Diante da complexificação da modernidade global e da interconexão das múltiplas crises contemporâneas, as questões ambientais ganham fórum político e passam a ter reconhecimento internacional e jurídico. Nesse cenário, tem-se a constituição de um controverso discurso de sustentabilidade que passa a permear os diversos campos de atividades, entre eles o campo do turismo. Na região Nordeste do Brasil, a atividade turística teve e continua tendo destaque como vetor de um desenvolvimento centrado no consumo da natureza e nos recursos paisagísticos e climáticos, o que produz elevadas expectativas quanto à sua eventual capacidade de alavancar o desenvolvimento regional. Tem-se, então, as Políticas Públicas (PPs), instrumentos pelos quais o Estado toma decisões coletivas que norteiam o conjunto da sociedade e devem ser elaboradas respeitando-se os limites e as especificidades do lugar, bem como o interesse de seus habitantes, do contrário, não surtirão os efeitos esperados. Nesta perspectiva, serão estudadas neste trabalho políticas que tenham impacto na capital paraibana, sejam elas municipais, estaduais ou federais, que tenham sido implementadas a partir da década de 90, quando as políticas de turismo passam a ter maior efetividade no nordeste brasileiro. Dessa forma, o presente estudo tem por objetivo analisar as ações em turismo, sejam projetos, programas e políticas públicas, verificando o papel do Estado, do setor privado e da sociedade civil neste contexto e os efeitos destas políticas sobre a sociedade e o ambiente. Realizou-se, primeiramente, um levantamento bibliográfico e documental, seguido da análise das políticas em questão, coleta de dados em campo através de conversas informais e entrevistas semi-estruturadas e, finalmente, análise interpretativa e crítica à luz do referencial teórico utilizado. Constatou-se que o discurso de integração entre os setores e a participação social ainda não se consolidou na prática das políticas de turismo de João Pessoa, a redução do turismo à dimensão mercadológica, além de padrões de ações recorrentes que deveriam ser evitados na formulação e implementação de PPs no estado.