PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: CAMILA CRISTINA VASCONCELOS DIAS

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: CAMILA CRISTINA VASCONCELOS DIAS
DATA: 01/03/2021
HORA: 14:00
LOCAL: on_line
TÍTULO: MODELO EXPLICATIVO DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA PESSOAS AUTISTAS PAUTADO NAS REPRESENTAÇÕES, CRENÇAS, ESTEREÓTIPOS, PERCEPÇÃO DE AMEAÇA, PRECONCEITO E FASE DO DESENVOLVIMENTO
PALAVRAS-CHAVES: autsimo; discriminação; preconceito; estereótipos; representações sociais
PÁGINAS: 210
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO: Com uma história marcada pela exclusão social e pela relação, a priori, com a esquizofrenia, o autismo é atualmente considerado um transtorno do neurodesenvolvimento de etiologia múltipla sob a nomenclatura Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ainda que direitos em prol da inclusão social de pessoas autistas tenham sido legislados, elas permanecem alvos de preconceito e discriminação. Esta tese tem como objetivo propor um modelo explicativo da discriminação contra pessoas autistas. A tese defendida é a de que há discriminação contra pessoas autistas e ela está pautada nas representações sociais vinculadas à doença mental, na crença sobre a dificuldade de socialização, nos estereótipos de ameaça e de incapacidade, na percepção de ameaça e no preconceito, sendo a discriminação influenciada pela fase do desenvolvimento da pessoa autista (criança vs. adulto) e pelo grau de severidade do TEA (leve vs. severo). Para alcançar o objetivo proposto, foram elaborados cinco artigos. O artigo 1 objetivou realizar um levantamento de dados da literatura sobre as contribuições das representações sociais, das crenças e dos estereótipos relacionados ao autismo e à pessoa autista, propondo uma articulação teórica a fim de fundamentar a compreensão do preconceito e da discriminação contra pessoas autistas. O artigo 2 teve como objetivo identificar a estrutura e os processos sociocognitivos da representação social do autismo elaborada por universitários. Participaram da pesquisa 206 universitários que responderam à Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) com o estímulo Autismo, além de questões dissertativas sobre conceito e causa do autismo. Os dados da TALP foram analisados por meio da análise prototípica no IRAMUTEQ e os dados das questões dissertativas por meio da análise de conteúdo temática-categorial. A representação social elaborada pelos participantes se estruturou em torno dos elementos: criança, dificuldade, isolamento, doença; sendo objetivada na descrição de Autismo Infantil contida na CID-10, e ancorada na doença mental, recuperando a associação histórica entre o autismo e a esquizofrenia, uma vez que ela consiste no protótipo da doença mental. O artigo 3 objetivou conhecer e analisar as representações sociais de universitários e da população geral sobre a pessoa autista, visando identificar os estereótipos que as compõem e evidências de preconceito por meio da investigação da zona muda, região de difícil acesso das representações sociais. Participaram 411 indivíduos, 205 indivíduos da população geral e 206 universitários que responderam à TALP com o estímulo Pessoa Autista e a uma questão dissertativa sobre como sociedade enxerga a pessoa autista. Foram utilizadas as mesmas técnicas de análise de dados do artigo anterior. As representações sociais sobre a pessoa autista elaboradas pelos participantes se organizaram em torno dos estereótipos: isolada, inteligente e especial; os termos foram os mesmos para os dois grupos de participantes, confirmando a estabilidade do núcleo central. Contudo, nas respostas da questão dissertativa emergiram, principalmente, estereótipos negativos, como doente mental, isolado, incapaz, anormal, estranho, perigoso e agressivo, e atitudes negativas, como o preconceito, confirmando o acesso à zona muda. O artigo 4 objetivou desenvolver e reunir evidências de validade de uma escala que mensura a crença sobre dificuldade de socialização da pessoa autista por meio de dois estudos. No estudo 1, participaram 295 indivíduos da população geral e análises fatoriais exploratórias indicaram a presença de um fator único composto por 8 itens (α = 0,76). No estudo 2, participaram 276 indivíduos da população geral e uma análise fatorial confirmatória reforçou a unidimensionalidade da escala mediante satisfatórios índices de ajuste [CFI = 0,93; TLI = 0,90; RMSEA = 0,05 (IC90% = 0,031-0,086) e SRMS = 0,05], permanecendo com 8 itens (α = 0,74). Por fim, o artigo 5 teve como objetivo propor um modelo explicativo da discriminação contra pessoas autistas baseado na crença sobre a dificuldade de socialização, nos estereótipos de ameaça e incapacidade, na percepção de ameaça e no preconceito, verificando os efeitos da fase de desenvolvimento da pessoa autista (criança vs. adulto) e do grau de severidade do TEA (leve vs. severo) na discriminação. Para tanto, realizou-se um estudo com 360 indivíduos da população geral que responderam a uma manipulação quase experimental e aos instrumentos de medida das variáveis do modelo. Os resultados demonstraram efeito principal significativo da variável fase do desenvolvimento sobre a discriminação; contudo, para a variável grau de severidade não houve efeito principal significativo, assim como também não houve interação entre as duas variáveis independentes. Ademais, a crença na dificuldade de socialização e os estereótipos de ameaça explicaram a percepção de ameaça que, com os estereótipos de incapacidade, explicou o preconceito. O preconceito, assumindo papel mediador, explicou a discriminação, que sofreu efeito da variável fase do desenvolvimento, resultando em uma mediação moderada pela fase do desenvolvimento, cujo efeito da percepção de ameaça na discriminação, mediado pelo preconceito, ocorreu quando a pessoa autista era um adulto. Os resultados encontrados nos estudos desta tese contribuem para compreender fenômenos como a discriminação e o preconceito contra pessoas autistas de modo a possibilitar reflexões sobre como atuar diretamente nos processos que os sustentam a fim de reduzi-los em prol da inclusão social dessas pessoas, principalmente adultos autistas.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1285229 - SILVANA CARNEIRO MACIEL
Interno - 337201 - NADIA MARIA RIBEIRO SALOMAO
Externo à Instituição - ANDRÉ FARO SANTOS
Externo à Instituição - KATRUCCY TENÓRIO MEDEIROS
Externo à Instituição - LUANA ELAYNE CUNHA DE SOUZA