PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: IRIA RAQUEL BORGES WIESE

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: IRIA RAQUEL BORGES WIESE
DATA: 24/08/2016
HORA: 09:00
LOCAL: UFPB - CCHLA - Sala 404
TÍTULO: ATITUDES E VULNERABILIDADES FRENTE AO ABORTO PROVOCADO EM CONTEXTOS DE LEGALIDADE E ILEGALIDADE
PALAVRAS-CHAVES: Aborto provocado, Atitudes, Vulnerabilidades, Legalidade, Ilegalidade.
PÁGINAS: 160
RESUMO: Este estudo tem como objetivo investigar os valores, crenças de gênero, atitudes e vulnerabilidades associados ao aborto provocado em contexto de legalidade (Brasil) e ilegalidade (Uruguai). Parte-se dos seguintes questionamentos: Podem os valores e as crenças de gênero predizer as atitudes favoráveis e contrárias ao aborto provocado? Quais as vulnerabilidades estão implicadas nessa prática, tanto no contexto de ilegalidade quanto no de legalidade, e como elas influenciam nas vivências e significados das mulheres? Para tanto, está sendo testado um modelo preditivo das atitudes frente ao aborto provocado e, para investigar as vulnerabilidades, vivências e significados relacionados à prática do aborto, foi utilizada uma metodologia baseada no método de cenas, o qual considera a subjetividade das pessoas e seu contexto sociocultural. Ao buscar identificar os valores, crenças de gênero, atitudes e vulnerabilidades associados ao aborto provocado, pretende-se levantar elementos que poderão dar subsídios para a promoção da saúde, buscando um olhar para outras dimensões na assistência. Pode-se dizer que a legislação de um país é, de certo modo, reflexo dos valores, crenças e atitudes de determinada sociedade, sobre um objeto, num determinado período histórico. Ademais, qualquer reflexão sobre aborto deve incluir uma análise das relações de gênero, desiguais e assimétricas em nossa sociedade, do controle e responsabilidade pela contracepção e pela concepção (Tornquist, Reis, Benetti & Favarin, 2012). Segundo Scott (1990), gênero é uma categoria útil de análise histórica. Numa perspectiva construcionista, considera-se que gênero sempre envolve relações de poder e assimétrica, sendo, portanto, relacional (Tornquist, Reis, Benetti & Favarin, 2012). Nesse sentido, as atitudes demarcam um contexto social e legal no qual o aborto é praticado pelas mulheres, implicando em algumas vulnerabilidades (Ayres, J. R. C. M. França-Júnior, I. Calazans, G. J. & Saletti-Filho, H. C., 2003). Ao mesmo tempo em que essas vulnerabilidades conduzem a uma gravidez indesejada e à decisão de provocar o aborto, essa prática também finda por submeter às mulheres a algumas situações de vulnerabilidade acentuada e violência, sobretudo a institucional, a qual é precedida por atitudes contrárias ao direito da mulher abortar, numa relação dialética. A fim de cumprir com os objetivos desta tese, foram realizados três estudos. O primeiro estudo consistiu na tradução, adaptação e validação do inventário Gender Attitude Inventory (GAI) (Ashmore, Del Boca & Bilder, 1995) e do Questionário de Valores Psicossociais (QVP) (Pereira, Camino & Da Costa 2005) para os contextos brasileiro e uruguaio, os quais servirão como instrumentos de medida das crenças de gênero e dos valores, respectivamente, no estudo seguinte. Participaram deste estudo 398 estudantes universitários brasileiros, acessados em universidades públicas e privadas do estado da Paraíba, sendo 50,8% do sexo masculino e 49,2% do sexo feminino, 39,4% estudantes da área de exatas, 33,2% de humanas e 27,4% de saúde, com média de idade de 24,7 anos (DP = 6,8), bem como 384 estudantes uruguaios, sendo 46,1% do sexo masculino e 53,9% do sexo feminino, 44% da área de humanas, 41,9% de exatas e 14,1% de saúde, com média de idade de 22,71 anos (DP = 4,6). Os resultados da Análise Fatorial Exploratória do GAI apontaram para a existência de seis fatores, em ambos os países, denominados de: “Diferenças nos Papéis Familiares e Sexuais”, “Aborto”, “Diferenças nos Papéis Profissionais”, “Estereótipos Tradicionais”, “Violência Sexual” e “Liberdade Sexual Feminina”. Tanto a versão brasileira como a versão uruguaia do GAI obtiveram índices de confiabilidade considerados satisfatórios, com coeficiente de Cronbach igual a 0,89 e 0,91, respectivamente. O segundo estudo, ainda em análise, tem como finalidade testar um modelo preditivo das atitudes frente ao aborto provocado, através de análise de regressão múltipla, tendo como variáveis preditoras os valores e as crenças de gênero dos participantes. O terceiro estudo objetiva identificar e analisar as vulnerabilidades implicadas no aborto provocado a partir do discurso das mulheres que o praticaram. Participaram deste estudo 17 mulheres uruguaias e, até o presente momento, 9 mulheres brasileiras, as quais responderam a uma entrevista semi-estruturada baseada no método das cenas, o qual permite analisar todas as dimensões da vulnerabilidade com base em uma cena. As cenas que interessam a este estudo são o momento da relação sexual que gerou a gestação não planejada e indesejada, da descoberta da gravidez, da decisão pelo aborto e sua trajetória e da vivência pós-aborto. As entrevistas estão em fase de transcrição e serão analisadas com base na categorização temática.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1497729 - ANA ALAYDE WERBA SALDANHA PICHELLI
Interno - 1520147 - JULIO RIQUE NETO
Externo ao Programa - 336868 - EDUARDO SERGIO SOARES SOUSA