A presente dissertação tem por objetivo compreender o cotidiano do homem caranguejo na cidade ficcional Manguetown, a qual funciona como mídia criada para dialogar com a “cidade real”, Recife, a partir das estratégias de comunicação desenvolvidas na estética do movimento Manguebeat. Para tanto, se fez necessária uma leitura sobre a cidade dentro de parâmetros históricos, sociais, culturais, simbólicos e, sobretudo, dentro da perspectiva da comunicação urbana com as nuanças que nos permitem enxergar a dimensão midiática de uma cidade. O percurso metodológico trilhado por nós segue orientação da corrente formista, desenvolvida por Michel Maffesoli. A partir do formismo pudemos apreender um método para analisar o cotidiano, o qual permite alcançar as minúcias da vida banal urbana enquanto uma experiência produtora de intencionalidade estética. No primeiro momento, nossa pesquisa se debruça sobre a origem das cidades e as transformações ocorridas no ambiente e na sociedade após o advento da Modernidade. No segundo capítulo observamos como as demandas comunicacionais desenvolvidas com auxílio do aparato tecnológico modificaram a lógica das trocas simbólicas, assim como interferiam na relação entre os homens e o espaço urbano. Contudo, pensaremos a comunicação que se estabelece por fora dos sistemas normatizadores de comunicação e transformam a cidade numa complexa trama midiática. Por fim, no terceiro capítulo traçamos um levantamento bibliográfico acerca do movimento Manguebeat, assim como verificamos, através da análise discursiva das canções e dos elementos que compõem o encarte do cd Da lama ao caos, que o movimento Manguebeat foi o tradutor do cotidiano de uma geração utilizando-se da cidade enquanto a mídia na qual circulam os seus conteúdos.