PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA (PPGS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Telefone/Ramal
83

Notícias


Banca de DEFESA: LUDMILA PATRIOTA GUEDES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: LUDMILA PATRIOTA GUEDES
DATA: 10/06/2025
HORA: 09:00
LOCAL: meet.google.com/xkt-kxfn-ftx
TÍTULO: A “utopia negativa” do teatro épico-dialético brasileiro contemporâneo: O "Material Fatzer", de Bertolt Brecht, pelo Coletivo de Teatro Alfenim
PALAVRAS-CHAVES: Sociologia do Teatro; Teoria Crítica; Bertolt Brecht; “Material Fatzer”; Teatro épico-dialético brasileiro; Coletivo de Teatro Alfenim.
PÁGINAS: 100
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Sociologia
RESUMO: Esta pesquisa visa compreender a persistência e as transformações de perspectivas críticas de emancipação e utopia na arte, especialmente no teatro épico-dialético brasileiro contemporâneo de inspiração brechtiana. O objeto central é o estudo do experimento teatral Desertores (2019), do Coletivo de Teatro Alfenim, de João Pessoa-PB, baseado no Material Fatzer, de Bertolt Brecht. Neste conjunto de fragmentos escritos entre 1926 e 1931, Brecht tornou constitutivos da obra incompleta a relação entre espera e ação, os dilemas relativos ao indivíduo e à coletividade, a falência do processo revolucionário socialista alemão no contexto pós-Primeira Guerra e colocou em perspectiva os seus próprios modelos do teatro épico e das peças de aprendizagem, oriundos de ideais emancipatórios modernos. Diretamente relacionado ao contexto da redemocratização brasileira e do momento de retomada, nos anos 1990, do teatro épico-dialético no Brasil, e em face das inovações formais que se colocam para o teatro épico desde então, o Coletivo Alfenim se lança à experimentação de “Desertores”. Encenado a partir de 2019, o espetáculo se alimenta do jogo de forças políticas e classistas que culminou na eleição de um candidato de extrema direita no refluxo do golpe de 2016, guardando relações temáticas e possibilidades formais em associação com as que Brecht se confrontava quando escrevia o “Material Fatzer”. A releitura desse material inacabado, que enfrenta imposições históricas à forma artística, notadamente a ascensão do fascismo, ressalta, no contexto da ascensão da extrema-direita no Brasil, uma questão central da ambivalência da modernidade: o problema da dominação e do autoritarismo. A pesquisa mobiliza um referencial teórico diverso e propõe um olhar sobre abordagens críticas, indo de movimentos imanentes ao teatro até a teoria crítica e contemporânea e interpretações sobre a modernidade brasileira. Para perceber essas transformações no momento presente de um ponto de vista teórico-crítico, a análise sociológica se volta à historiografia, recorre à análise de encenações e dramaturgias e à observação participante. A ferramenta sociológica de “estrutura de sentimento”, de Raymond Williams, unida à dimensão romântico-revolucionária brasileira proposta por Marcelo Ridenti, une-se à concepção de “impulso utópico” e de “mapeamento cognitivo”, de Fredric Jameson, para identificar a utopia do Coletivo Alfenim no contexto atual. Conclui-se, a partir da pesquisa, que a prática artística do grupo se constitui por uma “utopia negativa” que se configura na convergência de algumas influências: do projeto emancipatório e revolucionário do teatro épico-dialético brechtiano, das contradições da utopia da modernidade, do pensamento dialético de Roberto Schwarz, da estrutura de sentimento romântico-revolucionária brasileira que atravessa o teatro crítico no Brasil, bem como das ideias de nacional e popular. Nas obras do Coletivo Alfenim, os dilemas nacionais são incorporados formalmente por meio de uma inserção periférica na dinâmica do capitalismo global, relacionada às contradições da formação nacional. A partir do espetáculo Desertores, essa utopia negativa é intensificada, em virtude da conjuntura brasileira. A “negação determinada” das circunstâncias históricas e sociais, ao invés de representar um futuro, configura-se como um modo de persistência da arte crítica no contemporâneo pela via negativa.
MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - BRUNA DELLA TORRE DE CARVALHO LIMA
Externo à Instituição - GILBERTO FIGUEIREDO MARTINS
Interno - 2425306 - MIQUELI MICHETTI
Externo à Instituição - PAULO MARCONDES FERREIRA SOARES
Presidente - 1363922 - SIMONE MAGALHAES BRITO