16:00h Fechamento
COREOPOLÍTICAS DA TERRA: NEOEXTRATIVISMO E SUBSISTÊNCIA NOS ESTUÁRIOS DE SUAPECarla LombardoEste trabalho apresenta uma cartografia crítica sobre o território de Suape, na região metropolitana do Recife, onde está implantado o maior Porto do Nordeste do Brasil. Nela, capas temporais superpostas misturam as camadas históricas da colonização, exemplificada pelos navios negreiros e os engenhos, com a fase atual de aceleração capitalista, exemplificada pelas infraestruturas do porto industrial e a turistificação. O mapa se baseia no conceito de coreopolítica para apresentar diferentes coreografias políticas em um território em conflito. As exo-coreopolíticas são as do capital: o fluxo de navios de grande porte -de até 330 mt de comprimento- e a introdução de espécies exógenas, as dragagens que possibilitam a circulação no canal e causam o desvio do fluxo do rio e do ciclo de reprodução dos tubarões, e a rotina da segurança privada em moto na região administrada pelo Complexo Portuário Industrial Suape. As endo-coreopolíticas, são as dos mariscos nas beiras das praias e das marisqueiras que catam e pescam para subsistir, os moradores da região que transformam esse alimento em um delicioso compost, e das doceiras da região, algumas das quais coletam os frutos -cajus, jenipapo, jaca- para preparar suas iguarias.ESTAÇÃO SAPO: AGÊNCIAS CRÍTICAS PARA INFRAESTRUCTURAS MULTIESPÉCIESCarlos Pastor,Uma dúzia de campos de golfe ocupa a costa de Alicante. Paradoxalmente, embora estes complexos residenciais e recreativos tenham transformado completamente os ecossistemas circundantes, a procura de recursos e energia de que necessitam tem servido para sustentar a vida de dezenas de espécies. A inauguração da estação de tratamento de água de l'Alacantí Nord em 2011, fez crescer um pomar ao longo dos anos, com os 2,5 milhões de litros de água tratada por ano que acabam no mar. Popularmente conhecido como o Rio Seco, durante séculos o seu curso era intermitente, pois cada pingo de água era utilizado para a irrigação inteligente de uma das copas da Europa. A família de turistas que vive agora no apartamento, cuida do ecossistema vizinho. Regressarão a casa sem saberem que participaram na manutenção de uma paisagem delicada que estava à beira da extinção há alguns anos.BERÇÁRIO MARINHO COMO BARREIRA PROTETIVA DA COSTA URBANA DE JOÃO PESSOAAlice PivaCenário chthulucênico composto a partir da implantação de infraestruturas multiespécies para preservação dos corais do Cabo Branco-Seixas na porção da orla marítima da cidade de João Pessoa. Atualmente, esse ecossistema encontra-se em acelerado processo de degradação por causas antrópicas: obras de contenção da erosão costeira e pela pressão ecológica exercida pelo turismo predatório, pelo processo intenso de urbanização da orla nas últimas décadas e pelos efeitos da mudança do clima global. O projeto trata-se de uma arquitetura solar punk regionalmente espacializada, que surge através do reconhecimento das relações de parentesco entre a autora e as comunidades habitantes dos corais. Soluções baseadas na natureza são esquematizadas a partir de dados bio-geológicos locais e sistemas de fabricação bio-digitais para adaptação do habitat e das dinâmicas de ocupação das áreas marinhas e costeiras, criando oportunidades para prototipagem de comunidades além-de-humanas.MEANDRO PAJEÚ: CARTOGRAFIA CRÍTICA DOS IMPACTOS DO ANTROPOCENO NO RIO PAJEÚ, EM PERNAMBUCOGuilmar QueirozCom os processos de colonização e industrialização das cidades, a relação entre os rios e o meio urbano tem se tornado conflituosa, acarretando em graves impactos ambientais e socioeconômicos. Desde o crescimento significativo de suas cidades vizinhas, todo o percurso da bacia hidrográfica do Rio Pajeú, localizado no estado de Pernambuco, tem sido progressivamente degradado por intervenções indevidas: Poluição de recursos hídricos com deposição de lixo e esgotamento doméstico e industrial, desmatamento de sua mata ciliar e extração de quantidades significativas da areia do rio. O projeto surge a partir de uma relação pessoal entre o autor e o Rio Pajeú, com o intuito de expressar graficamente, através de uma cartografia crítica, a relação antropocênica entre o rio, suas cidades margeadas e as espécies além-de-humanas.CABEDELO MULTIESPÉCIES: APROXIMAÇÕES E REPULSÕES AMBIENTAISAlexandre AlbuquerqueTendo em vista o período em que a sociedade se encontra, de dominação do homem sobre a natureza, no antropoceno; e as potencialidades ambientais da produção de uma cidade multiespécies, esse trabalho busca relacionar essas temáticas com acontecimentos recentes na modificação da malha urbana do município de Cabedelo, na Paraíba. A inserção de novas infraestruturas urbanas de concreto se vê em contraste com a utilização de elementos naturais que servem de aproximação de espécies diferentes, formando uma antítese entre movimentos de aproximação e repulsão de espécies, seja da flora ou fauna local. Com uma grande biodiversidade, é escolhido nesse trabalho uma espécie em específico de árvore local, o cajueiro, para exemplificar as possibilidades atrativas das espécies naturais, em contraposição às estruturas de concreto, que repelem os elementos naturais que ainda lutam para pertencer a esse novo sistema criado. Percebe-se assim a importância da produção de cidades que se comuniquem com a natureza e que sejam criadas não apenas para satisfazer as necessidades humanas, mas que seja estruturada para todas as espécies.