PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES (PPGCR)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: SAVIO ROBERTO FONSECA DE FREITAS

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: SAVIO ROBERTO FONSECA DE FREITAS
DATA: 31/07/2024
HORA: 14:00
LOCAL: sala 316 CE
TÍTULO: ODÒ OMÍ Ó OBÁ OMIM OLOKUM! DA COSMOPERCEPÇÃO YORUBÁ AO PRINCÍPIO PLURALISTA: O RELIGARE NEGRO-BRASILEIRO NOS CONTOS DE AXÉ DE MÃE BEATA DE YEMONJÁ
PALAVRAS-CHAVES: Candomblé; Conto de Axé; Cosmopercepção Yorubá; Princípio Pluralista; Mãe Beata de Yemonjá. Ciências da Linguagem Religiosa
PÁGINAS: 103
RESUMO: Nosso trabalho de tese tem como corpus a coletânea de contos intitulada Caroço de dendê: a sabedoria dos terreiros, como babalorixás e ialorixás passam seus conhecimentos (2002), de Mãe Beata de Yemonjá (1931-2017). Os contos de axé da referida ialorixá nos levaram a constatação de que o religare negro-brasileiro se dá pluriversalmente (Ramose, 2011) nos cultos religiosos de matriz africana e migra para outras formas plurissignificativas de circulação, ocupando espaços culturalmente híbridos de interpretações possíveis apenas para os seguidores das leis do orixá e que são iniciados ao culto das mais diversas sacralizações de matriz africana. Em todos os contos, deparamo-nos com narrativas de terreiros de candomblé que tratam das relações dos povos de axé como os orixás de origem yorubá. Partindo deste princípio, elaboramos o objetivo de estudar os contos de axé como narrativas construídas a partir de sabedorias oralizadas de terreiros em que as personagens se encontram envolvidas por situações de conflitos do cotidiano de comunidades religiosas afro-brasileiras e são acometidas a se ressignificar sob a orientação das forças ancestrais da natureza. As teorias de base que fundamentam nossa tese são a cosmopercepção yorubá da socióloga nigeriana Oyèrónké Oyewúmí (2021) e o princípio pluralista do teólogo brasileiro Cláudio de Oliveira Ribeiro (2022). O religare negro-brasileiro é um princípio estético e ideológico de matriz africana que está presente no modo de narrar da ialorixá Mãe Beata de Yemonjá, a qual nos entrega histórias construídas a partir de diálogos e conflitos, cujas diversidades diaspóricas reforçam a necessidade de se pensar o conto de axé como uma literatura de terreiro em que muitas vozes dialogam em prol de uma territorialização exuzilhada (Silva, 2022) por vários dispositivos de transformação. Esse princípio estético e ideológico nos leva a identificar o orixá Exu como um fundamento epistemológico indissociável ao entendimento das religiões de matriz africana no mundo contemporâneo edificado por meio da transmissão oral das culturas negro-africanas. Na esteira deste pensamento outras contribuições teóricas são convocadas para esta gira epistemológica que embasa a nossa análise, entre as quais destacamos algumas: os estudos sobre as religiões de matriz africana feitos pelo historiador José Beniste (2006, 2008, 2009, 2019,2021); as pesquisas sobre os povos yorubás e sobre candomblé de Stefania Capone (2011, 2023); as reflexões sobre diáspora e identidade cultural de Stuart Hall (2005); os fundamentos das Ciências da Linguagem Religiosa a partir de João Décio Passos e Frank Usarski (2013); os princípios da oralitura e das afrografias teorizados pela Leda Maria Martins (1997, 2021, 2023); as reflexões de Vagner Gonçalves da Silva sobre Exu (1995, 2015, 2022); os estudos antropológicos sobre Iemanjá do sociólogo Armando Vallado (2011, 2019); as problematizações de literatura a afrodescendência do crítico literário Eduardo Assis Duarte(2011); as questões sobre o Mulherismo Africana postuladas por Cleonora Hudson-Weems (2020), entre outros e outras pesquisadores/as que fazem xirê nesta pesquisa. No tocante aos resultados da tese, podemos constatar que o conto de axé de Mãe Beata de Yemonjá é um espaço de territorialização de religiosidades negro-brasileiras pluriversas construídas a partir de uma oralização exuzilhada movida pelos princípios pluralistas e cosmoperpectivos, confirmando que as tradições africanas se mantêm vivas no mundo contemporâneo porque não há mais espaço para reflexões eurocentradas, epistemicidas e memoricidas (Duarte, 2022).
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1774137 - DILAINE SOARES SAMPAIO
Interno - 1732317 - RITA CRISTIANA BARBOSA
Externo ao Programa - 1742355 - LEYLA THAYS BRITO DA SILVA