PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: DANIELA HEITZMANN AMARAL VALENTIM DE SOUSA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: DANIELA HEITZMANN AMARAL VALENTIM DE SOUSA
DATA: 22/02/2017
HORA: 13:30
LOCAL: Auditório 1 da Central de Aulas - UFPB
TÍTULO: RELAÇÕES DE GÊNERO E VULNERABILIDADES AO ADOECIMENTO EM CIDADES RURAIS PARAIBANAS
PALAVRAS-CHAVES: saúde, vulnerabilidade, gênero, rural
PÁGINAS: 412
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
SUBÁREA: Psicologia Social
ESPECIALIDADE: Relações Interpessoais
RESUMO: Partindo da premissa de que o cuidado, as praticas em saude e o acesso aos servicos de saude sao influenciados pelas relacoes sociais de genero, sendo vivenciados de maneira diferente por homens e mulheres; tendo como base teorica o Modelo da Vulnerabilidade e Direitos Humanos (Ayres, 2012) e o Conceito Social de Genero (Scott, 1995) este estudo tem como objetivo geral analisar as vulnerabilidades perpassadas pelas relacoes sociais de genero no cuidado, nas praticas de saude e no acesso aos servicos de saude de homens e mulheres residentes em cidades rurais paraibanas. Trata-se de um estudo que teve por abordagem a Analise por Triangulacao de Metodo. A populacao deste estudo foi constituida por moradores (homens e mulheres) de cidades rurais do Estado da Paraiba, consideradas como sendo aquelas com ate de 10.000 habitantes. Uma amostra representativa da populacao foi determinada por um processo de multiplos estagios, considerando as quatro macrorregioes de saude, municipios com menos de 10.000 hab. e populares abordados em seus domicilios, logradouros ou pracas. A amostra quantitativa foi composta por 697 participantes, sendo 334 homens e 363 mulheres residentes em 24 cidades rurais paraibanas. A amostra qualitativa foi constituida por 19 homens e 28 mulheres residentes em 11 cidades rurais paraibanas. Como instrumento de coleta foram utilizados um Questionario sociodemografico, Questionario de Praticas e Acesso em Saude, Observacao e Diario de Campo e Entrevistas semiestruturadas baseada no metodo de cenas (Paiva & Zuchi, 2012). Para apresentacao dos resultados do questionario sociodemografico e questionario de praticas e acesso em saude foram utilizadas estatisticas descritivas, com a utilizacao de medidas de posicao (Media), de variabilidade (Desvio Padrao) e distribuicao de frequencias, alem de medidas de associacao (qui-quadrado e test t). A apresentacao dos conteudos das entrevistas foi realizada com base em Categorias determinadas a partir dos temas suscitados e processados em uma serie de etapas, de acordo com a proposta de Figueiredo (1993). O conteudo do diario de campo contem o registro de informacoes que emergiram do trabalho de campo sendo utilizadas na analise dos dados como complemento e contraponto dos dados recolhidos atraves da mobilizacao dos outros recursos tecnicos selecionados. Apos a analise e a apresentacao dos resultados de cada instrumento utilizado nessa pesquisa, se realizou a Analise por Triangulacao de Metodo, ou seja, se faz uso de tres pontos de referencia para adequar e articular as diferentes unidades, variaveis e indicadores diante da complexidade do contexto investigado, contribuindo para que os resultados obtidos possam ser examinados a partir de varias perspectivas (Minayo, Assis & Souza, 2005). Os resultados parciais, de carater apenas descritivo, apontam para um perfil dos participantes com idade variando de 21 a 89 anos (M=43,9 anos; DP=14,5), 57% casados, heterossexuais (99%) tendo como atividade laboral principal para as mulheres ser dona de casa (32%) e para os homens a agricultura (33%). Embora prevaleca a escolaridade ate o nivel fundamental (60%), tem maior numero de mulheres com ensino superior comparado aos homens (p=0,00). Nao obstante, os homens apresentam maior renda (p=0,00), ainda que na amostra geral, 57% recebem ate dois salarios minimos e as mulheres recebam mais beneficios publicos (32% mulheres/ 15% homens). Em relacao ao estilo de vida, o lazer para as mulheres refere-se a ficar em casa (18%), encontrar as amigas (17%) e frequentar a igreja (13%), enquanto para os homens e encontrar os amigos (24%) e jogar futebol (16%) (p=0,00). A atividade fisica regular foi relatada por 48% das mulheres e 44% dos homens (p=0,01). O tabaco e usado por 19% da amostra, sendo maior para os homens (58% - p=0,01) enquanto 43% sao usuarios de alcool, dos quais 63% sao homens (p=0,01). Os homens (15%) mais do que as mulheres (10%) declararam ter sofrido violencia, na maioria fisica (p=0,05), sendo o agressor desconhecido para os homens (71%) e o conjuge/parceiro para as mulheres (90%). A saude foi vista como prioridade (35%) e associada ao bem-estar (24%) e a melhoria depende de comportamentos individuais (28%) e melhor estrutura dos servicos (22%). As mulheres procuram atendimento em menos tempo (ultimos 6 meses; p=0,00), sendo a demora/mau atendimento (31%), dificuldade de agendamento (16%) e a distancia (16%) os maiores dificultantes. Em relacao aos exames preventivos, apenas 22% dos homens afirmaram ter feito exame de prostata, enquanto 66% das mulheres afirmaram consultas regulares ao ginecologista e ter realizado exame de Papanicolau (85%), USG (53%) e mamografia (29%). O constrangimento em exames intimos com profissional do sexo oposto foi relatado por 43% das mulheres contra 20% dos homens (p=0,00). A categorizacao tematica permitiu a obtencao de tres classes tematicas que foram organizadas conforme o modelo teorico das vulnerabilidades e dos objetivos contemplados nesse estudo: a primeira se refere a “Vulnerabilidade Individual”, que aborda as condicoes concretas, a vida em cena desses homens e dessas mulheres e a forma como experenciam e enfrentam sua realidade no contexto rural, que envolveu duas categorias de analise, a saber: a) “Cenarios do Cotidiano Rural” em que se obteve as subcategorias Ausencia de Trabalho, Ausencia de Recursos, Ausencia de Rede de Apoio, Violencia e Sofrimento Psiquico; e b) “Enfrentamento” em que emergiu as subcategorias Alcool e Rede Privada para os homens e Cuidado com os Filhos e Religiosidade para as mulheres. Na segunda classe tematica, “Vulnerabilidade Social” que contempla as experiencias sociais para os homens e para as mulheres baseadas na percepcao que possuem da diferenca dos sexos, se obteve duas categorias, intituladas: a) “Papeis de Genero” em que emergiram as subcategorias Homem Provedor, Mulher Cuidadora e Necessidades em Saude; e b) “Relacoes com os Servicos de Saude” em que emergiram as subcategorias Busca, Percepcao do Atendimento, Constrangimento e Prevencao. A terceira classe tematica “Vulnerabilidade Programatica” que indica a experiencia dos participantes quando utilizam os postos de saude nas cidades rural pesquisadas, teve as categorias nomeadas, a) “Servico de Saude” obtendo como subcategorias Atendimento e Acesso; e b) “Assistencialismo Partidario”. A leitura do diario de campo aponta para situacoes de desigualdades no cuidado da saude, principalmente pelas disparidades sociais a que estao submetidas. Os principios do SUS sao descumpridos e sobressai a politica partidaria como opressora, a falta de estrutura fisica e investimentos e um cotidiano marcado pela violencia e medo. De maneira geral, os resultados permitiram concluir que, no contexto rural, as concepcoes de genero promovem formas diferenciadas no cuidado, nas praticas de saude e no acesso aos servicos de saude, acentuando a vulnerabilidade de homens e de mulheres ao adoecimento e ao agravo de doencas e, de maneira intrinseca, na menor possibilidade de recursos e de condutas para a sua protecao. Verificou-se que as desigualdades de generos interagem com as desigualdades sociais, entre elas a pobreza; a carencia de infraestrutura, de servicos basicos, de educacao, de acesso a informacao; identificados nessas localidades que compoem as vulnerabilidades ao adoecimento e na menor disponibilidade de recursos para se protegerem.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1497729 - ANA ALAYDE WERBA SALDANHA PICHELLI
Interno - 1024895 - MARIA DE FATIMA PEREIRA ALBERTO
Externo ao Programa - 1723590 - ADRIANA DE ANDRADE GAIAO E BARBOSA
Externo à Instituição - ANGELA ELIZABETH LAPA COELHO
Externo à Instituição - FRANCISCA MARINA DE SOUZA FREIRE FURTADO