O Brasil é uma das referências no mercado mundial de revestimentos cerâmicos, ocupando a segunda posição em produção e consumo. Só no ano de 2012 foram produzidos 865,9 milhões de metros quadrados. Um aspecto importante da indústria cerâmica, no contexto mundial, é o contínuo desenvolvimento tecnológico, a disseminação do uso de cerâmica em diferentes aplicações e ambientes e a crescente incorporação de resíduos provenientes de outros setores, dando conceitos de sustentabilidade no setor. O Brasil produz em média 980 mil toneladas de embalagens de vidro por ano. Cerca de 47% das embalagens de vidro foram recicladas em 2011 no Brasil, somando 460 mil ton/ano. Desse total, 40% são oriundos da indústria de envaze, 40% do mercado difuso, 10% do "canal frio" (bares, restaurantes, hotéis etc) e 10 % do refugo da indústria. Este trabalho teve como finalidade apresentar mais uma opção para o aproveitamento do resíduo de vidro, que ainda é pouco reciclado no Brasil, tendo como objetivo analisar a influência da substituição do feldspato, em uma massa cerâmica, por resíduo de vidro proveniente de garrafas não retornáveis ao mercado. Foram testadas três diferentes percentuais de resíduo de vidro, como também a influência no comportamento do resíduo nas propriedades tecnológicas com a variação de temperatura de queima. Previamente, todos os materiais utilizados no trabalho foram caracterizados pelas técnicas de fluorescência de raios X, difração de raios X, análise térmica e granulométrica. Após estabelecidas as formulações, confecção e queima dos corpos-de-prova, foram verificadas as propriedades tecnológicas e microestruturais das formulações estabelecidas. Os resultados obtidos apontam que o resíduo de vidro apresentou um teor de aproximadamente 22% de óxidos fundentes, e apresenta potencial de ser utilizado como fundente alternativo em substituição ao feldspato, na produção de revestimentos cerâmicos para diferentes finalidades, de acordo com a norma NBR 13817/1997.