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OLINDINA FERNANDES DA SILVA NETA
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Flow em relacionamentos amorosos: mensuração e correlatos intraindividuais e psicossociais
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Data: 15/12/2021
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Hora: 14:30
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A presente tese tem por objetivo verificar o papel dos traços de personalidade sombria e virtuosa, dos valores humanos e dos componentes do amor sobre a experiência de flow em relacionamentos amorosos. Desse modo, a tese foi estruturada em três artigos. O Artigo 1, de natureza teórica, tem como objetivo apresentar um breve histórico sobre o desenvolvimento da Teoria da experiência de flow proposta por Csikszentmihalyi (1997), seus pressupostos teóricos, mensuração e correlatos. Por sua vez, o Artigo 2 apresentou como objetivo adaptar para o contexto brasileiro uma medida para mensurar o flow nos relacionamentos amorosos, a Flow State Scale (FSS). No Estudo 1, de caráter exploratório, participaram 230 pessoas (Midade = 30,27). A análise de componentes principais revelou uma estrutura hexafatorial [foco (α = 0,83), percepção do tempo (α = 0,77), perda de autoconsciência reflexiva (α = 0,76), fusão entre ação e consciência (α = 0,57), experiência autotélica (α = 0,76) e controle das ações (α = 0,80)]. No estudo 2 (N = 249, Midade = 27,94) buscou-se verificar evidências de validade fatorial confirmatória, consistência interna e validade convergente. Os resultados indicaram que o modelo hexafatorial apresentou ajuste significativamente superior quando comparado aos modelos hierárquico e unifatorial. Os resultados do alfa de Cronbach, confiabilidade composta e variância média extraída indicaram que os componentes apresentaram bons índices de consistência interna, com exceção das dimensões perda de autoconsciência reflexiva e fusão entre ação e consciência. Por fim, verificou-se que as dimensões do flow apresentaram correlações significativas com os indicadores de bem-estar. O Artigo 3 objetivou conhecer o papel da personalidade, dos valores humanos e dos componentes do amor sobre o flow em relacionamentos amorosos. Para tanto, foram realizados dois estudos. No Estudo 1 participaram 249 pessoas com idades variando entre 18 e 56 anos, as quais responderam a Escala de Flow em Relacionamentos Amororos, Dark Triad Dirty Dozen, Inventário de Personalidade Pró-Social, Questionário dos Valores Básicos, além de questionário sociodemográfico. Os resultados indicaram que o narcisismo se correlacionou negativamente com perda de autoconsciência. Os traços de personalidade virtuosa se correlacionaram positivamente com as dimensões do flow, em especial os traços altruísmo e gratidão. Ademais, as subfunções valorativas também se correlacionaram positivamente com as dimensões do flow, sobretudo interativa e experimentação. No Estudo 2 participaram 201 pessoas (M = 28,81, DP = 11,0). Além da Escala de Flow em Relacionamentos Amorosos, os participantes responderam à Escala Tetrangular do Amor. Os resultados indicaram correlação positiva entre os componentes do amor, no âmbito da Teoria Tetrangular do Amor, e as dimensões do flow, destacando-se o componente paixão romântica, que foi um importante preditor. Diante dos resultados, conclui-se que a Escala de Flow em Relacionamentos Amorosos é psicometricamente adequada e pode ser utilizada para mensurar o flow em relacionamentos amorosos no contexto brasileiro. Ademais, verificou-se o papel de variáveis intraindividuais e psicossociais na compreensão do flow em relacionamentos amorosos.
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POLLYANA LUDMILLA BATISTA PIMENTEL
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A PSICOLOGIA DAS EMERGÊNCIAS E DOS DESASTRES FRENTE À POLIDEMIA DE COVID-19: DIÁLOGOS ENTRE SAÚDE MENTAL, VULNERABILIDADES, ENVELHECIMENTOS E SOCIABILIDADE ONLINE
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Data: 15/12/2021
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Hora: 08:00
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A polidemia de Covid-19 tornou-se a maior emergência internacional de saúde pública sem precedentes no mundo moderno. Neste sentido, o objetivo geral deste estudo foi realizar uma análise sobre a saúde mental e o uso de redes sociais online por pessoas na maturidade e velhice, durante a emergência da polidemia covídica, bem como a autopercepção de vulnerabilidade frente ao novo coronavírus. Para tanto, parte-se da tese de que usuários de redes sociais online apresentam melhores índices de saúde mental do que não usuários, uma vez que estas redes funcionam como facilitador da interação social, principalmente diante do isolamento social adotado como medida de contenção do vírus. Outrossim, acredita-se que pessoas na maturidade e velhice apresentam nível elevado de autopercepção de vulnerabilidade frente ao novo coronavírus, haja vista a grande repercussão midiática acerca da letalidade da doença nessa faixa etária, um dos principais grupos de risco. Estruturalmente, esta tese foi dividida em quatro estudos distintos. O primeiro estudo tratou-se de uma revisão integrativa da literatura científica nacional dos últimos dez anos (2009-2019), objetivando conhecer a literatura nacional acerca do uso de redes sociais online por brasileiros com 50 anos ou mais. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, dois artigos foram selecionados. Verificou-se que a produção científica relacionada à temática é bastante escassa. Os resultados apontaram que as principais redes utilizadas pelos participantes foram: Whatsapp, Facebook, Messenger, Instagram, Snapchat e Linkedln. Além disso, foi possível constatar que as redes sociais online se apresentam como importante instrumento na contribuição para um processo de envelhecimento saudável, melhorando a qualidade de vida de pessoas na maturidade e velhice. O segundo estudo objetivou conhecer as representações sociais de pessoas com 50 anos ou mais acerca da internet e das redes sociais online. A amostra que compõe esse estudo é independente da amostra que compõe o estudo III e IV. Participaram 50 pessoas, com média de idade de 60 anos, variando entre 50 e 82 anos. Os participantes responderam a um questionário sociodemográfico e à Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP), tendo como estímulos: Internet e Redes Sociais Online. Utilizando o software Iramuteq, foram realizadas a análise de frequência múltipla, a análise de similitude, bem como a análise prototípica. Os resultados apontam que as representações sociais dos participantes acerca da internet referem a um meio de comunicação, que auxilia a busca por informações e na disposição das redes sociais virtuais. Sobre o estímulo redes sociais online, observaram-se representações sociais como uma fonte de atualização, além de ser mais um meio de comunicação. De forma geral, a internet e as redes sociais online são vistas pelos participantes como algo bom e ruim simultaneamente, exigindo cuidado dos usuários. O terceiro estudo apresenta uma investigação e análise acerca da prevalência de transtornos mentais comuns e sintomas de ansiedade e depressão em brasileiros, com 50 anos ou mais, durante a polidemia da Covid-19, bem como da autopercepção de vulnerabilidade desta população frente ao novo coronavírus. Participaram 571 pessoas, com idades variando entre 50 e 88 anos (M=58,83; DP=6,74), sendo 41,5% (N= 237) pessoas idosas (acima de 60 anos). A maioria (78,5%) do sexo feminino, com 93,3% afirmando estar em quarentena (ou isolamento social?). Como instrumentos, utilizou-se um questionário sociodemográfico, o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e a Escala de Percepção de Suporte Social (EPSS). Todos os escores apresentaram diferenças significativas em relação ao sexo dos participantes. As mulheres apresentaram maiores médias com relação à ansiedade, à depressão, ao Transtorno Mental Comum, e ao distress. Enquanto os homens apresentam maior média do que as mulheres na Percepção de Suporte Social. Observou-se também que adultos entre 50 a 59 anos, com renda mensal inferior a dois salários mínimos e aqueles com maior percepção de vulnerabilidade à Covid-19 apresentaram maior prevalência de Transtornos Mentais Comuns, ansiedade, depressão e distress do que idosos. Faz-se necessário o cuidado em saúde mental, sobretudo das mulheres, das pessoas com menor acesso à renda e daquelas que se percebem mais vulneráveis ao vírus. Por fim, o quarto estudo apresenta uma análise acerca do impacto do uso e não uso de redes sociais online na saúde mental de brasileiros com 50 anos ou mais durante a emergência de Covid-19 no Brasil. Participaram 571 pessoas, com idades variando entre 50 e 88 anos (M=58,83; DP=6,74), sendo 78,5% do sexo feminino, com 93,3% afirmando estar em quarentena. É importante ressaltar que do total dos participantes, 41,5% (N= 237) foi composta por pessoas idosas (acima de 60 anos). Com relação ao uso de redes sociais online (RSO), 93% dos participantes afirmaram que faziam uso dessas ferramentas. A maioria fazia uso de RSO há mais de 5 anos e permanece conectado mais de 3 horas por dia. As redes sociais online mais utilizadas pelos participantes são o Whatsapp, o Facebook e o Instagram. Como instrumentos, utilizou-se um questionário sociodemográfico, o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e a Escala de Percepção de Suporte Social (EPSS). No tocante aos escores de ansiedade, depressão, TMC e Percepção de Suporte social, não foram verificadas diferenças entre pessoas que fazem uso de RSO e não usuários de RSO. Contudo, quando o tempo de uso de RSO foi moderado por variáveis sociodemográficas, constataram-se diferenças significativas em relação ao sexo dos participantes, a faixa etária, renda e nível de religiosidade. As mulheres apresentaram maiores médias com relação à ansiedade e depressão, enquanto os homens apresentam maior média do que as mulheres na Percepção de Suporte Social. Observou-se também que adultos entre 50 a 59 anos, com renda mensal inferior a dois salários mínimos maiores prejuízos psíquicos quando comparado aos idosos. Percebe-se a importância do uso de redes sociais online no período de polidemia de Covid-19 para todos os participantes, principalmente para os idosos, dado que para estes, encontraram-se mais benefícios quanto ao bem estar mental. Portanto, espera-se que os resultados desta tese auxiliem planejamentos de práticas na atenção psicossocial e estratégias de cuidados em saúde, bem como de políticas públicas efetivas para essa população.
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POLLYANA LUDMILLA BATISTA PIMENTEL
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A PSICOLOGIA DAS EMERGÊNCIAS E DOS DESASTRES FRENTE À POLIDEMIA DE COVID-19: DIÁLOGOS ENTRE SAÚDE MENTAL, VULNERABILIDADES, ENVELHECIMENTOS E SOCIABILIDADE ONLINE
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Data: 15/12/2021
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Hora: 08:00
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A polidemia de Covid-19 tornou-se a maior emergência internacional de saúde
pública sem precedentes no mundo moderno. Neste sentido, o objetivo geral deste
estudo foi realizar uma análise sobre a saúde mental e o uso de redes sociais online
por pessoas na maturidade e velhice, durante a emergência da polidemia covídica,
bem como a autopercepção de vulnerabilidade frente ao novo coronavírus. Para tanto,
parte-se da tese de que usuários de redes sociais online apresentam melhores índices
de saúde mental do que não usuários, uma vez que estas redes funcionam como
facilitador da interação social, principalmente diante do isolamento social adotado
como medida de contenção do vírus. Outrossim, acredita-se que pessoas na
maturidade e velhice apresentam nível elevado de autopercepção de vulnerabilidade
frente ao novo coronavírus, haja vista a grande repercussão midiática acerca da
letalidade da doença nessa faixa etária, um dos principais grupos de risco.
Estruturalmente, esta tese foi dividida em quatro estudos distintos. O primeiro estudo
tratou-se de uma revisão integrativa da literatura científica nacional dos últimos dez
anos (2009-2019), objetivando conhecer a literatura nacional acerca do uso de redes
sociais online por brasileiros com 50 anos ou mais. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, dois artigos foram selecionados. Verificou-se que a produção
científica relacionada à temática é bastante escassa. Os resultados apontaram que as
principais redes utilizadas pelos participantes foram: Whatsapp, Facebook,
Messenger, Instagram, Snapchat e Linkedln. Além disso, foi possível constatar que as
redes sociais online se apresentam como importante instrumento na contribuição para
um processo de envelhecimento saudável, melhorando a qualidade de vida de pessoas
na maturidade e velhice. O segundo estudo objetivou conhecer as representações
sociais de pessoas com 50 anos ou mais acerca da internet e das redes sociais online.
A amostra que compõe esse estudo é independente da amostra que compõe o estudo
III e IV. Participaram 50 pessoas, com média de idade de 60 anos, variando entre 50 e
82 anos. Os participantes responderam a um questionário sociodemográfico e à
Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP), tendo como estímulos: Internet e
Redes Sociais Online. Utilizando o software Iramuteq, foram realizadas a análise de
frequência múltipla, a análise de similitude, bem como a análise prototípica. Os resultados apontam que as representações sociais dos participantes acerca da internet
referem a um meio de comunicação, que auxilia a busca por informações e na
disposição das redes sociais virtuais. Sobre o estímulo redes sociais online,
observaram-se representações sociais como uma fonte de atualização, além de ser
mais um meio de comunicação. De forma geral, a internet e as redes sociais online são
vistas pelos participantes como algo bom e ruim simultaneamente, exigindo cuidado
dos usuários. O terceiro estudo apresenta uma investigação e análise acerca da
prevalência de transtornos mentais comuns e sintomas de ansiedade e depressão em
brasileiros, com 50 anos ou mais, durante a polidemia da Covid-19, bem como da
autopercepção de vulnerabilidade desta população frente ao novo coronavírus.
Participaram 571 pessoas, com idades variando entre 50 e 88 anos (M=58,83;
DP=6,74), sendo 41,5% (N= 237) pessoas idosas (acima de 60 anos). A maioria
(78,5%) do sexo feminino, com 93,3% afirmando estar em quarentena (ou isolamento
social?). Como instrumentos, utilizou-se um questionário sociodemográfico, o SelfReporting Questionnaire (SRQ-20), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e a Escala de Percepção de Suporte Social (EPSS). Todos os escores
apresentaram diferenças significativas em relação ao sexo dos participantes. As
mulheres apresentaram maiores médias com relação à ansiedade, à depressão, ao
Transtorno Mental Comum, e ao distress. Enquanto os homens apresentam maior
média do que as mulheres na Percepção de Suporte Social. Observou-se também que
adultos entre 50 a 59 anos, com renda mensal inferior a dois salários mínimos e
aqueles com maior percepção de vulnerabilidade à Covid-19 apresentaram maior
prevalência de Transtornos Mentais Comuns, ansiedade, depressão e distress do que
idosos. Faz-se necessário o cuidado em saúde mental, sobretudo das mulheres, das
pessoas com menor acesso à renda e daquelas que se percebem mais vulneráveis ao
vírus. Por fim, o quarto estudo apresenta uma análise acerca do impacto do uso e não
uso de redes sociais online na saúde mental de brasileiros com 50 anos ou mais
durante a emergência de Covid-19 no Brasil. Participaram 571 pessoas, com idades
variando entre 50 e 88 anos (M=58,83; DP=6,74), sendo 78,5% do sexo feminino,
com 93,3% afirmando estar em quarentena. É importante ressaltar que do total dos
participantes, 41,5% (N= 237) foi composta por pessoas idosas (acima de 60 anos). Com relação ao uso de redes sociais online (RSO), 93% dos participantes afirmaram
que faziam uso dessas ferramentas. A maioria fazia uso de RSO há mais de 5 anos e
permanece conectado mais de 3 horas por dia. As redes sociais online mais utilizadas
pelos participantes são o Whatsapp, o Facebook e o Instagram. Como instrumentos,
utilizou-se um questionário sociodemográfico, o Self-Reporting Questionnaire (SRQ-
20), a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e a Escala de Percepção de
Suporte Social (EPSS). No tocante aos escores de ansiedade, depressão, TMC e
Percepção de Suporte social, não foram verificadas diferenças entre pessoas que
fazem uso de RSO e não usuários de RSO. Contudo, quando o tempo de uso de RSO
foi moderado por variáveis sociodemográficas, constataram-se diferenças
significativas em relação ao sexo dos participantes, a faixa etária, renda e nível de
religiosidade. As mulheres apresentaram maiores médias com relação à ansiedade e
depressão, enquanto os homens apresentam maior média do que as mulheres na
Percepção de Suporte Social. Observou-se também que adultos entre 50 a 59 anos,
com renda mensal inferior a dois salários mínimos maiores prejuízos psíquicos
quando comparado aos idosos. Percebe-se a importância do uso de redes sociais
online no período de polidemia de Covid-19 para todos os participantes, principalmente para os idosos, dado que para estes, encontraram-se mais benefícios
quanto ao bem estar mental. Portanto, espera-se que os resultados desta tese auxiliem
planejamentos de práticas na atenção psicossocial e estratégias de cuidados em saúde,
bem como de políticas públicas efetivas para essa população.
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THALITA LAYS FERNANDES DE ALENCAR
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UM MODELO SOCIOCOGNITIVO PARA O AUTOPERDÃO
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Data: 12/11/2021
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Hora: 15:00
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Essa tese propõe um modelo sociocognitivo que estabelece cinco níveis de raciocínio sobre o autoperdão, hierarquizados a partir do nível de descentração teoricamente necessário para alcançá-los. O objetivo central deste estudo é testar empiricamente este modelo, verificando sua adequação aos dados e sua relação com a idade e com a] habilidade de descentração. Para atender tal objetivo, primeiramente é apresentado um capítulo teórico que versa sobre a elaboração do modelo sociocognitivo proposto e sua fundamentação teórica. Em seguida, estudos empíricos que testam o modelo são descritos em dois artigos. O primeiro artigo foi um estudo transcultural com o objetivo de validar a Escala de Raciocínios sobre o Autoperdão (ERA), um instrumento construído para
representar os níveis de raciocínio do modelo proposto. O estudo contou com a participação de estudantes universitários brasileiros (n = 309) e portugueses (n = 363). A validade fatorial foi testada em dois estudos nas amostras de cada país. As análises fatoriais exploratórias (estudo 1) indicaram que o instrumento possui uma organização bifatorial que explica cerca de 60% da variância total (α = 0,72 / 0,73). As análises confirmatórias (estudo 2) corroboraram o modelo bifatorial que se organiza em dois tipos de raciocínio sobre o autoperdão: egocêntrico e descentrado. Os resultados mostraram que o instrumento apresenta boas propriedades psicométricas e é apropriado para avaliar o que se destina. A estrutura encontrada sustenta as proposições teóricas sobre a hierarquia entre os níveis do modelo. Também foi corroborada a relação com a habilidade de descentração, através das correlações significativas entre o tipo de raciocínio sobre o autoperdão e as variáveis consideração empática e tomada de perspectiva. O segundo artigo, por sua vez, apresenta os resultados de um estudo buscou verificar o efeito da idade no raciocínio sobre o autoperdão. Participaram 151 estudantes organizados em três grupos de idades: G1 (7-9 anos), G2 (12-14 anos) e G3 (17-19 anos). Os instrumentos utilizados foram: a ERA para avaliar o tipo de raciocínio sobre o autoperdão e a prova piagetiana das Três Montanhas para avaliar a tomada de perspectiva espacial, que representou a habilidade de descentração neste estudo. Corroborou-se a existência de correlação entre essas variáveis, conforme proposto pelo modelo. O efeito do desenvolvimento também recebeu suporte empírico uma vez que os resultados mais robustos das análises de variância seguiram as suposições teóricas do modelo, e demonstraram uma diminuição significativa no raciocínio egocêntrico ao longo do desenvolvimento. Finalmente, nas considerações finais, foi apresentada uma discussão geral dos resultados obtidos nos dois artigos relatados, assim como reflexões sobre estudos futuros. Considera-se que os estudos apresentados atenderam aos objetivos estabelecidos e corroboraram o modelo sociocognitivo para o autoperdão.
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MARIA GABRIELA COSTA RIBEIRO
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OS VALORES HUMANOS E O TOQUE SOCIAL AFETIVO: UMA ANÁLISE A PARTIR DE VARIÁVEIS COGNITIVO-EMOCIONAIS
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Data: 29/10/2021
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Hora: 14:30
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Esta tese teve por objetivo verificar em que medida a relação dos valores humanos e toque social afetivo pode ser explicada por variáveis cognitivo-afetivas. Para tanto, três artigos procuram atender ao objetivo geral. No artigo 1 foi realizada uma revisão sistemática sobre o estudo do toque social no âmbito da psicologia no período entre os anos 2000 e 2020. A presente revisão indicou que essa temática ganhou notoriedade nos últimos cinco anos, abarcando linhas de pesquisas no âmbito dos relacionamentos amorosos, a experiência do toque social, a localização do toque social, domínio psicológico e na relação com uma pessoa desconhecida. Em conjunto, os resultados apontam para a natureza comportamental de tal construto e suas relações com o bem-estar psíquico. O Artigo 2, por sua vez, objetivou elaborar e conhecer as evidências psicométricas das medidas Escalas de Toque Social Afetivo Receptor e Provedor (ETSA Receptor e Provedor), em que foram realizados três estudos, a saber: o primeiro estudo focou na elaboração dos itens e nas evidências baseadas no conteúdo. Foram elaborados 24 itens tanto para versão receptor, assim como versão provedor, totalizando 48 itens, sendo submetidas a análise dos juízes, apresentando indicadores de concordância acima de 0,83; o segundo estudo procurou verificar as estruturas fatoriais das medidas. Participaram 204 indivíduos (Midade =28,8 anos; DP = 9,47), os quais responderam as versões iniciais da ETSA Receptor e Provedor e perguntas demográficas. Uma análise Principal axis factoring (rotação Promax) e retenção das dimensões com análise paralela, indicou uma solução bifatorial para a ETSA - receptor, com as dimensões toque receptor parceiro(a) íntimo(a) (α = 0,92) e toque receptor família, amigos e desconhecido (α = 0,93), apresentando confiabilidade aceitáveis. Para a versão provedor, através dos mesmos procedimentos, verificou-se uma solução bifatorial, com as dimensões provedor do toque parceiro(a) íntimo(a) (α = 0,93) e toque provedor família, amigos e desconhecido (α = 0,94), as quais também apresentaram indicadores de consistência interna adequados. Por fim, o terceiro estudo, objetivou confirmar a estrutura fatorial das escalas. Participaram 200 pessoas (Midade = 29,7 anos; DP = 9,19), os quais responderam as mesmas medidas do estudo anterior, com 43 itens. A partir da comparação dos modelos (unifatorial, bifatorial e multifatorial correlacionado), o modelo representado por quatro fatores das versões receptor e provedor indicou um ajuste adequado (e.g., CFI = 0,99; TLI = 0,99; RMSEA = 0,03), relacionado com a Teoria do Toque Social. Assim, os três estudos apresentaram evidências que atestam a adequação da ETSA Receptor e Provedor. O Artigo 3, por último, objetivou conhecer em que medida o suporte social percebido e bem-estar subjetivo explicam a relação dos valores humanos e toque social afetivo. O estudo 1 (n = 242; Midade = 29,00; DP = 10,75), de caráter exploratório, testou-se a relação entre valores humanos, toque social e bem-estar subjetivo. Ainda, testou-se o papel mediador do bem-estar subjetivo na relação entre os valores interativos e toque social afetivo (receptor e provedor) e suas respectivas dimensões. O estudo 2 (n = 404; Midade = 29,30; DP = 9,33), por sua vez, demonstrou que a inclusão do suporte social percebido como mediador, em conjunto com o bem-estar subjetivo explicam a relação dos valores interativos e toque social afetivo. Portanto, os resultados acima descritos demonstram à natureza comportamental do toque social afetivo, assim como expandem as evidências dos correlatos deste construto no Brasil frente a indicadores do bem-estar psicológico e variáveis clássicas do campo da psicologia social.
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JULLIANA DINIZ PEIXOTO
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O USO DE SI AO EXTREMO: UM OLHAR SOBRE AS VIVÊNCIAS DE SOFRIMENTO DE TRABALHADORES AFASTADOS POR LER/DORT
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Data: 29/09/2021
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Hora: 14:30
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Essa dissertação teve por objetivo analisar as vivências de sofrimento de trabalhadores afastados, acometidos por alguma patologia relacionada as Lesões por Esforços Repetitivos (LER)/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Para alcançar tal objetivo o trabalho foi organizado primeiramente com a apresentação de um capítulo teórico utilizando como aporte a Psicodinâmica do trabalho. Na sequência, apresenta-se um primeiro artigo que compreende uma revisão da literatura sobre vivências de sofrimento e LER/Dort, utilizando as bases de dados Scielo, Lilacs e Index Psi. A partir da análise dos artigos da amostra foi possível constatar três dimensões no que se refere aos distúrbios osteomusculares: a dimensão física, a dimensão psicossocial e a relação entre organização do trabalho e adoecimento. O segundo artigo apresenta uma pesquisa de natureza qualitativa realizada a partir de entrevistas telefônicas, com cinco trabalhadores acometidos por LER/Dort, afastados do trabalho e usuários do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de João Pessoa (CEREST-JP). A partir dos relatos, foi possível verificar que o trabalhador afastado por essa síndrome enfrenta além das dores físicas, sentimentos de culpabilização, inutilidade e incertezas sobre o futuro. A dimensão subjetiva é fator chave no adoecimento e contribui para as vivências de sofrimento tanto físico quanto psíquico dos trabalhadores. As LER/Dort figuram como uma das maiores causas de afastamento dos trabalhadores de seus postos de trabalho. É nessa perspectiva que se entende a importância de um olhar sobre as vivências de sofrimento dos trabalhadores afastados por LER/Dort.
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ISABELLE TAVARES AMORIM
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CRENÇAS SOCIETAIS ACERCA DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO
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Data: 27/09/2021
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Hora: 14:00
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RESUMO: Partindo da tese de que elementos de cunho sociodemograficos e socioeconômicos podem refletir na forma como o indivíduo enxerga e avalia o mundo que o rodeia, de modo que as influências de tais elementos também podem contribuir no processo de construção, manutenção e compartilhamento das crenças sobre violência de gênero, emergiu-se como objetivo geral analisar as crenças societais acerca da violência de gênero, propôs-se a realização de dois estudos com amostras independentes. O primeiro estudo avaliou os parâmetros psicométricos da Escala de Crenças Societais de Legitimação das Violências de Gênero para população adulta. A partir da Técnica de Associação Livre de Palavras aplicadas a 201 estudantes do ensino médio, obteve-se 61 itens, agrupados em cinco subescalas pré-determinadas a partir da classificação da Lei Maria da Penha, posteriormente aplicados a uma amostra de 202 adultos. Foi utilizado Análise Fatorial pelo método dos Componentes Principais e o alfa de Cronbach para avaliar os índices de consistência interna. A análise de variância e a comparação de médias (par a par) foi feita pela análise de variância one-way (ANOVA), verificando-se a significância das diferenças pelo teste de Tukey. Como resultado, obteve-se uma estrutura unifatorial para todas as subescalas: (1)Violência Sexual,13 itens explicando 41,4% da variância e Alpha de Cronbach de 0,858; (2)Violência Psicológica, 14 itens explicando 39,3% da variância e Alpha de Cronbach de 0,871; (3) Violência Física, 13 itens explicando 40,8% da variância e Alpha de Cronbach de 0,849; (4) Violência Patrimonial, 08 itens explicando 46,3% da variância e Alpha de Cronbach de 0,820; e (5) Violência Moral , 12 itens explicando 43,3% da variância e Alpha de Cronbach de 0,849. A análise de variância (ANOVA) e o Teste de Tukey apontaram significância das diferenças entre as médias dos itens. Concluiu-se que, apesar da necessidade de coletar mais informações que suportem essas propriedades psicométricas, principalmente no aumento da variabilidade de respostas, os resultados apontam evidências de validade de conteúdo e de critério, assim como consistência interna da medida. O segundo estudo objetivou identificar a tipologia modal das crenças societais acerca da violência de gênero e verificar a influência das variáveis socioeconômicas e institucionais associadas. A amostra foi composta por 202 participantes, via plataformas online, sendo, 59,9% do sexo feminino, com idade variando de 19 a 59 anos, sendo 68% na faixa etária de 18 a 29 anos, que responderam a Escala de Crenças Legitimadoras da Violência de Gênero para Adultos e um questionário incluindo aspectos socioeconômicos, analisados por estatística descritiva, teste de associação (ANOVA e Test t), correlação de Pearson e Regressão Multivariada (Stepwise). Os resultados evidenciaram maior explicação da Violência Física (R²=,844), apresentando três variáveis preditoras: Faixa etária, (5% da variância); Afiliação Religiosa (5% de explicação); Sexo e Renda Familiar (com 5% e 2% de predição respectivamente). Violência Moral: Religiosidade (6%); Sexo (5%) e; Estado Civil (2%). Violência Psicológica foi predita pelo sexo (6%), religiosidade (7%) e estado civil (3%). Violência Patrimonial com sexo (5%), afiliação religiosa (7%), identidade racial (2%), estado civil (2%) e; escolaridade (2%). Por fim, a Violência Sexual com Afiliação Religiosa (6%), Faixa Etária (4%) e Sexo (3%). A Violência de Gênero deve ser entendida como estrutural porque se materializa em qualquer aspecto da vida e é transmitida a partir dos mecanismos de
socialização. Por fim, no Capítulo Final, são feitas considerações gerais na interseção entre a teoria proposta e os resultados alcançados.
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JENNIFER OLIVEIRA AMARO DOS SANTOS
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Vivência subjetiva dos profissionais de um CEREST no tocante à Vigilância em Saúde do Trabalhador em assédio moral no trabalho
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Data: 20/09/2021
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Hora: 14:00
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As novas transformações no contexto do trabalho passam, cada vez mais, a preconizar espaços laborais propulsores de altos índices de desempenho e produtividade, tendo por base exigências que muitas vezes excedem a capacidade física e psíquica de suportá-las, o que acontece a partir de meios cada vez mais sofisticados de mecanismos de controle e coerção sendo, portanto, o assédio moral parte dessa engrenagem. O assédio moral no trabalho se dá mediante um processo de silenciamento das relações sociais de trabalho, o que é enfatizado na lógica do desemprego estrutural, de modo que o silêncio passa a ser um recurso de submissão do trabalhador para manter-se trabalhando por medo de que a sua voz implique em alguma retaliação ou até em desemprego. Nesse cenário, destaca-se a importância da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) enquanto prática de fortalecimento dos trabalhadores na luta pela saúde e de intervenções de caráter transformador de intervenção nos contextos de trabalho. Essa tese teve por objetivo geral: Analisar a vivência subjetiva dos profissionais de um CEREST no Nordeste brasileiro no que se refere à Vigilância em Saúde do Trabalhador em Assédio Moral no trabalho. Por objetivos específicos, pode-se citar: Compreender o processo de VISAT a partir da vivência dos entrevistados; Entender quais são as competências e estratégias necessárias para a VISAT; Analisar a relação entre o cenário atual e a VISAT; Verificar como se dá a relação entre a VISAT e o assédio moral. Com relação à metodologia, foi privilegiada a abordagem qualitativa, fazendo uso de dois instrumentos: um questionário sócio demográfico e uma entrevista semiestruturada. Participaram deste estudo seis trabalhadores de ambos os sexos. A análise dos dados foi conduzida através de uma abordagem hermenêutica a partir da Psicodinâmica do Trabalho. Verificou-se que, mesmo diante de tentativas da organização em distorcer a sua realidade, a equipe demonstra ser competente e atua de forma coletiva para compreender os elementos subjetivos que perpassam o contexto de trabalho. Observou-se ainda que mesmo em nítidas condições de sofrimento, os profissionais apontam o reconhecimento enquanto via de luta pela saúde. Obteve-se que a cooperação no trabalho da equipe enquanto fator primordial para permanecer lutando por sua saúde.
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ISAAC RODAS ARAÚJO
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PREFERÊNCIAS POR MÍDIAS DE ENTRETENIMENTO E OS EFEITOS NO COMPORTAMENTO AGRESSIVO E SUICÍDIO
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Data: 20/08/2021
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Hora: 14:00
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O uso das mídias de entretenimento tem se tornado algo muito frequente no cotidiano das pessoas, partindo disto vários estudos envolvendo esta temática foram realizados com a proposta de compreender o impacto causado por essas mídias no comportamento humano. Uma das temáticas que mais tem sido relacionada ao uso das mídias é a agressão, principalmente com filmes, música e jogos de vídeo game. Outro comportamento muito preocupante que pode ser impactado pelas mídias é o suicídio, porém menos estudado. Assim, esta dissertação teve como objetivo analisar as relações existentes entre as preferências por diferentes tipos de mídia de entretenimento, a agressão e o comportamento suicida, além de levar os fatores de personalidade em consideração. Para tanto, parte-se da hipótese de que as pessoas que tem preferência por mídias consideravelmente violentas, terão maiores pontuações na presença de comportamentos agressivos, seja contra as outras pessoas ou contra si mesmo (suicídio). Para chegar a estes resultados, inicialmente se fez necessário dividir esta dissertação em três estudos, presentes no capítulo 2, sendo eles: 1) uma revisão sistemática sobre a psicologia da mídia no Brasil nos ultimos cinco anos, compreendendo que esta temática tem se relacionado com grande frequência à mídias de formato jornalístico e teve um crescimento dos estudos nos ultimos dois anos; 2) a validação da Escala de Preferências por Mídias de Entretenimento (Rentfrow, et al., 2011) para o contexto brasileiro, considerando o modelo original de cinco fatores, se demonstrando favorável após às adaptações e análises; 3) a realização de um estudo para verificar as relações existentes entre as preferências por mídias de entretenimento, agressão contra si mesmo e contra os outros e com os aspectos da personalidade humana. Após a conclusão desta dissertação, espera-se compreender o impacto das mídias de entretenimento no comportamento humano, confirmando as hipóteses teóricas do Modelo Geral da Agressão que afirma que a utilização de determinadas mídias violentas, pode aumentar a frequência dos comportamentos agressivos.
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ADRIELE VIEIRA DE LIMA PINTO
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MÃES PRIVADAS DE LIBERDADE: UM OLHAR PSICOSSOCIAL SOBRE A MATERNIDADE
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Data: 25/06/2021
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Hora: 14:00
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A maternidade nas prisões brasileiras é marcada por vivências de vulnerabilidades e sofrimento psíquico. Esses aspectos são acentuados diante da invisibilidade histórica associada ao encarceramento feminino, que nega as especificidades das mulheres, dentre elas, as questões relacionadas à maternidade. Nesse contexto, buscou-se estudar a temática através da Teoria das Representações Sociais (TRS), que possibilitou acessar a rede de sentidos e significados, compartilhada pelas mães em privação de liberdade, construindo um conhecimento prático e multifacetado sobre a temática. Nesse direcionamento, a seguinte tese objetivou conhecer os aspectos psicossociais inter-relacionados à maternidade no contexto prisional. Estruturalmente, dividiu-se em duas partes, a primeira constituída pelos capítulos teóricos e a segunda composta por três estudos. No primeiro estudo, realizou-se uma revisão da produção científica nacional, publicadas entre 2009 e 2019. Foram selecionados 15 artigos, analisados pela Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e da Análise de Similitude, através do Iramuteq. Os resultados indicaram o caráter recente das produções acerca da temática, com foco principal, nas questões da saúde, garantia/violação de direitos, nos danos para a relação mãe-filhos e por questões voltadas a assistência pré-natal, gestação e amamentação. Os outros dois estudos, empíricos, foram norteados pela TRS. O primeiro estudo empírico, analisou as Representações Sociais (RS) de mães privadas de liberdade, baseado em seis palavras evocadoras (ser mãe, maternidade, paternidade, família, prisão e eu mesmo). Participaram 52 mães, entre 21 a 64 anos (M=33,08; DP=8,71), do Centro de Ressocialização Feminino de João Pessoa, Paraíba. As participantes responderam ao Questionário Sociodemográfico e a Técnica de Associação Livre de Palavras. Os dados foram processados pelo SPSS (versão 21) e Tri-Deux-Mots e interpretados pela Análise Fatorial de Correspondência. Observou-se que o contexto prisional traz implicações na produção de sentidos e significados atribuídos a diferentes aspectos da vida das mães custodiadas. Os resultados indicaram representações consensuais entre ser mãe, maternidade, paternidade e família. A prisão foi associada às experiências negativas estigmatizantes e ao sofrimento psíquico. O estímulo eu mesma trouxe elementos ambíguos que manifestaram engajamento e autopunição. O segundo estudo empírico, objetivou conhecer as RS sobre a maternidade, elaboradas por mães privadas de liberdade. Participaram 15 mães, entre 21 e 44 anos (M=30,47; DP=6,25), custodiadas no mesmo centro de ressocialização feminino do estudo anterior. Responderam ao questionário sóciodemográfico e a entrevista em profundidade. Os dados foram processados pelo SPSS (versão 21) e software Alceste, e analisados pela CHD. Emergiram dois eixos principais de sentidos: A prisão e seu sistema de deveres e direitos e Vulnerabilidades e o significado da maternidade. Neles a maternidade foi marcada pela perda dos laços psicossociais entre mãe-filho. Ser mãe foi objetivada como sinônimo de sofrimento, incerteza e culpa pela ausência nos cuidados maternos e separação dos filhos e familiares. Destaca-se que as RS sobre a maternidade no cárcere adquiriram diferentes facetas que ora se aproximavam e se distanciavam do ideal de maternidade socialmente disseminado. Assim, a condição materna das mães em privação de liberdade, conduz ao reconhecimento de que o aprisionamento feminino não pode ser considerado isoladamente, pois existirá implicações para sua família e filhos e, de forma ampla, para a sociedade. Portanto, espera-se que os resultados dessa tese auxiliem planejamentos de práticas sociais e de saúde, efetivas para essa população e seus dependentes.
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ALESSANDRO TEIXEIRA REZENDE
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CRENÇAS SOBRE A CURA DA HOMOSSEXUALIDADE: UMA EXPLICAÇÃO A PARTIR DE VARIÁVEIS SOCIOCULTURAIS
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Data: 18/06/2021
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Hora: 15:00
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Esta tese objetivou verificar a extensão em que variáveis socioculturais (i.e., atitudes frente a gays e lésbicas, preconceito sexual, orientação à dominância social e valores humanos) explicam crenças sobre a cura da homossexualidade. Para tanto, foram elaborados seis artigos. No Artigo 1 foi realizada uma revisão sistemática sobre o estudo da cura da homossexualidade nos últimos 19 anos, buscando compreender como essa temática vêm sendo estudada nas diversas áreas do conhecimento (e.g., direito, psicologia, psiquiatria). A presente revisão demonstrou que durante quase uma década profissionais da psicologia e psiquiatria fizeram uso do conhecimento científico para legitimar práticas voltadas para a suposta cura da homossexualidade. O Artigo 2, de natureza empírica e qualitativa, buscou mapear por meio dos discursos sociais as crenças associadas à cura da homossexualidade. Participaram 237 universitários (Midade = 21,0; DP = 5,07), os quais responderam, além de questões sociodemográficas, um roteiro de entrevista composto por três questões abertas. Em síntese, apesar da natureza exploratória e da ausência de evidências empíricas no contexto brasileiro a respeito das crenças sobre a cura gay, os resultados apontaram a existência de seis classes direcionadas para a desfavorabilidade em relação aos profissionais que apoiam tratamentos de reversão da orientação sexual. O Artigo 3, por sua vez, versou sobre a elaboração da Escala de Crenças sobre a Cura da Homossexualidade (ECCH), cujos itens foram construídos com base na literatura da área. Participaram desse estudo 225 universitários (Midade = 21,0; DP = 5,78), que responderam a versão inicial da ECCH, composta por 36 itens, e perguntas demográficas. Uma análise de componentes principais indicou uma solução pentafatorial para a medida, com indicadores aceitáveis de fidedignidade. As dimensões foram nomeadas como crenças religiosas (α = 0,95), crenças morais (α = 0,95), crenças biológicas (α = 0,96), crenças psicológicas (α = 0,92), sendo estas dimensões favoráveis à cura da homossexualidade, e, finalmente, uma dimensão de crenças desfavoráveis à reversão sexual (α = 0,93). Cada uma das dimensões reuniu quatro itens na versão final do instrumento. Estas dimensões foram correlacionadas às medidas de crenças sobre a homossexualidade (ECH) e desejabilidade social (EDSMC), sendo observadas correlações nas direções esperadas. Em razão de as análises apresentadas até aqui serem eminentemente exploratórias, decidiu-se elaborar o Artigo 4, que objetivou confirmar a estrutura fatorial previamente observada (N = 215), e cujos resultados indicaram um ajuste satisfatório para o modelo pentafatorial (e.g., CFI = 0,95; TLI = 0,94; RMSEA = 0,06). Na sequência, buscando reunir evidências de validade convergente, novos participantes (N = 430 universitários; Midade = 23,5; DP = 7,90) responderam a medidas de preconceito sexual (EMPS) e de atitudes frente a gays e lésbicas (EMAFGL). Os resultados indicaram que as dimensões da ECCH apresentaram fortes correlações na direção esperada. Com evidências preliminares que atestam a adequação da ECCH, partiu-se para o Artigo 5, objetivando conhecer o poder preditivo das dimensões do preconceito sexual e das atitudes face a gays e lésbicas em relação à des(favorabilidade) à cura da homossexualidade, propondo e testando dois modelos explicativos. Para tal, contou-se com a participação de 375 universitários (Midade = 21,7; DP = 6,80), os quais responderam a EMPS, EMAFGL e ECCH, além de perguntas sociodemográficas. Os resultados indicaram a adequação teórica e empírica dos modelos de favorabilidade (e.g., CFI = 0,98; TLI = 0,97; RMSEA = 0,07) e desfavorabilidade à cura da homossexualidade (e.g., CFI = 0,99; TLI = 1,00; RMSEA = 0,03). Por fim, buscando ainda reunir evidências adicionais a respeito das crenças sobre a cura da homossexualidade, realizou-se o Artigo 6, no qual buscou-se verificar o poder preditivo da ODS e dos valores humanos em relação a estas crenças. Participaram 391 pessoas da população geral (Midade = 25,7; DP = 7,20), os quais responderam a ECCH, a Escala de Orientação à Dominância Social (ODS), o Questionário de Valores Básicos (QVB) e questões sociodemográficas. Os resultados indicaram que a ODS e os valores humanos foram bons preditores das crenças sobre a cura da homossexualidade (p < 0,001). Ademais, os modelos de mediação propostos, que consideraram as crenças separadamente como variáveis dependentes, a ODS como variável independente e os valores normativos como variável mediadora, obtiveram efeitos indiretos significativos, demonstrando que a ODS explica todas as crenças através dos valores normativos (p < 0,001). Estima-se que os objetivos propostos nessa tese foram alcançados, podendo-se contar com uma medida para avaliar as crenças sobre a cura da homossexualidade psicometricamente adequada, com evidências de validade (e.g., fatorial, convergente e discriminante) e consistência interna satisfatórios, além de ampliar a compreensão em torno destas crenças a partir de suas relações com outros construtos psicossociais.
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HEMERSON FILLIPY SILVA SALES
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INVESTIGAÇÃO DO VIÉS ATENCIONAL NA ANSIEDADE MEDIANTE EXPOSIÇÃO DE EXPRESSÕES FACIAIS: EVIDÊNCIAS DE RASTREAMENTO OCULAR
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Data: 17/06/2021
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Hora: 14:00
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A presente tese buscou estudar os mecanismos envolvidos no Viés Atencional na Ansiedade (VAA) frente à exposição de expressões faciais por meio de medidas de Rastreamento Ocular (RO). Para isso foram elaborados dois artigos. O Artigo I teve como objetivo analisar o uso de medidas de rastreamento ocular na avaliação do viés atencional na ansiedade, por meio de uma revisão da literatura. Para isso, foi realizada uma busca eletrônica abrangente, nas bases de dados PsycINFO, PubMed e Web of Science nas quais foram identificados 57 relatos. Contudo, após a eliminação dos duplicados, da triagem de títulos e resumos, e da avaliação dos critérios de elegibilidade, restaram apenas oito estudos. Os resultados trouxeram questões significativas no tocante ao uso do rastreamento ocular na investigação do viés atencional na ansiedade. Algumas delas dizem respeito à necessidade de melhorias nos protocolos, mas a principal questão refere-se à observação do mecanismo de manutenção como principal fator envolvido no processamento da atenção na ansiedade. Tal fato diverge da maioria das pesquisas anteriores, trazendo implicações importantes para o entendimento de como se dá a manutenção dos sintomas ansiosos. Já o Artigo II teve como objetivo investigar o VAA mediante exposição de expressões faciais com medidas de RO. Utilizou-se uma amostra por conveniência de 76 participantes, divididos em três grupos, de acordo com a pontuação no IDATE-T: Baixa Ansiedade Traço (BAT; n = 26), Moderada Ansiedade Traço (MAT; n = 25), e Alta Ansiedade Traço (AAT; n = 25). Por meio de ANOVAs mistas os resultados evidenciaram um viés de vigilância para expressões de nojo independentemente do nível de ansiedade; e um viés de manutenção para expressões de alegria do grupo BAT em comparação com o grupo AAT, independentemente do tempo de apresentação dos estímulos. Apesar dos dados concordarem em parte com estudos na área, as hipóteses levantadas nesta pesquisa não foram corroboradas. Diferente disso, os resultados mostraram um processamento atencional diferenciado e evidenciaram questões fundamentais relacionadas à importância de estímulos positivos no tratamento da ansiedade e às especificidades dos tipos, níveis e características dos estímulos utilizados nas pesquisas. Conclui-se assim, que, de uma forma geral, esta tese mostra um direcionamento um pouco distinto do que tem sido encontrado na literatura e propõe um padrão de processamento atencional diferenciado, que pode ser considerado em estudos futuros na investigação do VAA.
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HEMERSON FILLIPY SILVA SALES
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INVESTIGAÇÃO DO VIÉS ATENCIONAL NA ANSIEDADE MEDIANTE EXPOSIÇÃO DE EXPRESSÕES FACIAIS: EVIDÊNCIAS DE RASTREAMENTO OCULAR
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Data: 17/06/2021
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Hora: 14:00
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A presente tese buscou estudar os mecanismos envolvidos no Viés Atencional na Ansiedade (VAA) frente à exposição de expressões faciais por meio de medidas de Rastreamento Ocular (RO). Para isso foram elaborados dois artigos. O Artigo I teve como objetivo analisar o uso de medidas de rastreamento ocular na avaliação do viés atencional na ansiedade, por meio de uma revisão da literatura. Para isso, foi realizada uma busca eletrônica abrangente, nas bases de dados PsycINFO, PubMed e Web of Science nas quais foram identificados 57 relatos. Contudo, após a eliminação dos duplicados, da triagem de títulos e resumos, e da avaliação dos critérios de elegibilidade, restaram apenas oito estudos. Os resultados trouxeram questões significativas no tocante ao uso do rastreamento ocular na investigação do viés atencional na ansiedade. Algumas delas dizem respeito à necessidade de melhorias nos protocolos, mas a principal questão refere-se à observação do mecanismo de manutenção como principal fator envolvido no processamento da atenção na ansiedade. Tal fato diverge da maioria das pesquisas anteriores, trazendo implicações importantes para o entendimento de como se dá a manutenção dos sintomas ansiosos. Já o Artigo II teve como objetivo investigar o VAA mediante exposição de expressões faciais com medidas de RO. Utilizou-se uma amostra por conveniência de 76 participantes, divididos em três grupos, de acordo com a pontuação no IDATE-T: Baixa Ansiedade Traço (BAT; n = 26), Moderada Ansiedade Traço (MAT; n = 25), e Alta Ansiedade Traço (AAT; n = 25). Por meio de ANOVAs mistas os resultados evidenciaram um viés de vigilância para expressões de nojo independentemente do nível de ansiedade; e um viés de manutenção para expressões de alegria do grupo BAT em comparação com o grupo AAT, independentemente do tempo de apresentação dos estímulos. Apesar dos dados concordarem em parte com estudos na área, as hipóteses levantadas nesta pesquisa não foram corroboradas. Diferente disso, os resultados mostraram um processamento atencional diferenciado e evidenciaram questões fundamentais relacionadas à importância de estímulos positivos no tratamento da ansiedade e às especificidades dos tipos, níveis e características dos estímulos utilizados nas pesquisas. Conclui-se assim, que, de uma forma geral, esta tese mostra um direcionamento um pouco distinto do que tem sido encontrado na literatura e propõe um padrão de processamento atencional diferenciado, que pode ser considerado em estudos futuros na investigação do VAA.
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CIBELE SOARES DA SILVA COSTA
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CONTEXTOS DE DESENVOLVIMENTO E PROJETOS DE VIDA DE JOVENS NOS PROGRAMAS DE ACOMPANHAMENTO AOS EGRESSOS DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO
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Data: 20/04/2021
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Hora: 14:00
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O objetivo geral desta tese é: analisar os contextos de desenvolvimento proporcionados pelos programas de acompanhamento aos jovens egressos de medida socioeducativa de internação para a construção e efetivação do projeto de vida. Os objetivos específicos são: Identificar os princípios e diretrizes que norteiam o acompanhamento dos programas de jovens egressos de MSEI; Identificar os objetivos do acompanhamento ofertado nos programas de jovens egressos de MSEI; Caracterizar o jovem acompanhado nos programas de egresso de MSEI; Caracterizar as ações oferecidas nos programas de acompanhamento aos jovens egressos de MSEI; Analisar a trajetória de acesso e permanência do jovem nos programas de acompanhamento aos egressos de MSEI; Analisar quais atividades são ofertadas nos programas de acompanhamento aos jovens egressos de MSEI e se estas possibilitam o desenvolvimento e efetivação dos projetos de vida. Defende-se a tese que, a implementação dos programas de acompanhamento aos jovens egressos de medidas socioeducativa, se caracteriza enquanto ações fragmentadas e compensatórias na política de socioeducação, não visando o desenvolvimento omnilateral do jovem, mas por exercer uma função mediadora e da articulação das políticas sociais, pode contribuir na garantia dos direitos sociais e fornecer algumas atividades para a efetivação dos projetos de vida dos jovens. Os referenciais teóricos que nortearam a análise são a perspectiva crítico-dialética das Políticas Sociais e a Psicologia histórico-cultural. A pesquisa de campo foi realizada com programas em três estados brasileiros Bahia, Paraíba e Rio Grande do Sul, realizando-se dois estudos empíricos: Estudo I - Caracterização dos programas de acompanhamento aos jovens egressos da medida socioeducativa de internação, realizado em duas etapas, intituladas: Etapa I Análise documental: bases dos programas de acompanhamento aos egressos de medida socioeducativa de internação, e Etapa II Os programas de acompanhamento aos egressos de MSEI na perspectiva dos atores. Na primeira etapa realizou-se uma pesquisa documental, analisando-se as leis, documentos orientadores, cartilhas e instrumentais técnicos e na segunda etapa realizou-se entrevistas semiestruturadas com 10 profissionais das equipes técnicas de referência e 4 membros da coordenação e gestão nos três programas. No Estudo II foram realizadas entrevistas abertas individuais com 9 jovens egressos de MSEI, acompanhados pelos programas. Os dados dos dois estudos foram analisados utilizando-se a Análise Temática de Conteúdo e na pesquisa documental utilizou-se o software MaxQDA. A análise possibilitou identificar que os programas de acompanhamento aos egressos de MSEI necessitam de maiores investimentos, que assegurem a permanência da oferta, a partir do estabelecimento de um serviço de caráter continuado na política de socioeducação; que as ações realizadas nos programas estão guiadas pela articulação com as políticas sociais correspondentes aos eixos pedagógicos do atendimento socioeducativo; que os jovens acompanhados, necessitam e reconhecem a intervenção dos programas no auxílio da construção e efetivação do projeto de vida; para que a construção do projeto de vida seja efetivo, os programas necessitam ofertar condições de acesso e permanência; a construção e efetivação dos projetos de vida auxiliado pelos programas ocorre na medida em que são realizados o planejamento e disponibilizados as atividades principais e codeterminantes para o desenvolvimento dos jovens. Diante disso, conclui-se que os programas de acompanhamento aos egressos de MSEI podem funcionar como contextos de desenvolvimentos dos projetos de vida dos jovens, na medida em que, ao realizar a mediação com a políticas sociais, fornecem os elementos e atividades fundamentais para a construção de novos interesses, proporcionando novas situações sociais de desenvolvimento.
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VANESSA DA CRUZ ALEXANDRINO
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PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL, ARTE E DESENVOLVIMENTO HUMANO: CONTRIBUIÇÕES PARA PRÁTICA DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
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Data: 08/04/2021
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Hora: 15:00
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A arte é considerada uma ação humana intencional, que reúne elementos do meio cultural e influencia no desenvolvimento de funções psicológicas humanas, a exemplo da imaginação, potencializada pela diversidade de experiências vivenciadas pelos sujeitos. Apoiada em argumentos apresentados em pesquisas no campo da Educação Infantil e em documentos oficiais que orientam práticas neste contexto, esta Tese defende que a criança tem o direito a vivências estéticas que potencializem o desenvolvimento global infantil. Diante disso, o objetivo geral deste estudo foi analisar as concepções e atuação de profissionais de Educação Infantil sobre arte e suas configurações, nesse contexto. Participaram deste estudo, 14 profissionais da educação que atuavam junto a Centros de Referência em Educação Infantil (CREI), na cidade de João Pessoa-PB. Para atender aos objetivos deste estudo, foi realizado um levantamento da literatura em bases de dados acadêmicos sobre esta temática; a análise do perfil sociodemográfico dos profissionais participantes do estudo; uma análise de documentos oficiais de Centros de Referência em Educação Infantil- CREIS; entrevistas com profissionais da Educação Infantil; e observações em contextos de Educação Infantil, que incluíram o mapeamento dos espaços e fotografia das produções artísticas infantis. Os resultados deste estudo foram discutidos com base na Psicologia histórico-cultural do desenvolvimento humano de Vigotski, incluindo aqui pesquisadores contemporâneos dessa vertente teórica e do campo da Educação Infantil. No que se refere ao levantamento da literatura, a maior parte dos estudos relacionados à temática são voltados à contação de histórias, embora não tenham sido encontradas produções acadêmicas nas quais o psicólogo escolar seja o profissional que utiliza recursos artísticos como ferramenta de mediação nas instituições de Educação Infantil. A análise dos documentos oficiais das instituições de Educação Infantil pesquisadas permitiu identificar que a imaginação e a criação comparecem nestes documentos, mas associadas às datas comemorativas e culminâncias de projetos das instituições. As entrevistas permitiram verificar que a arte é compreendida pelos profissionais entrevistados por meio das expressões de atos criativos infantis e pelas atividades pedagógicas realizadas. Esta recolha de informações permitiu, ainda, verificar que os profissionais da educação entrevistados, atribuem a habilidade de criar ao dom artístico ou ainda, à maturação infantil para criar. Contudo, um conjunto de psicólogas mencionou a importância da formação continuada para que profissionais da Educação Infantil possam internalizar conceitos sobre imaginação e criação, e assim auxiliar os diálogos junto aos demais profissionais destes contextos. As observações, descritas e analisadas, revelaram que as atividades desenvolvidas junto às crianças eram realizadas pela pintura de materiais xerografados, leitura de livros pela professora, construção de cartaz com os alunos, e desenhos, todos com base no que foi trabalhado pelas docentes. Estas observações levaram à percepção de que as professoras de Educação Infantil não exploravam recursos artísticos, e quando exploravam algum tipo de material, as atividades limitavam a imaginação das crianças e suas criações. Defende-se o direito de crianças nos anos iniciais de escolarização vivenciarem experiências diversificadas de aprendizado, mediadas por profissionais de Educação Infantil, que utilizem como ferramenta pedagógica, recursos artísticos, uma vez que tais recursos potencializam o desenvolvimento de funções psicológicas superiores e colaboram com processos de aprendizado, nestes contextos. Ademais, o desenvolvimento humano mediado pela arte, desde a infância, encontra-se amparado por documentos oficiais da Educação Infantil, pesquisas no campo da Psicologia histórico-cultural e da Educação Infantil, o que os tornam imprescindíveis para profissionais da Educação Infantil, em suas práticas junto às crianças.
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JESSICA ANDRADE DE ALBUQUERQUE
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Análise da habilidade de atenção conjunta em interações educadora-bebê: um estudo em contexto de creches
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Data: 08/04/2021
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Hora: 09:00
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A presente tese evidencia as interações educadora-bebê em contexto de creches e demarca a relevância da habilidade sociocognitiva da atenção conjunta como importante elemento para o desenvolvimento global infantil, sendo organizada em três estudos que exploram a temática. O primeiro estudo consiste em uma revisão sistemática sobre as repercussões da atenção conjunta na cognição social infantil em interações educadora-bebê em contextos de creches. A revisão seguiu as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyse (PRISMA) e a análise dos estudos selecionados revelou que os bebês ao se engajarem em episódios de atenção conjunta com seus educadores apresentaram desenvolvimento da comunicação e linguagem oral, passaram a se interessar mais pelas ações do parceiro, a se comunicar com maior frequência suas intenções e a direcionar ativamente a atenção para o objeto ou atividade de interesse, o que possibilitou afirmar que a atenção conjunta estabelecida entre educador e bebê, em contextos de creches, repercute na cognição social do bebê. O segundo estudo refere-se a uma pesquisa sobre as concepções de educadoras infantis acerca de sua atuação junto a bebês, discutindo suas repercussões nas interações estabelecidas. Os resultados desse estudo evidenciaram uma dissonância entre as verbalizações de educadoras infantis sobre o desenvolvimento de bebês, sua atuação em creches, e o que postulam teóricos da psicologia do desenvolvimento de base histórico-cultural e os documentos oficiais que norteiam a Educação Infantil brasileira sobre o assunto. Discute-se o impacto dessas concepções para as interações estabelecidas e a relevância de formações continuadas em serviço direcionadas aos educadores infantis com vistas a promover práticas amparadas em pressupostos teórico-metodológicos científicos que ressaltem o espaço de educação infantil como promotor de aprendizado e desenvolvimento. O terceiro estudo aborda uma pesquisa longitudinal que investigou as configurações de atenção conjunta em interações educadora-bebê em creches em três etapas do desenvolvimento em situação de brincadeira livre e estruturada. Os resultados deste estudo demonstraram diferentes configurações da habilidade de atenção conjunta ao longo dos três períodos do desenvolvimento observados e a emergência de outras habilidades sociocomunicativas e linguísticas que mobilizam e redirecionam as interações com as educadoras em cada período. Considera-se que o conjunto de resultados extraídos da presente tese contribuem para a discussão sobre os processos de desenvolvimento de bebês em creches no primeiro ano de vida, para o planejamento de intervenções no âmbito da educação infantil, com vistas à promoção de ações potencializadoras de desenvolvimento nos contextos de creches e na proposição de realizações de pesquisas futuras na área.
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JÉSSYCA CRISTINA MOURA NUNES
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VANDALISMO NA ESCOLA: UMA EXPLICAÇÃO PAUTADA NOS TRAÇOS DE PERSONALIDADE, VALORES HUMANOS E DESEMPENHO ACADÊMICO
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Data: 31/03/2021
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Hora: 17:00
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A presente dissertação objetivou conhecer em que medida os traços de personalidade, os valores humanos e o desempenho acadêmico explicam o vandalismo na escola. Para tanto, foram elaborados dois artigos e o terceiro encontra-se em construção. No Artigo 1, de natureza teórica, propôs-se introduzir a temática do vandalismo nas escolas, caracterizado com o ato de destruir ou inviabilizar os espaços e objetos escolares, podendo acarretar danos ambientais e sociais. O Artigo 2 versou sobre a elaboração da Escala de Condutas Vândalas na Escola (ECVE), reunindo evidências de suas propriedades psicométricas. Para tal, dois estudos foram realizados com amostras de estudantes do ensino fundamental II. No Estudo 1 (N = 200; Midade = 13,8; DP= 1,51, 54% do sexo masculino), os estudantes responderam a Escala de Condutas Vândalas na Escola e perguntas sociodemográficas. Uma análise fatorial exploratória indicou uma estrutura bifatorial, composta por 24 itens. No Estudo 2 (Midade = 13,7; DP = 1,71; 51,5% do sexo masculino), os participantes responderam a ECVE, agora com 14 itens. Uma análise fatorial confirmatória corroborou com a estrutura bifatorial: Atos de destruição (α = 0,71) e Atos de desfiguração (α =0,75) [CFI = 0,89 e RMSEA = 0,07 (IC90% = 0,05 - 0,08)]. Com evidências atestando a adequação da ECVE, partiu-se para o Artigo 3, que objetivou avaliar o vandalismo na escola, traços de personalidade sombria, valores humanos e desempenho acadêmico. Especificamente, pretendeu-se (1) conhecer a relação entre o vandalismo na escola, os traços de personalidade e os valores humanos e (2) entender o papel dos traços de personalidade sombria, dos valores humanos e do desempenho acadêmico na explicação do vandalismo na escola. Para isso, participaram 400 estudantes do ensino fundamental II (Midade = 13,7; DP= 1,61; 52,8% do sexo masculino), estes responderam questões demográficas e as seguintes medidas: Escala de Condutas Vândalas na Escola (ECVE), Dark Triad Dirty Dozen (DTDD), Questionário dos Valores Básicos (QVB) e Escala de Autoavaliação do Desempenho Acadêmico (EADA). Os resultados indicaram que o vandalismo na escola se correlacionou com personalidade sombria e suas dimensões; valores suprapessoais, normativo e de realização; desempenho acadêmico. Também constatou-se que as variáveis que melhor explicaram o vandalismo na escola são os traços de personalidade sombria e o desempenho acadêmico. Diante dos achados, acredita-se que o objetivo central foi alcançado, com a construção de uma medida com evidências psicométricas adequadas, além de contribuir para o entendimento do vandalismo na escola.
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AMANDA NUNES DO NASCIMENTO
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COMPRAS ON-LINE NAS REDES SOCIAIS: UMA ANÁLISE EXPLICATIVA PAUTADA NA TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO
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Data: 31/03/2021
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Hora: 14:00
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A presente dissertação tem como objetivo geral verificar o papel de fatores internos e externos da Teoria do Comportamento Planejado (TCP) na intenção de compra on-line nas redes sociais. Para tanto, foram realizados quatro estudos, no Estudo 1 foi realizada uma revisão sistemática visando integrar os principais achados acerca da temática. De um total de 198 artigos, 6 estudos foram selecionados, os quais demonstraram a escassez de pesquisas sobre compras on-line a partir da TCP. No Estudo 2, foi realizado um levantamento de caráter descritivo sobre as crenças a respeito da CONRS. Foram aplicados questionários abertos com 30 pessoas da cidade de João Pessoa - PB, com idades entre 19 e 37 anos (M = 25,1 anos, DP = 6,27). Os dados foram transcritos e analisados no IRAMUTEQ, onde foi realizada uma Análise Hierárquica Descendente. Em linhas gerais, foi possível evidenciar que as crenças estão relacionadas a aspectos positivos e negativos (preços acessíveis, demora na entrega) e foram significativamente afetadas pelas influências sociais (família, amigos) e pelas condições percebidas (facilidade, medo). Já no Estudo 3, o objetivo foi elaborar, testar a estrutura fatorial e verificar a consistência interna da Escala de compras on-line nas redes sociais. Participaram deste estudo 250 pessoas, majoritariamente do sexo feminino (70,4%), com idades entre 18 e 61 anos (M = 28,0 anos; DP = 8,65). Por meio da análise confirmatória, o modelo tetra-dimensional foi o que apresentou melhores índices de ajuste. Deste modo, a validade fatorial da escala foi corroborada com os pressupostos da TCP, e a medida final constou de 19 itens. Ademais, pode-se comprovar a consistência interna da medida, onde foram obtidos alfa e ômega de 0,93. Por fim, no Estudo 4, testaram-se dois modelos explicativos baseados na TCP. Participaram deste estudo 250 pessoas, a maioria do sexo feminino (67,2%) e com idade entre 18 a 71 anos (M= 25,76; DP= 7,63), os quais responderam a escala do estudo anterior, bem como outras escalas (big five, questionário de publicidade e sociodemográfico). Por meio da path analysis os modelos foram testados e verificou-se que o modelo original TCP apresentou melhores índices de ajuste que o modelo estendido. Analisou-se também os efeitos dos construtos na intenção de compra on-line nas redes sociais, onde foi possível observar que a atitude e a norma subjetiva foram antecedentes significativos da intenção de compras on-line nas redes sociais e o controle percebido se mostrou como um elemento ativador da norma na intenção. Esses resultados fornecem subsídios importantes sobre o comportamento de compra on-line nas redes sociais a partir de uma perspectiva teórica consolidada na psicologia social. Finalmente, espera-se que os resultados apresentados e discutidos nesta dissertação possam contribuir com a comunidade acadêmica, especificamente no âmbito da psicologia social e do comportamento do consumidor.
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RAYSSA SOARES PEREIRA
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A ORIENTAÇÃO PARA COMPARAÇÃO SOCIAL COMO MEDIADORA DA PERSONALIDADE E AFETIVIDADE NEGATIVA
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Data: 31/03/2021
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Hora: 14:00
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A presente dissertação objetivou explicar o papel mediador da orientação para comparação social na relação entre personalidade e afetividade negativa. Para alcançar esse objetivo, esta dissertação compõe-se de três artigos. O Artigo 1 trata-se de uma revisão teórica acerca das contribuições da personalidade, orientação para comparação social na explicação da afetividade negativa. Evidências sugerem que os construtos abordados são variáveis significativas para analisar como, em conjunto, a personalidade e a orientação para comparação social podem contribuir para o surgimento da afetividade negativa. O Artigo 2 teve como objetivo adaptar para o contexto brasileiro a Escala de Orientação para a Comparação Social (INCOM). Realizaran-se dois estudos: o primeiro exploratório, com 356 participantes (Midade = 35,42; DPidade = 8,29), 73% mulheres. Que sugeriu uma estrutura bifatorial (Aptidão e Opinião) e apresentou índice de confiabilidade adequada. O segundo, com 300 participantes (Midade = 21,77; DPidade = 2,51), 74,8% mulheres. Análises confirmatórias (AFCs) apontam indicadores satisfatórios no modelo bifatorial: (CFI = 0,85, TLI = 0,88, RMSEA = 0,13) e unifatorial: (CFI = 0,70, TLI = 0,76, RMSEA = 0,18), porém, o modelo bifatorial foi estatisticamente superior. Posteriormente, realizaram-se AFCs para versão reduzida da medida para os modelos bifatorial: (CFI = 0,99, TLI = 0.98, RMSEA = 0,06) e unifatorial (CFI = 0,63, TLI = 0,80, RMSEA = 0,26), o modelo bifatorial foi estatisticamente superior. Ademais, reuniram-se evidências de validade convergente, considerando as duas versões da INCOM (completa e curta) e Autoestima (EAR). Correlações de Pearson apresentaram relações negativas e estatisticamente significativas (p < 0,000) entre autoestima e os fatores da orientação para comparação social. Na versão completa, verificou-se: Aptidão (r = - 0,46) e Opinião (r = - 0,20). Na versão curta: Aptidão o (r = - 0,43) e Opinião (r = - 0,22). Estes resultados indicam que pessoas com alta orientação para comparação social, possivelmente tendem a apresentar baixa autoestima. Em síntese, os estudos empíricos demonstraram evidências satisfatórias de validade fatorial e consistência interna, possibilitando verificar a sua adequação para o contexto considerado. Por último, o Artigo 3 propôs verificar o papel mediador da orientação para comparação social na relação entre personalidade e afetividade negativa. Participaram 416 pessoas (Midade = 29,33, DP = 11,60), 66,8% mulheres, que responderam ao Inventário dos Cinco Grandes Fatores, Escala de Orientação para Comparação Social, Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse e questões demográficas. Os resultados demonstraram que a afetividade negativa foi explicada pelo traço de personalidade neuroticismo e orientação para comparação social. Por conseguinte, testou-se os feitos da personalidade na afetividade negativa, mediadas por orintação para comparação social. Observaram-se efeitos indiretos significativos da orientação para comparação social na relação entre neuroticismo e depressão, ansidade e estresse. Portanto, conclui-se que o neuroticismo pode induzir à uma maior tendência para comparação social e, conjuntamente, esses fatores interferirem no surgimento e manutenção da sintomatologia de depressão, ansiedade e estresse. Os achados deste estudo oferecem recursos científicos que podem auxiliar na compreensão das relaçõs sociais e no desenvolvimento de novas pesquisas e intervenções eficazes para a saúde mental.
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MAIANNA COSTA FERNANDES
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Da Comparação Social à Ideação Suicida: O Papel Mediador da Autoestima e de Sintomas Depressivos
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Data: 30/03/2021
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Hora: 15:00
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O suicídio é considerado uma grave questão de saúde pública em todo o mundo e muitos estudos têm sido empregados para identificar fatores que contribuem com a sua etiologia. Neste estudo propomos a comparação social (i.e., a tendência das pessoas a avaliarem-se em comparação com as outras) como um fator associado à ideação suicida, sendo essa associação sequencialmente mediada pela autoestima e depressão. No Estudo 1 (N = 210), a análise da mediação foi realizada para testar se a associação entre comparação social e ideação suicida era mediada sequencialmente pela autoestima e depressão. Com o resultado foi verificado que a comparação tem impacto negativo na autoestima e, subsequentemente, na sintomatologia depressiva e na ideação suicida. No Estudo 2 (N = 270), manipulamos uma comparação social favorável aos participantes a fim de verificar sua influência na autoestima e, sequencialmente, na depressão e na ideação suicida. Os resultados indicaram que a manipulação da comparação social influenciou a autoestima, o que, subsequentemente, implicou menos sintomas de depressão e menor índice de ideação suicida. A síntese dos resultados mostra que, quando as pessoas são questionadas para indicar o quanto se compara com as outras, comparação social resultante está associado à maior ideação suicida, mas este fenômeno pode ser inibido com uma intervenção que promove comparações favoráveis na medida em que compromete a autoestima e leva à sintomatologia depressiva. O que indica a necessidade de implementação de programas que visem a melhora da autoestima como forma de intervenção.
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FERNANDA DA SILVA MIRANDA
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INTERAÇÃO MÃE-CRIANÇAS GÊMEAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: ANÁLISE DOS COMPORTAMENTOS COMUNICATIVOS
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Orientador : NADIA MARIA RIBEIRO SALOMAO
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Data: 30/03/2021
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Hora: 14:00
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O presente estudo buscou analisar as interações mãe-crianças gêmeas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em situações de brincadeira livre. Verificou-se especificamente os estilos comunicativos utilizados pela mãe ao se dirigir às crianças, como também a participação e respostas destas aos enunciados maternos, nesse contexto interativo. Participaram do estudo uma mãe e seus filhos gêmeos de 4 anos de idade, do sexo masculino e diagnosticados com TEA, ambos com nível de comprometimento grave, de acordo com a escala CARS (Childhood Autism Rating Scale) aplicada com a mãe. Também foi realizada uma entrevista semiestruturada, com a finalidade de coletar os dados sociodemográficos a respeito da mãe e das crianças gêmeas, como também o processo diagnóstico do TEA, as rotinas/atividades das crianças e as concepções maternas sobre o desenvolvimento delas e realizadas observações na residência da família, em situações de brincadeira livre, registradas através de filmagens por meio de uma câmera de vídeo digital. As crianças foram observadas com a mãe separadamente, durante 20 minutos. A análise dos dados ocorreu a partir da transcrição da entrevista materna e da transcrição das observações seguindo as normas do programa computacional CHILDES (Child Language Data Exchange System). Os resultados indicaram que os estilos comunicativos maternos verbais mais apresentados aos gêmeos nas sessões de brincadeira livre foram os diretivos, seguido pelas requisições. As análises concernentes aos tipos de diretivos que predominaram na fala materna revelaram que, com ambos os gêmeos, os diretivos de instrução e os diretivos de atenção foram os mais utilizados, indicando que no intuito de interagir com as crianças a mãe buscava engajá-las nas atividades e brincadeiras, na maioria das vezes, através de comandos e solicitações para que participassem das atividades propostas. Com relação aos comportamentos comunicativos da criança, ambos os gêmeos apresentaram uma maior proporção de resposta não verbal inadequada aos enunciados maternos, que decorreu nos momentos em que demonstraram recusa e desinteresse nas atividades propostas, apresentadas ou solicitadas, como também distrações em outras atividades. Todavia, estes resultados foram problematizados considerando que as crianças estão dentro do espectro autista. Cabe ainda salientar que o fato do presente estudo ter sido realizado com as duas crianças gêmeas com TEA interagindo separadamente com sua mãe permitiu melhor avaliar os estilos comunicativos maternos dirigidos a elas e como esses estilos são influenciados não apenas pelo contexto da brincadeira em que estão inseridas, mas também pelas características próprias de cada criança. Ademais, espera-se que este estudo contribua para uma melhor compreensão acerca dos estilos comunicativos maternos dirigidos às crianças com TEA nos contextos de interação, bem como da participação das crianças neste processo interativo, considerando que elas possuem comprometimentos na dimensão comunicativa e de interação social. Logo, a partir da compreensão das maneiras peculiares pela qual essas crianças estabelecem suas relações e se comunicam, contribuirá para que, dentro do contexto interativo, as mães possam respondê-las conforme suas particularidades, favorecendo seu desenvolvimento.
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WILZA KARLA DOS SANTOS LEITE
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Rotações de tarefas baseadas nas cargas físicas e psicológicas: uma proposta para a indústria calçadista
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Data: 30/03/2021
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Hora: 14:00
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Esta tese objetiva propor modelos de rotações de tarefas em células de produção de calçados para minimizar o risco para distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) integrando cargas físicas e psicológicas. Para tal, foram elaborados cinco artigos. O primeiro artigo objetivou analisar os fatores relacionados às queixas de saúde e à gravidade de recorrência em trabalhadores da indústria calçadista ao longo de dois anos. Foram averiguados 9016 casos de queixas de trabalhadores de diversos setores da indústria calçadista nos anos de 2018 a 2019. As cargas físicas foram avaliadas por meio do Occupational Repetitive Actions e as psicológicas, pela versão resumida e adaptada para o português da Job Stress Scale. Para analisar os fatores associados às queixas utilizou-se um modelo de regressão logística binária e para a recorrência, um modelo de Poisson. Constatou-se que: (1) a maioria das atividades apresenta risco para distúrbios osteomusculares e os trabalhadores, baixa latitude de decisão; (2) as queixas de saúde abrangeram diferentes funções corporais fisiológicas e psicológicas; (3) mulheres, setor de produção e apoio à produção e segundo turno de trabalho apresentam uma estimativa de recorrência maior; (4) as queixas relacionadas ao sistema neuromusculoesquelético e a prescrição de relaxantes musculares estão entre as mais recorrentes; e, (5) um padrão sazonal de adoecimento parece ocorrer no último trimestre do ano e aumentar de acordo com o tempo e demandas de produção. Concluiu-se que as queixas podem estar relacionadas a movimentos realizados acima das amplitudes recomendadas, ciclos curtos das atividades, repetitividade maior ou igual a 51% do tempo total da jornada e pouca margem de manobra. O segundo artigo objetivou analisar os fatores relacionados ao afastamento e os indicadores de adoecimento em termos de recorrência e dias perdidos em trabalhadores de uma empresa de calçados. Foram averiguados 9072 casos de afastamento do trabalho em unidades de produção de calçados nos anos de 2014 a 2017. Utilizou-se um modelo de regressão logística binária para estimar o risco de ocorrência de um acometimento no estado de saúde associado ao sexo, unidade de produção e setor de trabalho; e, um modelo de Poisson para analisar o tempo e recorrência dos afastamentos conforme sexo, função corporal afetada, unidade de produção e setor de trabalho. Constatou-se que: (1) a maioria das unidades de produção e setores de trabalho relacionou-se a uma ou mais funções corporais afetadas; (2) as disfunções neuromusculoesqueléticas e relacionadas com o movimento e os setores de preparação de entressolas e solados; corte e montagem dos componentes dos calçados; e, acabamento, inspeção da qualidade do produto final demandam um maior tempo de recuperação para o retorno ao trabalho e possuem uma maior recorrência de afastamentos; (3) as mulheres parecem ser mais afetadas em termos de reaparecimento dos sintomas. Concluiu-se que lesões osteomusculares e os riscos biomecânicos, organizacionais e psicossociais parecem influenciar na gravidade dos indicadores de adoecimento. O terceiro artigo objetivou investigar a influência de fatores biomecânicos, psicossociais, ambientais e individuais nos sintomas locais e múltiplos de DORT em trabalhadores de uma empresa de manufatura de calçados. A amostra foi composta por 267 trabalhadores. Os resultados mostraram que: (a) idade, sedentarismo, postura inapropriada e esforço percebido foram associados a sintomas nos ombros, e a combinação desses fatores aumentou em quatro vezes as chances de ocorrência; (b) postura inpropriada, esforço percebido e bullying estavam relacionados a sintomas nos punhos, e a combinação desses fatores aumentou em sete vezes as chances; e, (c) postura inapropriada, esforço percebido, tempo de trabalho na empresa e baixo apoio social foram associados a sintomas múltiplos e sua combinação aumentou as chances em até 30 vezes. O quarto artigo objetivou propor um modelo de rotações de tarefas em células de produção de calçados visando reduzir a exposição ao risco para DORT considerando cargas físicas e psicológicas. Avaliou-se a carga física pelo método Occupational Repetitive Actions e a psicológica, pela versão resumida e adaptada para o português da Job Stress Scale. Foram encontradas cinco soluções de rotações para as células de produção de sandálias (CPS) e doze para as células de produção de tênis (CPT). Houve redução na variação das cargas físicas e psicológicas em todas as soluções de ambas as células quando comparadas à condição sem rotação. Porém, para as CPS a redução da variação entre as cargas físicas das condições sem e com rotações não foi significativa devido à similaridade dos índices de exposição. Embora as soluções minimizem à exposição ao risco para DORT é necessário o replanejamento das atividades e dos postos de trabalho. Por fim, o quinto artigo objetivou adaptar para a língua portuguesa a New Job Stress Scale (NJSS), que mensura um conjunto de estressores relacionados ao desenvolvimento do trabalho. Foram aplicadas uma versão traduzida e adaptada para o português da NJSS e a versão resumida e adaptada para o português da JSS. Participaram 674 trabalhadores (setor industrial e de serviços) de cinco cidades brasileiras. Considerando-se os indicadores de ajuste, um modelo com 20 itens se mostrou mais adequado que o original (χ²/gl = 2,22; CFI = 0,95; GFI = 0,96; TLI = 0,94; ECVI = 1,96; e, RMSEA = 0,08). Concluiu-se que a NJSS apresenta uma estrutura fatorial confiável para mensurar o estresse ocupacional no Brasil.
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SAULO BAGATINI SILVA
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IDEOLOGIA, INSERÇÕES SOCIAIS E PERCEPÇÕES SOBRE A CRISE
DURANTE AS ELEIÇÕES DE 2018
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Orientador : LEONCIO FRANCISCO CAMINO RODRIGUEZ LARRAIN
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Data: 29/03/2021
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Hora: 15:00
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A presente dissertação foi concebida na segunda metade de 2018, quando o Brasil vivenciava
um período de acentuada turbulência social e política, em meio a um cenário amplamente
noticiado de crise econômica e política e polarização ideológica. Nesse sentido, este trabalho
teve o objetivo de investigar como os conflitos ideológicos estruturais se manifestavam nas
visões da população, a partir de variáveis como a tendência política, a visão da estrutura sóciopolítica e as percepções a respeito do contexto da época. Objetivou-se também investigar o
papel das inserções sociais dos indivíduos sobre essas percepções e posicionamentos. Foram
realizados dois estudos empíricos, que resultaram na elaboração de três artigos. O primeiro
artigo propôs-se a realizar uma espécie de mapeamento da forma como os diversos
posicionamentos no espaço político e percepções sobre o cenário de crise se apresentavam no
momento histórico concreto da realização da pesquisa. Participaram deste estudo 159
estudantes universitários, com média de idade de 21.5 anos (DP = 5.6), distribuídos de forma
balanceada quanto ao sexo, que responderam a um questionário com questões fechadas e
abertas. Foi realizada uma Classificação Hierárquica Descendente a respeito da natureza da
crise, que obteve cinco classes: Estrutural; Valores; Polarização; Representatividade e
Administrativa. Foram encontradas três visões sobre a estrutura sócio-política, que
relacionaram-se com a tendência política. Foi observada a existência de percepções e
sentimentos polarizados acerca do cenário político, que também relacionaram-se com a
tendência política. O segundo artigo, realizado com a mesma amostra, objetivou investigar o
papel das inserções sociais sobre os posicionamentos político-ideológicos e a crença no mundo
justo. As inserções sociais Sexo, Curso, Renda Familiar e Religião relacionaram-se de maneira
significativa com a Tendência Política. As inserções Sexo, Curso e Religião relacionaram-se
com a confiança nas instituição. As variáveis Curso e Religião associaram-se com a Crença no
Mundo Justo. O terceiro artigo teve o objetivo de aprofundar-se sobre quais eram as diferentes
percepções existentes acerca de temas e figuras que vinham obtendo destaque midiático no
cenário de crise e como as mesmas relacionavam-se com a tendência política. Participaram da
pesquisa 51 jovens abordados em shoppings, com idade média de 20 anos (DP = 3.5), sendo
55.1% do sexo feminino e 44.9% do sexo masculino. Os participantes foram abordados
individualmente pelos aplicadores nas áreas comuns do shopping, e responderam a uma
entrevista estruturada composta por questões abertas e fechadas. Foi realizada a Técnica de
Associação Livre de Palavras (TALP) para evocar respostas sobre fotos de Dilma, Lula e
Bolsonaro. Os resultados indicaram a existência de representações opostas, que pareciam organizar-se a partir da Tendência Política. A Tendência Política mostrou-se ainda relacionada
com a Confiança Institucional, com a preferência por páginas de Facebook de conteúdo político
e com o posicionamento frente ao Lulismo e Antilulismo. De uma forma geral, os resultados dos
estudos mostram a existência de percepções distintas e polarizadas da realidade brasileira, que
organizam-se a partir de variáveis como a tendência política, a confianças nas instituições e as
inserções sociais.
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SAULO BAGATINI SILVA
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IDEOLOGIA, INSERÇÕES SOCIAIS E PERCEPÇÕES SOBRE A CRISE
DURANTE AS ELEIÇÕES DE 2018
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Orientador : LEONCIO FRANCISCO CAMINO RODRIGUEZ LARRAIN
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Data: 29/03/2021
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Hora: 15:00
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A presente dissertação foi concebida na segunda metade de 2018, quando o Brasil vivenciava
um período de acentuada turbulência social e política, em meio a um cenário amplamente
noticiado de crise econômica e política e polarização ideológica. Nesse sentido, este trabalho
teve o objetivo de investigar como os conflitos ideológicos estruturais se manifestavam nas
visões da população, a partir de variáveis como a tendência política, a visão da estrutura sóciopolítica e as percepções a respeito do contexto da época. Objetivou-se também investigar o
papel das inserções sociais dos indivíduos sobre essas percepções e posicionamentos. Foram
realizados dois estudos empíricos, que resultaram na elaboração de três artigos. O primeiro
artigo propôs-se a realizar uma espécie de mapeamento da forma como os diversos
posicionamentos no espaço político e percepções sobre o cenário de crise se apresentavam no
momento histórico concreto da realização da pesquisa. Participaram deste estudo 159
estudantes universitários, com média de idade de 21.5 anos (DP = 5.6), distribuídos de forma
balanceada quanto ao sexo, que responderam a um questionário com questões fechadas e
abertas. Foi realizada uma Classificação Hierárquica Descendente a respeito da natureza da
crise, que obteve cinco classes: Estrutural; Valores; Polarização; Representatividade e
Administrativa. Foram encontradas três visões sobre a estrutura sócio-política, que
relacionaram-se com a tendência política. Foi observada a existência de percepções e
sentimentos polarizados acerca do cenário político, que também relacionaram-se com a
tendência política. O segundo artigo, realizado com a mesma amostra, objetivou investigar o
papel das inserções sociais sobre os posicionamentos político-ideológicos e a crença no mundo
justo. As inserções sociais Sexo, Curso, Renda Familiar e Religião relacionaram-se de maneira
significativa com a Tendência Política. As inserções Sexo, Curso e Religião relacionaram-se
com a confiança nas instituição. As variáveis Curso e Religião associaram-se com a Crença no
Mundo Justo. O terceiro artigo teve o objetivo de aprofundar-se sobre quais eram as diferentes
percepções existentes acerca de temas e figuras que vinham obtendo destaque midiático no
cenário de crise e como as mesmas relacionavam-se com a tendência política. Participaram da
pesquisa 51 jovens abordados em shoppings, com idade média de 20 anos (DP = 3.5), sendo
55.1% do sexo feminino e 44.9% do sexo masculino. Os participantes foram abordados
individualmente pelos aplicadores nas áreas comuns do shopping, e responderam a uma
entrevista estruturada composta por questões abertas e fechadas. Foi realizada a Técnica de
Associação Livre de Palavras (TALP) para evocar respostas sobre fotos de Dilma, Lula e
Bolsonaro. Os resultados indicaram a existência de representações opostas, que pareciam organizar-se a partir da Tendência Política. A Tendência Política mostrou-se ainda relacionada
com a Confiança Institucional, com a preferência por páginas de Facebook de conteúdo político
e com o posicionamento frente ao Lulismo e Antilulismo. De uma forma geral, os resultados dos
estudos mostram a existência de percepções distintas e polarizadas da realidade brasileira, que
organizam-se a partir de variáveis como a tendência política, a confianças nas instituições e as
inserções sociais.
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NATÁLIA LEANDRO DE ALMEIDA
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VISÃO DE CORES EM PARTICIPANTES INSONES
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Data: 29/03/2021
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Hora: 14:00
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A insônia é um transtorno do sono caracterizado pela dificuldade em iniciar ou manter o sono, acompanhada por uma sensação constante de sono insuficiente e pouco restaurador, que pode comprometer a saúde de forma geral e a qualidade de vida, além dos processos psicossociais e neurobiológicos. O objetivo deste estudo foi investigar o processamento visual de discriminação de cores de sujeitos adultos insones. Participaram desse estudo 31 voluntários, sendo: 16 no Grupo Controle (GC; 25,38 ± 4,1 anos de idade) e 15 no Grupo Estudo (GE; 27,6 ± 4,9 anos de idade). Foram utilizados como instrumentos o Índice de Gravidade da Insônia (ISI), Escala de insônia de Atenas, Índice da Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), Inventários de depressão e ansiedade de Beck (BAI e BDI) e o Questionário de Matutinidade e Vespertinidade (MEQ). Para avaliação da função visual utilizou-se Optotipos E de Rasquin para verificar a acuidade normal ou corrigida (20/20), o teste Placas Pseudo-isocromáticas de Ishihara e o teste de ordenamentos de matizes Lanthony Desaturated Test D-15. O estudo foi realizado em duas etapas, na primeira etapa foi realizado um rastreio de sinais para o transtorno da insônia por meio de questionário online e logo depois foram avaliados as medidas comportamentais subjetivas do sono e processamento visual de discriminação de cores. Para análise dos dados utilizou-se software estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, v. 25.0). Os resultados não apontaram diferença significativa entre a idade (p = 0,211) e o grau de escolaridade (p = 0,265) dos grupos. A análise de dados não paramétrica para grupos independente Mann-Whitney também não apontou diferenças significativas para o Índice de Confusão de Cores (ICC) [U = 74,00, p = 0,069, r = 0,32] e S-Index [U = 110,5, p = 0,707, r = 0,067]. Este estudo não apontou diferenças significativas entre a insônia e o teste de discriminação do cores. Contudo sugere-se mais pesquisas que utilizem o ordenamento de matizes por meio de testes comportamentais e eletrofisiológicas em pacientes insones e outros distúrbios do sono.
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ALEFF SILVA ALEIXO
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AS POLÍTICAS BRASILEIRAS SOBRE DROGAS E SUA DIMENSÃO ASSISTENCIAL SOB UM OLHAR CRÍTICO DIALÉTICO: DA REPÚBLICA VELHA À REFORMA PSIQUIÁTRICA (1889-2001)
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Data: 29/03/2021
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Hora: 09:00
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Desde o ano de 2016, as políticas brasileiras sobre drogas vêm sofrendo profundas modificações que podem ser resumidas à subsunção de sua dimensão de cuidado a regimes assistenciais pautados na abstinência, proibicionismo e manicomialização, o que vai de encontro aos princípios contidos no Sistema Único de Saúde (SUS), na Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPb) e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essas modificações vêm a reboque de uma reestruturação contrarreformista neoliberal de todo o Estado brasileiro, bem como de sua base econômica. Desse modo, a presente pesquisa teve como principal objetivo compreender como um paradigma de assistência às pessoas com problemas decorrentes do uso de drogas mundialmente reconhecido e respaldado pôde ser substituído por um regime assistencial datado, comprovadamente danoso e ineficaz que em muito lembra o passado do nosso país. Para tanto, lançamos mão de um exame histórico, à luz do materialismo histórico-dialético, das legislações brasileiras sobre drogas desde a proclamação da república até o ano de 2001 (portanto, o "antes" do que vivíamos antes), atentando para a forma como a dimensão assistencial aparece nesses dispositivos. Assim, associando tais políticas aos movimentos estruturais da formação social brasileira, que é de base colonial/dependente, e ao capitalismo enquanto totalidade social, pudemos assinalar que a repressão a pessoas que habitualmente usam drogas, sobretudo suas frações pobres e pretas, cumpre uma função fulcral para a manutenção da estrutura brasileira de classes desde sua alvorada, configurando-se, portanto, como um recurso oportuno para a atualização e alargamento do abismo social que marca nossa sociabilidade. No que tange às políticas sobre drogas, sobretudo em sua verve assistencial, o relativo progresso vivido entre 2001 e 2016, quando posto em perspectiva, é, na verdade, uma exceção que, até o presente momento, confirma a regra brasileira.
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LAYS BRUNNYELI SANTOS DE OLIVEIRA
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VALORES HUMANOS E CRESCIMENTO PÓS-TRAUMÁTICO: PAPEL MEDIADOR DA RESILIÊNCIA FAMILIAR EM PESSOAS COM DOENÇA RENAL CRÔNICA
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Data: 29/03/2021
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Hora: 09:00
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A presente dissertação teve por objetivo testar o papel mediador da resiliência familiar na relação entre valores humanos e crescimento pós-traumático em pessoas com doença renal crônica. Deste modo, optou-se por realizar quatro estudos em formato de artigos. O Artigo 1, é uma revisão teórica e teve como objetivo realizar uma revisão teórica sobre as contribuições dos valores humanos, resiliência familiar e crescimento pós-traumático no enfrentamento de situações adversas. A revisão indicou que os construtos apresentados são variáveis importantes para analisar como pessoas com doença renal crônica lidam com a adversidade, além de fornecer explicações para o melhor entendimento das relações familiares que se processam no contexto da saúde mental dessas pessoas e como o apoio familiar pode contribuir com o crescimento pessoal e aceitação da doença. O Artigo 2 teve como objetivo adaptar para o contexto brasileiro a escala Family Resilience Assessment Scale (FRAS) reunindo evidências de validade e precisão. Para tanto, foram realizados dois estudos com participantes de diferentes estados brasileiros. Participaram do primeiro estudo, 314 pessoas (Midade = 31,87; DP = 10,58), sendo 56,4% do sexo feminino, 48,4% da Paraíba e São Paulo (20,4%). No estudo 1, foi realizada uma análise fatorial exploratória, que sugeriu uma estrutura tetrafatorial, com adequado índice de confiabilidade(CFI = 0,84, TLI = 0,83, RMSEA = 0,06). O Estudo 2 contou com 336 pessoas portadoras de doença renal crônica (Midade = 41,44; DP = 11,02), a maioria (54,1%) do sexo feminino, São Paulo (33,1%) e Rio de janeiro (14,5%)e que realizavam hemodiálise (46,4%). A análise fatorial confirmatória corroborou a estrutura composta por quatro fatores por meio de uma versão reduzida da escala (CFI = 0,96, TLI = 0,95, RMSEA = 0,07). Portanto, os resultados mostraram que a versão reduzida da FRAS pode ser uma alternativa para avaliar a resiliência familiar e seus correlatos no Brasil. O Artigo 3, objetivou verificar a influência de variáveis sociodemográficas na resiliência familiar em pessoas com doença renal crônica. Participaram da pesquisa 210 portadores de doença renal crônica (Midade = 42,1; DP = 10,80), sendo a maioria de São Paulo (29,5%), mulheres (68,6%), católicas (44,3%). Observou-se relações positivas e significativas entre o grau de religiosidade e o fator da resiliência familiar: espiritualidade familiar (r = 0,62; p = 0,01). Ademais, visando verificar se o tipo de religião influencia na resiliência familiar foi realizada uma MANOVA, a qual indicou que existem diferenças significativas apenas quanto ao tipo de religião no fator espiritualidade familiar [Lambda de Wilks = 0,668, F (24,618) = 3,164, p = 0,01, η² (tamanho do efeito) =0,09]. Os resultados sugerem que a religiosidade pode ajudar a superar as situações traumáticas pois, através dos ensinamentos religiosos, as pessoas socializam, inserem-se em grupos e participam de atividades sociais que acontecem com regularidade no contexto das comunidades religiosas, contribuindo como estratégia de adaptação a nível da estruturação da resiliência familiar. Por fim o Artigo 4, objetivou testar o papel mediador da resiliência familiar na relação entre valores humanos e crescimento pós-traumático em pessoas com doença renal crônica. Contou-se com 342 pessoas portadoras de Doença Renal Crônica (Midade = 41,37; DP = 11,06; amplitude 19 a 72 anos), de 24 estados brasileiros, maioria de São Paulo (32,7%), Rio de janeiro (14,6%) e mulheres (54,7%). Destes 46,2% realizam hemodiálise e 29,5% transplante de rins. Foram aplicadas a FRAS, PTGI, QVB além de questões demográficas. Realizaram-se correlações, seguidas de regressões. Modelos de mediação demonstraram a contribuição dos valores sociais (subfunções interativa e normativa), buscando verificar o poder preditivo crescimento pós-traumático, mediado pela resiliência familiar (utilização de recursos sociais e econômicos e espiritualidade familiar) em pessoas com doença renal crônica. Assim, conclui-se que melhorar os níveis de resiliência familiar pode ser uma maneira de minimizar os sintomas da doença e promover o crescimento em pessoas com doença renal crônica.
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AMANDA WANDERLEY LEITE DE SOUSA
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Mulheres na política: estereotipia, sexismo e posicionamento político
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Data: 26/03/2021
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Hora: 14:00
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Esta dissertação teve como objetivo investigar a influência do posicionamento político de candidatas (e.g. conservadora/centro/progressista) e do sexismo ambivalente na atribuição de estereótipos às candidatas a cargos eletivos ao congresso nacional. Para alcançar esse objetivo, foram realizados dois estudos experimentais. Os resultados do Estudo 1 (N=112) mostrarm que, em conjunto, a candidata de direita pontuou menos do que as de centro e de esquerda nas três dimensões estereotípicas (moralidade, sociabilidade e competência), não havendo diferenças entre essas duas últimas candidatas. No Estudo 2 (N=129) analisou-se se a atribuição de estereótipos é influenciada pelo grau de adesão ao sexismo hostil ou benevolente. Os resultados mostraram que, entre as pessoas com baixo grau de adesão ao sexismo benevolente, a candidata de esquerda foi vista como possuindo mais atributos morais que a de centro e a candidata de direita foi vista como tendo menos atributos morais do que as outras duas. Pessoas com baixa adesão ao sexismo benevolente também apresentaram diferenças significativas na atribuição de estereótipos de sociabilidade e de competência entre as candidatas em todas as condições. Dessa forma, a candidata de esquerda foi vista como possuindo mais atributos de sociabilidade e de competência que a de centro e a candidata de direita foi vista como tendo menos atributos sociabilidade e de competência do que as outras duas. Entre os participantes com um baixo grau de adesão ao sexismo hostil, as candidatas de esquerda e de centro foram vistas como sendo igualmente morais, competentes e sociáveis e a candidata de direita como sendo menos moral, competente e sociável do que as outras duas duas. Chama atenção, no entanto, que não foram observadas diferenças significativas entre as candidatas na situação de alto sexismo hostil e benevolente. Em conjunto, os resultados dos dois estudos realizados mostram a importância tanto das pertenças sociais como das ideologias (e.g. sexismo ambivalente) na atribuição de estereótipos.
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INGRID RAYSSA LUCENA FERREIRA
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CONCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL ACERCA DA INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM MICROCEFALIA DECORRENTE DO VÍRUS ZIKA
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Data: 26/03/2021
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Hora: 14:00
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Estudos relatam que a infecção fetal pelo vírus da zika acarreta a denominada síndrome congênita pelo ZIKV que acarretam vários comprometimentos que vão além da microcefalia, que é uma anomalia congênita que possui causalidade complexa e multifatorial. Com o surto da febre do vírus zika em 2015 e o aumento dos casos de microcefalia em fetos de gestantes infectadas, evidenciou-se uma nova causalidade para a microcefalia. Pesquisas sobre essa síndrome demonstram a necessidade da estimulação sensorial precoce para minimizar as limitações e potencializar o desenvolvimento humano desde os anos iniciais, em contextos que podem favorecer interações sociais significativas e, consequentemente, promover aprendizado e desenvolvimento, tais como os espaços de Educação Infantil. Dessa forma, o objetivo geral dessa pesquisa é conhecer as concepções e expectativas de profissionais de educação infantil acerca de crianças com microcefalia por infecção fetal do vírus zika. Entende-se que estes aspectos podem influenciar os tipos de interações e propostas pedagógicas inclusivas que podem vir a ser implementadas com estas crianças. De modo específico, buscou-se levantar dados epidemiológicos sobre este grupo de crianças; descrever os programas e projetos desenvolvidos nas instituições de Educação Infantil; apreender as concepções e expectativas dos profissionais sobre o processo de inclusão, aprendizagem e desenvolvimento das crianças com microcefalia decorrente do vírus zika nos espaços públicos de Educação Infantil; listar os profissionais que atuam diretamente com as crianças; identificar as atribuições de profissionais da Educação Infantil no trabalho com essas crianças. Participaram deste estudo três gestoras, duas professoras e uma psicóloga que trabalham ou prestam serviço em instituições de Educação Infantil do município de João Pessoa/PB. Como instrumentos foram utilizados três roteiros de entrevista semiestruturada, um para cada categoria profissional e um questionário sociodemográfico. Os procedimentos para coleta, organização e análise dos dados seguiram as diretrizes de Bardin (2011). O resultado do levantamento da literatura sobre o tema demonstrou que predominaram estudos com viés neuropsicológico com foco em aspectos biológicos e individuais das crianças com microcefalia por infecção fetal por ZIKV, e nos cuidados a elas direcionados. Os resultados da análise documental acerca dos programas e ações desenvolvidas no contexto local sobre esse grupo de crianças sugerem uma compreensão desta questão estritamente no contexto médico e familiar. As ações que predominam nesses documentos são atendimentos em saúde, tais como puericultura, estimulação precoce e atendimento especializado, entre outras ações com menor frequência. Os resultados das entrevistas evidenciaram que as profissionais conhecem pouco sobre o referido grupo, afirmam não se sentirem preparadas para facilitar a inclusão deste público, e concebem como difícil a inclusão destes bebês e crianças na Educação Infantil. Entende-se como contribuições deste estudo aprofundar os conhecimentos sobre o grupo de crianças com microcefalia decorrente ao ZIKV no contexto local. Para compreender o processo de inclusão dessas crianças em Instituições de Educação Infantil, e assim como planejar propostas de intervenção inclusivas, mediadas pelo conhecimento psicológico, e que promovam seu desenvolvimento integral.
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LINNIKER MATHEUS SOARES DE MOURA
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PRECONCEITO, RELIGIOSIDADE E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS: ARTICULAÇÕES SOBRE A ESQUIZOFRENIA
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Data: 24/03/2021
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Hora: 15:00
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Quanto à temática dos transtornos mentais, o preconceito é um elemento que vem se reapresentando sistematicamente, e estudos demonstram que alguns transtornos sofrem mais do que outros, como é o caso da esquizofrenia. Desta forma, estudar este fenômeno requer diversos olhares e análises, principalmente sobre elementos que possam influencia nessa dinâmica que engloba práticas, realidades sociais e representações. Estudar essas representações também permite o contato com toda essa dinâmica social e psíquica, permite analisar aspectos que são um retrato da dinâmica social. O artigo 1, trouxe uma discussão teórica, conduzindo à a reflexão sobre a influência do contexto na formação e manutenção do preconceito, bem como na gênese e desenvolvimento das representações sociais e qual o papel da religiosidade nesta dinâmica. O artigo 2 (N=80; média de idade 29,91 anos, DP 10,81) teve por objetivo levantar e analisar as representações sociais sobre a esquizofrenia, encontrando que ela continua com um aspecto fortemente negativo, tendo um foco na patologização e nos sintomas, vinculado o transtorno a estereótipos estigmatizados, como os de periculosidade e agressividade. A representação traz a força do componente afetivo medo, no núcleo central da representação, indicando que a visão negativa sobre esquizofrenia influencia nas emoções expressas frente às pessoas com esse transtorno. Foi possível identificar que o preconceito e exclusão foram apresentados como elementos importantes da relação entre a sociedade e as pessoas com esquizofrenia, demonstrando a força que as representações têm como moduladoras de ações e influenciadoras de comportamentos. O artigo 3, foi subdivido em dois estudos (N=400) com o objetivo de adaptar e validar a Escala de Expressão Emocional, encontrando evidências satisfatórias o suficiente dos índices de validade fatorial e consistência interna para considerar que a escala é um instrumento com boas propriedades psicométricas, com dois fatores correlacionados (F1 eingenvalue 4,55; variância explicada 56,98%; α = 0,89/ F2 - eingenvalue 1,25; variância explicada 15,69%; α = 0,82). O artigo 4, que teve por objetivo mensurar em uma amostra da população geral (N=281; média de idade 30,04; DP 12,50) os níveis de rejeição à intimidade, estereótipos negativos, emoções negativas, crenças religiosas sobre a esquizofrenia e religiosidade, correlacionando-os em busca de indícios explicativos do preconceito. Os resultados parciais indicam que a amostra demonstrou um nível de atitude religiosa acima do ponto médio com uma média de 3.28 pontos (DP=1,16; mediana= 3,6), a adesão às crenças religiosas demonstrou correlações positivas extremamente significativas com a atitude religiosa e com a religiosidade autodeclarada, ainda que tenham valores considerados fracos isso pode indicar que em estudos maiores e com outras técnicas de amostragem esse resultado pode ser replicado e seus valores podem indicar correlações mais fortes. Todas as variáveis apresentaram correlações extremamente significativas positivas entre si, exceto a relação entre emoções negativas e atitude religiosa que foi apenas significativa, e uma análise de regressão linear múltipla mostrou que a atitude religiosa e as crenças preveem o preconceito [F(2,287) = 20,274, p < 0,001; R2 = 0,127]. Esses resultados indicam que as variáveis que mensuram o preconceito se correlacionam com as variáveis que mensuram religiosidade e crenças religiosas sobre a doença mental, à medida que estas últimas aumentam o preconceito também tende a aumentar. Espera-se que com a conclusão das análises do artigo 4, possamos propor um modelo explicativo do preconceito frente à esquizofrenia, auxiliando no entendimento do fenômeno.
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DÉBORA CRISTINA NASCIMENTO DE LIMA
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MÚSICA E MISOGINIA: OS IMPACTOS DE CURTO PRAZO NAS ATITUDES FRENTE À MULHER E NA AGRESSÃO
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Data: 24/03/2021
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Hora: 14:00
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A indústria musical, com estratégias cada vez mais sofisticadas, vem crescendo exponencialmente ano após ano, repassando os mais diversos tipos de mensagens nas letras das músicas. Composta por elementos simbólicos, as músicas podem ajudar a romper paradigmas ou auxiliar na manutenção das violências e desigualdades. No entanto, sabemos pouco sobre os efeitos de músicas misóginas nas atitudes frente às mulheres e na agressão. Assim, a presente dissertação teve como objetivo superar essa lacuna teórica investigando os efeitos de músicas misóginas em atitudes frente às mulheres e na agressão. Para tanto foram realizados quatro estudos. O Estudo 1 se tratou revisão bibliográfica, a fim de alcançar uma visão panorâmica dos estudos com letras de música. Os resultados mostraram que os efeitos negativos das músicas são os mais estudados. O Estudo 2 teve como objetivo adaptar e validar a Escala de Atitudes frente a Mulher (AFM). Através das análises fatorial exploratória (N = 224, M idade = 32,46; DP = 10,87) e confirmatória (N = 254, M idade = 30,2; DP = 10,99). Os resultados apontaram para uma escala unifatorial e com consistência interna satisfatória. O Estudo 3 (N = 261, M idade = 29, 14; DP = 10,14), procurou investigar as relações das atitudes frente às mulheres com o sexismo ambivalente, agressividade e personalidade. Os resultados revelaram correlações negativas e significativas entre a AFM e sexismo benevolente (r = -0,46), hostil (r = -0,52) e agressão física (r = -0,10). Por fim, o experimento realizado no Estudo 4 (N = 147, M idade =29,4; DP=9,86) mostrou efeitos da música misógina na agressão, porém não nas atitudes frente às mulheres. Esses resultados confirmam parcialmente as hipóteses levantadas e vão de encontro com outras pesquisas. Por fim, a hipótese teórica do Modelo Geral da Agressão de que a exposição a mídia violenta pode influenciar na agressão foi corroborada.
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FERNANDA CRISTINA DE OLIVEIRA RAMALHO DINIZ
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SUPER-HEROÍNA (EN)CENA: REPRESENTATIVIDADE E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DAS MULHERES E DAS SUPER-HEROÍNAS
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Data: 24/03/2021
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Hora: 14:00
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Visto que o cinema se apresenta como uma forma de linguagem e uma fonte de (des)construção de representações sociais, esta dissertação teve como objetivos principais analisar as representações sociais sobre: a) as mulheres no geral; b) as super-heroínas; c) homens no geral e d) os super-heróis, investigando se os elementos da divisão sexual de papeis surgem nesses conteúdos representacionais e se afetam a tomada de posição frente à igualdade de gênero. Para isso, foram realizados dois estudos apresentados em formato de artigos. No primeiro Estudo, participaram 206 estudantes universitários, sendo 57,3% mulheres, com idade média de 20 anos, que responderam sobre a concordância com a atual ascensão de protagonistas femininas nos filmes de super-heróis, sua justificativa para o posicionamento e ao questionário sociodemográfico. Os resultados apontaram que há concordância de 95,6% dos participantes frente à ascensão de protagonistas femininas nesses filmes, mas as justificativas se diferenciaram com base na ancoragem do gênero dos participantes. Os dois dendrogramas encontrados se organizaram em cinco classes cada, sendo as justificativas das mulheres organizadas em Representatividade importa, Filmes e realidade, Potencial da representação, Visibilidade, ocupação e cinema e Participação com sentido, enquanto as dos homens organizadas em Sim para as super-heroínas, Concordo, mas com ressalvas, Por que não?, Ascensão feminina e Cinema e feminismo. No geral, as mulheres trazem uma possibilidade de ressignificação da figura da mulher no imaginário social por meio das personagens de super-heroínas, enquanto os homens trazem mais ressalvas a participação delas, bem como sua qualidade. Em ambos os grupos os discursos fazem referência a questões como feminismo e representatividade, porém sob perspectivas ambivalentes. No segundo Estudo participaram 145 estudantes universitários, sendo 51% homens, com idade média de 20 anos, que responderam a Técnica de Associação Livre de Palavras referente aos estímulos indutores mulher, super-heroína, homem e super-herói. As respostas foram divididas em oito bancos de acordo com o gênero do respondente e submetidas a análise prototípica feita com o auxílio do software IRAMUTEQ. Os resultados apontaram que as representações sociais da mulher e do homem se estruturam de formas diferentes com base no gênero do participante, enquanto a representação social do super-herói traz uma imagem hegemônica, isto é, compartilhada de modo semelhante por ambos os grupos, e discute-se sobre a representação social da super-heroína ser uma representação não autônoma, ou seja, abarcada pela da mulher. Assim, conclui-se que as pautas levantadas pelos movimentos feministas estão se fazendo cada vez mais presentes no cotidiano, mas, por outro lado, alguns grupos mais conservadores vão defender a manutenção de uma estrutura social desigual e se sentirão ameaçados com a ascensão dos grupos minoritários. Nessa interface entre esses grupos, podemos ter o cinema como um aliado para a construção de representações sociais mais igualitárias e que auxiliam na flexibilização de estereótipos e papeis de gênero, na desconstrução ou no reforço do machismo e do sexismo.
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LETÍCIA DE MÉLO SOUSA
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SLUT SHAMING OU EXPOSIÇÃO ÍNTIMA ONLINE: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E POLÍTICAS PÚBLICAS DE ENFRENTAMENTO
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Data: 24/03/2021
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Hora: 14:00
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A exposição íntima online (pornografia de vingança; slut shaming) denomina a cultura de humilhação de mulheres por suas práticas sexuais, atualizada através da internet, com objetivos de controle e dominação, através da culpabilização das vítimas. Objetiva-se com esta pesquisa analisar a experiência da exposição intima online vivenciada pelas mulheres e o enfrentamento dessa violência pelas políticas públicas. Foram realizados três estudos, fundamentados na perspectiva de gênero: o primeiro, documental, pela pesquisa de 55 documentos oficiais, nacionais e internacionais, de políticas públicas focadas no combate à violência contra a mulher; o segundo partiu de um questionário online sobre a vivência e entendimento das mulheres brasileiras quanto à violência, que foi respondido por 1.028 mulheres; o terceiro estudo foi realizado através de seis entrevistas semiestruturadas com profissionais das políticas de enfrentamento à violência contra a mulher. Os dados quantitativos foram analisados através de estatística descritiva (SPSS 20) e os dados qualitativos através da análise de conteúdo temático-categorial (MaxQDA). Os resultados apontam que o Brasil possui mecanismos legais de garantia dos direitos das mulheres vítimas da exposição íntima online. Constatou-se que 5% havia sofrido exposição íntima online, todavia, a busca por políticas de defesa ou atendimento foi baixa. As(os) profissionais entrevistados afirmaram que a naturalização da violência psicológica e a culpabilização das vítimas de exposição íntima online são os principais desafios ao seu atendimento nas políticas públicas. Estimamos que esta pesquisa contribua para construção do conhecimento científico acerca desta forma de violência, podendo embasar o atendimento profissional às vítimas e ações de enfrentamento.
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SUIANE MAGALHAES TAVARES
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O efeito da crença no mundo justo, da vitimização secundária e do sexismo
societal no apoio a violência contra a mulher
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Data: 23/03/2021
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Hora: 15:30
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A violência no namoro praticada contra mulheres é definida como ameaça ou uso real de abuso físico, psicológico, verbal/sexual, patrimonial e moral. A maneira pela qual vemos essas situações pode impactar na vida das pessoas envolvidas e nas relações interpessoais. A teoria da Crença no Mundo Justo e seus correlatos: vitimização secundária tem um papel no entendimento desse fenômeno complexo. No entanto, nenhuma pesquisa, até onde sabemos, investigou o efeito da CMJ, da vitimização secundária e do sexismo societal no apoio a violência contra a mulher nas relações de namoro. Levantamos as hipóteses de que o fenômeno da vitimização secundária medeia a relação entre o sexismo societal e o apoio a violência e, em um segundo momento, hipotetizamos a CMJ como moderadora dessa relação, e fomos um pouco além, em um terceiro momento, ao manipular a ameaça da CMJ dos observadores em uma amostra heterogênea. No Estudo 1 (N = 200), manipulamos o sexismo societal (individual vs. sociedade) e verificamos que pessoas com níveis altos de sexismo vitimizaram secundariamente uma vítima de violência. No Estudo 2 (N = 204), além da manipulação do sexismo societal, incluímos a manipulação da CMJ. Verificamos o impacto da vitimização secundária no apoio a violência mais uma vez, a hipótese da CMJ foi de encontro aos resultados esperados. Finalmente, para ajudar a entender o processo anterior, realizamos o Estudo 3 (N = 305), manipulamos uma situação que desafia a CMJ, em comparação a uma situação controle. Os resultados desse estudo mostraram uma mediação da vitimização secundária, bem como o efeito mais forte da moderação da evitação da vítima na condição de ameaça da CMJ. No geral, o que encontramos, confirma os resultados de achados anteriores, bem como estende a contribuição para pesquisas psicológicas do fenômeno em questão, sobretudo no quadro da violência de gênero na abordagem da teoria do mundo justo. Além De relevar o papel da vitimização secundária na legitimação da violência em mulheres que estão em um relacionamento de namoro.
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RENAN SILVA DE SOUSA
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A IDENTIDADE DA DIREITA BOLSONARISTA EM NARRATIVAS DE SEUS
MILITANTES
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Data: 22/03/2021
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Hora: 15:00
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Nos últimos anos o cenário político brasileiro vem passando por grandes transformações. A
crise econômica mundial, o surgimento da ultradireita no mundo e a insurgência de junho de
2013, tiveram um papel central na aparição de uma nova direita que se consolidou em 2018
com a vitória de Jair Messias Bolsonaro para a presidência da república. O discurso dessa nova
direita tem sido retoricamente eficaz na produção de subjetividades ajustadas ao pensamento
de ultradireita no Brasil e no mundo. Com uma pluralidade de formas discursivas, contradições,
facetas e dubiedades, a direita, e mais precisamente, o bolsonarismo, se constituí como essa
força política tão complexa, potente e disruptiva. Indicando a necessidade de se pensar esse
movimento de política extrema de forma mais aprofundada. Desse modo, o objetivo desse
estudo é investigar as narrativas de militantes bolsonaristas procurando compreender como
constroem uma identidade para o bolsonarismo e para si mesmos como militantes do
bolsonarismo. Mais especificamente, identifica e analisa argumentos mobilizados por
militantes bolsonaristas para justificar a adesão ao movimento bolsonarista, argumentos esses
que descrevem um conjunto de traços que definem a identidade desse movimento de ultradireita
para seus militantes; analisa o impacto da identificação com o bolsonarismo nas trajetórias de
vida narradas por esses militantes; identifica e analisa os recursos retóricos utilizados para dar
verossimilhança às suas narrativas e argumentos. Para isso, conduzimos dois estudos com
abordagem qualitativa utilizando a análise do discurso. No primeiro estudo buscamos descrever
os argumentos mobilizados por militantes bolsonaristas para defender a sua adesão e o seu
posicionamento político dando atenção especial aos processos retóricos utilizados por eles, com
isso identificamos uma série de contradições e especificidades que dão as bases para essa
identificação coletiva. No segundo estudo, nos debruçamos sobre a construção identitária
desses militantes quando reconstroem narrativamente sua trajetória dentro do movimento,
analisando as mudanças no modo como se definem. A análise de dados teve como perspectiva
teórico-metodológica a Psicologia Social Discursiva, que compreende o discurso/linguagem
como uma ferramenta capaz de produzir, por meio de diferentes ações, a realidade social em
que vivemos, seus grupos, identidades, etc. Concluiu-se que os militantes, ao falarem da sua
adesão ao bolsonarismo indicam seis categorias como fundamentais: defesa da liberdade,
transparência e simplicidade, combate ao crime, mudança e ruptura, nacionalismo e patriotismo
e a defesa da moralidade cristã. Além disso, a construção dos argumentos/pensamentos dos
militantes está sujeita a uma série de temas contrários e dilemas ideológicos que são explorados
durante a análise, mostrando o caráter multideterminado em que a identidade desses grupos são
formuladas. Os militantes ao narrarem sua inserção no bolsonarismo relatam um conjunto de
fatores que colaboraram para a construção identitária, como também narram através da
construção de identidades individuais as consequências de tornar-se um militante. Esses e
outros resultados ajudam-nos a compreender a formação subjetiva desses militantes lançando
um olhar crítico sobre um grupo extremista, que mesmo com todas as contradições próprias da
formação discursiva do pensamento, tende a buscar validade e legitimidade quando falam
usando estratégiasretóricas para tornar o seu relato factual, racional e distante da passionalidade
característica de um grupo radical. No entanto, devido à complexidade do movimento e da sua
constante transformação, indica-se novos estudos mais confrontativos a fim de compreender
essas estratégias discursivas em outros contextos. mais confrontativos, a fim de compreender essas estratégias discursivas
em outros contextos.
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WASHINGTON ALLYSSON DANTAS SILVA
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Será que os brasileiros veem a forma em que as coisas estão como aquilo que realmente deve ser? Uma nova escala de justificativa do sistema
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Data: 22/03/2021
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Hora: 14:00
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A teoria da justificação do sistema prevê que as pessoas são motivadas a considerarem os arranjos sociais, políticos e econômicos como sendo justos, legítimos e necessários. Uma questão importante é avaliar adequadamente as diferenças individuais nessa motivação, especialmente em um contexto cultural de profundas desigualdades sociais como o Brasil. Para respondermos esse problema de pesquisa, buscamos desenvolver e validar uma nova Escala de Justificação do Sistema (SJS). No Estudo 1, verificamos a validade semântica e de conteúdo da SJS por meio da análise de juízes (N = 5). No Estudo 2 (N = 305), exploramos a estrutura fatorial da nova medida, encontrando a emergência de um único fator. No Estudo 3 (N = 307), confirmamos essa estrutura fatorial e verificamos a invariância configural, métrica e escalar por gênero. No Estudo 4 (N = 204), avaliamos a validade convergente-discriminante e incremental da SJS, comparando-a com construtos correlatos. Finalmente, no Estudo 5 (N = 100), observamos o seu poder preditivo através da manipulação experimental de uma notícia sobre alta (vs. baixa) ameaça ao sistema brasileiro. No geral, os resultados demonstraram que a SJS apresenta índices satisfatórios de validade e de precisão. Além disso, sugerem importantes implicações na explicação sobre como as desigualdades sociais são legitimadas em contextos de profundas disparidades sociais.
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GLEIDSON DIEGO LOPES LOURETO
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Amor romântico evolutivo: o continuum rápido-lento e seus correlatos individuais e psicossociais
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Data: 19/03/2021
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Hora: 16:00
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. A presente tese objetivou testar uma taxonomia do amor romântico (AR) baseada no referencial evolutivo da Teoria de História de Vida (THV) e avaliar suas relações com variáveis individuais, evolutivas e interindividuais. Para tanto, cinco artigos foram elaborados. No Artigo 1, de natureza teórica, apresentam-se os pressupostos da THV e propõe-se teoricamente o denominado Fator-K do AR que implica no continuum do amor-lento, formado por cinco componentes (i.e., proxies) do AR evolutivo: sócio-sexualidade restrita, ponderação e flexibilidade frente aos conflitos, orientação futura, propensão ao investimento parental e estilo íntimo nos relacionamentos. Em síntese, na THV o AR consiste em um conjunto de expressões de determinada estratégia de sobrevivência para a resolução de desafios evolutivos, ao longo de um contínuo rápido↔lento. O Artigo 2, de natureza empírica (N = 225), objetivou elaborar e investigar as evidências preliminares de validade (i.e., de conteúdo, estrutura interna e relações com variáveis externas) e fidedignidade da Escala do Fator-K do AR (EFKA). Inicialmente, via coeficiente de validade de conteúdo, corroborou-se a validade de conteúdo das cinco facetas do instrumento. Em seguida, uma análise fatorial exploratória indicou uma estrutura unidimensional da EFKA, com adequada fidedignidade. Em relação às evidências de validade convergente, a medida correlacionou-se positivamente com medidas de estabilidade familiar na infância, estilo parental autoritativo percebido e estratégias gerais de vida (e.g., aversão ao risco, propensão à cooperação, etc.). O Artigo 3, de igual modo psicométrico, buscou levantar evidências de validade e fidedignidade complementares da EFKA, através de dois estudos. No Estudo 1 (n = 249), o modelo fatorial hierárquico bifator foi superior às estruturas unifatorial e pentafatorial. Assim, demonstrou-se que a EFKA representa um funcionamento combinado (i.e., um fator global, o Fator-K) das cinco facetas do AR evolutivo. No Estudo 2 (n = 203), observou-se que a EFKA se relacionou negativamente com as intenções frente à infidelidade e as atitudes frente ao poliamor e positivamente com a autoestima; tais resultados estendem as evidências de validade convergente da medida. No Artigo 4 testou-se o poder preditivo da EFKA na explicação da satisfação e conflitos em relações românticas. No Estudo 1 (n = 205), a EFKA apresentou validade incremental na explicação da satisfação em relacionamentos frente a dois modelos clássicos do AR. No Estudo 2 (n = 251), a EFKA predisse respostas construtivas ao conflito. Adicionalmente, atestou-se o efeito moderador dos valores interativos e do traço de psicopatia na relação EKFA-respostas construtivas: sujeitos com níveis médio e alto na subfunção interativa reagem de forma mais construtiva; em contraste, sujeitos com níveis médio e alto de psicopatia reagem de forma mais destrutiva. Por fim, o Artigo 5, de natureza experimental (2x2x2; n = 212) com delineamento misto, objetivou testar o efeito dos traços românticos (amor rápido vs. amor lento) e o endosso de valores humanos (valores pessoais vs. valores sociais) na desejabilidade de um alvo romântico como parceiro(a) de longo prazo. Conforme esperado, indivíduos com traços de amor lento e endossando valores sociais foram avaliados como mais desejáveis como parceiros em uma relação de longo prazo, convergindo com os pressupostos evolutivos. Em suma, conclui-se que os objetivos foram alcançados diante da proposição de um modelo evolutivo do AR teoricamente orientado. Ademais, a presente tese contribui para a articulação de aspectos intraindividuais, evolutivos e psicossociais na compreensão das interações românticas humanas, convergindo com a crescente aproximação entre os campos da psicologia social e das ciências evolutivas.
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VIVIANE ALVES DOS SANTOS BEZERRA
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VARIÁVEIS PREDITORAS DA DISPOSIÇÃO DE JOVENS PARA AJUDAR PESSOAS EM RISCO DE SUICÍDIO
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Data: 19/03/2021
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Hora: 15:00
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Estudos recentes têm apontando que os jovens poderiam exercer um papel importante na prevenção do suicídio caso estivessem dispostos a ajudar pessoas que apresentam risco para esse comportamento. As pesquisas indicam ainda, que variáveis afetivas, como a empatia; variáveis sociodemográficas, como o sexo e a idade; e variáveis psicossociais, como a exposição e a experiência com o suicídio, podem estar associadas a maior disposição dos jovens para se envolverem em comportamentos de ajuda frente a pessoas em risco de suicídio. Todavia, verificou-se que, até o momento, os estudos não se interessaram por conhecer o quanto um conjunto de diferentes variáveis seria capaz de prever a disposição dos jovens para se envolver em comportamentos de ajuda frente a pessoas em risco de suicídio. Diante dessa lacuna, a presente dissertação teve como objetivo principal verificar o poder preditivo de variáveis afetivas, sociodemográficas e psicossociais na disposição de jovens para ajudar pessoas em risco de suicídio. Para atender a esse objetivo, realizou-se inicialmente a adaptação e validação para o contexto brasileiro da Suicide Helpfulness Scale SHS (Escala de Apoio à pessoa em Risco de Suicídio - EARS), por meio de dois estudos. No Estudo 1, 206 participantes responderam à EARS e a questões sociodemográficas. Os resultados obtidos apoiaram o modelo original de quatro fatores e verificou-se Confiabilidade Composta de 0,90. Do Estudo 2, de caráter confirmatório, participaram 212 estudantes e foram testados três modelos para a EARS; os resultados corroboraram a adequação da estrutura tetrafatorial, observando-se indicadores de ajuste meritórios. Assim, conclui-se que a EARS apresentou características psicométricas adequadas para o contexto brasileiro, podendo ser utilizada para fins de pesquisa. Após a adaptação e validação da EARS, foi conduzido um terceiro estudo que objetivou verificar o papel preditor de variáveis afetivas, sociodemográficas e psicossociais na disposição de jovens para ajudar pessoas em risco de suicídio. Participaram deste estudo 490 jovens, majoritariamente do sexo feminino (73,3%), com idades variando de 18 a 29 anos (M = 23,61; DP = 3,30), de diferentes níveis socioeconômicos, grupos religiosos e residentes em sua maioria na região Nordeste do Brasil (82%). Os participantes responderam a um questionário referente a variáveis sociodemográficas e psicossociais, à Escala de Apoio à pessoa em Risco de Suicídio (EARS), para avaliar a sua disposição para ajudar pessoas em risco de suicídio; à Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI), para avaliar a empatia; e à Escala de Desejabilidade Social de Marlowe-Crowne (EDSMC), para avaliar a desejabilidade social. Na análise de dados, empregou-se o Teste de Correlação de Spearman e os Testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis. Os resultados dessas análises evidenciaram que houveram associações positivas e significativas entre a empatia, a disposição para ajudar e a desejabilidade social; também observadas diferenças significativas na disposição para ajudar pessoas em risco de suicídio em função do nível de empatia, do sexo, da faixa etária, da exposição ao suicídio e do grau de proximidade com alguém que se suicidou. Por fim, realizou-se uma análise de Regressão Linear Múltipla para atender ao objetivo principal desta dissertação, verificando-se que, dentre as variáveis investigadas, a empatia e o grau de proximidade foram os únicos preditores significativos da disposição para ajudar. Esses achados apontam para a importância de incluir a promoção da empatia em programas de prevenção do suicídio. No entanto, indica-se a necessidade de serem investigadas outras variáveis que possam contribuir para a compreensão dos fatores que influenciam a disposição para ajudar pessoas em risco de suicídio.
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PATRICIA MENEZES PEREIRA
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RELAÇÃO TRABALHO E SAÚDE DE MOTORISTAS DE TRANSPORTE ALTERNATIVO EM UMA CAPITAL DO NORDESTE BRASILEIRO
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Data: 15/03/2021
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Hora: 09:00
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Os motoristas de transporte alternativo informal são profissionais que exercem de forma autônoma as suas atividades, realizando transporte de passageiros para regiões periféricas e/ou metropolitanas aos grandes centros. Atuam assim de forma paralela ao sistema de transporte público legal. O cenário desse estudo é a capital paraibana, mais especificamente a região central da cidade, onde existem diversos pontos de encontro de motoristas em busca de passageiros para municípios vizinhos e mesmo para fora do estado. Nesse estudo, buscou-se investigar a relação trabalho e saúde dos motoristas de transporte alternativo informal. A atividade de motorista profissional se mostra vulnerável a riscos de adoecimento, pela exposição constante a condições precárias em função das demandas de trabalho e das políticas de mobilidade urbana e também em decorrência da própria imprevisibilidade do ambiente do trânsito. Tomando como referência a relação trabalho e saúde dos motoristas que exercem sua atividade de modo formal, pode-se supor que os motoristas de transporte alternativo informal estejam expostos aos mesmos condicionantes de vulnerabilidade no trânsito que podem interferir em sua saúde. Participaram deste estudo oito profissionais que desempenham a sua atividade há pelo menos um ano e que tem o centro de João Pessoa como ponto de partida de suas viagens. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, sendo três de forma individual e uma em grupo com a presença de cinco participantes. Como aporte teórico, empregou-se a Psicodinâmica do Trabalho, a partir das contribuições de Christophe Dejours, tendo em vista as premissas de que o trabalho mobiliza a subjetividade para dar conta do real do trabalho, assim como tem papel fundamental na construção da identidade a partir da busca de auto-realização e de reconhecimento, sendo desse modo fonte potencial tanto de vivencias de sofrimento quanto de prazer. Identificou-se, a partir dos relatos, a percepção da atividade como uma opção de sobrevivência que, embora desperte a identificação dos profissionais, representa para eles algo transitório devido as suas incertezas, e que impõe ao profissional ônus pelas intempéries encontradas na realização da atividade através de uma falsa premissa de liberdade. Conclui-se que, para lidar com o status de desemprego, esses profissionais recorrem a formas de trabalho precárias e, como forma de manutenção da saúde, se mobilizam em busca do reconhecimento da categoria.
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AMANDA TRAJANO BATISTA
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CRENÇAS E ATITUDES DAS POPULAÇÕES CHAVES ACERCA DA PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV/AIDS
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Data: 09/03/2021
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Hora: 14:00
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Ao propor um método preventivo baseado no uso de antirretrovirais (ARVs), a profilaxia Pré-Exposição (PrEP) trouxe impacto na prevenção do HIV, surgindo a preocupação sobre como os usuários podem alterar seus comportamentos sexuais e preventivos. Fundamentado na Teoria da Ação Racional e no Modelo da Vulnerabilidade E Direitos Humanos, essa tese parte do pressuposto que a PrEP é um fenômeno dinâmico, sendo mais do que uma intervenção biomédica e farmacológica, incorpora aspectos psicológicos e sociais que, em conjunto, afetam a vulnerabilidade do sujeito à prevenção da infecção pelo HIV e outras ISTs, como também a dinâmica de relacionamento e práticas sexuais, assim desenvolveu-se quatro estudos. No estudo I realizou-se uma análise documental de 100 prontuários de usuários de PrEP, sendo verificado um aumento discreto de ISTs e diminuição do uso do preservativo. O estudo II objetivou um levantamento de Crenças salientes e referentes modais acerca da PrEP, contou com 31 participantes de três populações chave nos quais foram identificados fatores que podem influenciar positivamente ou negativamente a adoção do comportamento preventivo. No Estudo III foi realizado a construção e validação de um instrumento de atitudes frente à PrEP a partir das crenças obtidas no estudo II. Por fim, no Estudo IV investigou-se a intenção comportamental das populações chaves usuárias de PrEP quanto ao uso do preservativo.
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CAMILA CRISTINA VASCONCELOS DIAS
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MODELO EXPLICATIVO DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA PESSOAS AUTISTAS PAUTADO NAS REPRESENTAÇÕES, CRENÇAS, ESTEREÓTIPOS, PERCEPÇÃO DE AMEAÇA, PRECONCEITO E FASE DO DESENVOLVIMENTO
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Data: 01/03/2021
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Hora: 14:00
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Com uma história marcada pela exclusão social e pela relação, a priori, com a esquizofrenia, o autismo é atualmente considerado um transtorno do neurodesenvolvimento de etiologia múltipla sob a nomenclatura Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ainda que direitos em prol da inclusão social de pessoas autistas tenham sido legislados, elas permanecem alvos de preconceito e discriminação. Esta tese tem como objetivo propor um modelo explicativo da discriminação contra pessoas autistas. A tese defendida é a de que há discriminação contra pessoas autistas e ela está pautada nas representações sociais vinculadas à doença mental, na crença sobre a dificuldade de socialização, nos estereótipos de ameaça e de incapacidade, na percepção de ameaça e no preconceito, sendo a discriminação influenciada pela fase do desenvolvimento da pessoa autista (criança vs. adulto) e pelo grau de severidade do TEA (leve vs. severo). Para alcançar o objetivo proposto, foram elaborados cinco artigos. O artigo 1 objetivou realizar um levantamento de dados da literatura sobre as contribuições das representações sociais, das crenças e dos estereótipos relacionados ao autismo e à pessoa autista, propondo uma articulação teórica a fim de fundamentar a compreensão do preconceito e da discriminação contra pessoas autistas. O artigo 2 teve como objetivo identificar a estrutura e os processos sociocognitivos da representação social do autismo elaborada por universitários. Participaram da pesquisa 206 universitários que responderam à Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) com o estímulo Autismo, além de questões dissertativas sobre conceito e causa do autismo. Os dados da TALP foram analisados por meio da análise prototípica no IRAMUTEQ e os dados das questões dissertativas por meio da análise de conteúdo temática-categorial. A representação social elaborada pelos participantes se estruturou em torno dos elementos: criança, dificuldade, isolamento, doença; sendo objetivada na descrição de Autismo Infantil contida na CID-10, e ancorada na doença mental, recuperando a associação histórica entre o autismo e a esquizofrenia, uma vez que ela consiste no protótipo da doença mental. O artigo 3 objetivou conhecer e analisar as representações sociais de universitários e da população geral sobre a pessoa autista, visando identificar os estereótipos que as compõem e evidências de preconceito por meio da investigação da zona muda, região de difícil acesso das representações sociais. Participaram 411 indivíduos, 205 indivíduos da população geral e 206 universitários que responderam à TALP com o estímulo Pessoa Autista e a uma questão dissertativa sobre como sociedade enxerga a pessoa autista. Foram utilizadas as mesmas técnicas de análise de dados do artigo anterior. As representações sociais sobre a pessoa autista elaboradas pelos participantes se organizaram em torno dos estereótipos: isolada, inteligente e especial; os termos foram os mesmos para os dois grupos de participantes, confirmando a estabilidade do núcleo central. Contudo, nas respostas da questão dissertativa emergiram, principalmente, estereótipos negativos, como doente mental, isolado, incapaz, anormal, estranho, perigoso e agressivo, e atitudes negativas, como o preconceito, confirmando o acesso à zona muda. O artigo 4 objetivou desenvolver e reunir evidências de validade de uma escala que mensura a crença sobre dificuldade de socialização da pessoa autista por meio de dois estudos. No estudo 1, participaram 295 indivíduos da população geral e análises fatoriais exploratórias indicaram a presença de um fator único composto por 8 itens (α = 0,76). No estudo 2, participaram 276 indivíduos da população geral e uma análise fatorial confirmatória reforçou a unidimensionalidade da escala mediante satisfatórios índices de ajuste [CFI = 0,93; TLI = 0,90; RMSEA = 0,05 (IC90% = 0,031-0,086) e SRMS = 0,05], permanecendo com 8 itens (α = 0,74). Por fim, o artigo 5 teve como objetivo propor um modelo explicativo da discriminação contra pessoas autistas baseado na crença sobre a dificuldade de socialização, nos estereótipos de ameaça e incapacidade, na percepção de ameaça e no preconceito, verificando os efeitos da fase de desenvolvimento da pessoa autista (criança vs. adulto) e do grau de severidade do TEA (leve vs. severo) na discriminação. Para tanto, realizou-se um estudo com 360 indivíduos da população geral que responderam a uma manipulação quase experimental e aos instrumentos de medida das variáveis do modelo. Os resultados demonstraram efeito principal significativo da variável fase do desenvolvimento sobre a discriminação; contudo, para a variável grau de severidade não houve efeito principal significativo, assim como também não houve interação entre as duas variáveis independentes. Ademais, a crença na dificuldade de socialização e os estereótipos de ameaça explicaram a percepção de ameaça que, com os estereótipos de incapacidade, explicou o preconceito. O preconceito, assumindo papel mediador, explicou a discriminação, que sofreu efeito da variável fase do desenvolvimento, resultando em uma mediação moderada pela fase do desenvolvimento, cujo efeito da percepção de ameaça na discriminação, mediado pelo preconceito, ocorreu quando a pessoa autista era um adulto. Os resultados encontrados nos estudos desta tese contribuem para compreender fenômenos como a discriminação e o preconceito contra pessoas autistas de modo a possibilitar reflexões sobre como atuar diretamente nos processos que os sustentam a fim de reduzi-los em prol da inclusão social dessas pessoas, principalmente adultos autistas.
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LAYANNE VIEIRA LINHARES
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CULPABILIZAÇÃO DA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL: UMA ANÁLISE DO EFEITO DA COMBINAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS DA VÍTIMA E DO OBSERVADOR
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Data: 26/02/2021
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Hora: 08:30
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Apesar de alguns avanços na luta e conscientização sobre a garantia de direitos e de formas de lidar com a discriminação e todos os tipos de violência contra a mulher, a incidência da violência sexual ainda permanece em níveis elevados. A culpabilização da vítima é um aspecto que merece maior atenção sobre esse tipo de violência. O conjunto de estudos aqui apresentados surgiu do seguinte questionamento: será que todas as mulheres são culpabilizadas de forma igual por terem sido vítimas de violência sexual? Considera-se que existem algumas situações em que as vítimas estão mais vulneráveis a serem percebidas como culpadas pela violência sofrida. Assim, a tese ora apresentada busca analisar em que medida as características das vítimas de violência sexual, o sexo e os sistemas de crenças (e.g. CMJ e sexismo ambivalente) dos participantes, influenciam a culpabilização da vítima pela violência por ela sofrida. Buscamos também analisar como estão estruturadas as representações sociais de estudantes universitários sobre mulheres vítimas de violência sexual. Para tanto, essa tese é composta por quatro artigos que estão apresentados em quatro capítulos. Os resultados do primeiro artigo confirmaram as hipóteses propostas, indicando que as mulheres negras vítimas de violência sexual tendem a ser mais culpabilizadas do que as mulheres brancas e que a alta adesão a CMJ contribui para essa culpabilização. O artigo dois analisou o efeito da combinação das variáveis características da vítima (cor da pele e normatividade), sexo do observador (masculino e feminino), CMJ e o sexismo ambivalente (hostil e benevolente) na culpabilização da vítima de violência sexual. Os resultados confirmam que as variáveis investigadas interagem entre si e resultam em experiências diferentes para as vítimas. O objetivo do terceiro artigo desta tese foi investigar quais são as representações sociais de estudantes universitários acerca da Violência Sexual contra mulher. Os resultados indicaram que a maioria das representações sociais compartilhadas pelos estudantes englobam a culpabilização da vítima. Por fim, em anexo, encontra-se os resultados de dois estudos que objetivaram validar uma versão revisada da Escala de Crença no Mundo Justo com Ditados Populares desenvolvida por Linhares, Torres e Pereira (2020, no prelo). Percebe-se que a culpabilização da mulher pela violência por ela sofrida é um fenômeno multicausal e em nossa linha de pesquisa procuramos analisar os diversos fatores que podem ajudar a compreende-lo. Com isso, ressaltamos a importância de considerar a complexidade das vulnerabilidades que as mulheres estão expostas para a investigação desse fenômeno. experimentais que buscaram analisar o efeito da combinação das variáveis características da vítima (cor da pele e normatividade), sexo do observador (masculino e feminino), CMJ e o sexismo ambivalente (hostil e benevolente) na culpabilização da vítima de violência sexual. Por fim, o artigo em anexo contou com dois estudos exploratórios que objetivaram validar uma versão revisada da Escala de Crença no Mundo Justo com Ditados Populares desenvolvida por Linhares, Torres e Pereira (2020, no prelo). Em conjunto, os resultados mostram que as variáveis investigadas interagem entre si e resultam em diferentes níveis de culpabilização da vítima, gerando assim experiências distintas para cada tipo de vítima. Diante disso, entende-se que a realização de estudos que analisem a influência dessas variáveis é fundamental para a compreensão desse fenômeno.
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NOEMIA SOARES BARBOSA LEAL
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL E PROJETOS DE VIDA: VIVÊNCIAS DE JOVENS COM TRAJETÓRIAS EM INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO
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Data: 25/02/2021
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Hora: 14:00
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Ancorada na Psicologia Histórico-Cultural, esta Tese buscou analisar o contexto de desenvolvimento disponibilizado pela política de acolhimento, notadamente quanto à atividade guia da formação profissional e a sua relação com a construção dos projetos de vida dos jovens. Para tanto, utilizou a estratégia metodológica da triangulação, fez uso do Diário de Campo e desenvolveu três estudos de delineamento qualitativo. O Estudo I foi desenvolvido em duas etapas: a) pesquisa documental nos prontuários individuais de jovens com trajetórias nas instituições de acolhimento e b) entrevistas com seis profissionais da política de acolhimento. O Estudo II abarcou entrevistas individuais com oito jovens egressos do acolhimento que foram inseridos na formação profissional enquanto acolhidos. O Estudo III compreendeu uma pesquisa longitudinal com quatro jovens que estavam acolhidos em 2018 e inseridos na formação profissional. Parte dos dados da pesquisa documental foram analisados descritivamente e outra parte foi submetida à Análise de Conteúdo Temática, técnica também empregada nas entrevistas, com auxílio do MAXQDA. Os resultados apontam que a política de acolhimento é operacionalizada com as limitações típicas do sistema capitalista, sendo o direito dos jovens à formação profissional viabilizado de modo impreciso e descontínuo. O conteúdo das propostas formativas tem ênfase em aspectos comportamentais e o caráter educativo é secundarizado, limitando o modo como os jovens vivenciam a experiência e passam a projetar a vida. Conclui-se que a formação acessada possibilita uma contribuição pontual com elementos para a construção de projetos de vida profissional, porém não abarca em amplitude outras esferas da vida dos jovens e não oferece condições adequadas ao desenvolvimento omnilateral.
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ANDREZA SILENE SILVA FERREIRA
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A RELAÇÃO ENTRE O JULGAMENTO MORAL, O PRECONCEITO RACIAL E A VIOLÊNCIA POLICIAL
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Orientador : ANA RAQUEL ROSAS TORRES
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Data: 24/02/2021
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Hora: 08:30
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A violência policial é utilizada como principal instrumento de combate à violência e outras
violações da lei e o que tem sido observado é que essas ações são influenciadas pela cor da
pele das vítimas dessa mesma violência. Essa desigualdade sugere que o julgamento dessas
ações é afetado pela forma como a justiça é percebida em relação a determinados grupos
sociais. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar o papel do julgamento moral na relação
entre a cor do alvo da violência policial e a percepção de legitimidade dessa violência. Para o
alcance deste objetivo, foram desenvolvidos quatro estudos apresentados em dois artigos. No
artigo 1, (N = 105), observamos por meio de análises léxicas que embora os discursos
tenderam a discordar da prática da violência policial os argumentos dos participantes para
justificar esse posicionamento diferiram em função da cor do alvo da violência e apresentaram
mudanças qualitativas em seus significados a depender do tipo de raciocínio de justiça
utilizado pelos participantes. Quando o suspeito era negro, a violência policial foi vista como
inadequada e injustificada, sem fazer referência ao caráter ilegal dessas ações. Quando o
suspeito era branco a violência foi vista como ilegal e arbitrária. No artigo 2, no Estudo 1 (N
= 123), verificamos que o preconceito racial está na base da percepção de legitimidade da
violência policial e esta relação foi moderada pelo julgamento moral. No Estudo 2 (N = 71)
observamos que a violência contra os negros foi percebida como mais legítima quando
comparada às condições branco e controle. Neste sentido, a categoria social foi utilizada como
princípio para diferenciação grupal, evidenciando o aspecto do preconceito e discriminação
racial no contexto da violência policial. Por fim, no Estudo 3 (N = 129) replicamos o Estudo 2
e testamos a hipótese de que julgamento moral modera a relação entre a cor do alvo e a
percepção de legitimidade da violência policial. Os resultados demostraram que a percepção
de legitimidade da violência policial variou em função da cor de seu alvo, corroborando os
resultados do estudo 2 e essa relação foi moderada pelo julgamento moral. Neste sentido, há
uma diferença significativa na percepção de legitimidade da violência policial em função da
cor do alvo da violência, de modo que esta diferença aumenta à medida que também aumenta
o nível de moralidade convencional, e reduz à medida que aumenta o nível de moralidade
pós-convencional. Diante disso, podemos concluir que a perspectiva do julgamento moral na
análise do preconceito e da discriminação auxilia na redução das desigualdades
historicamente construídas em nossa sociedade
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LUIZE ANNY GUIMARÃES AMORIM
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CONTRIBUIÇÕES DE VARIÁVEIS INDIVIDUAIS E SOCIAIS NA SATISFAÇÃO
COM A VIDA FAMILIAR
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Data: 22/02/2021
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Hora: 14:00
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A presente tese tem como objetivo testar um modelo de mediação, tendo a personalidade como preditora da satisfação familiar e os valores humanos e atitudes religiosas como mediadoras dessa relação. Para seu alcance foram elaborados quatro artigos. O primeiro é de natureza teórica, onde são apresentados os construtos em estudo, bem como seus correlatos na literatura. O segundo é dividido em dois estudos os quais objetivaram adaptar para o português brasileiro a escala Satisfaction With Family Life (SWFL), verificando seus parâmetros psicométricos de validade e precisão. No primeiro estudo contou-se com uma amostra de 216 pessoas, com idades entre 18 e 92 anos (M = 38,43; DP = 15,90), sendo 71,6% mulheres, que responderam ao instrumento e a questões sociodemográficas. A análise fatorial exploratória indicou uma estrutura unifatorial com 70% de variância total explicada e um alfa de Cronbach de 0,89. No Estudo 2, a amostra foi de 214 pessoas, com idades entre 18 e 77 anos (M = 29,8; DP = 11,65), a maioria mulheres (69,6%),, que responderam aos mesmos instrumentos do Estudo 1. Os achados asseveraram a estrutura unifatorial apresentando parâmetros psicométricos adequados. O terceiro artigo objetivou verificar a validade convergente da escala de Satisfação com a Vida Familiar (ESVF), validada para o português no estudo anterior, com outra medida que avalia o mesmo construto (Escala de Satisfação Familiar); além de analisar o poder moderador do sexo na relação entre idade e satisfação familiar. Participaram 401 pessoas, com idades entre 18 e 60 anos (M = 31,57; DP = 11,23), sendo 71,8% mulheres, que responderam aos instrumentos: ESVF, Escala de Satisfação Familiar (ESF) e a questões sociodemográficas. Os resultados indicaram que a validade convergente da ESVF foi satisfatória apresentando uma correlação de Pearson de 0,77 com a ESF; ademais, não houve efeito moderador significativo do sexo na relação entre idade e satisfação familiar, indicando que aquele não afetou a direção e/ou a força dessa associação. O quarto artigo verificou o poder preditivo da personalidade na explicação da satisfação familiar, controlando o efeito da escolaridade e do estado civil, além de testar um modelo de mediação considerando a personalidade como variável independente, a satisfação familiar como variável dependente e os valores humanos e as atitudes religiosas como mediadoras dessa relação. Contou-se com uma amostra de 336 pessoas da população geral, com idade média de 33,18 anos (DP = 11,28; variando de 18 a 70 anos), a maioria do sexo feminino (68,5%), casada ou em união estável (47,9%), em nível de pós-graduação (36,9%). Os instrumentos utilizados foram a ESVF, o Inventário dos Cinco Grandes Fatores da Personalidade, o Questionário de Valores Básicos e a Escala de Atitude Religiosa (versão expandida), além de perguntas sociodemográficas. Por meio de regressões lineares múltiplas, método stepwise, obteve-se que apenas o fator de personalidade Amabilidade predisse de forma positiva a Satisfação familiar, quando controlado o efeito do estado civil e da escolaridade. Os achados também evidenciaram mediação total da subfunção Normativa e da atitude religiosa de Conhecimento na relação entre Amabilidade e Satisfação Familiar. Confia-se que esta tese contribuirá para os estudos em Psicologia Social de Família, fornecendo uma medida com qualidades psicométricas a ser utilizada nas pesquisas da área, além de reforçar a influência de construtos sociais na explicação da satisfação familiar.
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