PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (PPGL)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: SILVIO TONY SANTOS DE OLIVEIRA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: SILVIO TONY SANTOS DE OLIVEIRA
DATA: 22/12/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO: DA FEMINILIDADE ECLIPSADA AOS ESPECTROS LUXURIOSOS DE EROS: DILIGÊNCIAS DO DESEJO NA MÍTICA LITERÁRIA DONJUANESCA
PALAVRAS-CHAVES: Dom-juanismo; Histeria Masculina; Literatura; Psicanálise; Psicologia Analítica.
PÁGINAS: 515
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Letras
RESUMO: Da antiga medicina egípcia à alopatia helênica; de Hipócrates a Galeno; das teorias dos humores à teoria da degenerescência cerebral oitocentista, a histeria foi questionada pelos diversos campos do conhecimento, a saber: filosófico, medicinal e religioso. Diante da impossibilidade de uma assertiva conceitual quanto à etiologia de seus sintomas, restou à cultura patriarcal defini-la muito mais como uma enfermidade de diferenciação binária entre os gêneros e muito menos como uma expressão própria da constituição psíquica dos indivíduos. Em outros termos, a concepção do atroz deslocamento uterino, no corpo feminino, permeou séculos e os mais diversos contextos sócio-históricos. Quanto ao masculino, desde a medicina hipocrática, a epilepsia e a hipocondria se consolidaram como patologias típicas do homem, as quais reivindicavam nosologias e processos terapêuticos diversos em relação ao seu correspondente no sexo oposto, consoante Trillat (1991). Assim, é, a partir do XIX, que a histeria ascende como objeto reconhecido cientificamente nos petit comitês médicos europeus. Com efeito, as revoluções terapêuticas, mais humanizadas, implantadas pelo psiquiatra Phillipe Pinel (1745-1826) e a relação mente/afetos, proposta por Pierre Biquet (1796-1881), contribuíram para um outro olhar acerca dos fenômenos histéricos. Sequencialmente, as postulações cartográficas do neurologista francês Jean Martin Charcot (1825-1893) se destacaram ao conceber a possibilidade da não exclusividade do feminino acerca das manifestações somáticas histéricas. Partindo do princípio da atuação de uma experiência traumática, Outra cena, sobre a consciência, a medicina charcotiana inicia os primeiros passos para aquilo que, posteriormente, seria o objeto central da psicanálise: o Inconsciente. Logo, em plena época vitoriana, Sigmund Freud (1856-1939) começa a desnudar as incógnitas da histeria, vislumbrando um para-além do estado de vigília e verificando, em sua clínica, que a citada psiconeurose em muito se aproxima das fantasias eróticas dos indivíduos direcionadas às figuras parentais, conforme é postulado nos Estudos sobre a Histeria (1895). Em contrapartida, as manifestações artísticas, em especial, a Literatura, expõem, à revelia da consciência autoral, os mais recônditos elementos do psiquismo. Não por acaso, influenciado pelo imaginário popular medieval, mas buscando um caráter pedagógico de controle dos impulsos comportamentais, insurge, sob a pena do religioso e dramaturgo Tirso de Molina, o arquétipo subversivo do dom-juanismo. Em um cenário religioso e inóspito para o gozo do corpo, Don Juan, por meio de suas conquistas amorosas, mimetiza o extravasamento libidinal; o caráter sedutor; e a posição de objeto de desejo do Outro, característica marcante na estrutura histérica. Logo, os processos psíquicos do burlador de Sevilla, escancaram as primitivas relações objetais, projetadas nos enquadres triangulares de um complexo edípico claudicante. Não por acaso, de Lord Byon (1788-1824) a E. A. T. Hoffman (1776-1822), chegando ao contemporâneo, a mítica libertina donjuanesca desvela a pretensão humana de subverter as amarras culturais, as quais vetorizam o comportamento social, como nos é exposto em Mal-estar na civilização (1930), e a almejada fantasia narcísica da não confrontação com a frustração da incompletude. Destarte, esta pesquisa tem por escopo discutir os itinerários subjetivos, o extravasamento libidinal e as indissincrasias da masculinidade histérica na obra contemporânea Don Juan Acorrentado (1999), da escritora Wanda Fabian. Para tanto, além da teoria freudiana, propomo-nos a estabelecer convergências entre as teorias psicanalíticas – Lacan (1970); Melanie Klein (1946); Sándor Ferenczi (1924), entre outros - e a Psicologia Analítica postulada por C. G. Jung (1875-1961). Logo, vislumbramos, no modus operandi donjuanesco, projeções arquetípicas que se encontram, desde illio tempore, manifestas na cultura e na religiosidade das antigas civilizações e que passam a nortear o eixo do complexo do Eu, como bem discute Jung, em Os arquétipos e o inconsciente coletivo (1959).
MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ARISTOTELES DE ALMEIDA LACERDA NETO
Externo à Instituição - ENEIDA MARIA GURGEL DE ARAUJO
Externo ao Programa - 1420051 - HENRIQUE MIGUEL DE LIMA SILVA
Presidente - 3567041 - HERMANO DE FRANCA RODRIGUES
Interno - 1681243 - JANAINA AGUIAR PEIXOTO