Considerando o processo de aquisição do conhecimento como um algo que ocorre ao longo da vida, nesta dissertação investigamos a aprendizagem pela internet na formação docente continuada (planejada ou não) para a gestão da violência na escola, a fim de descobrir se os saberes adquiridos através da internet auxiliam docentes a gerir a violência na escola e, em caso positivo, como isso ocorre. Para obter respostas a tais questões, analisamos, à luz da revisão da literatura sobre a educação mediada por computador (PRIMO, 2003; LÉVY, 2007; LITTO; FORMIGA. 2009; CASTELLS, 2010, entre outros), os saberes adquiridos por quatro professoras da rede pública do município de João Pessoa, participantes do Programa “Escola que Protege” durante o ano de 2010. O método de pesquisa foi qualitativo, os dados foram coletados por entrevistas semiestruturadas, transcritos literalmente e submetidos a análise de enunciação (BARDIN, 1977). Na análise, levantamos categorias para descrição das práticas pedagógicas e da formação continuada das professoras. Os resultados apontaram que as docentes utilizam quase cotidianamente a internet, para relações sociais, buscas de informações, planejamento de aulas e novos aprendizados adquiridos pelo uso da rede. As participantes consideram ser a interação mediada por computador necessária para seu trabalho, que requer constante estudo e atualização dos acontecimentos diários. Evidenciou-se, assim, o uso da internet pelas professoras para diferentes finalidades, sem que, todavia, as aprendizagens fossem dirigidas à formação para a gestão da violência, haja vista as participantes conceberem que as causas da violência na escola estão na falta de educação doméstica. Esse argumento levou-nos a entender que, com essa concepção, provavelmente as participantes isentam-se da tarefa de intervir e, por consequência, estão menos motivadas a gerirem conflitos e a aprenderem habilidades relativas à gestão desses fenômenos – entre os quais a violência. Tais resultados levaram-nos, nas considerações finais a recomendar, usando a internet como suporte e lugar de interação, a criação de instrumentos virtuais livres que concorram para a formação continuada, como blogspots, redes sociais e fóruns virtuais, sites em que informações científicas e pedagógicas, além de espaço para discussões, trocas e debates, possam circular, contribuindo para uma ainda incipiente e precária formação para a gestão dos conflitos na escola a partir do uso da mesmo universo que, mesmo fora do mundo profissional, já é tão motivador. Pensamos também ser possível e necessário o desenvolvimento de algumas habilidades sociais (sobretudo as relativas à interação e à comunicação a distância) que deem suporte a docentes na tarefa de ensinar a conviver.