VOZ E REPRESENTAÇÃO DO REAL:
MONTAGEM E CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA NO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO.
Montagem, documentário, edição, narrativa, audiovisual.
Neste estudo buscamos compreender a produção dos documentários brasileiros dos dias atuais a partir de um dos seus processos técnicos: a montagem. Queremos neste trabalho estudar a relação existente entre esta etapa da produção e a construção da narrativa, uma vez que é na montagem que o material bruto ganha forma, seja ele composto por imagens gravadas para o filme ou por imagens de arquivo, dando origem à obra audiovisual finalizada. Embasados pelas principais teorias da montagem e do cinema documentário, analisamos como se dá a construção da voz própria em cada um dos filmes que compõem o corpus desta dissertação. No primeiro caso, observamos a relação entre a montagem e a construção da voz própria do filme com base na palavra dita sob a forma de entrevistas e narração em voz over, a partir do exemplo de O fim e o princípio (2005), de Eduardo Coutinho. Aproveitamos o dispositivo adotado neste filme para aplicarmos os conceitos de montagem de evidência e modos de representação de Nichols (2009). No segundo caso nos atemos ao uso expressivo dos recursos de montagem na construção de uma narrativa de teor mais poético, desta vez analisando o filme Nós que aqui estamos por vós esperamos (1998), de Marcelo Masagão, onde observamos o papel da montagem no processo de “ressignificação” das imagens de arquivo que compõem todo o filme (BERNARDET, 1999). Assim, partindo de duas formas distintas de montagem, buscamos compreender da maneira mais abrangente possível a montagem enquanto lugar de construção da narrativa, em uma tentativa de unir a técnica à teoria do audiovisual no intuito de dar nossa contribuição para os estudos aplicados ao documentário contemporâneo.