PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA (PPGO)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: MARIA LETÍCIA BARBOSA RAYMUNDO

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARIA LETÍCIA BARBOSA RAYMUNDO
DATA: 13/11/2023
HORA: 14:00
LOCAL: Odonto Digital
TÍTULO: Saúde Bucal de Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil: revisão de escopo e inquérito epidemiológico em território quilombola na cidade de João Pessoa-PB.
PALAVRAS-CHAVES: Índice CPOD. Disparidades nas Condições de Saúde. Povos Indígenas. Inquéritos de Saúde Bucal
PÁGINAS: 110
GRANDE ÁREA: Ciências da Saúde
ÁREA: Odontologia
RESUMO: Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) do Brasil são afetados pelas iniquidades em saúde e, consequentemente, em saúde bucal. O levantamento de informações epidemiológicas acerca do estado de saúde bucal é o passo inicial para tornar a situação epidemiológica visível. O objetivo desta dissertação foi elucidar a condição de saúde de PCT e, para isso, foram desenvolvidos dois planos de trabalho. O primeiro plano de trabalho consistiu em elaborar e desenvolver o protocolo de uma revisão de escopo com o objetivo de mapear as evidências disponíveis sobre as pesquisas de saúde bucal dos Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) no Brasil, por meio de estudos primários, respondendo à seguinte pergunta: "Quais evidências estão disponíveis sobre os inquéritos de saúde bucal de Povos e Comunidades Tradicionais no Brasil?”. Foi realizada a revisão de escopo considerando a estratégia Problema, Conceito e Contexto, conforme estabelecido pelo Instituto Joanna Briggs. A estratégia de busca considerou termos do Medical Subject Headings, sinônimos e termos livres relevantes sobre inquéritos epidemiológicos em saúde bucal e PCT no Brasil, nas bases de dados MEDLINE/PubMed, LILACS, Scopus, Web of Science e Embase. As buscas bibliográficas foram atualizadas até julho de 2023. Na primeira etapa do processo de seleção dos estudos, foram encontradas um total de 401 citações. Desses 401 estudos, 211 foram removidos por duplicidade. Com base no título, resumo e palavras-chave, foram removidos 136 estudos que reportavam dados secundários ou estudos inespecíficos e não representativos para os PCT. Na segunda etapa de seleção, 61 estudos foram lidos na íntegra e 39 foram incluídos na revisão. Ocorreu a inserção de forma manual de 2 estudos. Os estudos incluídos foram publicados entre os anos 1968 e 2023. Do total, 31 estudos investigaram a condição de saúde bucal de povos indígenas, 7 foram estudos sobre comunidades quilombolas, e 3 estudos de povos ribeirinhos. Não foram localizados na busca estudos sobre povos ciganos. Todos os estudos foram do tipo transversal. A maior parte localizados nas regiões Nordeste (n=12) do país, avaliando a cárie dentária como principal agravo de saúde bucal (n=13), por meio de exames clínicos (n=25), sendo verificada sua alta prevalência entre os PCT (n=11). A revisão realizada revela que, no Brasil, os estudos acerca da saúde bucal de PCT estão em curso, embora ocorram de forma isolada e independente, e indicam que a prevalência de problemas bucais é consideravelmente alta nessas comunidades. No segundo plano de trabalho, foi realizado um inquérito epidemiológico transversal, de base populacional em um território quilombola no município de João Pessoa-PB, com crianças de 4 a 8 anos. O objetivo foi avaliar a prevalência da cárie dentária por meio de exames intrabucais, e seus fatores associados, como fatores sociodemográficos e socioeconômicos, e fatores nutricionais, medidos por meio do potencial cariogênico da dieta. Foram utilizados os índices ceo-s (superfícies cariadas, extraídas e obturadas) e CPO-S (superfícies cariadas, perdidas por cárie e obturadas). Além disso, foi utilizado o Índice pufa/PUFA, que apresenta medidas que quantificam a prevalência e gravidade das condições bucais resultantes da cárie dentária não tratada. Foram realizados exames em 146 crianças no território quilombola. Do total de famílias que participaram do estudo, apenas 46,3% (n=62) se autoatribuíram como quilombolas. Com relação à cor da pele, 63,2% (79) das crianças são pardas. Com relação à condição socioeconômica, 69,7% (n=83) têm a renda menor que um salário mínimo, 67,4% (n=95) recebem algum benefício assistencial do governo e as famílias possuem em média de 4 (±1,38) pessoas por residência. No modelo de regressão multinível de Poisson, utilizando idade, sexo e cor da pele da criança, e recebimento de benefício assistencial como cluster, foi verificados os fatores associados à experiência de cárie dentária, prevalência de cárie não tratada e o índice PUFA. Crianças de famílias quilombolas e que possuem renda inferior a um salário mínimo tem a prevalência 6,35 vezes maior de experiência de cárie dentária (RP =6.35, IC95% 3,36 a 11,98). As de famílias quilombolas e que possuem dieta cariogênica tem a prevalência 3,26 vezes maior de cárie não tratada (RP=3,26, IC95% 1,57 a 6,78), e crianças de famílias com renda inferior a um salário mínimo tem prevalência 4,69 vezes maior de comprometimento pulpar (RP=4,69, IC95% 1,06 a 20,65). Dessa forma, crianças de famílias quilombolas, com baixa renda e dieta cariogênica tem maior prevalência de experiência de cárie dentária e cárie dentária não tratada, evidenciando a influência de fatores sociais na saúde bucal. Além disso, são necessários mais estudos sobre quilombolas para trazer visibilidade a esse grupo.
MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 7311314 - ANA MARIA GONDIM VALENCA
Externo à Instituição - RAFAEL AIELLO BOMFIM
Presidente - 2332212 - YURI WANDERLEY CAVALCANTI