CCHLA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
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Banca de QUALIFICAÇÃO: MARIA LUIZA DE ALENCAR FERREIRA LIMA
Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARIA LUIZA DE ALENCAR FERREIRA LIMA
DATA: 22/08/2025
HORA: 00:00
LOCAL: CCHLA/ UFPB
TÍTULO: Maternância e Trabalho Feminino: vivências de trabalhadoras mães-solo da cidade de João Pessoa
PALAVRAS-CHAVES: Mães-solo; Trabalho feminino; Teoria da Reprodução Social; Psicologia Social do Trabalho
RESUMO: Há séculos, mulheres trabalham em atividades agrícolas, nas minas, na costura de tecidos, nas manufaturas, além de realizar atividades domésticas e de cuidado nos ambientes privados (Fraser, 2023). Contudo, o fenômeno do empobrecimento feminino é percebido mundialmente. No Brasil, a partir de dados disponibilizados pelo Ministério da Cidadania em 2022, cerca de 17,2 milhões do total de 21,1 milhões de famílias beneficiárias e assistidas pelo Bolsa Família, têm mulheres como pessoa de referência (BRASIL, 2022). Ainda, estima-se que o Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas (Feijó, 2023) e 6 em cada 10 mães solo são mulheres pretas e de baixa renda. As mulheres encontram-se em uma situação paradoxal pois a possibilidade de aumentar a sua independência econômica eleva simultaneamente as suas vulnerabilidades econômicas enquanto mães (Fraser, 2023). Diante disso, destacamos que as trajetórias de trabalho de mulheres mães-solo merecem atenção. Assim, realizamos uma revisão integrativa da literatura com o objetivo de identificar o que tem sido produzido sobre as vivências de trabalho produtivo e reprodutivo de mulheres mães-solo nos portais de dados: Periódicos Capes, Biblioteca Virtual em Saúde e Scielo. Utilizamos os descritores em língua portuguesa: monoparentalidade feminina, mãe-solo, mães-solo e maternidade solo. Notou-se que as mães-solo na contemporaneidade são representadas por mulheres pretas e pardas, na juventude (15 e 29 anos), que estão vulneráveis ao empobrecimento, ocupando cargos de trabalho informal e/ou precarizados, como o trabalho doméstico, em razão da sua condição materna, mesmo que a figura paterna ainda contribua financeiramente. Também encontramos opressões específicas que as mulheres sofrem no mercado de trabalho, como estereótipos e preconceitos, além da sobrecarga por realizarem em seus ambientes privados os trabalhos reprodutivos também. No contexto das mães-solo, os estudos indicam os atravessamentos que esses trabalhos invisíveis e necessários (Bhattacharya, 2023) causam na rotina das mulheres trabalhadoras, a exemplo: violências de gênero, negligência estatal, longas jornadas de trabalho, exposição a condições de pobreza, exaustão, situações de mal-estar familiar com os filhos e as filhas, desamparo, sensação de abandono, além de sobrecarga física e emocional. Com esta finalidade, o estudo fundamenta-se no pressuposto de que a relação emergente entre a maternidade solo e o trabalho reprodutivo tem efeitos complexos a nível micro e macrossocial, tanto para as mães, quanto para os seus coletivos de trabalho e a sociedade em geral. A partir disso, o presente estudo é construído com o alicerce teórico da Psicologia Social do Trabalho (PST) e da Teoria da Reprodução Social (TRS). As perspectivas são complementares e permitem compreender as trajetórias de trabalho dessas mães trabalhadoras, a partir de uma análise crítica das estruturas de dominação, das desigualdades sociais e das ideologias predominantes em sociedades capitalistas, a partir do cotidiano da classe trabalhadora (Sato, Coutinho e Bernardo, 2017). A TRS contribui para uma análise da reprodução do trabalho humano, advinda das atividades diárias e intergeracionais, como cuidado, educação, saúde e socialização, considerando isso essencial para a manutenção do capitalismo (Bhattacharya, 2023). Ressalta-se as possibilidades políticas dessa análise, como: reparação, redistribuição, valorização do trabalho de cuidado e ampliação das lutas contra dominação de gênero, classe e raça dentro de um horizonte anticapitalista. O presente estudo é de cunho qualitativo e tem como objetivo principal realizar uma análise das vivências de trabalho de mulheres mães-solo na cidade de João Pessoa (PB). Para delinear as mulheres da pesquisa, fizemos uso do critério de acessibilidade. O estudo está organizado em quatro etapas, sendo a 1a) uma revisão integrativa de literatura com metassíntese qualitativa; 2a) um levantamento de dados para melhor conhecer as participantes da pesquisa; 3a) entrevistas semiestruturadas que visam apreender questões de caráter subjetivo da vivência das participantes do estudo. Foram realizadas 5 entrevistas semiestruturadas, com média de 60 minutos de duração, em que foi caracterizado um perfil das mulheres mães-solo, a partir da autoidentificação de gênero e raça; as inserções no âmbito dos trabalhos produtivos e reprodutivos; o sentido e o significado do trabalho; as vivências dessas mulheres em seus níveis micro, meso e macro social; e as estratégias individuais e coletivas de enfrentamento aos obstáculos do cotidiano. A partir da transcrição das entrevistas, realizaremos a Análise de Conteúdo Mista de Minayo (2007). Apesar dos resultados preliminares, este estudo encontra-se em desenvolvimento.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1519736 - TATIANA DE LUCENA TORRES
Interno - 1024895 - MARIA DE FATIMA PEREIRA ALBERTO
Externo à Instituição - EMELLYNE LIMA DE MEDEIROS DIAS LEMOS