PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA (PROLING)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
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News
Banca de DEFESA: FÁBIO ALBERT MESQUITA
Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: FÁBIO ALBERT MESQUITA
DATA: 01/11/2023
HORA: 15:00
LOCAL: Via Plataforma Google Meet (https://meet.google.com/anm-wwfv-dru)
TÍTULO: UMA HISTORIOGRAFIA DAS IDEIAS GRAMATICOGRÁFICAS EM INSTRUMENTOS DE ENSINO DE JULIO PIRES FERREIRA (1868-1930)
PALAVRAS-CHAVES: Historiografia da Linguística. Julio Pires Ferreira. Gramaticografia. Ensino de
língua portuguesa. Gramática.
PÁGINAS: 120
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO: Esta dissertação investiga as ideias gramaticográficas de Julio Pires Ferreira (1868-1930),
professor e gramático pernambucano que produziu instrumentos de ensino adotados em
escolas pernambucanas entre os anos finais do século 19 e as três primeiras décadas do século
20. Como objetivo geral, busca-se caracterizar as ideias do autor no que diz respeito às
propostas para o ensino de língua portuguesa e ao perfil epistemológico da descrição
gramatical empreendida. Para isso, a pesquisa está ancorada nos pressupostos teórico-
metodológicos da Historiografia da Linguística, disciplina que se propõe a investigar o
desenvolvimento das ideias linguísticas ao longo do tempo (KOERNER, 1996, 2014a, 2014b;
SWIGGERS, 2009a, 2010, 2013, 2019). Após um levantamento epi-historiográfico das obras
de autoria de Julio Pires Ferreira, foram selecionadas como fontes primárias para a
investigação as publicações destinadas ao uso escolar dos cursos secundários, que
correspondem às Notas sobre a Lingua Portugueza (1893; 1894) e à Grammatica
Portugueza: 2º anno, para uso do Curso medio e do Curso superior (1910; 1917; 1921;
1929). Para nortear a interpretação das fontes, foram definidas cinco categorias de análise: (a)
cenário educacional; (b) estratégias de apresentação; (c) perfil teórico-metodológico; (d)
metalinguagem gramatical; (e) língua gramatizada. Os resultados apontam que as obras do
autor, do ponto de vista retórico e descritivo, apresentam características tipicamente
associadas aos instrumentos linguísticos daquele período, caracterizado por ser um momento
de transição entre uma linhagem gramaticográfica racionalista e uma linhagem empirista. Em
relação às propostas de ensino, foi possível notar um deslocamento de propostas ao longo das
reedições das obras, que deixaram de reivindicar a escolarização dos estudos advindos da
linguística histórico-comparativa e passaram a reproduzir os conteúdos gramaticais
tradicionalmente previstos nos programas de ensino e nas gramáticas de feição prática. Esse
deslocamento, materializado em mudanças na seleção de conteúdos e na forma composicional
das obras, pode ser explicado pelas condições externas do cenário educacional do período,
marcado pela necessidade de instrumentos que seguissem os pontos dos exames para ingresso
nos cursos superiores. No tocante à descrição gramatical, os resultados da análise atestam que,
apesar de buscar retoricamente um alinhamento teórico-metodológico com estudiosos ligados
aos estudos histórico-comparativos, o autor apresenta ideias gramaticográficas marcadas por
continuidades em relação às descrições gramaticais realizadas por instrumentos vinculados à
linhagem racionalista e, em menor grau, à linhagem latinizada. Além disso, em relação à
metalinguagem gramatical, destaca-se a relativa permanência do arcabouço categorial e
conceitual oriundo da tradição greco-latina e reproduzido pelas linhagens gramaticográficas
anteriores e contemporânea ao autor. Quanto à língua gramatizada, nota-se que, seguindo as
tendências dos gramáticos que lhe foram contemporâneos, Julio Pires Ferreira não ignora os
usos linguísticos peculiares ao Brasil. No entanto, no lugar de legitimá-los, o autor os coloca
numa posição secundária em relação à norma idealizada que é gramatizada em seus
instrumentos linguísticos. Em suma, as ideias gramaticográficas do autor espelham as ideias
de seu tempo e permitem identificar as nuances e movimentos envolvendo determinadas
concepções e práticas descritivas desse momento da gramaticografia brasileira.
MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1657457 - ANDREA SILVA PONTE
Presidente - 2349477 - FRANCISCO EDUARDO VIEIRA DA SILVA
Externo ao Programa - 1322264 - LEONARDO GUEIROS DA SILVA
Externo à Instituição - RONALDO DE OLIVEIRA BATISTA
Interno - 2733966 - SOCORRO CLAUDIA TAVARES DE SOUSA