PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA (PPGS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Telefone/Ramal
83

Notícias


Banca de DEFESA: FERNANDA DINIZ DE SA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: FERNANDA DINIZ DE SA
DATA: 06/08/2021
HORA: 14:00
LOCAL: por videoconferência (https://meet.google.com/wdb-ttgr-jix) conforme Portaria 90/2020/Gabinete/UFPB,
TÍTULO: DEFICIÊNCIA E O TRABALHO DO CARE: Interseccionalidades nas relações de cuidado de mulheres com deficiência em situação de pobreza
PALAVRAS-CHAVES: deficiência, gênero, trabalho do care, interseccionalidade.
PÁGINAS: 100
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Sociologia
RESUMO: Essa tese buscou compreender como se constroem as estratégias e os discursos adotados para distribuição das responsabilidades nas relações de fornecer e receber cuidado na experiência de mulheres com deficiência física, em contextos de desigualdades e de carências de políticas públicas, analisando as dinâmicas com a família e nas redes de relações comunitárias de amizade e vizinhança. A pesquisa foi conduzida na região metropolitana de João Pessoa e foi baseada em entrevistas e relatos biográficos utilizando como eixo teórico-analítico as vertentes interseccionais dos campos de estudos do care e sobre a deficiência, para compreender as ambiguidades decorrentes de identidades e opressões sobrepostas, de gênero, de classe e deficiência. Nas narrativas das histórias de vida as interlocutoras acompanhadas e apresentadas ao longo do percurso dessa pesquisa, essa tese acabou por desvelar que mesmo sendo julgadas como dependentes, diante das barreiras impostas à deficiência e ampliadas pelas posições de gênero e de classe que isolam essas mulheres no ambiente doméstico, elas assumem os papéis convencionais de gênero, permanecendo atreladas a um ciclo vicioso no qual para reafirmar que seu potencial de autonomia e de ser uma “mulher completa”, acabam por definir subjetivamente seu valor por meio de papéis socialmente desprezados, uma vez que não participam de forma justa do amplo campo de oportunidades de vida pública. Na tentativa de se distanciar do estigma de uma “meia mulher”, da atribuição de um lugar de dependentes, infantilizadas e assexuadas, na busca por se aproximar de padrões normativos, as participantes desse estudo eram submetidas a esforços que acarretavam sobrecargas de ordem física, psicológica e social, algumas desde a infância, lidando com ausências masculinas e sem suporte em direitos sociais para equilibrar essas múltiplas desigualdades. Em todas as categorias identificadas nos mais diversos domínios e experiências sociais que permearam as relações de envolvendo cuidado dessas mulheres, de cuidarem e serem cuidadas, um imperativo moral de evitar buscar ou não precisar de ajuda esteve quase sempre presente, uma orientação que vai de encontro à ética do cuidado enquanto valor social. A busca pela independência, representada pela figura da “superação”, pode, portanto, se converter em uma outra forma de opressão, tanto sútil como perversa, por coagir essas sujeitas a se adequarem a papéis conservadores, às custas de esforços individuais em um ambiente social hostil e que despreza formas diversas de viver no mundo. Sendo assim, os custos pessoais envolvidos são altos e não são definidos como algo inerente ao fato de serem uma pessoa com deficiência, mas, ao fim e ao cabo, são uma consequência da incapacitação social e politicamente induzida pelos discursos, práticas sociais, territórios e políticas de exclusão agravado por atravessamentos de gênero e de classe, dentre outros.
MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1287701 - ADRIANO AZEVEDO GOMES DE LEON
Presidente - 336868 - EDUARDO SERGIO SOARES SOUSA
Externo ao Programa - 1437307 - MARCIA REIS LONGHI
Externo ao Programa - 1030421 - MARIA APARECIDA RAMOS DE MENESES
Interno - 1363922 - SIMONE MAGALHAES BRITO