MÍDIA, COTIDIANO E PERSONAGENS:
Uma análise da construção de perfis jornalísticos na revista Veja
Mídia; Cotidiano; Perfil jornalístico; Discurso; Personagem
No presente estudo buscamos compreender como o perfil, formato de escrita voltado à centralização da personagem na narrativa jornalística, pode, a partir do retrato singular de um sujeito, representar o cotidiano no qual o mesmo está inserido. Para tanto, utilizamos os conceitos da sociologia do cotidiano ancorados nos teóricos Georg Simmel em seus ensaios sobre a sociabilidade, o dinheiro e a moda, o cientista social Erving Goffman, membro da Escola de Chicago com obras sobre a construção das personas e da representação dos papéis na vida cotidiana, analisando esse fenômeno por meio da interação e dramaturgia, e o sociólogo francês Michel Maffesoli, herdeiro teórico dos pesquisadores supracitados e que nos orienta no sentido de compreendermos temas como aparência, presenteísmo e espetáculo do privado na vida pública. Como material para análise escolhemos a revista Veja, que, ao longo dos anos, tem-se mostrado a publicação com o maior número de exemplares vendidos no Brasil. Os perfis, então, foram selecionados levando em consideração a segmentação da própria revista, visto que além de determinarmos que deveriam ser a matéria de capa, caberia estarem disponibilizados no espaço do site de Veja denominado “Gente e Memória”. Nele, deparamo-nos com 20 revistas na categoria denominada “personalidades brasileiras”, além de outros exemplares em “personalidades estrangeiras” e mesmo obituários denominados “memória”, no qual as últimas duas categorias não nos interessa. Dos 20 exemplares temos apenas 12 podendo ser considerados efetivamente perfis jornalísticos. Para analisar a amostra utilizamos a análise do discurso midiática com foco nos autores franceses Patrick Chareadeau, Dominique Maingueneau e Michel Foucault. Os 12 exemplares foram divididos seguindo temáticas, são elas: corpo, aparência e beleza; dinheiro, poder e sucesso; saúde, doença, morte e esquecimento. Com essa divisão percebemos de maneira clara o quanto o conteúdo do material interfere nas várias maneiras e possibilidades de narrar o perfil.