Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: FRANCIANY GABRIELLA BRAGA PEREIRA
DATA: 25/02/2022
HORA: 09:00
LOCAL: Ambiente Virtual
O link para defesa é: http://meet.google.com/azs-tqgk-fvd
TÍTULO: CAÇA NA AMAZÔNIA: UM ESTUDO DA DEPLEÇÃO ESPACIAL DAS ESPÉCIES ALVO E DA DINÂMICA DOS PONTOS E CONVERGÊNCIA ENTRE CAÇADOR E CAÇA
PALAVRAS-CHAVES: Armadilha fotográfica, conhecimento local, entrevistas, mamíferos, vertebrados
PÁGINAS: 100
GRANDE ÁREA: Ciências Biológicas
ÁREA: Zoologia
RESUMO: A estimativa eficaz da abundância populacional da vida silvestre é um componente importante do monitoramento populacional e, em última análise, essencial para o desenvolvimento de ações de conservação. No capítulo 2 desta tese, comparamos dados de abundância para 91 espécies silvestres obtidos através de transectos lineares (9.221 km de trilhas) com dados obtidos a partir de 291 entrevistas estruturadas em 18 locais na Amazônia Central e Ocidental. Encontramos uma concordância significativa dos índices de abundância populacional para espécies diurnas e cinegéticas entre os dois métodos. Essa relação também foi positiva independente da sociabilidade da espécie, tamanho corporal e modo de locomoção; e do tipo florestal amostrado (florestas de terra firme e de várzea). No entanto, os transectos lineares não foram eficazes no levantamento de muitas espécies que ocorrem na área, com 40,2% e 39,8% de todas as espécies sendo raramente e nunca detectadas em pelo menos um dos locais de levantamento. Por outro lado, essas espécies foram amplamente relatadas por informantes locais como ocorrendo em abundâncias intermediárias a altas. No capítulo 3, analisamos o grau de consenso sobre a abundância de 95 espécies entre 333 pessoas com diferentes características sociais e de experiências com a vida selvagem em 20 locais demograficamente distintos na Amazônia Ocidental e Central. Encontramos um alto índice de consenso (>0,6) quanto à abundância populacional da espécie para todas as vilas e para 79,64% dos entrevistados. O consenso entre as pessoas das comunidade foi significativamente maior quanto menor o tamanho da população da comunidade. Considerando todas as 95 espécies, encontramos para 81 espécies (85,26%) um valor de consenso alto em todos os locais amostrados. Espécies com maiores valores de consenso sobre sua abundância são aquelas que de grupos de tamanhos maiores, mais abundantes e mais caçadas. Em algumas regiões da Amazônia, 25% das atividades de caça ocorrem nos barreiros (chamados localmente geralmente de chupador). Estes são locais com maior concentração de minerais naturais, onde os caçadores colocam suas redes para esperar os animais cinegéticos que irão consumir o solo do local. Todas as horas passadas nos barreiros esperando a espécie alvo permite que os caçadores observem também o comportamento de outras espécies visitantes do local e também sobre outros aspectos ecológicos dessas paisagens. Este comportamento de consumo do solo pelos animais ocorre com o objetivo de suplementação mineral, bem como de desintoxicação do seu corpo. No capítulo 4, usamos métodos através de entrevistas semi-estruturadas obtivemos informações sobre 30 espécies de vertebrados visitando 56 barreiros em duas regiões da Amazônia Central. Em termos de tipos de barreiros, encontramos o local chamado tradicionalmente como chupador como o tipo de barreiro mais comum, seguido pelo local tradicionalmente chamado de barreiro e pelo canamã. Apesar do consumo de solo e água nos barreiros serem os principais atrativos das espécies silvestres que visitam esses locais, as espécies identificadas nas entrevistas como usuárias dos barreiros também visitam, predação e outras relações ecológias, para banho e outros comportamentos. Em geral, a época de maior abundância de animais silvestres nos barreiros foi durante a estação de vazante, pois nesse período o nível da água dos igarapés diminui e assim o barreiro fica exposto. Por outro lado, durante o pulso de inundação, a maioria dos barreiros não foi visitada por nenhum indivíduo de nenhuma espécie, com exceção da anta, morcego e paca, pois neste período estes locais costumam estar cobertos pela água dos igarapés. Além dos barreiros naturais, a maior concentração de minerais nos solos amazônicos também tem sido gerada pela indústria de extração de petróleo, por meio da contaminação do solo pelas “águas produzidas”, principal subproduto dessa indústria e que inclui alta concentração de minerais. No entanto, solos poluídos por petróleo também contêm alta concentração de compostos petrogênicos tóxicos. No capítulo 5, através do conhecimento local foram identificados locais contaminados por petróleo na Amazônia peruana onde os animais silvestres consomem o solo. Investigamos e descrevemos a geofagia do solo e da água poluídos por petróleo por 26 espécies de mamíferos e aves através da análise de 8.623 vídeos gravados a partir de armadilhas fotográficas em três barreiros naturais e em dezesseis barreiros poluídos por petróleo localizados em uma concessão de bloco de petróleo peruano. Documentamos um total de 3.818 visitas independentes de 26 espécies, tendo 62,3% dessas visitas provas de ingestão de solo de 18 espécies diferentes. Considerando as visitas com ingestão de solo, Tapirus terrestris foi responsável por 69,58% das visitas, seguida de Mazama americana (13,75%). Não encontramos diferença significativa na frequência de visitas em barreiros naturais quando comparadas com barreiros contaminados com petróleo. Esses resultados fornecem dados relevantes para confirmar que o comportamento geofágico pela fauna não é um fenômeno incomum em barreiros contaminados, mas sim um comportamento generalizado em áreas de extração de petróleo na Amazônia. Este resultado é ainda mais preocupante pois esses compostos podem bioacumular nos tecidos dos animais e alguns podem até biomagnificar através da cadeia alimentar, incluindo no predadores de topo e também nas populações humanas locais.
MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ANDRE PINASSI ANTUNES
Externo à Instituição - FLAVIA SANTORO
Externo à Instituição - JUAREZ PEZZUTI
Externo à Instituição - OLGA LUCIA MONTENEGRO DIAZ
Presidente - 873.522.814-87 - ROMULO ROMEU DA NOBREGA ALVES - UEPB