PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES (PPGCR)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: ADRIANO OLIVEIRA TRAJANO GOMES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ADRIANO OLIVEIRA TRAJANO GOMES
DATA: 14/12/2018
HORA: 14:00
LOCAL:
TÍTULO: O “CASTRAMENTO ” DE EXU NO TERRITÓRIO SAGRADO DO XANGÔ ALAGOANO: ATRIBUTO RESSIGNIFICADO NOS TERREIROS DE VIÇOSA-AL
PALAVRAS-CHAVES: Exu, Xangô, “castramento”, Umbanda, Viçosa/AL.
PÁGINAS: 133
RESUMO: Desde a ritualística iorubá, passando por diversos países da diáspora africana até chegar ao contexto brasileiro, sobretudo, no Nordeste, Exu continua sendo personagem controversa. Dentro do próprio arcabouço cultural negro-africano e cosmologia religiosa afro-brasileira aqui desenvolvida, Exu não escapa de olhares diversos de incompreensão. Os estereótipos alçados historicamente não mediram esforços na tradução da figura de Exu. Controversas, dubiedades e olhares incompreensíveis estão presentes nas concepções existentes da divindade Exu no panteão iorubá refletidas nos terreiros construídos na cultura do Novo Mundo. O Xangô em Alagoas não escaparia desse processo. Não se pode negar as fortes implicações éticas, culturais e sociais no sistema religioso iorubá. É justamente sobre o aspecto ético-sexual caricaturizado dessa divindade que esta pesquisa estar circunscrita. É sobre o falo ereto de Exu – princípio masculino fecundador, seu aspecto simbólico, atividade reprodutiva, o erotismo deslocado, eixo central no seu mito de origem e ressignificado no território sagrado do Xangô viçosense que ocupará a escrita. Busca compreender as relações multiformes existentes, bem como suas significações múltiplas, seu simbolismo central como objeto sagrado e suas variações dentro da cosmologia religiosa a partir de um contexto interiorano no Nordeste brasileiro. O núcleo temático Exu nos estudos clássicos das tradições afro-brasileiras enfatiza categoricamente em primeiro plano o seu aspecto “diabólico”, “malfazejo”, “ambíguo”, “trapaceiro” e bastante “controverso” dentro e fora dos terreiros, mas deixam a desejar sobre seu atributo sexual ressignificado na ritualística ao longo da história. Certamente que o simbolismo do poder sexual e de fecundidade de Exu foi abordado pelos clássicos acadêmicos desde o Nina Rodrigues, passando por Arthur Ramos, Edison Carneiro, Bastide e Verger, mas sem levar em conta o seu processo de “retirada” das práticas, isto é, o processo de releitura do aspecto sexual de Exu devido às influências externas e internas no desenvolvimento das práticas em território brasileiro no limiar do século XX. Aqui entrou a simbolização do tridente de ferro, do ferro forjado, da arte cilíndrica, do “garfo do diabo” como forma hegemônica e muito bem aceita na maioria dos terreiros Brasil afora. O falo de Exu em seu montículo de terra e seus testículos acabaçados deu lugar ao ferro/garfo. Por isso, este trabalho busca estudar o atributo sexual de Exu e simbolização histórica relida e readaptada nos terreiros a partir do eixo alagoano. É compreender seu “castramento” e presença de chifres, rabo e cetros de ferro forjados no seu processo de “cristianização” e introdução nos valores/padrões hegemônicos socialmente aceitos na estrutura social do Brasil, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX com suas readaptações e recontextualizações de práticas metamorfoseadas. Assim, a representatividade fálica de Exu dentro dos terreiros, suas ressignificações e cosmovisão edificada, bem como seu falo armado na encruzilhada, como guardião de territorialidade sagrada, espaço mítico, não um espaço qualquer, mas um referencial, um poder sobre ele, um “lugar” de vida, fertilidade e abundância no território sagrado do Xangô, permeiam esta pesquisa.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1774137 - DILAINE SOARES SAMPAIO
Interno - 1353258 - FABRICIO POSSEBON
Externo ao Programa - 2221299 - ANTONIO GIOVANNI BOAES GONCALVES