PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (PPGL)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
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Notícias
Banca de DEFESA: ANDERSON GUSTAVO SILVA MACEDO PEREIRA
Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ANDERSON GUSTAVO SILVA MACEDO PEREIRA
DATA: 15/06/2022
HORA: 09:00
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO: O desejo homoerótico e o seu algoz: as configurações da dor e do gozo no romance En finir avec
eddy belleguele de Édouard Louis
PALAVRAS-CHAVES: Homoerotismo. Homossexualidades. Psicanálise. Literatura Francesa. Édouard Louis
PÁGINAS: 48
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Letras
RESUMO: A sexualidade esteve subordinada, até o final do século XVIII, a três esferas de controle
da sociedade: os discursos médicos, religiosos e morais (FOUCAULT, 2015).
Entendendo que a homossexualidade está dentro desse núcleo de submissão, mesmo antes
de ter uma palavra que a identificasse, podemos afirmar que ela foi vista como doença,
pecado e crime, respectivamente. O indivíduo que não obedecesse a esse todo sistêmico
teria de lidar com algum tipo de discriminação ou mesmo punições das mais severas.
Malgrado inúmeros avanços, na atualidade, os homossexuais se veem diante de uma
dualidade cruel e cada um busca encaixar a própria homossexualidade dentro desse
antagonismo: (1) a desobediência à cultura, rebelando-se contra ela para viver a
homossexualidade de forma plena e, assim, correr riscos dos mais diversos ou o inverso;
(2) a recusa à própria orientação sexual, negando-a até para si mesmo, a fim de não sofrer
retaliações e humilhações; outras possibilidades se encontram entre esses dois polos,
sempre colocando o indivíduo em um lugar de luta (contra si, a priori, contra o outro, a
posteriori). Dentro deste contexto de escolhas, incoerências e conflitos tão dolorosos
quanto prazerosos, inserimos nosso objeto de estudo: o romance En finir avec Eddy
Bellegueule (2014), do escritor francês Édouard Louis, no qual essas dores e prazeres se
(re)produzem na infância e na adolescência de Eddy, narrador-personagem. Suas
experiências sexuais inaugurais, aos 10 anos, foram vividas de maneira marginalizada em
um depósito de lenha na comunidade de Hallencourt (norte da França). Ao mesmo tempo,
a homofobia o vitimizava: ele sofria violência psicológica e física por parte de sua família,
dos colegas de sua escola e dos moradores do vilarejo no qual residia. A escolha desse
corpus se justifica por termos um número fraco de obras francesas traduzidas no Brasil
(TORRES, 2007) se comparado à volumosa produção literária em francês. Estudar um
autor de língua francesa em um contexto como esse é uma tentativa de manter vivo o interesse por parte do público brasileiro em literatura e língua francesas, entendendo que
o acesso a culturas estrangeiras enriquece a cultura nacional. Além disso, o estudo desta
obra busca favorecer as discussões sobre as narrativas contemporâneas francesas de
temática homoerótica no Brasil. Por isso, procedemos a uma genealogia das
homossexualidades. Resgatar o passado é necessário para entendermos as epistemologias
do presente, logo, passeamos pelo tempo através dos textos de variados estudiosos do
assunto (DOVER, 1994; MOTT, 2001; CECCARELLI, 2008; GRAÑA, 1998; QUINET,
2013; TREVISAN, 2018). Além disso, encontramos na psicanálise as ferramentas
adequadas para analisarmos as experiências homoeróticas precoces de Eddy, para tal,
elaboramos uma interlocução com o pensamento de Sigmund Freud (1905, 1912, 1919,
1930). Em oposição aos prazeres da homossexualidade, buscamos entender os
mecanismos da homofobia (BORRILLO, 2010). Assim, o objetivo deste estudo é
identificar as configurações da dor e do gozo de entender e viver a própria
homossexualidade em um contexto de degradação social a partir do(s) discurso(s) de
Eddy, a fim de elucidar como ele concebe subjetivamente sua orientação sexual e as
consequências disso nesse contexto. Os signos do homoerotismo e da homofobia são
(re)interpretados como traços de uma poética do desejo e da violência, respectivamente.
Concluímos que a dor de pertencer a uma orientação sexual destoante do que espera a
maioria do todo social deixa em Eddy Bellegueule sequelas irreversíveis que o levam,
inclusive, a mudar de nome para poder tentar deixar o passado para trás
MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ENEIDA MARIA GURGEL DE ARAUJO
Externo ao Programa - 1420051 - HENRIQUE MIGUEL DE LIMA SILVA
Presidente - 3567041 - HERMANO DE FRANCA RODRIGUES