PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA (PPGS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: BERNARDO FORTES DE MOURA ARRUDA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: BERNARDO FORTES DE MOURA ARRUDA
DATA: 27/02/2024
HORA: 14:30
LOCAL: https://meet.google.com/jor-sbyh-yom
TÍTULO: Com classe e sem Classe: lutas classificatórias no âmbito do gosto entre frações da elite no Recife.
PALAVRAS-CHAVES: Classes sociais, Elites, Recife, Lutas simbólicas.
PÁGINAS: 100
RESUMO: É frequente ouvirmos a frase “gosto não se discute!”. O gosto é tratado pelo senso comum, mas também por algumas abordagens da Sociologia, como uma manifestação espontânea do indivíduo em sua relação com determinadas práticas e bens simbólicos. Apesar dessa visão bastante difundida, a questão do gosto é alvo de intensa disputa na Sociologia, pois a pergunta “o que nos faz apreciar ou rejeitar algo?”, recolocada por Maria Celeste Mira e Edison Ricardo Bertoncelo (2019), não é um ponto pacífico nas Ciências Sociais. Assim, também temos os que buscam apreender o gosto como uma disposição social e, por isso, condicionada por pré-determinações sociais específicas. Nesta pesquisa, focou-se na visão de que as variadas práticas de gosto têm importante papel na produção de desigualdades sociais, pois podem ser usadas para ler diferenças, criando fronteiras simbólicas e, consequentemente, processos de identificação de grupos sociais – tal visão tem como um dos principais expoentes Pierre Bourdieu, sobretudo seu livro A distinção: crítica social do julgamento (2008) Tendo em vista essa querela envolvendo o gosto, e, sobretudo, a forte onda que critica o sujeito genérico, em que estilo de vida, as práticas e o gosto que o compõem não mais seriam uma repercussão da classe e das condições de vida (BERTONCELO, 2009, 2013; BERTONCELO, MIRA, 2019), sendo agora fruto da construção e da escolha reflexiva (GIDDENS, 2002), o presente trabalho buscou investigar, tomando a cidade do Recife como objeto, sobretudo moradores de duas regiões da cidade, se o gosto ainda é uma importante forma de reconhecimento social e, sobretudo, de criação de barreiras de interação de classe. O interesse da pesquisa foi centrado em duas áreas nobres do Recife conhecidas por Zona Norte e Zona Sul. Tais regiões apresentam singularidades quanto a classificações amplamente reconhecidas na cidade: A Zona Norte seria ocupada pela aristocracia falida do açúcar e a Zona Sul por ricos emergentes, “novos ricos”, de modo que o próprio senso comum dos moradores traz classificações distintas, sobre as duas áreas, no que tange a práticas de gosto e classes. Entrevistou-se aproximadamente 30 moradores de cada uma dessas áreas para apreender suas classificações do espaço social por meio do gosto. Averiguou-se que gosto e classe estão atrelados, tal qual colocado por Bourdieu (2000), e que é fundamental o domínio sobre esse gosto para a reprodução social (BOURDIEU, 2008) dos agentes em posições de classes nas altas frações, sobretudo dentro das famílias já abastadas. Nesse sentido, o gosto é um importante mecanismo para a ascensão de classe do indivíduo e para a perpetuação da família nos círculos das frações de classe dominante. Ademais, foi possível apreender, através das apreciações dadas nas entrevistas, um arbítrio cultural (2008), ou seja, a presença de uma cultura tida como legítima, sendo seu domínio fundamental para a mobilidade ou declínio social. Assim, a pesquisa revelou que o gosto e classe, apesar das diversas críticas, ainda funcionam para garantir a mobilidade social ou freá-la, bem como o domínio de certas práticas de gosto é meio de distinção e apartação entre grupos.
MEMBROS DA BANCA:
Interno - 2276902 - MAURICIO ROMBALDI
Externo à Instituição - MICHEL NICOLAU NETTO
Presidente - 2425306 - MIQUELI MICHETTI