PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (PPGL)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Banca de DEFESA: GUILHERME EWERTON ALVES DE ASSIS

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: GUILHERME EWERTON ALVES DE ASSIS
DATA: 16/07/2025
HORA: 08:00
LOCAL: videoconferência
TÍTULO: QUANDO AS INDUMENTÁRIAS DA VIDA ENCONTRAM REFÚGIO NA MORTALHA GERACIONAL: FANTASMAGORIAS DA FAMÍLIA (COM)PACTUAM COM SEUS HERDEIROS N’A CAMISA DO MARIDO, DE NÉLIDA PIÑON
PALAVRAS-CHAVES: Transgeracionalidade; Transmissão psíquica; Heranças inconscientes.
PÁGINAS: 363
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Letras
RESUMO: Partindo dos fundamentos da psicanálise freudiana e das reverberações teóricas de seus (des)dobramentos contemporâneos — em especial dos contributos de Lacan, Mannoni, Abraham, Törok, Kaës e Eiguer — este trabalho debruça-se sobre os intricados processos da transmissão psíquica transgeracional, entendendo-os como engrenagens fulcrais na tessitura dos pactos inconscientes, dos contratos narcísicos e dos testamentos psíquicos que enredam os sujeitos no seio da constelação familiar. Nessa arquitetura simbólica, os descendentes-herdeiros são inexoravelmente atravessados por legados imemoriais, urdidos em discursos, silêncios, interditos e criptas, cujos fantasmas, vivos mortos, assombram as linhagens com seus murmúrios dissonantes e suas demandas impagáveis. A linguagem, erigida como substância inaugural, antecede a própria emergência do sujeito, impondo-lhe uma filiação fantasmática e uma posição desejante pré-configurada, na qual o corpo e os sintomas tornam-se veículos de inscrição dos fracassos, das faltas e dos delírios parentais. Sob esse escopo teórico, a presente dissertação tem por escopo analisar de que modo o lugar do pai — enquanto função estruturante, ainda que destituído de corporeidade — sobrevive, sustentado por dispositivos simbólicos, afetivos e imaginários, orquestrados pelos demais membros da grei. A investigação se ancora na dissecação do conto A camisa do marido, presente em coletânea homônima (2014), de Nélida Piñon, cujos signos ficcionais operam como engenhos de revelação das engrenagens ocultas que regem os pactos de filiação, amor, ódio e transmissão. Na diegese em questão, após a morte do patriarca, a família se (des)estrutura em torno da camisa do defunto — objeto que, simultaneamente, ostenta os atributos de relicário, totem, falo investido, fetiche, bem como de objeto transicional —, instaurando um dispositivo psíquico que nomeia, fixa e perpetua a função paterna, ao mesmo tempo em que catalisa disputas pulsionais entre os remanescentes. Almeja-se, portanto, compreender como esse artefato simbólico — “a camisa do pai” — opera, no interior da trama, como signo condensador de funções paradoxais: nomeia um lugar no seio da cadeia significante; indumenta o falo, na acepção lacaniana do termo; sustenta-se como objeto transicional, tensionando presença e ausência; e, ademais, converte-se em fetiche — objeto simultaneamente de desejo, de interdição, de gozo e de ódio. Assim, ao violar literariamente as sepulturas afetivas, a narrativa pinoniana oferece a possibilidade de escavar, com rigor arqueológico, os subterrâneos da alma familiar, perscrutando os efeitos psíquicos dos mitos, das criptas e dos espectros que se perpetuam, insidiosamente, de geração em geração. Com efeito, este trabalho realiza um inventário dos escombros e das heranças emocionais que, ao mesmo tempo que alicerçam, corroem as estruturas do parentesco, tecendo uma etnomitologia da subjetividade em suas formas mais lancinantes, amorosas e mortíferas.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 3567041 - HERMANO DE FRANCA RODRIGUES
Externo à Instituição - JOÃO PEDRO RODRIGUES SANTOS
Externo ao Programa - 1736096 - RONALDO ALENCAR DOS SANTOS