O mecanismo de resistência aos antimicrobianos é um fenômeno genético relacionado à existência de genes contidos no microrganismo que codificam diferentes proteínas, responsáveis por mecanismos bioquímicos que impedem a ação das drogas. A crescente incidência de bactérias resistentes tem minado o valor terapêutico dos antibacterianos existentes, criando a necessidade, cada vez maior, da busca por alternativas capazes de reverter ou diminuir a resistência, como a procura por inibidores de mecanismos de resistência. Bombas de efluxo, que são proteínas transmembrana envolvidas no transporte de substratos tóxicos, tem sido responsabilizada por diversos casos de resistência bacteriana a antibióticos, sendo associada à resistência a múltiplas drogas. “Modificadores da resistência à drogas”, “Modificadores da atividade antibiótica” e “Adjuvantes de antibióticos” são termos utilizados para drogas que modulam a resistência bacteriana a certos antibióticos, os quais podem agir inibindo o sistema de efluxo. No presente trabalho, foram avaliados: extratos de Dictyota pulchella e Sargassum polyceratium, bem como os respectivos compostos isolados diterpeno e feofitina como possíveis inibidores da bomba de efluxo; extratos de: Gracilaria cervicornis, Sargassum polyceratiu,; Caulerpa mexicana, Caulerpa kempfii, Chondrophycus papillosus, Dictyota pulchella e Sargassum polyceratium com atividade antibacteriana mediada por Luz UV-A. As linhagens bacterianas utilizadas expressam o gene norA, msrA ou tetK codificadores das proteínas de efluxo para alguns compostos, como: norfloxacina (NorA), eritromicina (MsrA) e tetraciclina (TetK), respectivamente. Foram determinadas por meio da técnica de microdiluição em caldo nutriente os valores das concentrações inibitória mínima (CIM) dos antibióticos, extratos e constituintes de algas, e para avaliar a atividade moduladora, as CIM dos antibióticos foram determinadas na ausência e na presença de concentrações subinibitórias dos produtos naturais. Nenhum dos extratos ou constituintes ensaiados mostrou atividade antibacteriana relevante (CIM ≥ 256μg/mL), no entanto, dois dos extratos, Dictyota e Sargassum e seus respectivos constituintes diterpeno e feofitina, apresentaram atividade moduladora nas linhagens ensaiadas. Eles reduziram os valores entre 2 e 16 vezes. Os extratos de Dictyota e Sargassum também apresentaram atividade antibacteriana mediana por luz. Os resultados aqui apresentados relatam pela primeira vez a esses extratos e constituintes testados agindo como um putativo inibidor do sistema de efluxo em bactérias, e também com atividade fototóxica. Logo, produtos naturais da flora algológica podem servir como fonte de produtos que modulam a resistência bacteriana, ou seja, como potenciais adjuvantes de antibióticos.