PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (CE - PPGE)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: BRUNA KEDMAN NASCIMENTO DE SOUZA LEÃO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: BRUNA KEDMAN NASCIMENTO DE SOUZA LEÃO
DATA: 16/08/2019
HORA: 10:00
LOCAL: PPGE
TÍTULO: A Cultura Escolar Regulatória: Uma análise do padrão civilizatório do comportamento discente à luz de Norbert Elias.
PALAVRAS-CHAVES: Educação; Cultura Escolar Regulatória; Jogos de Poder; Interdependência.
PÁGINAS: null
RESUMO: Enquanto instituição social, a escola possui uma cultura própria que atua diretamente na formação social e acadêmica dos indivíduos. Nesse processo educativo, todas as ações do ambiente escolar são voltadas para padronização de pensamentos e comportamentos, tornando os indivíduos socialmente funcionais. Estando o caráter regulatório implícito na cultura escolar, os(as) profissionais que atuam nesse ambiente emitem ações que precisam ser planejadas, intencionais, todavia, algumas práticas são tão repetidas que tornam-se naturalizadas ou automatizadas sendo raramente refletidas ou questionadas acerca da finalidade e implicações na formação de outrem. Desse modo, além da importância de indagar e refletir acerca das práticas pedagógicas, é fulcral compreender que elas não estão isoladas, mas conectadas numa rede de interdependências permeadas pelos jogos de poder que constituem as relações sociais. Nesse sentido, a pesquisa em desenvolvimento versará acerca da cultura escolar regulatória, evidenciando o poder das ações docentes na construção de um padrão civilizatório do comportamento discente. Esperamos contribuir suscitando reflexões acerca da força das ações regulatórias de professores e professoras na eliminação de contradições e no reforço de comportamentos socialmente aceitáveis. Para tanto, analisar como docentes estabelcem o padrão comportamental discente à luz da Sociologia Configuracional é o objetivo geral desse estudo. Tão importante quanto identificar essas ações é compreender como elas se dão no contexto escolar, considerando-as numa lógica processual: quais são essas práticas? O que mudou e o que permaneceu nos modos docente de lidar com o comportamento discente? Daí justifica-se a escolha pela Sociologia Configuracional de Norbert Elias (2008) para nortear a investigação. Essa teoria permite-nos um olhar diferenciado em relação a esse fenômeno educativo, dando ênfase ao poder transitório que permeia a ação docente. Desse modo, dentro da configuração escolar, analisaremos, mais especificamente, a figuração docente-discente. Assim sendo, traçamos como objetivos específicos: discutir a sociogênese da modificação do comportamento discente e a psicogênese da profissão docente; caracterizar o caráter regulatório da cultura escolar; identificar as práticas regulatórias do comportamento elaboradas pelas docentes, verificando as diferenças e semelhanças de mediação das mesmas em suas respectivas turmas; verificar os protocolos de ação previstos no Regimento Interno e no Projeto Pedagógico da instituição. As práticas regulatórias intencionais e não intencionais percebidas naquela figuração, construídas e reconstruídas ao longo tempo, evidenciarão o caráter regulatório da cultura escolar. As categorias analíticas, previamente estabelecidas, que estão norteando a investigação, são conceitos da teoria eliasiana, sendo elas jogos de poder, interdependência e autocontrole. Além delas, alguns conceitos caros ao campo dos Estudos Culturais da Educação(ECE) também foram essenciais para a construção desse diálogo, como cultura, educação, corpo, representação/identidade. Considerando que, tanto para o campo dos ECE como para a Sociologia Configuracional, cada contexto, grupo, sociedade ou figuração possui características próprias, optamos pelo estudo de caso como estratégia metodológica. Assim, a investigação está sendo realizada numa escola de ensino infantil e fundamental da rede municipal de João Pessoa, na qual foram feitas observações diretas e entrevistas temáticas com três docentes: sendo uma do pré-escolar, a segunda do terceiro ano e a última do quinto ano. As entrevistas temáticas nos permitirá acessar elementos da memória das participantes e compreender de que modo a aprendizagem do autocontrole em suas experiências como estudantes, assim como a formação profissional, influenciam nas respectivas práticas pedagógicas. Nesse direcionamento, também se fez necessário consultar os documentos institucionais, tendo-se em vista que deles pode-se conhecer registros e prescrições da vida escolar, principalmente, no que tange aos modos de conduta docente frente ao comportamento dos(as) estudantes. Cada uma será observada e acompanhada durante um mês durante o cotidiano de suas aulas. Até o presente momento, apenas a primeira docente já foi observada e entrevistada. Concomitante as entrevistas e observações, está sendo feita a consulta aos documentos institucionais mencionados anteriormente. Será feita uma triangulação dos dados produzidos. Vale salientar que: estando na perspectiva dos estudos culturais, a técnia de triangulação não objetiva apurar a veracidade dos fatos, mas sim, possibilita o olhar/analisar o objetivo a partir de diversas perspectivas, ampliando a compreensão acerca da cultura escolar regulatória e, mais especificamente, o poder exercido pelas docentes. Como técnica de análise de dados, optei por realizar uma Análise Configuracional, baseando-se na própria teoria eliasiana. O conceito de configuração em Norbert Elias é interdisciplinar, assim, embora seja do campo sociológico, acolhe os saberes de outras disciplinas para analisar e compreender o ser humano e suas relações. Nessa perspectiva, é estabelecido um movimento metodológico e epistemológico em que parte-se do próprio objeto e suas especificidades para compreendê-lo, sendo um exercício coerente à pesquisa em educação. Desse modo, a análise configuracional nos permitirá compreender e explicitar que a ação docente não pode ser explicada isoladamente, mas de forma interdependente e processual. Além disso, pode ser uma técnica de análise promissora ao campo dos ECE, por seu caráter interdisciplinar e considerar os jogos de poder que constituem a configuração estudada.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 6334885 - RICARDO DE FIGUEIREDO LUCENA
Interno - 252653 - FERNANDO CEZAR BEZERRA DE ANDRADE
Externo à Instituição - ANDREA BORGES LEÃO