrado central e duas
para a Mata Atlântica do sudeste) e diagnosticamos uma linhagem geneticamente
divergente que permanece não descrita, amplamente distribuída na diagonal aberta. No
Capítulo 3, descrevemos uma nova espécie de Pseudopaludicola (Leptodactylidae) do
oeste do estado do Tocantins, proximamente relacionada e acusticamente similar à P.
jazmynmcdonaldae e P. mystacalis. A nova espécie também produz canto de anúncio
similar ao apresentado por P. atragula. Porém, dados acústicos e moleculares separam
as quatro espécies mencionadas. No Capítulo 4 descrevemos uma nova espécie do
gênero Allobates (Aromobatidae) do sul da Amazônia. A maioria das espécies aqui
abordadas apresentam morfologias bastante conservadas, de modo que o emprego em
conjunto de análises acústicas, moleculares e morfológicas foi fundamental para abordar
os respectivos status taxonômicos das espécies. Os resultados obtidos pela presente tese
ressaltam uma situação de severa subestimação no número de espécies de anfíbios do
Neotrópico, algo especialmente preocupante quando se considera o atual cenário de
acelerada destruição de hábitats naturais e desmantelamento de políticas públicas.
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NAYLA FÁBIA FERREIRA DO NASCIMENTO
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Dinâmica da Diversificação de Aves Endêmicas no Nordeste do Brasil
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Orientador : HELDER FARIAS PEREIRA DE ARAUJO
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Data: 29/08/2022
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Hora: 14:00
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No nordeste do Brasil ocorre o maior núcleo de Florestas Estacionais Deciduais Secas da América do Sul, a Caatinga (CA), e a porção norte da Floresta Atlântica (NFA). Diante disso, surge a oportunidade de testar hipóteses relacionadas a diversificação de táxons endêmicos sob a premissa que uma encruzilhada de histórias e processos caracteriza a dinâmica de diversificação nessa região. Para isso, usamos informações filogenéticas, dados de distribuição geográfica, reconstrução de área ancestral e testes de divergência de nicho de quinze espécies de aves endêmicas de CA e NFA. A tese está estruturada em três capítulos da seguinte forma: 1) um sobre diversificação de endemismos de aves na CA, cujo os resultados sugerem que um longo tempo de diversificação em múltiplos clados suporta uma diversidade acumulada de endemismos na Caatinga; 2) um sobre o papel da divergência ecológica nessa diversificação, onde testa-se a influência da divergência de nicho na especiação dos endemismos; e 3) sobre diversificação de endemismos de aves no NFA, cujo os resultados suportam associações com linhagens irmãs na porção sul da FA e na Amazônia. Esses resultados demonstram que a diversidade de endemismos de aves na região nordeste do Brasil é resultado de uma dinâmica biogeográfica complexa oriunda de um longo tempo de diversificação.
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RAFAEL MENEZES ROBERTO
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Uso de habitat, estrutura de estoque e revisão bibliográfica do dentão (Lutjanus jocu) no Brasil: subsídios para o manejo pesqueiro e conservação
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Data: 12/08/2022
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Hora: 09:30
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Recursos pesqueiros no Brasil estão atingindo níveis alarmantes de sobre-exploração, resultantes da falta de manejo de pesca apoiado por estatística de desembarque. A presente tese busca entender importantes questões ecológicas do dentão (Lutjanus jocu) aplicadas ao manejo da pesca em diferentes escalas espaciais no Brasil, tais como local (Banco dos Abrolhos, sul da Bahia), regional (Nordeste) e de província (Província Brasileira). No Capítulo 1 testamos a hipótese que L. jocu possui padrões diferenciados de uso de habitat no Banco dos Abrolhos, inferidos a partir da composição química nos otólitos. Razões de Ba/Ca nos otólitos permitiram identificar dois adrões de uso de hábitats: residentes marinhos (indivíduos habitam sistemas marinhos durante toda vida) e migrantes marinhos (jovens habitam estuários e se deslocam aos sistemas marinhos com o tempo). No Capítulo 2 objetivamos identificar estoques pesqueiros de L. jocu ao longo de quatro estados (Maranhão, Ceará, Paraíba e sul da Bahia) que perfazem a maior extensão da costa nordestina do Brasil, usando a análise da forma de otólitos
como marcador natural de estoques. Uma alta conectividade espacial entre estoques de L. jocu foi registrada ao largo da costa nordeste, com tendências de isolamento para o Maranhão e sul da Bahia. Já no Capítulo 3 compilamos dados de literatura sobre L. jocu ao longo da Província Brasileira a fim de identificar lacunas de conhecimento e assim direcionar estudos futuros. Evidenciamos um viés na disponibilidade de dados sobre a espécie, sendo abundantes no Nordeste e escassos ou mesmo ausentes nas outras regiões. Baseado nas informações compiladas, propusemos um manejo de pesca de baixo-custo para L. jocu com três principais iniciativas: i) mapeamento das áreas de pesca e de agregação reprodutiva através de pesquisa colaborativa; ii) regulamento de tamanhos de captura apoiado por certificação ambiental; e iii) monitoramento pesqueiro baseado em ciência cidadã. Nossas descobertas têm implicações profundas para o manejo de pesca e conservação de L. jocu, tais como expandir a proteção para os recifes costeiros do Banco dos Abrolhos (Cap.1); subsidiar um manejo baseado em estoque ao longo da região nordeste (Cap.2); e fornecer um modelo de baixo-custo para o manejo
pesqueiro em toda a Província Brasileira (Cap.3).
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MARCELO ARAGÃO DE BRITO FILHO
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ECOLOGIA DE Micrablepharus (SQUAMATA, GYMNOPHTHALMIDAE): AUTOECOLOGIA DE Micrablepharus
atticolus NO CERRADO E ECOLOGIA GEOGRÁFICA DE Micrablepharus maximiliani EM AMBIENTES DE CERRADO, CAATINGA E TABULEIROS DA FLORESTA ATLÂNTICA.
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Orientador : DANIEL OLIVEIRA MESQUITA
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Data: 30/06/2022
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Hora: 08:30
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Lagartos são excelentes para realização de estudos ecológicos devido a sua captura relativamente fácil e considerável abundância. Estudos autoecológicos fornecem informações sobre a história de vida de uma espécie, o que permitem a compreensão de sua história evolutiva e também auxiliam na elaboração de ações para sua conservação. Diferentes populações de lagartos podem apresentar diferenças ecológicas diferentes. Essas variações indicam influências ambientais na ecologia. Por outro lado, a ausência de variação indica conservatismo genético da característica. Micrablepharus geralmente apresenta considerável abundância em suas áreas de ocorrência, sendo uma boa escolha para realização de estudos ecológicos. Micrablepharus maximiliani tem ampla faixa de ocorrência na região neotropical, sendo uma ótima espécie para estudos de variação geográfica da
ecologia. Essa Dissertação está dividida em dois capítulos. O primeiro é um estudo de autoecologia de Micrablepharus atticolus, onde descrevemos a ecologia da espécie a partir de dados de morfometria, dieta e reprodução, e testamos as hipóteses de que (1) a espécie possui dimorfismo sexual no tamanho e forma do corpo; (2) os sexos apresentam dietas diferentes; e (3)
fêmeas maiores produzem ovos maiores. O segundo é um estudo da variação geográfica da ecologia de M. maximiliani em ambientes de Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, e testamos as hipóteses de que (1) as populações apresentam diferenças no dimorfismo sexual; (2) na dieta; e (3) na reprodução.
Encontramos dimorfismo sexual no tamanho do corpo em M. atticolus e M. maximiliani, com fêmeas maiores que machos, exceto em M. maximiliani no Cerrado. Encontramos dimorfismo sexual na forma do corpo, com CRC sendo a variável mais importante nas duas espécies, com fêmeas apresentando CRC maior, e cabeças e membros menores que machos. Em M. maximiliani, fêmeas da Caatinga foram maiores, e machos da Mata Atlântica, menores. Araneae, Blattodea e Orthoptera
representam 80% das presas consumidas por M. atticolus. Observamos conservatismo na dieta de M. maximiliani, que consumiu principalmente Araneae, Orthoptera e Blattodea nos três ambientes, além de Hemiptera no Cerrado e Isopetra na Caatinga. A Caatinga apresentou maior diferença na dieta, com mais categorias de presas, maior largura e menor sobreposição de nicho entre os biomas, enquanto que Mata Atlântica e Cerrado apresentaram sobreposição de nicho de dieta quase total. Ambas as espécies possuem ninhada fixa (dois ovos) e podem produzir ao menos duas ninhadas por estação reproduva, e majoritariamente na estação seca, com M. maximiliani possuindo
maior continuidade reprodutiva na Caatinga e Mata Atlântica, provavelmente devido ao menor período de chuvas no ano, na Caatinga, e menor efeito da sazonalidade na Mata Atlântica, e atividade reprodutiva restrita a um curto período no Cerrado, onde a sazonalidade das chuvas é bem delimitada e previsível.
Encontramos correlação positiva entre tamanho do corpo e volume da ninhada em M. atticolus, mas não em M. maximiliani.
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LEANDERSON DA SILVA SILVESTRE
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Mellita quinquiesperforata (Leske, 1778): desenvolvimento embrionário e larval e o fenótipo
de resistência a múltiplos xenobióticos (MXR)
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Data: 30/05/2022
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Hora: 15:00
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Os equinodermos têm contribuído para diversas áreas das ciências biológicas, e, mais
recentemente, têm sido utilizados como organismos modelo no campo da ecotoxicologia. A
Mellita quinquiesperforata é um ouriço-do-mar irregular com ampla distribuição geográfica
na costa brasileira. Entretanto, desconhecemos trabalhos sobre o seu padrão de
desenvolvimento embrionário, e como estes organismos lidam com estresses químicos. O
primeiro capítulo da dissertação teve por objetivo caracterizar o desenvolvimento embrionário
e larval durante as primeiras 72 horas após a fertilização (hpf). Os resultados mostraram um
padrão estrutural de desenvolvimento semelhantes às outras espécies da classe Echinoidea,
porém com um ritmo de progressão mais acelerado. O estágio de blástula foi atingido em 4
hpf e o processo de gastrulação foi iniciado 6 hpf, sendo concluído 12 hpf. O estágio larval
teve início antes das 24 hpf, atingindo o estágio de 8 braços 72 hpf. O intervalo de
desenvolvimento mais curto pode estar associado à adaptação e ocorrência da espécie em
ambientes mais hostis, principalmente em praias com características refletivas. No segundo
capítulo foi caracterizada a atividade dos transportadores ABC (tABC) em óvulos, embriões e
larvas de M. quinquiesperforata, e o fenótipo de resistência a múltiplos xenobióticos (MXR).
Para a investigação da atividade dos t-ABC foi utilizado o substrato fluorescente calceína-AM
e os bloqueadores farmacológicos específicos de proteínas das subfamílias ABCB (PSC833) e ABCC (MK571). A caracterização do fenótipo MXR foi realizada com o uso de dois
compostos embriotóxicos inibidores do ciclo celular e substratos de tABC (colchicina e
etoposídeo) na presença ou ausência dos bloqueadores dos tABC. Foi observado um aumento
do acúmulo intracelular de calceína na presença do bloqueador MK571 em todos os estágios
analisados (3 a 4 vezes em comparação ao grupo controle). Entretanto, o bloqueio da
atividade dos transportadores da subfamília ABCB foi menos efetivo no acúmulo da calceína,
com aumentos de até 2 vezes em relação ao grupo controle. Esses resultados sugerem a
prevalência da atividade dos transportadores ABCC em todos os estágios do desenvolvimento.
O bloqueio da atividade dos transportadores ABCB e ABCC aumentou a sensibilidade dos
embriões aos efeitos tóxicos da colchicina, com uma marcante retenção dos embriões no
estágio de zigoto. O mesmo efeito não foi observado para a sensibilidade ao etoposídeo, o que
pode estar correlacionado com a especificidade da interação entre os substratos tóxicos e os
tABC da espécie em estudo. O presente trabalho contribui para o conhecimento acerca do
desenvolvimento embrionário e larval da M. quinquiesperforata e, a partir da caracterização
do fenótipo MXR, aponta a referida espécie como um potencial organismo modelo para
estudos ecotoxicológicos em ambientes costeiros tropicais.
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MARCOS SILVA DE LIMA
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Estrutura da comunidade de micromoluscos terrestres no Parque Estadual Chandless, Sudoeste da Amazônia, Brasil.
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Data: 30/05/2022
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Hora: 10:00
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Estudos ecológicos sobre aspectos da estrutura das comunidades de micromoluscos terrestres em função de diferentes variáveis ambientais na Amazônia brasileira são inexistentes. Este trabalho teve como objetivo principal investigar a estrutura da comunidade de micromoluscos terrestres no Parque Estadual Chandless, localizado no
sudoeste da Amazônia brasileira. Um total de 58 quadrantes sobrepostos de 25, 50 e 75 cm² foram instalados ao longo de seis parcelas. Toda a serapilheira de cada quadrante foi coletada tendo em vista a obtenção de micromoluscos associados. A luminosidade incidindo sobre o solo, altura e peso da serrapilheira e temperatura do
solo e ambiente foram as principais variáveis ambientais empregadas nas análises. Uma análise de componentes principais com uma matriz de covariância foi empregada para determinar as variáveis ambientais mais relevantes. Na sequência, uma análise de correlação canônica (ACC) foi empregada para verificar a existência de correlações entre o conjunto de variáveis ambientais em função da riqueza e abundância de micromoluscos amostrados. Por fim, modelos lineares generalizados (MLGs) foram ajustados para avaliar a influência das variáveis preditoras na riqueza e abundância das variáveis de resposta de micromoluscos coletados. Coletamos 330 espécimes,
istribuídas em 34 espécies. A ACC demonstrou uma associação entre a altura da
serapilheira, temperatura e luminosidade com a riqueza e abundância das espécies coletadas, gerando 4 grupos de espécies que podem ser influenciados positivamente ou negativamente pelas variáveis. Os MLGs apontaram que apenas a abundância das espécies está sendo influenciada significativamente pelas variáveis ambientais. Nossos
resultados apontam uma relação significativa entre as variáveis ambientais e a abundância das espécies.
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JOÃO VICTOR LEMOS CAVALCANTE DE OLIVEIRA
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SISTEMÁTICA DE PARONELLIDAE BÖRNER,1906 (COLLEMBOLA, ENTOMOBRYOMORPHA) COM ÊNFASE NA TAXONOMIA DE CYPHODERINAE BÖRNER,1906
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Data: 17/05/2022
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Hora: 14:00
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Cyphoderinae representa uma subfamília da família Paronellidae, que atualmente compreende 12 gêneros e cerca de 140 espécies. O presente estudo avaliou o monofiletismo de Cyphoderinae. Investigamos relações filogenéticas entre 45 espécies, com representantes das famílias Orchesellidae, Entomobryidae e Paronellidae. Tanto a análise de parcimônia tradicional (traditional search), quanto a de caracteres ordenados (The New Technology TNT search) foram usadas na reconstrução filogenética. As análises cladísticas foram baseadas em levantamento morfológico abrangente dos adultos. A análise filogenética resultou no reconhecimento do monofiletismo de Cyphoderinae e Lepidocyrtinae e no parafiletismo dasfamílias Entomobryidae e Paronellidae.
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IGOR LOPES CORDEIRO
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Diversidade de esponjas ao longo de um gradiente de profundidade do Atlântico Sudoeste
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Orientador : BRAULIO ALMEIDA SANTOS
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Data: 29/04/2022
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Hora: 14:00
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Entender como a diversidade de espécies marinhas varia com a profundidade é um grande
desafio na ecologia moderna, especialmente em áreas com profundidade maior que 30
metros. A hipótese do aumento das esponjas prediz que a abundância e a diversidade de
esponjas aumentam em função da profundidade. Neste estudo, utilizamos vídeos
subaquáticos para testar essa hipótese em 24 localidades entre 2 e 62 metros de
profundidade. Além quantificar a abundância e descrever a composição das comunidades de
esponjas, decompomos a diversidade taxonômica gama (γ) em seus componentes alfa (α) e
beta (β). Também avaliamos se a diversidade beta é dada pela substituição de espécies
(turnover) ou pelo aninhamento das comunidades locais (nestedness). Foram identificadas
2020 esponjas marinhas, pertencentes a 36 espécies e a 24 gêneros, sendo 4 dessas espécies
novos registros para a Paraíba. Cerca de 50% das espécies que ocorreram em áreas rasas (<
30 m) ocorreram também em áreas profundas (>30 m). Corroborando com a hipótese, as
regiões profundas abrigaram maior abundância em relação às rasas, porém, isso não refletiu
em maior diversidade alfa de espécies raras (0Dα), típicas (1Dα) ou dominantes (2Dα). As
áreas rasas apresentaram maior diversidade beta que as profundas, especialmente para
espécies típicas (1Dβ) e dominantes (2Dβ). Entre 92,7% e 95,7% da diversidade foi dada por
substituição de espécies dentro e entre as áreas rasas e profundas. Os resultados indicam que
as áreas rasas e profundas se complementam biologicamente e devem ser manejadas e
conservadas de forma integrada.
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JOÃO PAULO NUNES DE ANDRADE PEREIRA
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HISTÓRIA DE VIDA E COMPORTAMENTO DE DICHOTOMIUS GUARIBENSIS (COLEOPTERA: SCARABAEIDAE: SCARABAEINAE): UM REPRESENTANTE DA FLORESTA ATLÂNTICA PARAIBANA
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Data: 26/04/2022
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Hora: 14:30
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O estudo do comportamento de Dichotomius guaribensis fornece
informações relevantes sobre seu papel e interações ecológicas onde ocorre,
tendo como finalidade a aplicação desses conhecimentos na conservação da
Floresta Atlântica. O presente trabalho objetivou conhecer aspectos do
comportamento alimentar e reprodutivo de D. guaribensis. As coletas
foram realizadas em quatro fragmentos de Floresta Atlântica da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Foram obtidos 30 casais de
besouros, que foram criados individualmente em terrários feitos a partir de
garrafas PET 5L no Laboratório de Ecologia e Conservação (LEAC),
dentro de um desses fragmentos. Após cerca de 100h de observação do tipo
ad libitum, foi produzido um etograma dos comportamentos de D.
guaribensis. A partir desse etograma foi produzido uma tabela de
checagem, utilizada na quantificação desses comportamentos, a fim de
obter suas frequências relativas. O método de utilizado nesta quantificação
foi o scan sampling, com modo de registro instantâneo. Para o
dimensionamento dos túneis de D. guaribensis, uma solução de gesso e
água foi disposta em túneis de terrários próprios para este experimento. O
tempo de sobrevivência foi analisado por meio do estimador Kaplan-Meier
(KM), com a comparação de curvas de sobrevivência de machos e fêmeas
realizada por meio do teste log-rank. Para a determinação do período de
atividade foi realizada uma Análise de Variância (ANOVA) e para avaliar a
estrutura populacional da espécie foi realizado um teste qui-quadrado. D.
guaribensis apresentou uma elevada longevidade, principalmente as
fêmeas, que apresentaram diferença de sobrevivência significativa em
relação aos machos. A espécie foi classificada como crepuscular-noturna,
com um pico de atividade entre 17h00 e 19h00, com máxima atividade no
crepúsculo, 17h30 18h30. Em média, os túneis de D. guaribensis
apresentaram um diâmetro externo de 1,89cm ±0,57 e diâmetro interno de
1,21cm ±0,21. Os túneis presentaram medianas de comprimento e
profundidade de 8cm (máxima de 19,1cm) e 7,35cm (máxima de 17,05cm),
respectivamente, havendo registros de cinco túneis com ramificações. Os
comportamentos mais frequentes da espécie foram enterrado e guarda,
que ocorreram respectivamente em cerca de 84% e 10% das vezes em que
esses besouros foram observados. Comportamentos como guarda,
forrageamento, emissão de semioquímicos e alocação de recurso foram
exercidos por machos em frequências mais elevadas em relação às fêmeas.
Houve o primeiro registro de um possível comportamento de emissão de
semioquímicos, realizado exclusivamente pelos machos de D. guaribensis.
Não foram observados fragmentos ninho e nascimento de novos indivíduos,
uma possível consequência de um ambiente em cativeiro, que não possui
todos os recursos disponíveis no ambiente natural do besouro. O presente
trabalho traz conhecimentos a respeito dos comportamentos alimentares e
reprodutivos de Dichotomius guaribensis, possibilitando um melhor
entendimento de alguns aspectos comportamentais inerentes da espécie.
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GIBRAN ANDERSON OLIVEIRA DA SILVA
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Efeitos das mudanças climáticas sobre padrões de diversidade de mamíferos não-voadores da Caatinga
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Data: 30/03/2022
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Hora: 08:00
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O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas prevê um aumento de até 4,8°C para 2100. As regiões afetadas podem se
tornar gradualmente empobrecidas, homogeneizadas e conduzidas à desertificação. Nosso objetivo aqui é avaliar os efeitos das mudanças climáticas sobre
o padrão de diversidade de mamíferos não-voadores da Caatinga através das variáveis operacionais de diversidade alfa e beta. Para isso nós compilamos e
fizemos a curadoria de um banco de dados com 95 espécies e 20.497 ocorrências. Nós construímos Modelos de Nicho Ecológico (ENMs) com 19 variáveis
bioclimáticas (WorldClim) transformadas via Análise de Componentes Principais (PCA) para remover a colinearidade entre os preditores. Nós modelamos
a adequabilidade de habitat para 2060 e 2100 utilizando os Caminhos Socioeconômicos Compartilhados otimista (SSP 245) e pessimista (SSP 585), quatro
Modelos de Circulação Generalizada e cinco algoritmos (BioClim, GAM, GLM, Maxent e Random Forest) na resolução espacial de 5 arc-minutos. Nós
avaliamos a performance dos modelos através do índice de similaridade de Jaccard e geramos o modelo consenso através da média ponderada por meio de
validação cruzada de 4-partes, usando 75% dos dados para treinamento e 25% para teste. Para binarização do modelo consenso utilizamos a média do
limiar de binarização de cada algoritmo ponderada pela respectiva performance conforme o índice de Jaccard. Nós utilizamos os mapas binarizados para
computar a diversidade beta espacial entre cada célula focal e quatro células vizinhas. Os índices de riqueza de espécies e a diversidade beta do futuro
foram subtraídos pelos valores do modelo do tempo presente.
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VITÓRIA MARIA MOREIRA DE LIMA
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Ecologia trófica da ictiofauna do Rio Jaguaribe no cenário da transposição do Rio São Francisco, Nordeste, Brasil
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Data: 08/03/2022
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Hora: 10:00
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Neste estudo serão avaliadas dieta e estrutura trófica da ictiofauna da bacia do Rio
Jaguaribe, um dos maiores rios temporários do mundo, em escala temporal e espacial. As
coletas foram realizadas no momento anterior imediato à chegada das águas da transposição
do Rio São Francisco, sendo assim, o ambiente aqui exposto já não existe mais na natureza
da forma que o descrevemos. As amostragens foram realizadas em períodos de estiagem
(out/2019) e chuvoso (mar/2020) no decorrer da bacia, nas porções alta, média e baixa,
totalizando nove pontos de coleta. Os métodos de coleta foram padronizados em redes de
arrasto e tarrafas para os peixes, e o ambiente aquático foi caracterizado através da obtenção
de variáveis físicas, químicas e análises de nutrientes. Dentre as 40 espécies de peixes
coletadas, 26 tiveram seus itens alimentares analisados através do método volumétrico, e
foram agrupados em 10 recursos alimentares, que classificarão as guildas tróficas: Insetos,
Collembola, Bivalvia, Gastropoda, Decapoda, Microcrustáceos, Peixes, Algas, Vegetal
superior e Detrito. Para as análises de dieta, os volumes dos itens alimentares (mL) serão
avaliados com Análise De Variância Permutacional (PERMANOVA), e a amplitude de
nicho através de uma Análise de Dispersão Multivariada com Permutação (PERMDISP),
ambas utilizando a distância de BrayCurtis como medida de similaridade. Para a estrutura
trófica, serão determinadas a abundância e a riqueza das espécies por guilda trófica, e
comparadas a nível temporal e espacial para avaliação da presença de um gradiente
longitudinal. A visualização das diferenças encontradas se dará com Análise de
Coordenadas Principais (PCoA)
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WENDELL RODRIGUES
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Amostragem de insetos (HEXAPODA: INSECTA) em fragmentos de Mata Atlântica utilizando pan traps
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Orientador : CELSO FEITOSA MARTINS
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Data: 28/02/2022
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Hora: 09:00
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A fragmentação de habitat é uma das principais causas do declínio de populações naturais. Focando no grupo das abelhas (Anthophila) e nas ordens de insetos em geral, foram comparadas a abundância e ocorrência desses grupos em fragmentos de mata ainda remanescentes na área metropolitana de João Pessoa (PB), utilizando pan traps, um método comumente utilizado para amostragem de abelhas em áreas abertas. Armadilhas do tipo pan traps nas cores amarela, azul e branca, contendo uma solução de água e detergente foram utilizadas. O método permite a padronização da amostragem e neste estudo foi utilizado pela primeira vez no interior de fragmentos de mata na região metropolitana de João Pessoa. Foram amostrados oito fragmentos de Mata Atlântica escolhidos por apresentarem algum tipo de legislação protetora e por serem utilizados em outros estudos de fauna. As diferentes áreas foram amostradas em três repetições e em cada coleta 24 armadilhas (12 na borda e 12 no interior) foram instaladas no chão, totalizando 568 amostras. Como resultado, obteve-se 5379 insetos. A área do Jardim Botânico da Mata do Buraquinho teve o maior número de insetos coletados (841), enquanto o Parque Natural Municipal do Cuiá apresentou o menor número (465). Entretanto, comparando estatisticamente os insetos capturados em cada área nas três campanhas, não foi detectada diferença significativa entre os fragmentos. Entre 10 ordens coletadas, os táxons mais abundantes foram Diptera (predominando Cecidomyiidae, Phoridae e Scaridae) e Hymenoptera (predominando Formicidae). Diptera e Hymenoptera juntos compuseram 87,6% do total de insetos coletados. No total, foi coletado um número significativamente maior de insetos na borda dos fragmentos (3315) que no interior (2064). Também foi verificada diferença entre o número de insetos coletados em cada cor de armadilha, significativamente maior nas armadilhas amarelas. Analisando o número de indivíduos coletados nas três cores de armadilhas por ordem de inseto, foram encontradas diferenças significativas apenas nas ordens Coleoptera, Diptera e Hymenoptera, com predominância nas armadilhas amarelas. Com o propósito de comparar com as amostras coletadas no chão, foram utilizadas pan traps no dossel, a uma altura média de 20m, no Jardim Botânico da Mata do Buraquinho. Foram feitas nove repetições, cada uma com seis armadilhas, totalizando 50 amostras e 1553 espécimes obtidos. O número total de insetos coletados em função do esforço amostral foi significativamente maior nas armadilhas no dossel comparadas com aquelas no chão, principalmente nos Diptera e Hemiptera. Nos Hymenoptera ocorreu o inverso, sendo mais coletados no chão devido à predominância de Formicidae. Entretanto, os Anthophila foram aproximadamente 12 vezes mais abundantes no dossel. Foram coletadas 16 espécies de Anthophila nas armadilhas de chão e dossel. Entretanto, apenas três espécies ocorreram nos dois tipos de armadilhas, sete ocorreram exclusivamente nas armadilhas de chão e seis ocorreram exclusivamente nas armadilhas de dossel. Isso sugere uma diferença de composição para espécies de abelhas nesses diferentes estratos e evidencia a importância da investigação e coleta de espécimes que forrageiam o dossel. Os resultados obtidos sugerem a viabilidade de uso de pan traps em estudos futuros visando levantamentos rápidos, específicos e comparativos.
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FRANCIANY GABRIELLA BRAGA PEREIRA
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CAÇA NA AMAZÔNIA: UM ESTUDO DA DEPLEÇÃO ESPACIAL DAS ESPÉCIES ALVO E DA DINÂMICA DOS PONTOS E CONVERGÊNCIA ENTRE CAÇADOR E CAÇA
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Data: 25/02/2022
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Hora: 09:00
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A estimativa eficaz da abundância populacional da vida silvestre é um
componente importante do monitoramento populacional e, em última
análise, essencial para o desenvolvimento de ações de conservação. No
capítulo 2 desta tese, comparamos dados de abundância para 91 espécies
silvestres obtidos através de transectos lineares (9.221 km de trilhas) com
dados obtidos a partir de 291 entrevistas estruturadas em 18 locais na
Amazônia Central e Ocidental. Encontramos uma concordância
significativa dos índices de abundância populacional para espécies diurnas
e cinegéticas entre os dois métodos. Essa relação também foi positiva
independente da sociabilidade da espécie, tamanho corporal e modo de
locomoção; e do tipo florestal amostrado (florestas de terra firme e de
várzea). No entanto, os transectos lineares não foram eficazes no
levantamento de muitas espécies que ocorrem na área, com 40,2% e
39,8% de todas as espécies sendo raramente e nunca detectadas em pelo
menos um dos locais de levantamento. Por outro lado, essas espécies
foram amplamente relatadas por informantes locais como ocorrendo em
abundâncias intermediárias a altas. No capítulo 3, analisamos o grau de
consenso sobre a abundância de 95 espécies entre 333 pessoas com
diferentes características sociais e de experiências com a vida selvagem
em 20 locais demograficamente distintos na Amazônia Ocidental e
Central. Encontramos um alto índice de consenso (>0,6) quanto à
abundância populacional da espécie para todas as vilas e para 79,64% dos
entrevistados. O consenso entre as pessoas das comunidade foi
significativamente maior quanto menor o tamanho da população da
comunidade. Considerando todas as 95 espécies, encontramos para 81
espécies (85,26%) um valor de consenso alto em todos os locais
amostrados. Espécies com maiores valores de consenso sobre sua
abundância são aquelas que de grupos de tamanhos maiores, mais
abundantes e mais caçadas. Em algumas regiões da Amazônia, 25% das
atividades de caça ocorrem nos barreiros (chamados localmente geralmente de chupador). Estes são locais com maior concentração de
minerais naturais, onde os caçadores colocam suas redes para esperar os
animais cinegéticos que irão consumir o solo do local. Todas as horas
passadas nos barreiros esperando a espécie alvo permite que os caçadores
observem também o comportamento de outras espécies visitantes do local
e também sobre outros aspectos ecológicos dessas paisagens. Este
comportamento de consumo do solo pelos animais ocorre com o objetivo
de suplementação mineral, bem como de desintoxicação do seu corpo. No
capítulo 4, usamos métodos através de entrevistas semi-estruturadas
obtivemos informações sobre 30 espécies de vertebrados visitando 56
barreiros em duas regiões da Amazônia Central. Em termos de tipos de
barreiros, encontramos o local chamado tradicionalmente como chupador
como o tipo de barreiro mais comum, seguido pelo local tradicionalmente
chamado de barreiro e pelo canamã. Apesar do consumo de solo e água
nos barreiros serem os principais atrativos das espécies silvestres que
visitam esses locais, as espécies identificadas nas entrevistas como
usuárias dos barreiros também visitam, predação e outras relações
ecológias, para banho e outros comportamentos. Em geral, a época de
maior abundância de animais silvestres nos barreiros foi durante a estação
de vazante, pois nesse período o nível da água dos igarapés diminui e
assim o barreiro fica exposto. Por outro lado, durante o pulso de
inundação, a maioria dos barreiros não foi visitada por nenhum indivíduo
de nenhuma espécie, com exceção da anta, morcego e paca, pois neste
período estes locais costumam estar cobertos pela água dos igarapés.
Além dos barreiros naturais, a maior concentração de minerais nos solos
amazônicos também tem sido gerada pela indústria de extração de
petróleo, por meio da contaminação do solo pelas águas produzidas,
principal subproduto dessa indústria e que inclui alta concentração de
minerais. No entanto, solos poluídos por petróleo também contêm alta
concentração de compostos petrogênicos tóxicos. No capítulo 5, através
do conhecimento local foram identificados locais contaminados por
petróleo na Amazônia peruana onde os animais silvestres consomem o
solo. Investigamos e descrevemos a geofagia do solo e da água poluídos
por petróleo por 26 espécies de mamíferos e aves através da análise de
8.623 vídeos gravados a partir de armadilhas fotográficas em três
barreiros naturais e em dezesseis barreiros poluídos por petróleo
localizados em uma concessão de bloco de petróleo peruano.
Documentamos um total de 3.818 visitas independentes de 26 espécies,
tendo 62,3% dessas visitas provas de ingestão de solo de 18 espécies
diferentes. Considerando as visitas com ingestão de solo, Tapirus
terrestris foi responsável por 69,58% das visitas, seguida de Mazama
americana (13,75%). Não encontramos diferença significativa na
frequência de visitas em barreiros naturais quando comparadas com
barreiros contaminados com petróleo. Esses resultados fornecem dados
relevantes para confirmar que o comportamento geofágico pela fauna não é um fenômeno incomum em barreiros contaminados, mas sim um
comportamento generalizado em áreas de extração de petróleo na
Amazônia. Este resultado é ainda mais preocupante pois esses compostos
podem bioacumular nos tecidos dos animais e alguns podem até
biomagnificar através da cadeia alimentar, incluindo no predadores de
topo e também nas populações humanas locais.
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THAÍS KANANDA DA SILVA SOUZA
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EUNICIDAE BERTHOLD, 1827 (ANNELIDA, ERRANTIA) DA PLATAFORMA CONTINENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA, COM ÊNFASE NO GÊNERO LEODICE LAMARCK, 1818
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Data: 25/02/2022
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Hora: 09:00
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Eunicidae é considerada uma das maiores e mais antigas famílias de Annelida, com 11 gêneros e 425 espécies descritas distribuídas no mundo, sendo registradas para o Brasil sete gêneros e 62 espécies. Em 2014 o gênero Leodice foi revalidado, abrangendo espécies de Eunice que apresentam apêndices prostômiais regularmente articulados, cerdas compostas falcígeras bidentadas ou tridentadas, ganchos subacículares bidentados ou tridentados, parapódios anteriores com acículas mais claras que as de parapódios medianos e posteriores, e presença de um ponto lateral preto presente em parapódios posteriores. Não sendo necessário ter todas as características para ser considerada Leodice, mas, precisando ter a maioria delas. O objetivo foi realizar um estudo taxonômico de Leodice coletados na Plataforma Continental da Paraíba pelo Projeto Algas Marinhas em 1981. As amostras foram coletadas em 93 estações ao longo da plataforma, de 10 a 35 metros de profundidade. Os 722 exemplares de Eunicidae estão depositados na Coleção de Invertebrados Paulo Young (UFPB). A identificação dos espécimes foi feita com base na literatura científica especializada contendo descrições/redescrições da morfologia do grupo (prostômio, aparato maxilar, parapódios, cerdas e apêndices sensoriais). Foram utilizados microscópios estereoscópicos para dissecção e montagem das lâminas e MEV para confirmação da espécie nova. Os indivíduos examinados pertencem a seis gêneros: Eunice, Leodice, Nicidion, Lysidice, Marphysa e Palola. Os três primeiros (289 lotes com 594 indivíduos) foram morfotipados e separados em um total de 29 morfótipos, por apresentarem caracteres semelhantes, sendo, Eunice tem seis morfótipos, Nicidion cinco, e Leodice 18. Obteve-se os seguintes resultados: sete espécies de Leodice foram identificadas, Leodice sp. nov. com 263 espécimes, Leodice calcaricola Bergamo, Carrerette, Zanol & Nogueira, 2018 com 13 espécimes, Leodice cf. marcusi (Zanol, Paiva & Attolini, 2000) com 52 espécimes, Leodice pellucida (Kinberg, 1865) 43 espécimes, Leodice rubra (Grube, 1856) 120 espécimes, Leodice unifrons Verrill, 1900 12 espécimes, Leodice sp. uma espécime. Foram feitas redescrições de Leodice cf. marcusi, Leodice pellucida, Leodice rubra, Leodice unifrons e Leodice calcarícola, além da descrição de uma espécie considerada nova para a ciência. Identificou-se o primeiro registro de Leodice pellucida para América do Sul, primeiro registro de Leodice cf. marcusi para o nordeste e primeiro registro de Leodice rubra e Leodice unifrons para Paraíba.
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JOSÉ CARLOS PEREIRA DOS SANTOS
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Repertório bioacústico diurno de Saccopteryx leptura (Mammalia, Chiroptera): a comunicação ultrassónica excluindo ouvidos indesejados
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Data: 24/02/2022
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Hora: 15:00
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Estudos de Bioacústica em morcegos cresceram bastante nos últimos anos, principalmente no que diz respeito aos pulsos a ecolocalização, forrageio e alimentação. Porém outra área que recebe menos atenção é a bioacústica dos Chamados Sociais desses animais. Trabalhos recentes com chamados sociais demonstram uma complexa e extensa gama de sons pouco conhecidos, relacionados a acasalamento, defesa de território ou alerta. Nós analisamos os pulsos de navegação e os chamados sociais de dois abrigos da espécie Saccopteryx leptura, durante o período diurno. Além dos chamados típicos de navegação e alimentação foram identificados 13 chamados sociais diferentes. Todos caracterizados em uma ficha de catalogação. Analisando a atividade dos chamados ao longo do tempo, identificando os horários das 5 horas, 16 horas e 17 horas, os períodos de maior atividade desses morcegos. Entre os distintos grupos estudados, observou-se diferenças na distribuição temporal dos chamados, além de ausências de alguns chamados entre os abrigos. Concluímos que Saccopteryx leptura possui um repertório diversificado durante o período diurno, com uma distribuição heterogênea entre horários e entre abrigos. O próximo passo será comparar esse repertório com estudos comportamentais, correlacionando cada interação social com cada chamado social.
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ISADORA MAXIMIANO DE PONTES MORAES
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TAXONOMIA E PANORAMA DE ARANHAS DO CLADO RTA DO NORDESTE BRASILEIRO
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Orientador : MARCIO BERNARDINO DA SILVA
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Data: 21/02/2022
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Hora: 14:00
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Araneae é a segunda ordem mais diversa do mundo com aproximadamente 50.000 espécies descritas e está dividida em duas subordens: Mesothelae e Opisthothelae. A subordem Opisthothelae compreende duas infraordens, Mygalomorphae e Araneomorphae, que possuem 131 famílias. Em 2018, a infraordem Araneomorphae foi dividida em cinco clados. E atualmente a Coleção de Aracnídeos e Miriápodes da UFPB contém 22 das 41 famílias do clado RTA (Retrolateral Tibial Apophysis) que é uma projeção na tíbia do pedipalpo dos machos. Com isso, o presente trabalho tem por objetivo ampliar o conhecimento da araneofauna do Nordeste Brasileiro, abordando acerca da diversidade subestimada das aranhas da Coleção da UFPB e sobre a escassez do conhecimento taxonômico e da literatura. Atualmente a Coleção da UFPB possui 1.741 lotes, em sua maioria do Nordeste Brasileiro, dos quais 661 lotes fazem parte das aranhas do Clado RTA. Objetivou-se identificar essas aranhas buscando descobrir sobre a fauna do Nordeste, principalmente sobre os biomas da Mata Atlântica e Caatinga. E obteve os seguintes resultados preliminares: dos 661 lotes do Clado RTA, 661 (37,97%) foram identificados 153 (23.14%) lotes em nível genérico e 131 (19.81%) lotes foram identificados a nível específico, o que corresponde a 10 famílias. Dentre as espécies identificadas, estima-se que são novos para a ciência: Ctenidae gen. nov. 1 e Ctenidae gen. nov. 2. Bem como apresenta a descrição de quatro novas espécies para Isoctenus Bertkau, 1880, que é um ênero de aranhas de médio a grande porte, proposto com o intuito de incluir a espécie I. foliifer Bertkau, 1880, coletada no Rio de Janeiro. Atualmente contém 16 espécies válidas, e estão distribuídas principalmente nas regiões de Cerrado e Mata Atlântica do Brasil. Isoctenus sp. 1, Isoctenus sp. 2 e Isoctenus sp. 3 da Bahia, Brasil, Isoctenus sp. 4, do Maranhão, Brasil. Além de novos registros da distribuição de I. areia Polotow e Brescovit, 2009, inicialmente conhecida apenas para a cidade de Areia, Paraíba e, agora, para as cidades de Mamanguape, Paraíba e Igarassu, Pernambuco.
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JAILMA FERREIRA DA SILVA
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Taxonomia, distribuição e variações intraespecíficas de Ophiuroidea (Echinodermata) em ecossistemas recifais do Atlântico Sudoeste Tropical, Brasil.
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Data: 21/02/2022
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Hora: 14:00
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A classe Ophiuroidea, conhecida popularmente como serpente-do-mar, compõe o grupo mais recente, diverso e abundante do filo Echinodermata. A classe possui cerca de 2100 espécies descritas, das quais cerca de 153 ocorrem no Brasil. O presente estudo buscou conhecer a fauna de Ophiuroidea associada a diferentes tipos de substratos das formações recifais em águas rasas do litoral da Paraíba. Visando uma melhor organização dos conteúdos abordados, esta dissertação encontra-se subdividida em três capítulos: 1- Ophiuroidea (Echinodermata) dos ecossistemas recifais da Paraíba, Atlântico sudoeste Tropical, Brasil; 2- Padrões de distribuição espaço-temporal de Ophiuroidea (Echinodermata): influência do micro-habitat; 3- Variações intraespecíficas em espécies de Ophiuroidea (Echinodermata) da costa do Nordeste, Brasil. A amostragem foi realizada entre 2019 e 2021, com coletas comparativas entre o período seco e chuvoso, abrangendo sete pontos de coleta ao longo da costa do estado da Paraíba: a Praia da Barra de Mamanguape, a Praia Formosa (areia e recife), a Praia do Bessa, a Praia do Cabo Branco, a Praia de Carapibus e Tambaba. Um total de 428 espécimes foram coletados e classificados em 13 espécies, 2 ordens, 5 famílias e 7 gêneros. O estudo sistemático dos Ophiuroidea foi realizado a partir da análise da morfologia externa, no qual a variação de tamanho dos exemplares foi avaliada através da morfometria tradicional. As maiores variações intraespecíficas observadas foram entre indivíduos jovens e adultos, a morfometria mostrou que as maiores variações de tamanho ocorrem no comprimento dos braços e no diâmetro do disco. Foi testada a normalidade e homocedasticidade dos dados através do teste de Shapiro e Levene. Para avaliar se há diferença estatística da diversidade local foram feitos o teste de Kruskal-Wallis e o teste de Dunn para comparações múltiplas e controlar a taxa de erro experimental. Uma PERMANOVA foi realizada para comparar estatisticamente o efeito das variáveis ambientais nos períodos secos e chuvosos, e para relacionar a matriz ambiental com a biótica foi feita uma RDA. Para avaliar a diversidade observou-se os índices de diversidade. A espécie Amphipholis squamata apresentou ampla distribuição espacial, temporal e maior abundância (63.82%). A comunidade da Praia de Carapibus se destacou em termos de riqueza e abundância de espécies, seguida da Praia de Barra de Mamanguape e a Praia Formosa (Recife), pois configuram locais onde existe uma maior diversidade de micro-habitats disponíveis. A descrição da série de crescimento permitiu identificar características típicas de determinados estágios. Este levantamento faunístico com a identificação das espécies da classe Ophiuroidea para a costa Paraibana foi fundamental para a compreensão da estrutura, dinâmica e diversidade das comunidades de cada localidade amostrada de modo a auxiliar o manejo e conservação das espécies, bem como ampliar o entendimento sobre o Filo Echinodermata
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INGRID MARIA DENOBILE DA ROCHA
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Impacto do ruído antrópico na diversidade de aves
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Data: 15/02/2022
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Hora: 09:00
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A constante expansão humana cria condições acústicas sem precedentes, podendo prejudicar
a comunicação acústica das espécies através da sobreposição de sinais, em um processo
denominado mascaramento acústico. O mascaramento é especialmente prejudicial para as
aves, pois dependem da comunicação acústica para realizar suas interações sociais, como por
exemplo, cuidado parental, alerta e percepção de predadores, defesa de território e atração de
parceiras. Desta forma, o ruído pode interferir com o sucesso reprodutivo e sobrevivência das
espécies. Enquanto o ruído antrópico se torna onipresente, ele pode estar mudando a
composição de espécies das comunidades naturais, filtrando aquelas que usam as mesmas
frequências. Verificamos se as espécies potencialmente mais afetadas pelo ruído possuem
características semelhantes, em termos de uso de frequência, massa corporal e tamanho de
território. Avaliamos se o ruído de mineração influencia a composição das espécies de acordo
com as características espectrais de seus cantos, bem como se afeta a diversidade taxonômica
e filogenética das aves da Floresta Nacional de Carajás, Pará. Foi monitorado a diversidade
de aves e o ruído em cinco áreas, de 2015 a 2019, sendo três sob a influência do ruído de
mineração e duas sem ruído. Cada área possuí cinco transectos de monitoramento de avifauna
e cada transecto possui cinco pontos de monitoramento de ruído. Nossos resultados indicam
que as espécies potencialmente mais afetadas são aquelas grandes, que usam frequências
graves e que requerem comunicação a longa distância, seja por motivos de tamanho de
território ou dinâmica espacial de bando. As áreas permeadas pelo ruído são compostas de
espécies que utilizam frequências mais agudas, o que pode indicar que o ruído está agindo
como um filtro ambiental, selecionando as espécies de acordo com as características
espectrais de seus cantos. O ruído teve um efeito negativo sobre a diversidade taxonômica e
filogenética, mas positivo na diversidade filogenética média por espécie. A vegetação
também influenciou a diversidade, influenciando especialmente a riqueza de espécies. Os
resultados mostram que o ruído de mineração pode atuar como uma força seletiva
influenciando a diversidade de aves. O ruído é uma fonte invisível de degradação do habitat
que pode ter implicações na montagem de comunidades e funcionamento do ecossistema.
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DANIELA CORREIA GRANGEIRO
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SISTEMÁTICA DE PROSEKIINI LEISTIKOW, 2001 (ISOPODA: ONISCIDEA: PHILOSCIIDAE)
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Data: 02/02/2022
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Hora: 14:00
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A Ordem Isopoda Latreille, 1817 é uma das maiores ordens de crustáceos, sendo a maioria das 5.000 espécies habitantes de ambientes marinhos. Oniscidea é a maior subordem de Isopoda com 39 famílias, 559 gêneros e cerca de 4 mil espécies distribuídas no mundo, sendo 170 para o Brasil. Philosciidae é a segunda família com maior número de espécies. Dos 115 gêneros pertencentes à Philosciidae somente sete estão incluídos no táxon Prosekiini Leistikow, 2001: Andenoniscus Verhoeff, 1941, Xiphoniscus Vandel, 1968, Erophiloscia Vandel, 1972, Androdeloscia Leistikow, 1999, Prosekia Leistikow, 2000 e Metaprosekia Leistikow, 2000 compartilhando as sinapomorfias: antênula com estetascos medial reunidos em um tufo, direcionados mais ou menos mediodistalmente, não aderidos ao terceiro artículo e uma dobra transversal entre os tufos medial e distal. O maior deles, Androdeloscia, possui 29 espécies e tem um monofiletismo pouco suportado. O objetivo deste trabalho foi apresentar uma hipótese de relacionamento filogenético para Prosekiini, com base em dados morfológicos, bem como, testar o monofiletismo da tribo e dos gêneros, verificar o relacionamento filogenético entre gêneros e estabelecer táxons baseados na topologia final. Com o crescimento do grupo, a necessidade de posicionar Alboscia, e como faz 20 anos desde a última revisão filogenética, torna-se necessário uma nova avaliação da filogenia do grupo. Os espécimes das análises foram obtidos por empréstimos às coleções. A maioria dos caracteres foi retirada da literatura, e através das pranchas pictóricas, a fim de extrair os mais informativos. As matrizes foram construídas no Mesquite: Prosekiini com 36 caracteres, quatro multiestados e 32 binários, com 30 terminais; Androdeloscia com 27 caracteres, um multiestado e 31 binários, com 32 terminais. As análises foram executadas no TNT (busca tradicional, consenso estrito e de maioria e bootstrap) e Winclada (associado ao WinNONA para número de passos, L; Índice de Consistência, IC; Índice de Retenção, IR). Os resultados foram organizados em três capítulos: o 1º apresenta a filogenia de Prosekiini, o 2º a filogenia e taxonomia em Androdeloscia e o 3º a descrição de três espécies de Androdeloscia. Como resultado da busca tradicional no TNT: em Prosekiini obteve-se uma árvore com L (57), IC (68) e IR (90); seis clados foram considerados robustos pelos índices bootstrap: Prosekiini (99), Alboscia (99), Xiphoniscus (66), Andenoniscus (92), Erophiloscia (73) e Lobolateralina táxon novo (51); Alboscia e Leonardoscia passaram a compor a tribo e Metaprosekia não é monofilético; em Androdeloscia obteve-se 13 árvores e o consenso tem L (103), IC (27) e IR (58); o gênero não é bem suportado pelos índices bootstrap (2) e na taxonomia duas das 11 espécies registradas para Amazônia brasileira foram redescritas e foi elaborada uma chave para as mesmas (Cap. 2). O capítulo 3, já publicado, apresenta a descrição de Androdeloscia bicornuata, Androdeloscia paraleilae e Androdeloscia micropunctata.
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REZA YADOLLAHVANDMIANDOAB
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ESTUDOS MORFOLÓGICOS E FILGENÉTICOS DO GÊNERO POBRE CONHECIDO SPALEROSOPHIS JAN, 1865, (SERPENTES: COLUBRIDAE) NAS SUAS ZONAS DE DISTRIBUIÇÃO
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Data: 02/02/2022
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Hora: 13:00
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Spalerosophis Jan, 1865, é um gênero de cobra colubrida, que se distribui em regiões áridas
e semi-áridas do noroeste da África ao norte da Índia. Até agora, e principalmente com base
na morfologia tradicional, seis espécies de Spalerosophis são reconhecidas.Neste projeto,
usamos três métodos diferentes, incluindo morfologia tradicional, análise morfométrica
geométrica eanálises filogenéticas moleculares estudar as características morfológicas e
filogenéticas do gênero Spalerosophis por dois objetivos: 1) Comparar a capacidade, poder
e utilidade desses três métodos em estudos sistemáticos de cobras, 2) Estudar e
conhecimento abrangente deste gênero e criar uma classificação correta e confiável para este
gênero pela primeira vez. Primeiramente, fizemos uma revisão sobre as características
morfológicas do gênero Spalerosophis com o máximo de exemplares que pudemos ter
acesso e pudemos determinar as características morfológicas de diferentes espécies e
populações do gênero Spalerosophis. Em seguida, a morfometria geométrica baseada em
marcos foi aplicada, para identificar os caracteres morfológicos das três populações mais
duvidosas do gênero Spalerosophis, incluindo Sd cliffordii, S. d. schirasianus e S. atriceps.A
análise de variável canônica (CVA) mostrou diferenças significativas entre a forma da
cabeça de todas as três populações e as separou em três espécies diferentes. Finalmente,
usamos análises filogenéticas moleculares para este gênero usando três genes mitocondriais
(12S rRNA, 16S rRNA e cyt b) para investigar as relações filogenéticas de espécies
conhecidas e populações duvidosas de Spalerosophis. Como esperávamos, fomos capazes
de determinar as relações evolutivas e o status sistemático das diferentes espécies deste
gênero. Usamos calibrações de fósseis para datar divergências de cobras.Utilizando esses
três métodos, fizemos uma comparação entre eles em estudos sistemáticos de cobras e
também mostramos as características morfológicas, a posição sistemática e as relações
evolutivas de espécies do gênero Spalerosophis. No entanto, estudos com mais amostras incluindo todas as sete espécies de todas as áreas de distribuição deste gênero podem
fornecer um conhecimento melhor e mais completo deste gênero. Devido à ampla
distribuição deste gênero, pode haver populações e espécies deste gênero que ainda não
foram identificadas
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JOÃO PAULO DE LIMA SILVA
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DISTRIBUIÇÃO SAZONAL E INTERANUAL DE HIDRÓIDES (CNIDARIA, HYDROZOA) EPIFÍTICOS EM GRAMAS MARINHAS DO ATLÂNTICO SUDOESTE TROPICAL (~6°S)
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Data: 31/01/2022
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Hora: 14:00
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Hidróides são importantes componentes da epifauna séssil dos ecossistemas de gramas
marinhas, onde participam do acoplamento bento-pelágico, além de servir como bioindicadores
de impactos antropogênicos. Apesar disso, pouca atenção tem sido dada a estrutura e dinâmica
sazonal e interanual dessas taxocenoses, especialmente em áreas tropicais. Neste sentido, a
composição, ocorrência e abundância de hidróides em bancos do capim agulha Halodule
wrightii de praia do nordeste do Brasil foram investigadas mensalmente entre março de 2016 a
fevereiro de 2019. Dentre as 23.560 folhas coletadas e analisadas, 5.301 (22,5%) estavam
epifitadas por hidróides, sendo identificadas sete espécies e contado um total de 164.620
pólipos. Durante o estudo, as médias mensais para densidade de pólipos e percentual de folhas
epifitadas nos bancos variaram entre 0,7±0,6 e 3659 ± 2215 pólipos/100 cm2
e 0,1 ± 0,3 e 78,4
± 7,9%, respectivamente. Diferenças sazonais e interanuais foram observadas para estes
parâmetros, com maiores valores médios durante estação chuvosa (março-agosto) nos três anos,
quando também foi observado um maior número de espécies e esforço reprodutivo. Orthopyxis
sp. (possivelmente uma espécie não descrita) e Tridentata marginata foram as espécies
dominantes nos bancos e principais responsáveis pelos padrões observados. Os resultados
encontrados aqui corroboram com os poucos dados existentes sobre hidróides tropicais,
sugerindo uma maior riqueza, abundância e esforço reprodutivo durante os meses chuvosos,
quando há maior disponibilidade de alimento na costa. Por sua vez, o declínio das populações
durante a estação seca (setembro-fevereiro) na área estudada está possivelmente relacionado a
menor disponibilidade de alimento e aumento da frequência de algas, as quais podem competir
diretamente por espaço com os hidróides. O presente trabalho forneceu informações
importantes e previamente inexistentes sobre a dinâmica temporal de hidróides no Atlântico
sudoeste tropical, além de chamar atenção pra uma possível espécie de Orthopyxis ainda não
descrita para a ciência.
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FÁBIO LUCAS DE OLIVEIRA BARROS
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ESTUDO TAXONÔMICO DOS GÊNEROS TESCHELLINGIA E
PSEUDOLELLA (NEMATODA) EM ESTUÁRIOS TROPICAIS NO
BRASIL (7°S)
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Data: 28/01/2022
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Hora: 09:00
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Os nematoides são abundantes e diversificados em todos os ecossistemas da terra. O
conhecimento sobre a diversidade de espécies desses organismos ainda é escasso.
Tamanho diminuto, variações morfológicas, identificações das espécies
majoritariamente baseadas em indivíduos machos e alta representatividade de
indivíduos jovens no ambiente são dificuldades para o conhecimento mais amplo na
taxononomia de Nematoda. O presente estudo teve como objetivo analisar a taxonomia
dos gêneros Terschellingia e Pseudolella, abundantes em estuários tropicais, usando
caracteres morfológicos e morfométricos. As amostras foram coletadas no ano de 2016
em dois estuários da Paraíba NE, Brasil (7°S). Os nematoides foram submetidos à
diafanização e confeccionadas lâminas permanentes e medidos os espécimes com
curvímetro em microscópio óptico com tubo de desenho. Foram utilizadas análises de
regressão lineares para avaliar as relações entre as variações das características
morfométricas, entre estágios ontogenéticos juvenil, macho e fêmea com a variação do
comprimento total do corpo. ANCOVA foi utilizada para testar diferenças entre os
estágios ontogenéticos nas relações morfométricas. Um total de 194 espécimes dos
gêneros Terchellingia e Pseudolella foram analisados, no qual 102 indivíduos são do
gênero Terschellingia, todas identificadas como Terschellingia longicaudata e 92 do
gênero Pseudolella, propostas aqui como duas espécies novas, sendo 86 indivíduos
identificados como Pseudolella sp. nov. 1 e seis indivíduos como Pseudolella sp. nov.
2. Em Terschellingia longicaudata, as características diagnósticas são baseadas em
dados morfológicos e morfométricos. Em Pseudolella, proporções são necessárias para
um bom diagnóstico, diminuindo a variação morfométrica. Ambos os gêneros tiveram
grande variação morfométrica. Essas variações, na maioria dos casos, foram
relacionadas com a variação do comprimento total do corpo. No entanto, entre estágios
ontogenéticos, características diagnósticas não diferem significativamente as variações.
As análises morfométricas permitem avaliar a variação das principais características
diagnósticas, tornando-se uma boa ferramenta para discutir as características de gêneros
problemáticos do filo Nematoda. A ocorrência de características morfométricas, sem
diferenças significativas na variação em estágio juvenil, fêmea e macho, aliados a dados
morfológicos, permitem a identificação de espécies dos gêneros Terschellingia e
Pseudolella, independente do estágio ontogenético.
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JONAS DE ANDRADE SANTOS
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Revisão do complexo Ophioscion punctatissimus Meek & Hildebrand, 1925 (Actinopterygii: Sciaenidae)
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Data: 27/01/2022
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Hora: 14:00
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Sciaenidae é uma das famílias de peixes com maior riqueza no ambiente marinho tropical.
Suas espécies são conhecidas pela capacidade de produção de som e outras especializações
morfológicas ligadas ao sistema sensorial, como os otólitos (i.e., estrutura inerte do ouvido
interno) relativamente grandes e variações morfológicas na bexiga natatória. A subfamília
Stelliferinae é composta por espécies de pequeno a médio porte, que ocupam
principalmente áreas costeiras como estuários, praias e bancos camaroeiros associados a
fundo areno-lamoso. Em Stelliferinae, a baixa disparidade fenotípica levou às incertezas
taxonômicas, como nos limites dos gêneros e posição taxonômica de algumas espécies. Os
gêneros Stellifer e Ophioscion são reconhecidos como não monofiléticos aqui
reconhecemos que Ophioscion Gill, 1863 é sinônimo júnior de Stellifer Oken, 1817. O
gênero passa então a ser distinguido dos demais pela contagem de vértebras (10 + 15) e
pelo par de lapillus aproximadamente do mesmo tamanho do sagitta (oval). O complexo
Stellifer punctatissimus é um dos exemplos de incerteza dentro da subfamília. Parece ser
formado por três espécies, hipótese não confirmada por dados moleculares, que sugerem
apenas duas linhagens evolutivas nesse complexo. Assim, foi testada a hipótese
morfológica de três espécies, através da morfometria linear e geométrica no formato do
corpo, além de abordagens como índices de forma, Fourier e morfometria geométrica no
formato e contorno dos otólitos. Foi encontrado um padrão de sobreposição no
morfoespaço, com uma leve distinção entre S. punctatissimus e as demais espécies. As
taxas de crescimento de algumas estruturas (e.g., diâmetro do olho, largura interorbital)
mostraram padrões alométricos distintos entre as espécies. Esses padrões parecem indicar
um diferente uso do hábitat entre os membros do complexo. O mesmo foi visto para o
otólito, com diferentes padrões de crescimento em um dos índices de forma (i.e.,
retangularidade). A análise do contorno do otólito (Fourier, Wavelet) indicou que as
espécies são grupos distintos (ANOVA, F= 4.75, p < 0.001) e bastante segregados, com
mais de 94% de reclassificação desses grupos, utilizando a LDA. A morfometria
geométrica (GMM) também recuperou distinções na forma do sulcus acusticus. A
descrição morfológica dos otólitos mostrou leves distinções entre as espécies, as quais
também podem ser comparadas com espécies irmãs presentes apenas no Oceano Pacífico,
além de espécies em registros fósseis. Apesar da baixa acurácia dos índices de forma em
análises de espécies crípticas, e do poder estatístico reduzido na GMM, com a junção de
resultados, foi possível confirmar a hipótese morfológica de três espécies no complexo, e a
alta similaridade como provavelmente o resultado de um processo de especiação ecológica
recente. Isso enfatiza a necessidade de estudos taxonômicos que levem ao esclarecimento
das diferenças entre espécies crípticas, uma vez que leves distinções morfológicas (no
formato do corpo e otólito) podem ser um sinal de diferente uso de hábitat, o que, por sua
vez, pode sugerir que essas espécies estejam sob um nível de ameaça particular.
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MANUELLA FEITOSA LEAL
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Moluscos límnicos do semiárido piauiense: conhecimentos atuais, estrutura e dinâmica das comunidades de dois rios intermitentes
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Data: 21/01/2022
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Hora: 09:00
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Os ecossistemas de água doce do semiárido reúnem uma diversidade de grupos biológicos pouco explorados, entre eles os moluscos, que compõem um grupo de grande importância por desempenhar vários papéis nas teias tróficas desses ambientes. Considerando a lacuna de informações sobre moluscos límnicos do Nordeste e do semiárido brasileiro, principalmente para o Piauí, o objetivo desse trabalho foi descrever a composição das comunidades de moluscos de dois rios do referido estado e compreender quais fatores contribuem para a determinação de suas estruturas e dinâmicas. Os moluscos foram coletados mensalmente entre outubro/2017 e setembro/2019, no Rio Itaim, Itainópolis, e Rio Guaribas, Picos, Piauí. Os dados da distribuição de moluscos límnicos no Nordeste e semiárido brasileiro foram acessados por meio de revisão sistemática e registros em coleção biológica. Análises de ordenação foram usadas para testar a influência das variáveis na estrutura e dinâmica das comunidades. Com os resultados obtidos foi possível construir uma lista de espécies atualizada com a distribuição dos moluscos límnicos registrados para o Nordeste e semiárido brasileiro, além de incluir cinco novos registros com as coletas realizadas nos rios amostrados, sendo uma de espécie exótica invasora de importância econômica e ecológica. Os dados para a composição da comunidade de moluscos apontam diferenças entre as estações (seca/chuvosa), rios e anos de amostragem com a influência, principalmente, do substrato e quantidade de plantas aquáticas. Os resultados reforçam a importância do monitoramento sistemático de rios do semiárido para o conhecimento da diversidade e distribuição espaço/temporal dos moluscos.
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