PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA (PPGS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: EDMUNDO DE OLIVEIRA GAUDENCIO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: EDMUNDO DE OLIVEIRA GAUDENCIO
DATA: 04/06/2004
HORA: 17:00
LOCAL: Auditório do DART-CH-UFCG
TÍTULO: Sociologia da maldade & Maldade da Sociologia: arqueologia do bandido.
PALAVRAS-CHAVES: Maldade, Sociologia, Bandido, Crime, Criminologia.
PÁGINAS: 436
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Sociologia
RESUMO:

Investigar a gênese e os usos sociais da palavra bandido, este o objetivo de meu
trabalho. Para tanto, lanço mão de três conceitos operacionais: arqueologia, de
Foucault; dobra, de Deleuze; e rizoma, de Deleuze e Guatari. Analisar um vocábulo,
porém, remete ao estudo dos seus entornos, colocados nas palavras que ele agencia e
nos termos que àquele se associam. Dessa forma, na rede dos vocábulos agenciados
pela palavra bandido ou a ela associados, um termo sinônimo ganha destaque,
criminoso. Entretanto, sinônimos são falácias, pois nenhuma palavra diz outra. Pensado
assim, ponho a descoberto o percurso histórico destes dois termos, criminoso e
bandido, analisando, na primeira parte, os usos sociais do vocábulo criminoso e, na
segunda, os usos sociais da palavra bandido, tendo-se que criminoso, no século XIX, é
categoria geral designativa do delinqüente, entre os quais se inclui o criminoso político
ou bandido. Gradativamente, porém, o bandido, que era categoria particular de
criminoso, criminoso político, passa a categoria geral, a partir do final do século XIX e
início do século XX, designando, no jornalismo, toda e qualquer modalidade de
delinqüente. Termo nuclear na primeira parte, intitulada “Sociologia da Maldade &
Maldade da Sociologia”, o vocábulo criminoso enseja analisar a maldade que, de
acordo com os discursos da fisiognomonia, da frenologia, da craniometria e da
criminologia, ganha visibilidade no corpo do criminoso. Tais dizibilidades formatam um
discurso de exclusão, calcado no medo social, na denegação dessa emoção e na sua
transformação em ódio. Assim sendo, uma Sociologia da Maldade deve analisar os
fatores sociais alocados na transformação daquele medo nesse ódio, discutindo uma e
outra emoções, enquanto fatos históricos possibilitantes da invenção da vigilância e do
controle sociais. Maldade da sociologia, por outro lado, nada mais é que a utilização
estratégica da sociologia por parte do Poder, que dela se serve como forma de
racionalização para a vigilância, o controle, a exclusão, em nome da segurança social,
diante da suposta periculosidade de certos grupos sociais, assinalados como suspeitos
e/ou criminosos. Na segunda parte, onde especificamente é investigada a Arqueologia
do Bandido, à guisa de reconstituir o percurso histórico do termo bandido, elaboro uma
análise biográfica sobre Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, o bandido
típico dos primeiros anos da República Brasileira, enquanto analiso a guerra de
Canudos como exemplo de exclusão social, pela via dos ritos sacrificiais envolvidos nos
embates entre o Mesmo e o Outro. O caso Conselheiro tanto serve para demonstrar o
uso social do termo bandido, importado do settecento francês, quanto o uso nacional
dos saberes produzidos na Europa ao final do século XIX, quando é inventado o
conceito de criminoso, recapitulados entre nós por Raimundo Nina Rodrigues e
Euclydes da Cunha. Nas Inconclusões que encerram o trabalho, partindo dos conceitos
sociais de criminoso e de bandido, remeto à discussão sobre as noções de controle, vigilância e exclusão, colocadas entre a crença da igualdade e o desrespeito à
diferença e mediadoras de certas relações entre o Mesmo e o Outro.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1287701 - ADRIANO AZEVEDO GOMES DE LEON
Interno - 336167 - ARIOSVALDO DA SILVA DINIZ
Externo à Instituição - DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JUNIOR
Externo à Instituição - GLACY GONZALES GORSKI GARCIA