PROGRAMA INTEGRADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA (PIPGF)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: TELMIR DE SOUZA SOARES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: TELMIR DE SOUZA SOARES
DATA: 25/08/2014
HORA: 14:30
LOCAL: CCHLA - UFPB
TÍTULO: O conceito de natureza em Rousseau
PALAVRAS-CHAVES: Rousseau, Natureza
PÁGINAS: 221
RESUMO: RESUMO O século XVIII apresenta-se, comumente, como o século do antropocentrismo, do desenvolvimento das ciências e da supremacia da razão sobre todas as formas de superstição. Entretanto, em meio a essas temáticas consideradas numa dimensão canônica encontramos um ponto da inflexão comum a todas elas: a natureza. Considerada como um tema de somenos importância e compreendida sob a perspectiva do estado de natureza e, no mais das vezes, sob a égide de uma concepção ficional e hipotética, a natureza permaneceu como algo indefinível ou, quando muito, associada a outros temas. Esta foi a perspectiva adotada, por exemplo, na Enciclopédia, obra máxima do saber no século XVIII, que tentava compendiar o conhecimento válido à época das Luzes. Nesse contexto, a pespectiva adotada por Jean-Jacques Rousseau, a saber, de tentat remontar a um estado anterior ao da civilização para tentar entender os desenvolvimentos pelos quais passou o ser humano até seu estágio atual, bem como o acentuado louvor propugnado pelo genebrino a essa aurora dos tempos foi considerado como uma afronta à civilização, às ciências e ao próprio desenvolvimento humano. Adotada essa visão, Rousseau nos foi apresentado desde então como o criador da idéia do "bom selvagem", sendo ele mesmo pintado de forma caricata: misantropo, autodidata sem formação, falso educador, falso legislador, escritor contraditório enfim, um ser humano paradoxal, entre outros tantos adjetivos possíveis. Nosso objetivo consiste em mostrar que Rousseau é um homem de seu tempo e que o recurso que ele fez da natureza como constitutivo de sua teoria era algo comum à sua época. No século XVIII a natureza se apresenta como um tema forte e, além disso, como um ideal a ser buscado em contraposição à degeneração das sociedades européias. Nascidos desde a antiguidade e nutridos pelo descobrimento do Novo Mundo os ideias de Paraíso perdido, Idade de Ouro ou mesmo do naturismo vão ser expressões de uma crítica à sociedade da qual o genebrino, muito embora nem sempre estando associado a essas manifestações constituiu-se, pela força de sua prédica, como a imagem mais estruturada dessa suposta recusa à civilização e às ciências. Entretanto, a partir da análise das obras de Rousseau, essa compreensão equivocada não se sustenta. Estudioso e divulgador de várias ciências por meio de cartas, dissertações e dicionários (de música, de química e de botânica), pensador que se nutre de várias fontes (assiste aulas e estuda compêndios de várias disciplinas, lê os autores mais influêntes de sua época, corresponde-se com especialistas), correspondente e apólogista de suas obras (cujas lettres alcançam mais de 30 volumes), encontramos em Rousseau uma das figuras máximas de seu tempo. A natureza, de tema marginal em sua obra, associada ao Discours sur l'inégalité, assume lugar na grande maioria delas: nos textos estéticos (balés, óperas e romances), passando pelas obras autobiográficas e pelos textos políticos. A natureza assume uma dimensão fundamental na constituição teórica do autor. Temas como o homem natural, a linguagem natural, a educação natural, a religião natural, o direito natural, os sentimentos naturais, bem como outros temas correlatos como, por exemplo, a proeminência da melodia sobre a harmonia, ou mesmo da supremacia do jardim inglês sobre o francês encontram sua razão de ser face a um conceito de natureza como o que encontramos na obra do genebrino.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 332380 - ANTONIO RUFINO VIEIRA
Interno - 3142936 - BARTOLOMEU LEITE DA SILVA
Interno - 1521208 - NARBAL DE MARSILLAC FONTES