PROGRAMA INTEGRADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PIPPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: DEBORAH DORNELLAS RAMOS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: DEBORAH DORNELLAS RAMOS
DATA: 31/01/3013
HORA: 14:00
LOCAL: UFPB/CCHL/ SALA 511
TÍTULO: INTERAÇÃO EDUCADORA-CRIANÇA: ESTILOS LINGUÍSTICOS E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES SOCIOCOMUNICATIVAS
PALAVRAS-CHAVES: Interação; creches públicas; desenvolvimento sociocomunicativo.
PÁGINAS: 198
RESUMO:

As pesquisas desenvolvidas na Perspectiva da Interação Social dos Estudiosos da Linguagem buscam, sobretudo, analisar os contextos interativos entre crianças e adultos, considerando os estilos comunicativos utilizados pelos adultos e suas relações com o desenvolvimento linguístico infantil. Os estudos que abordam o desenvolvimento da linguagem a partir desta perspectiva pressupõem que os estilos comunicativos utilizados pelos adultos durante as interações com as crianças podem ser capazes ou não de promover o desenvolvimento da linguagem infantil. Dentre os estilos comunicativos considerados favorecedores, destacam-se os assertivos, as requisições de respostas gerais, as requisições de respostas específicas, os feedbacks, as reformulações, bem como os diretivos. Embora a maioria dos estudos que consideram os estilos linguísticos analisem as interações mãe-criança, ressalta-se a importância de estudar os estilos comunicativos utilizados pelas educadoras que atuam em creches públicas, uma vez que as crianças que frequentam estas instituições despendem parte significativa do seu tempo nesses ambientes, interagindo com estas profissionais. A faixa etária das crianças entre os 24 e os 36 meses justifica-se por compreender o desenvolvimento de habilidades sociocomunicativas importantes, como a emergência das pequenas frases, da expansão vocabular e das narrativas. Deste modo, objetivou-se, por meio do presente estudo, analisar a interação educadora-criança longitudinalmente, considerando os estilos linguísticos dirigidos pelas educadoras e o desenvolvimento das habilidades sociocomunicativas infantis entre os 24 e os 36 meses de idade. Os dados foram coletados em três creches públicas do município de João Pessoa – PB. Inicialmente, foram realizadas entrevistas com as educadoras e as mães das crianças, para estabelecer rapport. Em seguida, os dados foram coletados em três etapas: Na primeira, foram observadas as interações educadora-criança em torno dos 24 meses de idade, quando se esperava que as crianças estivessem formulando as primeiras pequenas frases. Para que fosse possível verificar os estilos linguísticos utilizados pelas educadoras e as habilidades sociocomunicativas apresentadas pelas crianças, as interações foram observadas, nas três etapas do estudo, em dois contextos de leitura partilhada de livros infantis, sendo: um diádico, no qual a educadora leu individualmente com cada criança, e outro poliádico, no qual a educadora foi observada enquanto lia coletivamente, junto às crianças da sala de aula. Na segunda etapa, as observações sistemáticas das interações foram realizadas quando as crianças se encontravam em torno dos 30 meses de idade, quando se esperava verificar um aumento na complexidade sintática das suas sentenças, além da expansão do seu vocabulário. A última etapa de observações foi realizada quando as crianças se encontravam em torno dos 36 meses de idade, quando existia a expectativa de que fossem capazes de formular pequenas narrativas sobre experiências e eventos passados. Ressalta-se que o vocabulário das crianças foi averiguado ao longo das três etapas, através da Lista de Avaliação do Vocabulário Expressivo – LAVE. As filmagens das interações educadora-criança foram transcritas e analisadas mediante as normas do CHAT (Codes for Human Analysis of Transcripts), que faz parte do programa computacional CHILDES (Child Language Data Exchange System), originando as categorias interacionais dos comportamentos comunicativos das educadoras e das crianças, com base nas observações das interações, nos dados apreendidos através dos instrumentos, dos objetivos do estudo e do referencial teórico adotado. Destaca-se que as frequências se os percentuais de prevalência dessas categorias foram calculados com o auxílio do sistema de análises CLAN (Computerised Language Analysis), que também compõe o CHILDES. No que concerne aos resultados, destaca-se que, primeiramente, foram expostos os dados elencados a partir da LAVE sobre o desenvolvimento do vocabulário expressivo das crianças no decorrer dos 24, 30 e 36 meses, por meio dos quais se verificou que, de um modo geral, as crianças apresentaram um desenvolvimento progressivo do seu repertório vocabular ao longo das Etapas do estudo. Os resultados que emergiram das observações sistemáticas compreenderam tanto as mudanças dos estilos linguísticos utilizados pelas educadoras, quanto o avanço das habilidades sociocomunicativas infantis no decorrer do estudo. O desenvolvimento dessas habilidades foi marcado, inicialmente, pelo surgimento das pequenas frases das crianças, aos 24 meses. Nas interações observadas nessa Etapa, prevaleceu entre as educadoras, tanto nos contextos diádicos, quanto nos poliádicos, o uso dos assertivos e dos diretivos de atenção que, apesar das controvérsias nas quais se encontram envoltos, facilitaram o engajamento das crianças nos episódios de atenção conjunta nessa faixa etária, em decorrência de terem sido acompanhados pelos gestos de apontar. Em torno dos 30 meses de idade, pode-se afirmar que o principal marco linguístico foi a emergência das protonarrativas, que consistiram em estruturas embrionárias do discurso narrativo, eliciadas, a princípio, com o auxílio de perguntas estratégicas elaboradas pelos adultos, fornecendo o suporte necessário para que as crianças fossem, aos poucos, aprendendo a estruturar as suas narrativas. Nessa premissa, destacou-se o fato das requisições terem passado a predominar entre as educadoras nos contextos diádicos, o que remete a uma possível relação entre o desenvolvimento das habilidades sociocomunicativas infantis e o uso de estilos de fala mais complexos pelas profissionais. Na faixa etária dos 36 meses, foi possível verificar entre as crianças, o desenvolvimento dos pequenos “relatos” e “causos”, que constituem uma modalidade de discurso narrativo que se encontra a “meio caminho” entre os relatos de eventos passados e as estórias de enredo fixo, além da emergência dos primeiros pronomes interrogativos, como “o que”, “onde” e “como”, por exemplo. Destaca-se que, nesse período do desenvolvimento, as educadoras ainda exerceram o papel de interlocutoras ativas, auxiliando as crianças na estruturação do discurso narrativo, mediante o uso ainda mais frequente das requisições - sobretudo, as requisições de resposta geral -, além de outros estilos considerados favorecedores do engajamento das crianças nas interações e nos “jogos de narrar”, tais como os feedbacks, por exemplo. Contudo, ressalta-se que, apesar das educadoras terem utilizado estilos linguísticos de um modo que, a princípio, poderia ser considerado satisfatório, é preciso ponderar o fato dessa linguagem ter predominado apenas nos contextos diádicos, o que recai sobre a necessidade de se considerar a influência de fatores como a proporção elevada de crianças por educadora nas salas de aula das creches públicas, além do pouco preparo das profissionais. Portanto, as considerações finais do estudo compreenderam uma análise geral dos resultados apreendidos nas diferentes faixas etárias, procurando estabelecer as relações entre eles e refletir sobre as suas diferentes possibilidades de contribuição, objetivando a melhoria dos contextos interativos estabelecidos nas creches públicas e a promoção do desenvolvimento das crianças que as frequentam, mediante recursos facilitadores, como o exercício de contar estórias e a leitura partilhada dos livros infantis. Além disso, considera-se que esses resultados podem contribuir para a elaboração de políticas que visem à melhoria das condições de atendimento das crianças nas creches públicas, assim como a qualificação profissional das educadoras que atuam na educação infantil.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1742381 - ANA RAQUEL ROSAS TORRES
Externo à Instituição - MARIA LIGIA DE AQUINO GOUVEIA - UEPB
Presidente - 337201 - NADIA MARIA RIBEIRO SALOMAO