CCHLA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de QUALIFICAÇÃO: FERNANDA CRISTINA DE OLIVEIRA RAMALHO DI

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: FERNANDA CRISTINA DE OLIVEIRA RAMALHO DI
DATA: 09/09/2025
HORA: 13:30
LOCAL: GoogleMeet
TÍTULO: FALSOS CULPADOS GERAM FALSOS INOCENTES: UMA ANÁLISE INTERSECCIONAL DA CRENÇA NO MUNDO JUSTO, DO RACISMO E DO SEXISMO NOS PROCESSOS DE DECISÃO SOBRE ERROS JUDICIAIS NO BRASIL E NA ESPANHA
PALAVRAS-CHAVES: Crença no Mundo Justo, Racismo, Sexismo, Justiça, Tomada de Decisão.
PÁGINAS: 325
RESUMO: A tese intitulada "Falsos Culpados Geram Falsos Inocentes: uma Análise Interseccional da Crença no Mundo Justo, do Racismo e do Sexismo nos Processos de Decisão sobre Erros Judiciais no Brasil e na Espanha" investiga os fatores psicossociais e ideológicos que influenciam a percepção, a tomada de decisão e o julgamento de erros judiciais nos contextos do Brasil e da Espanha. O objetivo central é analisar o papel da Crença no Mundo Justo (CMJ), do racismo e do sexismo ambivalente na avaliação da reputação de uma mulher vítima de violência sexual e de um homem preso injustamente sob essa acusação. A pesquisa parte do pressuposto de que esses mecanismos psicossociológicos e ideológicos sustentam, legitimam e justificam desigualdades e violências, influenciando percepções, atitudes e comportamentos relacionados à justiça social, ao preconceito e à discriminação racial e de gênero. Busca-se preencher uma lacuna na literatura ao examinar como a CMJ, o racismo e o sexismo ambivalente operam nos níveis intergrupal e ideológico, especialmente em cenários de erro judicial. A pergunta central investiga o grau de credibilidade atribuído a mulheres vítimas de violência sexual e a homens presos injustamente por esse crime. A forma como se atribui (ou nega) tal credibilidade a membros de diferentes grupos sociais pode ser compreendida como uma manifestação das normas sociais vigentes, que orientam julgamentos sobre culpa e inocência. Nesse sentido, analisar a atribuição de credibilidade permite ilustrar como essas normas são aplicadas de modos diferentes para cada grupo, reproduzindo hierarquias sociais e desigualdades estruturais. Para responder a essa questão, foram conduzidos diferentes estudos: um artigo de revisão sistemática mapeando a literatura empírica sobre a relação entre CMJ, preconceito e discriminação, com foco nos processos psicossociológicos do racismo e do sexismo; dois artigos dedicados à adaptação transcultural e validação de escalas psicométricas – a Escala de Aceitação dos Mitos Modernos sobre Agressão Sexual (AMMSA) para amostra brasileira e a Escala de Crença no Mundo Justo com Ditados Populares (BJWPS) para amostra espanhola; dois estudos empíricos que exploraram os efeitos dessas variáveis em cada país, permitindo comparações interculturais e análises de construção discursiva; e um capítulo de discussão geral e considerações finais, sintetizando os achados e suas implicações para o entendimento dos erros judiciais e os vieses de julgamento nesses contextos. A revisão sistemática indicou que a CMJ está associada a diversas crenças, atitudes e comportamentos em diferentes níveis de análise, sendo frequentemente observada em contextos de violência. Além disso, contribui para a naturalização e a manutenção de uma ordem social marcada por desigualdades e injustiças. Os resultados da escala AMMSA indicaram boa validade e consistência na identificação de crenças permissivas sobre violência sexual, frequentemente associadas ao sexismo ambivalente, principalmente no contexto brasileiro. A escala se mostrou uma ferramenta útil para pesquisas e intervenções voltadas à redução da violência sexual. Já a escala BJWPS, adaptada e validada para a amostra espanhola, demonstrou evidências robustas de validade, confiabilidade e eficácia para pesquisas na área. Os estudos experimentais destacaram que a CMJ, o sexismo e o racismo por meio da percepção de ameaça dos estereótipos influenciam a credibilidade e a reputação da mulher vítima de violência sexual e do homem preso injustamente. A maior adesão a essas crenças reduz a confiança na mulher vítima de violência sexual e minimiza os danos à sua reputação, enquanto o impacto na reputação do homem acusado varia conforme a identidade grupal e as relações intergrupais, e a interação entre CMJ, sexismo e racismo. Esses achados reforçam o papel das crenças, normas sociais e estereótipos na perpetuação de desigualdades e na percepção de injustiças, bem como ressalta a importância de considerar a interseccionalidade de raça, classe social e gênero na relação entre vítimas, agressores e julgadores, visando promover maior equidade no tratamento de casos de violência sexual. Além disso, reforçaram que, embora a CMJ possa oferecer benefícios cognitivos ao reduzir a ansiedade diante da imprevisibilidade cotidiana, suas implicações sociais são preocupantes, pois justificam desigualdades, legitimam preconceitos e perpetuam discriminações. Assim, a CMJ representa uma barreira significativa para a promoção da justiça social e da equidade entre os grupos sociais.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1742381 - ANA RAQUEL ROSAS TORRES
Interno - 3212546 - ROMULO LUSTOSA PIMENTEIRA DE MELO
Externo à Instituição - JOSÉ LUIS ÁLVARO ESTRAMIANA
Externo à Instituição - KHALIL DA COSTA SILVA