PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Telefone/Ramal
Não informado

Notícias


Banca de DEFESA: MARCOS FRANCISCO DOS SANTOS

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARCOS FRANCISCO DOS SANTOS
DATA: 19/03/2019
HORA: 09:30
LOCAL: Sala 508
TÍTULO: A Psicologia Social do Complexo de Vira-Lata: Conciliando Distintividade Positiva e Justificação do Sistema
PALAVRAS-CHAVES: Complexo de vira-lata, Identidade social, Racismo, Discriminação, Preconceito.
PÁGINAS: 100
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
SUBÁREA: Psicologia Social
RESUMO: O complexo de vira-lata foi descrito em 1958 pelo jornalista brasileiro Nelson Rodrigues como “a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Na presente dissertacao levantamos o problema de saber se, de fato, os brasileiros se comportam “voluntariamente” como se, de fato, fossem motivados pelo efeito de um “complexo de vira-lata”. Baseados nas teorias da Identidade Social (Tajfel &Turner, 1979), da Justificacao do Sistema (Jost & Banaji, 1994) e na historia da dinamica da formacao da cultura brasileira, propusemos a hipotese de que o “complexo de vira-lata” e um fenomeno mais complexo do que o mero favoritismo exogrupal. Propomos ser o “complexo de vira-lata” uma estrategia de gestao da identidade nacional caracterizada pela negacao da origem cultural africana, marcada na tonalidade escura da cor da pele da populacao brasileira, e pela acentuacao de aspectos que lembram a origem europeista dessa populacao. Testamos esta hipotese em tres estudos usando o paradigma experimental desenvolvido por Oliveira (2013), no qual os participantes indicam a indenizacao a ser atribuida a uma vitima de violencia policial. No Estudo 1 os participantes foram alocados aleatoriamente em uma de seis condicoes de acordo com o desenho fatorial do tipo 2(cor da pele da vitima: negro vs. branco) x 3(origem da vitima: Africa, Brasil e Europa). Os resultados mostram a presenca de um “efeito vira-lata” seletivo: os participantes “voluntariamente” atribuiram menor indenizacao a vitima brasileira do que a europeia, mas demostraram favoritismo endogrupal ao atribuirem maior indenizacao a vitima brasileira do que a africana. Verificamos tambem ser esse efeito motivado, primariamente, por racismo: os participantes valorizaram muito mais a vitima branca do que a negra, sendo essa valorizacao potencializada pela informacao sobre a origem cultural dessa vitima. O Estudo 2 replicou esse efeito mostrando ser, de fato, a cor da pele da vitima um fator central para a emergencia do “efeito vira-lata”. O Estudo 3 foi alem e avancou na analise do mecanismo que medeia o “efeito vira-lata”. Especificamente, mostrou que a percepcao de injustica na detencao e tratamento dado pela policia a vitima atua como mediadora do efeito da cor e da origem cultural da vitima na indenizacao atribuida. A discussao dos resultados sugere existir um “complexo de vira-lata” no comportamento dos participantes e que esse complexo pode representar uma solucao de compromisso entre o desejo de reafirmarem o status quo das relacoes raciais no Brasil e a motivacao deles para distinguirem positivamente a identidade nacional de atributos africanizados.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2204608 - CICERO ROBERTO PEREIRA
Interno - 1742381 - ANA RAQUEL ROSAS TORRES
Externo à Instituição - ALINE VIEIRA DE LIMA