PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Telefone/Ramal
Não informado

Notícias


Banca de DEFESA: ELIS AMANDA ATANASIO DA SILVA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ELIS AMANDA ATANASIO DA SILVA
DATA: 16/10/2017
HORA: 14:00
LOCAL: Auditório I da Central de Aulas
TÍTULO: "A mão que afaga é a mesma que apedreja": preconceitos e percepções de vulnerabilidades de profissionais de saúde frente às pessoas que vivem com HIV/Aids
PALAVRAS-CHAVES: preconceito; profissionais de saúde; serviços de saúde; vulnerabilidades; HIV/aids
PÁGINAS: 118
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
SUBÁREA: Psicologia Social
ESPECIALIDADE: Relações Interpessoais
RESUMO: Desde o seu advento na decada de 80 que a aids passa por inumeras metaforas que legitimam processos de estigma, preconceito e discriminacao frente as pessoas acometidas, tornando-se tal fato uma limitacao aos esforcos da prevencao e tratamento da doenca. Deste modo, as pessoas que vivem com HIV/Aids tendem a sofrer uma dupla vitimizacao: a primeira, causada pela enfermidade em si com suas consequencias psicofisiologicas; e a segunda que diz respeito ao preconceito vivenciado, marginalizando-as na sociedade. O preconceito se caracteriza como uma forma de relacao intergrupal organizada em torno das relacoes de poder entre grupos, produzindo representacoes ideologicas que justificam a expressao de atitudes negativas e depreciativas, bem como a expressao de comportamentos hostis em relacao aos membros de grupos minoritarios. Assim, os preconceitos tem componentes cognitivos (as crencas e os estigmas), afetivos (sentimentos, emocoes, antipatias e aversoes) e disposicionais (motivacao para agir ou tendencias para a discriminacao). Diante do exposto, tem-se como objetivo geral analisar os preconceitos e as percepcoes de vulnerabilidades individual, social e programatica de profissionais de saude frente as pessoas que vivem com HIV/aids. Para tanto, contou-se com a realizacao de tres estudos empiricos, tendo uma amostra nao-probabilistica por conveniencia, composta por 31 profissionais de saude atuantes na Paraiba, sendo 16 da atencao basica e 15 dos servicos de atencao especializada em HIV/aids, distribuidos equitativamente nas profissoes de enfermagem e medicina. A maioria dos participantes sao do sexo feminino, com as idades variando de 25 a 64 anos (M = 41,3; DP = 12,6), casados e catolicos. Foram utilizados tres instrumentos que se complementaram: teste de associacao livre de palavras; entrevista semi-estruturada e um questionario sociodemografico. A partir dos dados do Estudo I, de carater quantitativo e exploratorio, cujo objetivo foi identificar as crencas dos profissionais de saude frente as pessoas que vivem com HIV/aids, obteve-se duas categorias: crencas cognitivas (psicossocial e clinica) e crencas afetivas (sofrimento e preconceito), havendo a presenca de crencas paternalistas, assistencialistas e negativas sobre as pessoas soropositivas, a exemplo das evocacoes tristeza, medo, preocupacao, complicado e desinformacao. Verificou-se ainda a presenca de estigmas e estereotipos, bem como a responsabilizacao dos soropositivos pelo contagio. Ja o Estudo II, qualitativo, de levantamento e descritivo, teve como objetivo analisar o estigma, o preconceito e as narrativas de discriminacao dos profissionais de saude frente as pessoas que vivem com HIV. Aqui surgiram tres classes tematicas: I) Componente cognitivo do preconceito, a qual deu voz a categoria crencas estigmatizantes, com seis subcategorias (silencio; sentenca de morte; periculosidade; isolamento social; promiscuidade e corpo marcado); II) Componente afetivo do preconceito, na qual emergiu a categoria sentimentos dos profissionais de saude frente as PVHA, com tres subcategorias: pena, medo e tristeza; e III) Componente disposicional do preconceito, que trouxe tres categorias: Discriminacao nos servicos frente a PVHA; Discriminacao nos servicos frente ao profissional de saude e Discriminacao justificada, respectivamente. As tres classes tematicas que surgiram demonstram a forma que os profissionais de saude pensam, sentem e orientam suas acoes, fundamentados na atitude preconceituosa frente ao exogrupo. Por ultimo, o Estudo III, qualitativo e de levantamento, cujo objetivo foi analisar as dimensoes de vulnerabilidades individual, social e programatica que os profissionais de saude situam as pessoas que vivem com HIV. Emergiu nos resultados uma unica classe tematica denominada Vulnerabilidades, que deu seguimento a tres categorias: vulnerabilidade individual (estilo de vida, responsabilizacao da pessoa soropositiva, falta de informacao e banalizacao da prevencao); vulnerabilidade social (apoio social e discriminacao social) e vulnerabilidade programatica. Portanto, constatou-se que os profissionais de saude de ambas as redes apresentaram preconceito frente as pessoas que vivem com HIV/aids, baseado em crencas estigmatizantes que associa-as a desinformacao, responsabilizacao individual no contagio e estilo de vida devasso, bem como na expressao de sentimentos aparentemente positivos e benevolentes, mas que coloca-as num lugar de passividade, incapacidade e falta de autonomia perante a sociedade e a sua propria vida. Foi notoria a maior associacao dos soropositivos a vulnerabilidade de cunho individual, o que pode gerar um retrocesso na resposta a epidemia, ao admitir-se que a dificuldade reside nos individuos e nao nas relacoes sociais instaladas, colocando em segundo plano a necessidade de mudancas sociais e programaticas.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1497729 - ANA ALAYDE WERBA SALDANHA PICHELLI
Interno - 1543226 - PAULO CESAR ZAMBRONI DE SOUZA
Externo ao Programa - 1725398 - RAFAEL NICOLAU CARVALHO
Externo à Instituição - DEGMAR FRANCISCO DOS ANJOS
Externo à Instituição - FRANCISCA MARINA DE SOUZA FREIRE FURTADO