PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL (PPGPS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: IRIA RAQUEL BORGES WIESE

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: IRIA RAQUEL BORGES WIESE
DATA: 01/08/2017
HORA: 10:00
LOCAL: UFPB - Auditorio 1 CA
TÍTULO: ATITUDES E VULNERABILIDADES FRENTE AO ABORTO PROVOCADO EM CONTEXTOS DE LEGALIDADE E ILEGALIDADE
PALAVRAS-CHAVES: Aborto provocado, Atitudes, Vulnerabilidades, Legalidade, Ilegalidade.
PÁGINAS: 334
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
SUBÁREA: Psicologia Social
ESPECIALIDADE: Relações Interpessoais
RESUMO: Este estudo teve como objetivo investigar os valores, crencas de genero, atitudes e vulnerabilidades associados ao aborto provocado em contextos de ilegalidade (Brasil – Paraiba) e legalidade (Uruguai – Montevideu). Partiu-se dos seguintes questionamentos: Podem os valores e as crencas de genero predizerem as atitudes favoraveis e contrarias ao direito aborto provocado? Quais as vulnerabilidades estao implicadas nessa pratica, tanto no contexto de ilegalidade quanto no de legalidade, e como elas influenciam nas vivencias e significados das mulheres? A tese a ser defendida, a qual foi analisada a partir de um modelo teorico, e a de que as atitudes frente ao direito ao aborto provocado podem ser explicadas pelos valores psicossociais e crencas de genero de uma sociedade. Tais atitudes, contrarias ou favoraveis, demarcam contextos de ilegalidade e legalidade, respectivamente, os quais reduzem, reproduzem ou aumentam as situacoes de vulnerabilidades experimentadas pelas mulheres que praticam aborto, podendo influenciar na sua vivencia e sentidos. A fim de responder a tese e o objetivo geral apresentados, foram realizados tres estudos. O estudo 1 consistiu na traducao, adaptacao e validacao dos instrumentos de medida (Gender Attitude Inventory – GAI e Questionarios de Valores Psicossociais – QVP-24) utilizados no estudo 2. Este, por sua vez, tambem de natureza quantitativa, teve como finalidade analisar um modelo preditivo das atitudes de estudantes universitarios, em ambos os contextos, frente ao direito ao aborto provocado, tendo como variaveis explicativas os valores psicossociais e as crencas de genero. Por fim, o estudo 3 (de natureza qualitativa) objetivou, de forma independente, identificar e analisar os elementos que reduzem, reproduzem ou aumentam determinadas vulnerabilidades implicadas no aborto provocado a partir do discurso das mulheres que o praticaram. Ao mesmo tempo, pretendeu-se investigar como tais contextos (de legalidade e ilegalidade) refletem na experiencia e sentidos produzidos pelas mulheres que provocaram aborto. Ao buscar identificar os valores, crencas de genero, atitudes e vulnerabilidades associados ao aborto provocado, pretende-se levantar elementos que poderao dar subsidios para a promocao da saude, buscando um olhar para outras dimensoes na assistencia. Participaram do estudo 1 e do estudo 2 398 estudantes universitarios brasileiros, acessados em universidades publicas e privadas do estado da Paraiba, sendo 50,8% do sexo masculino e 49,2% do sexo feminino, 39,4% estudantes da area de exatas, 33,2% de humanas e 27,4% de saude, com media de idade de 24,7 anos (DP = 6,8), bem como 384 estudantes uruguaios, sendo 46,1% do sexo masculino e 53,9% do sexo feminino, 44% da area de humanas, 41,9% de exatas e 14,1% de saude, com media de idade de 22,71 anos (DP = 4,6). Os questionarios foram adaptados e validados analisando-se as suas evidencias psicometricas. Para tanto, foi empregada a Analise Fatorial Exploratoria, utilizando-se o metodo de Analise dos Componentes Principais (ACP) com a finalidade de localizar dimensoes subjacentes ao conjunto de dados coletados, isto e, os fatores. Apos a validacao desses instrumentos de medida, procedeu-se o estudo 2. Na analise do modelo preditivo das atitudes frente ao direito ao aborto provocado observaram-se diferencas entre os dois contextos legislativos pesquisados. No contexto de ilegalidade (Brasil – Paraiba), as variaveis que explicaram as atitudes frente ao direito ao aborto provocado foram: o sistema religioso (23%), as crencas modernas no que diz respeito a iniciativa sexual tanto por homens como mulheres (8%), o sistema de valor hedonista (3%) e as crencas modernas (construtivistas) em relacao as diferencas nos papeis familiares e sexuais (1%). Diferentemente do Uruguai, o sistema de valor religioso foi a variavel que melhor explicou as atitudes em questao, num sentido negativo, ou seja, quanto mais religioso, menor as atitudes favoraveis ao direito ao aborto provocado. No contexto de legalidade (Uruguai – Montevideu), quatro variaveis explicaram as atitudes em relacao ao direito ao aborto provocado: liberdade sexual feminina (18%), religiosidade (7%), diferenca nos papeis profissionais (4%) e diferenca nos papeis familiares e sexuais (2%). Observou-se que as crencas de genero foram a variavel que melhor explicou a variancia das atitudes frente ao direito ao aborto provocado, mais especificamente o fator liberdade sexual feminina. Por fim, participaram do estudo 3 17 mulheres uruguaias e 13 mulheres brasileiras que provocaram aborto, as quais responderam a uma entrevista semiestruturada, utilizando uma metodologia baseada no metodo de cenas, o qual considera a subjetividade das pessoas e seu contexto sociocultural. Os dados foram analisados com base na categorizacao tematica. Emergiram, para ambos os contextos, quatro categorias, as quais se referem as cenas de interesse deste estudo, a saber: o momento da relacao sexual que gerou a gestacao nao planejada e indesejada, representada pela categoria nomeada de “Relacao afetivo-sexual e direitos sexuais e reprodutivos”, passando pela “Descoberta da gravidez e trajetoria”, pela “Decisao pelo aborto e trajetoria” e, por fim, a “Vivencia pos-aborto”. Observou-se, de forma geral que a subjetividade social, historicamente configurada em cenarios sociais e, ao mesmo tempo, individuais, ressoaram sobre as vulnerabilidades, a experiencia e sentidos das mulheres que provocaram aborto no contexto de legalidade e ilegalidade.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1497729 - ANA ALAYDE WERBA SALDANHA PICHELLI
Interno - 1520147 - JULIO RIQUE NETO
Externo ao Programa - 336868 - EDUARDO SERGIO SOARES SOUSA
Externo à Instituição - DEGMAR FRANCISCO DOS ANJOS
Externo à Instituição - JOSEVANIA DA SILVA