"Atividade imunomoduladora da oubaína na Leishmaniose experimental em modelo murino"
Ouabaína, Leishmania amazonensis, Na+/K+ ATPase, infecção in vivo.
A ouabaína é um potente esteroide cardiotônico identificado como uma substância endógena do plasma humano, sendo produzida pelo hipotálamo, hipófise e glândula adrenal e inibidora da Na+/K+ ATPase. Atualmente, sabe-se que essa substância é capaz de interferir em vários aspectos da resposta imunológica, inclusive em processos inflamatórios. Pouco se conhece sobre o efeito da ouabaína na resposta imune causada pela Leishmania. O objetivo deste trabalho foi compreender a atividade imunomoduladora da ouabaína na Leishmaniose experimental em camundongos suíços. A ouabaína foi capaz de reduzir o tamanho da lesão no edema de pata produzido pela Leishmania amazonensis na segunda e terceira semana após infecção. assim como induzir o aumento da carga parasitária (32%) no linfonodo poplíteo. Sugerimos um possível efeito imunomodulador da ouabaína em modelos de infecção in vivo. A ouabaína também interferiu na redução da migração de células da cavidade peritoneal (46% e 57%) nos tempos de 24 e 48 horas, assim como na porcentagem de macrófagos infectados (68%) e secreção da citocina INF-γ(95%). Estes efeitos estão vinculados à capacidade da ouabaína em interferir nos momentos iniciais da inflamação. Adicionalmente, foi verificado que a ouabaína não possui ação citotóxica para os macrófagos em estudo, mas foi capaz de aumentar os níveis de Ca2+ intracelular, que pode estar associados aos efeitos observados. Sendo assim, foi demonstrado que a ouabaína interferiu negativamente nos eventos iniciais da resposta imune desencadeada pela Leishmania amazonensis. Esses dados corroboram o efeito anti-inflamatório da ouabaína descrito na literatura. No entanto, são necessários estudos adicionais para compreender os mecanismos envolvidos, uma vez que não há na literatura informações sobre modelos de infecção in vivo com Leishmania na presença da ouabaína.