PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (PPGL)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: SILVIO TONY SANTOS DE OLIVEIRA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: SILVIO TONY SANTOS DE OLIVEIRA
DATA: 22/08/2019
HORA: 18:00
LOCAL: sala 504
TÍTULO: OS ENIGMAS DO CORPO FALANTE: A HISTERIA COMO EXPRESSÃO DA FEMINILIDADE
PALAVRAS-CHAVES: feminino; literatura; histeria; sexualidade; psicanálise
PÁGINAS: 550
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Letras
RESUMO: Desde os primordios das primeiras civilizacoes, embasadas no matriarcado, e, posteriormente, a insurreicao do patriarcado, a sexualidade humana pode ser vislumbrada nos mais diversos vestigios historicos: pinturas, esculturas, registros rupestres entre outros. O feminino, em particular, e seu erotismo, de acordo com o tempo e a transicao sociocultural, transitam entre lugares sociais de exaltacao e condenacao; supremacia e subversao; sagrado e profano. Durante o matriarcado, periodo que corresponde, aproximadamente ao paleolitico e neolitico, o corpo feminino e exaltado por meio da fertilidade. O divino e o erotico se fusionam nas imagens divinizadas de entidades que se relacionam com a natureza e se materializam na nas multiplas estatuetas da virgem de venus. Em relacao ao feminino, o masculino se mostra como uma figura a parte: nao havendo lacos subversivos entre os dois generos. Em contrapartida, a fragmentacao do matriarcado culmina em uma derrocada da exaltacao do feminino. A fertilidade, de uma condicao sagrada, no contexto patriarcal, passa a ser vista como uma forma importante de preservacao das culturas e sociedades antigas, porem destituida de qualquer simbologia sagrada. O corpo feminino passa a configurar um hiato em relacao ao erotismo: No contexto greco-romano, berco socio-historico do cultural da sociedade ocidental, a mulher passa a ser compreendido como um componente subalternizado em relacao a figura masculina. Entre os helenicos, as figuras de esposa e mae, restritas as delimitacoes do oikos, sintetizam a visao patriarcal sobre o feminino. Consequentemente, os latinos, por meio de suas aproximacoes culturais historicas com a cultura grega, ratificam as percepcoes de um feminino submisso e constantemente atrelado a tutela masculina. Ja no periodo medieval, a partir do seculo V d. C., os estereotipos da mulher e da feiticeira se confundem de forma indissociavel acarretando estigmas e perspectivas alicercadas na misoginia. Na visao do cristianismo e de seus representantes, a mulher e o diabo se fundem nas inumeras tentativas de corromper os mais desatentos homens, levando-os a perdicao de seus espiritos, e afrontando o divino, por meio da profanacao do corpo, templo sacrario do espirito de Deus. O pecado se personifica na mulher medieval pela intermediacao da amaldicoada personagem biblica Eva. Correlatamente a esses cenarios historicos, os periodos seculares a frente ate os limiares do seculo XIX pouco apresentaram em avancos no que tange as visoes sociais sobre a mulher e sua sexualidade: fonte de satisfacao masculina e detentora de um corpo destinado a reproducao reverberaram ao longo dos anos. Nesses parametros historicos, a insurreicao da histeria feminina se mostrou perene, obedecendo sempre a uma caraterizacao sintomatica em cada epoca. Sexualidade e os sintomas enigmaticos acabam por se interlacarem de forma singular. A hystera, na visao de filosofos e medicos, apresenta ligacoes proximas com um animal errante e obcecado pela fertilidade. Uma perspectiva fundada na metafisica, defendida pelos religiosos medievais, associavam as histericas as manifestacoes demoniacas empreitadas pelo inimigo da fe crista. A partir do seculo XVII, paulatinamente, a histeria, anatomicamente, migra do ventre para o cerebro e, por vezes, concilia com uma posicao de descrenca por parte da medicina, em sua existencia. Essas denotacoes, dirigidas a histerica, acabam por ser encenadas nas manifestacoes culturais como a literatura. As personagens femininas, dos romances, do periodo oitocentista, apresentam-se acometidas por sintomas que lhes atribuem caracteristicas de adoecimento. Debilitadas, fragilizadas ou ate mesmo loucas, essas personagens sao, costumeiramente, vislumbradas como fragilizadas e submissas diante de um pathos devastador. Por meio de uma interface entre psicanalise e literatura, galgamos debrucar um outro olhar sobre a histeria feminina: a histerica, longe de ser uma personagem debil, se apresenta-se subversiva diante da cultura patriarcal e seus prismas. Para tanto, Lancamos mao de um estudo do romance oitocentista circunscrito pelas obras O homem (1887), de Aluisio de Azevedo e A carne (1888), de Julio Ribeiro. Nesses corporas, vislumbramos Magda e Lenita, respectivamente, que diante das vicissitudes culturais, responsaveis pela interdicao do desejo, gozam a partir da imposicao de uma feminilidade subversiva, ofertada pelos sintomas histericos. Nossas consideracoes teoricas, que buscam resgatar a histeria do campo patologico, defendido pela psiquiatria, e alca-la ao campo da subjetividade psiquica, sao fundamentadas nas contribuicoes teoricas de Sigmund Schlomo Freud (1856-1939) e Jacques-Marie Emile Lacan (1901-1981). Nesse sentido, por meio do corpo, Magda e Lenita ostentam uma feminilidade enigmatica que destoa dos preceitos estereotipados, da sociedade oitocentista, acerca do feminino e de sua sexualidade.
MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 1410297 - AMANDA RAMALHO DE FREITAS BRITO
Presidente - 3567041 - HERMANO DE FRANCA RODRIGUES
Externo ao Programa - 337968 - WILMA MARTINS DE MENDONCA