O presente estudo dissertativo tem como objeto de pesquisa a violência contra as mulheres, sobretudo, a ocorrida no âmbito das relações afetivas e familiares. Por se tratar de uma temática bastante pesquisada, o entendimento é o de que outros aspectos precisam ser considerados na análise da problemática, nesse sentido, a pesquisa faz interface com o racismo, tendo por delimitação a análise da intersecção de gênero e raça no fenômeno. Para tanto, utilizou-se a interseccionalidade como uma proposta para efetivar a articulação de gênero e raça. Este é um conceito que possibilita a análise de determinados fenômenos sob uma perspectiva interseccional, considerando contextos, necessidades e demandas diversas. O aspecto teórico foi contemplado pela pesquisa bibliográfica, tendo como referenciais Kimberly Crenshaw, Heleieth Saffiotti e Antônio S. A. Guimarães e a pesquisa de campo foi realizada no Centro de Referência da Mulher “Ednalva Bezerra” (CRMEB-JP) onde foram coletadas informações nas Fichas de Atendimento. Realizou-se também levantamento de informações junto a secretarias e serviços governamentais. Concomitantemente com análise das informações das Fichas de Atendimento procedeu-se análise documental da Política Nacional Enfrentamento a Violência contra as Mulheres e do Plano Estadual de Enfrentamento a Violência contra as Mulheres/PB. No que diz respeito à sua estrutura, optou-se por uma divisão em três capítulos. No primeiro capítulo é feito a discussão sobre as bases teóricas da pesquisa, com enfoque nas categorias gênero e raça, bem como sobre a perspectiva da interseccionalidade e o feminismo negro. O segundo traz as contribuições feministas tanto no estudo como na intervenção para a politização do problema, enfocando os instrumentos internacionais de proteção aos direitos humanos, principalmente, àqueles que abordam os direitos das mulheres e a questão do racismo. No terceiro capítulo consta a caracterização CRMEB-JP, a análise das informações levantadas no serviço e análise da Política Nacional e do Plano Estadual de Enfrentamento a Violência contra as Mulheres. Os resultados da pesquisa apontam para a existência de uma relação entre o racismo e a violência cometida contra as mulheres negras, percebeu-se também em quase 40 anos de atuação feminista para dar visibilidade ao problema e inseri-lo na agenda governamental, a violência continua vitimando mulheres a cada dia, sem projeção de se findar.