Banca de DEFESA: D'ANGELLES COUTINHO VIEIRA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: D'ANGELLES COUTINHO VIEIRA
DATA: 17/04/2024
HORA: 14:00
LOCAL: Sala de multimídia do CCJ/UFPB
TÍTULO: EDUCAR E TRANSGREDIR: a interseção entre a prática docente e a dissidência de gênero na sociedade
PALAVRAS-CHAVES: Gênero. Educação. Docência.
PÁGINAS: 100
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Sociologia
RESUMO: Vivemos em uma sociedade cujos padrões de gênero nos levam à ideia de que existem apenas homens e mulheres cisgênero, cada qual com seus corpos opostos e complementares, porém as experiências trans, travestis, não bináries, drags, queer e diversas outras derrubam essa ideia. Por situarem-se fora das normas, essas outras experiências tendem a ser invisibilizadas, patologizadas ou vistas como ameaça. Contudo, o que ocorre quando essas pessoas assumem um papel docente, ou, em outras palavras, quando assumem um espaço legitimamente construído para a educação de sujeitos? Este trabalho, portanto, tem como objetivo principal investigar as percepções e as vivências das pessoas dissidentes de gênero no espaço da docência. De forma mais específica, pretendo: (1) Investigar as visões sociais acercada das pessoas dissidentes de gênero, da categoria docente e das pessoas dissidentes de gênero docentes; (2) Compreender como pessoas dissidentes de gênero lidam com o papel docente na sociedade; e (3) Analisar como se constroem as relações entre uma pessoa dissidente de gênero e o contexto no qual leciona. Nesses termos, proponho a tese de que a docência exercida por pessoas dissidentes de gênero incorre, ao mesmo tempo, numa prática de transgressão e obediência da norma social, pois, por um lado, estamos falando de corpos que, a priori, desafiam as expectativas sociais, mas, por outro lado, suas práticas docentes traduzem o cumprimento de uma norma profissional. Para tanto, realizei uma experiência de estágio à docência, em uma instituição particular de ensino superior, na qual busquei compreender, sob um olhar etnográfico, como as pessoas me enxergavam enquanto docente e não binárie. Além disso, realizei entrevistas com cinco pessoas dissidentes de gênero para compreender as especificidades das suas experiências, as quais foram analisadas a partir da perspectiva discursiva de Michel Foucault. No geral, a experiência de estágio à docência foi marcada por elementos de gênero, docência e de classe, que conjuntamente atravessaram minha relação com a instituição e as expectativas ligadas ao trabalho que exerci nesse período. Por entre obrigações e o cumprimento de demandas institucionais, mobilizei espaços para trazer reflexões sobre gênero dentro e fora das salas de aula, e produzi ruídos no sistema hegemônico de gênero. Ao mesmo tempo, atualizei as concepções sobre docência entre as pessoas que tiveram a experiência de estudar comigo, de modo que, invariavelmente, elas concebem a possibilidade de uma pessoa dissidente de gênero ensinar. Ou seja, é possível exercer a docência enquanto pessoa dissidente de gênero, e há espaço para construir uma educação potencialmente transgressora, mas ela encontrará barreiras institucionais. Em relação às entrevistas, foi possível perceber a circulação de um discurso hegemônico de gênero que atravessou suas vidas, perante o qual elas se colocam como resistência. No âmbito da sala de aula, sobretudo na educação de nível básico, elas apresentam discussões sobre o assunto por entre as frechas institucionais, mostrando que o fazer docente de fato incorre em transgressões. Em síntese, percebo que a relação entre educação e transgressão parece mais do que uma consequência das imposições para a docência, pois é a partir dela que conseguimos perceber movimento no ser humano e na sociedade.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1287701 - ADRIANO AZEVEDO GOMES DE LEON
Externo à Instituição - ELISA MARIANA DE MEDEIROS NOBREGA
Externo ao Programa - 1984823 - MARGARETE ALMEIDA NEPOMUCENO
Interno - 1487317 - MONICA LOURDES FRANCH GUTIERREZ
Externo ao Programa - 3382705 - OMAR DAVID MORENO CÁRDENAS