Banca de QUALIFICAÇÃO: NATHÁLIA LOYANE FERNANDES DE MORAIS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: NATHÁLIA LOYANE FERNANDES DE MORAIS
DATA: 28/02/2023
HORA: 14:00
LOCAL: https://meet.google.com/mky-vttg-bbj
TÍTULO: PROCESSO DE AUTOAFIRMAÇÃO DE IDENTIDADES (TRANS)GRESSORAS EM SIMULAÇÃO ATHENEU ONU: ANÁLISE PELOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
PALAVRAS-CHAVES: Educação em Direitos Humanos; autoafirmação; identidade transgressora sexual e/ou de gênero; Simulações ONU; Atheneu ONU
PÁGINAS: 101
RESUMO: Este estudo visa analisar, pela perspectiva dos princípios da Educação em Direitos Humanos (EDH), o processo de autoafirmação de identidades transgressoras de gênero e/ou sexualidade (lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais/transgêneros/travestis, queer, intersexuais, assexuados/arromânticos/agênero, pansexuais, não-binárias e outras [LGBTQIAPN+]) na simulação Atheneu ONU, viabilizada no contexto do programa Simulação ONU, desenvolvido por docentes e discentes do ensino médio do Colégio Estadual Atheneu Sergipense, única instituição pública de ensino integral e médio no Nordeste brasileiro a desenvolver a maior simulação ONU no Brasil, localizada em Aracaju/SE. Tais identidades rompem a sistemática social binária, cisgênero e heteronormativa e são transgressoras em relação ao androcentrismo e à heterossexualidade compulsória, sendo sujeitas a diversas violências em ambiente educacional, com consequente prejuízo para sua escolarização. Discentes que assim se reconhecem evadem-se da escola com mais frequência e/ou têm baixo desempenho, por experimentarem a escola como um espaço aversivo (ABGLT, 2016). Frente a essa problemática, assumem-se duas grandes premissas: primeiro, que um ambiente educacional guiado pelas premissas da Educação em Direitos Humanos (EDH) tende a minimizar situações discriminatórias, inclusive aquelas devidas ao preconceito contra a orientação sexual e/ou identidade de gênero e suas intersecções. Assim, a EDH, por compreender essas identidades como uma expressão legítima de direitos humanos, é capaz de contribuir para que escola se torne um espaço democrático em prol do respeito à diversidade sexual e de gênero, e da dignidade humana em legítimas performances de identidades transgressoras, promovendo, de forma transversal, a inclusão desses valores afinados aos direitos humanos nos processos educacionais. Segundo, a EDH ocorre, mesmo que implicitamente, em simulações da ONU, visto que tais simulações não só ilustram o funcionamento daquela organização internacional, mas se estruturam a fim de educarem para a convivência através da negociação dialogada e respeitosa, inclusive em situações de conflito. Esta pesquisa apoia-se na teoria de Foucault (1996, 2011) sobre a política discursiva e em em sua crítica à heteronormatividade que compõe organicamente a sociedade (cuja cultura estabelece esse padrão sexual como o elemento natural para as relações interpessoais afetivas e para a ocupação dos espaços públicos e políticos, normatizando-os); nas ideias de Louro (2013, 2014) e de Jesus e Prado (2022), que compreendem como os espaços de sociabilidade podem atuar, cerceando subjetividades, e advogam a defesa de um modelo educacional pós-estruturalista e transgressor, que rompe com a naturalização heteronormativa devido ao processo de autoafirmação de identidades transgressoras; e no argumento desenvolvido por Brzuzy, Nagoshi e Terrell (2012) e por Jesus (2013, 2014), em torno das identidades de gênero sem essencialismo, por romper com o heterocentrismo, ciscentrismo e binarismo, pela perspectiva de pessoas transexuais em seu processo de autoafirmação. Como objetivos específicos, primeiramente se pretende investigar os marcadores escolares que excluem identidades transgressoras de gênero e orientação sexual naquela escola; em seguida, refletir sobre a potencialidade da Simulação ONU como estratégia de educação em direitos humanos no contexto escolar e, em continuidade. No que diz respeito ao Programa de Simulação ONU no Colégio Estadual Atheneu Sergipense, pretende-se discutir suas ações e resultados e, nesse contexto, examinar o processo de autoafirmação de identidades transgressoras. Diante disso, metodologicamente, a pesquisa será desenvolvida através de dois estudos empíricos cujos resultados serão triangulados: no primeiro, far-se-á observação direta do evento realizado em tal instituição para identificar as principais características e a dinâmica que compõem a simulação; no segundo, entrevistar-se-ão, com roteiro semiestruturado, docentes (um deles dirigente da instituição), discentes cisgênero heterossexuais e discentes com identidades LGBTQIAPN+ participantes da simulação observada, a fim de compreender como os/as discentes integrantes deste último subgrupo percebem sua inclusão na atividade observada e transgridem na escola, dessa maneira se afirmando em suas identidades sexual e/ou de gênero. Os dados resultantes serão analisados por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin (1977).
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 252653 - FERNANDO CEZAR BEZERRA DE ANDRADE
Interno - 337177 - GLORIA DE LOURDES FREIRE RABAY
Interno - 1009018 - MARIA DE NAZARE TAVARES ZENAIDE
Externo à Instituição - JAQUELINE GOMES DE JESUS