PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA (PPGM)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: ANDRE VIEIRA SONODA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ANDRE VIEIRA SONODA
DATA: 21/03/2023
HORA: 14:00
LOCAL: https://www.youtube.com/watch?v=Ig0TIbKuVMo
TÍTULO: Registros sonoros de manifestações culturais populares do Nordeste do Brasil subsidiados pelo IPHAN no Século XXI
PALAVRAS-CHAVES: Registros fonográficos. Manifestações culturais. Nordeste do Brasil. IPHAN. Século XXI.
PÁGINAS: 415
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Artes
SUBÁREA: Música
RESUMO: Desde a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, em 1930, e ao longo de parte significativa do Século XX, o investimento governamental em mecanismos de proteção do patrimônio cultural brasileiro fundamentou-se principalmente no tombamento de patrimônios materiais com características eurocêntricas, fortemente vinculados à cultura da classe dominante. No entanto, ao final do Século XX, um novo paradigma reorientou os intuitos governamentais, promovendo uma gradual aproximação a mecanismos contemporâneos de registro e salvaguarda do patrimônio imaterial. Este último, mais ligado às classes populares, além de mais bem representativo do ethos e dos aspectos socioculturais do povo brasileiro. Materializado na atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), esse novo contexto político favoreceu uma ampliação da atividade de registros sonoros etnográficos sobre as manifestações culturais populares na Região Nordeste do Brasil no Século XXI. No entanto, apesar da relevância desses documentos fonográficos para a Nação, nenhuma abordagem científica sobre os mesmos, nos termos aqui implementados, parece ter sido instituída até o presente momento. Realizada entre 2018 e 2022, a presente pesquisa empregou análises bibliográficas, documentais, acústicas e estatísticas para avaliação das características, tendências e lacunas desses registros sonoros etnográficos subsidiados pelo IPHAN no Século XXI. Para tanto, três dimensões analíticas foram adotadas: física do som e acústica auditiva; engenharia de áudio e, finalmente, parâmetros etnográficos etnomusicológicos. Dimensões estas, imprescindíveis para a depreensão do objeto de estudo, assim como para a produção de informações relevantes e inéditas para a etnomusicologia e áreas nas quais o trabalho etnográfico representa um procedimento fundamental. Enquanto resultados, quatro aspectos foram considerados principais. Primeiro, a depreensão das características, tendências e lacunas dos registros sonoros avaliados. Aspectos estes, reveladores de contextos socioculturais importantes relacionados a vinte e seis manifestações culturais populares do Nordeste do Brasil, as quais, no âmbito desta pesquisa, alçaram-se à condição de objetos principais de análise. Segundo, a constatação da necessidade de reflexões acerca de práticas etnográficas na etnomusicologia. Aspectos, inclusive, considerados relevantes para todas as áreas do conhecimento nas quais o trabalho etnográfico, com ênfase em registros fonográficos, representa procedimento indispensável. Terceiro, a necessidade de adequações em políticas governamentais de salvaguarda do patrimônio imaterial brasileiro no sentido tanto da instituição de orientações para a prática de registros sonoros etnográficos, ancoradas em constructos e concepções epistêmico-filosóficas da etnomusicologia, antropologia e manifestações culturais brasileiras, quanto de mecanismos jurídicos mais adequados às demandas contemporâneas de salvaguarda e difusão do patrimônio cultural nacional. Finalmente, constatou-se a viabilidade do uso de análises estatísticas para identificação de dados quantitativos capazes de subsidiar análises qualitativas relevantes para a etnomusicologia. Enquanto conclusões, três pontos foram considerados relevantes. Primeiro, a necessidade de aprimoramentos epistêmico-conceituais no campo da etnomusicologia, tanto em relação à prática de registros sonoros e processos de pós-produção de materiais etnográficos quanto acerca de hierarquias de gênero, relações de poder, além de discriminações religiosas e culturais contemporâneas. Estas últimas, atentatórias aos direitos e liberdades de manifestações culturais populares, sobretudo culturas indígenas e afro-brasileiras. Segundo, a necessidade de aprimoramentos em políticas públicas culturais tanto no âmbito de mecanismos de salvaguarda, proteção e difusão do patrimônio cultural nacional quanto de orientações técnico-operacionais oficiais, por parte do IPHAN, que possam disciplinar melhor atividades de registro sonoro etnográfico e etapas de pós-produção desses materiais segundo preceitos etnomusicológicos, antropológicos e étnicos de expressões culturais brasileiras, especialmente, aquelas qualificadas como patrimônio imaterial nacional. Concluiu-se ainda que o emprego de análises estatísticas em pesquisas etnomusicológicas pode revelar dados importantes, favorecendo análises qualitativas indispensáveis. Embora subsídios desse tipo possam aproximar-se de lógicas frequentemente consideradas impróprias aos intuitos das ciências humanas, parecem capazes de elucidar aspectos e contextos socioculturais de difícil identificação por opções metodológicas unicamente qualitativas. Finalmente, as interpretações aqui instituídas permitiram a fundamentação da tese de que os registros sonoros de manifestações culturais populares do Nordeste do Brasil subsidiados pelo IPHAN no Século XXI revelam necessidades de aprimoramentos epistêmico-conceituais, prático-operacionais e normativos tanto em políticas públicas culturais de salvaguarda do patrimônio imaterial nacional quanto na etnomusicologia e em processos etnográficos de campo que incluam registros fonográficos. Esperase, portanto, que a presente iniciativa favoreça mudanças nos termos aqui apontados.
MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1812371 - FABIO HENRIQUE GOMES RIBEIRO
Presidente - 1448872 - LUIS RICARDO SILVA QUEIROZ
Externo à Instituição - RAIANA ALVES MACIEL LEAL DO CARMO
Externo à Instituição - TIAGO DE QUADROS MAIA CARVALHO
Externo ao Programa - 337214 - VANILDO MOUSINHO MARINHO