Cristais da lectina de sementes de Canavalia maritima (ConM) nativa foram obtidos pelo método da difusão de vapor em gota suspensa com solução do reservatório contendo tampão Hepes 0,1M pH 8.43 com 4% v/v de polietilenoglicol 400 e 2M de sulfato de amônio. Através de “soaking” dos cristais com açucares-fosfato foram produzidos cristais da lectina complexados ao açucar frutose 6-fosfato. Os cristais banhados com frutose 6-fosfato obtidos difrataram a uma resolução máxima de 1,84 Å, pertencendo ao grupo primitivo ortorrômbico, P212121 com parâmetros de célula de a=59,15, b=80,82 e c= 99,65 Å e apresentando um monômero na unidade assimétrica (VM = 2,39 A3 Da-1). A estrutura tridimensional da lectina complexada a frutose 6-fosfato foi resolvida por técnicas de substituição molecular. ConM complexada a frutose 6-fosfato exibiu um alto grau de conservação do enovelamento terciário típico das lectinas de leguminosas. Analisando as densidades eletrônicas verificou-se que a molécula frutose-6-fosfato ligou-se a proteína no sítio de ligação a carboidratos, realizando pontes de hidrogênio com os resíduos de Tyr12, Asn14, Leu99, Tyr100, Asp208 e Arg228. Diferentemente do relatado em trabalhos anteriores, onde existiam quatro moléculas de água, interagindo com os íons Ca2+ e Mn2+ do sítio de ligação a carboidratos, nossos resultados evidenciaram que a interação com a frutose 6-fosfato teve consequência no número de pontes de hidrogênio formadas e no deslocamento de uma das duas moléculas de água de coordenação da ligação da lectina ao íon Mn2+.