PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (PPGL)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: HÉLIO MÁRCIO NUNES LACERDA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: HÉLIO MÁRCIO NUNES LACERDA
DATA: 11/12/2023
HORA: 09:00
LOCAL: https://meet.google.com/hwa-pzsu-exb
TÍTULO: Histórias mal/re/contadas de Tituba, la socière noir de Salem
PALAVRAS-CHAVES: Romance de ficção; Tituba; Escravidão; Bruxaria; Giro decolonial.
RESUMO: Esta pesquisa trabalha o romance Moi, Tituba la socière Noir de Salem, de Maryse Condé (2017), a fim de investigar a construção ficcional de Tituba, acusada de bruxaria no episódio de caça às bruxas de Salém, ocorrido na Nova Inglaterra, atual estado de Massachusetts, no século XVII. Trata-se de um trabalho bibliográfico, que se orientada por uma perspectiva decolonial que revisita o período escravocrata desde uma perspectiva contra-hegemônica. Considerando o espectro estético de descentralizar as narrativas, a obra de Maryse Condé aponta para um “giro decolonial” (MALDONADO-TORRES, 2005) ao deslocar o discurso do colonizador e narrar os processos de colonização na voz de Tituba, a mulher preta escravizada. Minha hipótese é que o exercício de ficcionalizar restitui à personagem uma memória silenciada pela história oficial, a partir da “fabulação crítica” (HARTMAN, 2021). Isto é, o romance vocaliza a trajetória de Tituba para produzir “outros espaços narrativos que reescrevem o imaginário social, de modo que Outros, objetificados pela narrativa hegemônica, se transformam em sujeitos de sua própria história” (SCHMITD, 2011, p. 15). Meu argumento é que o exercício ficcional de Condé trabalha para levantar hipóteses, fazer especulações e desvendar a vida possível dessa personagem, através do mosaico formado entre textos literários e relatos históricos, gestando, desse modo, a história possível de uma personagem obliterada pela história colonial. Nos termos de Nubia Hanciau (2004, p. 238), o romance aqui investigado “(...) oferece uma janela através da qual se pode penetrar no mundo dos senhores e dos escravos da América Central e do Norte e obter uma apreciação dos acontecimentos” que permearam as relações coloniais no continente americano, fazendo emergir o relato de uma mulher que, a meu ver, talvez pudesse ser interpretado como uma certidão de nascimento, um registro de existência de inúmeras pessoas que, por quatro séculos, “desapareceram sem deixar atrás de si nenhum sinal de que haviam um dia existido” (HARTMAN, 2021, p. 160). Desse modo, mais que uma narrativa dissidente, o romance parece construir outra chave de leitura para a colonização. Assim, ela opera um duplo movimento: 1) reivindicar seu lugar na história; e 2) interrogar o mundo colonial, construído a partir da “potência do falso” (MBEMBE, 2019).
MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - BRENDA CARLOS DE ANDRADE
Externo à Instituição - ORISON MARDEN BANDEIRA DE MELO JUNIOR
Presidente - 1613139 - VANESSA NEVES RIAMBAU PINHEIRO