Novos gêneros com funções pós-massivas fazem-se presentes no status quo midiático a partir da cultura digital, incitando transmediações. Entre elas, destacamos a série nacional Alice, produzida pela HBO Latina Americana, como uma narrativa que se iniciou na televisão engendrada com internet, mas que, posteriormente, ao ser desvinculada da TV, continuou a contar sua história através de redes sociais (Twitter, Facebook, Tumblr, Orkut, MSN, FourSquare) onde construiu sua identidade de forma ubíqua e horizontal perante seu público por dois anos, trazendo novas características ao gênero narrativo transmidiático. Enquanto série, Alice radicaliza as lógicas de transmidiação e parece instituir novos regimes de espectatorialidade quando a personagem atravessa a televisão indo para as ruas de São Paulo onde, em aparições públicas divulgadas nas redes, continua a narrar sua história pessoalmente. Diante deste quadro, propomos como objeto de estudo deste trabalho uma análise de como o processamento das transmidiações narrativas nas mídias digitais propiciam uma reconfiguração do seu próprio gênero através da série Alice para que possamos nos debruçar diante do conceito de Henry Jenkins (2003, 2008, 2009, 2011) e definir um instituto literário e midiático que melhor dialogue com um fenômeno que se reconfigura a cada novo evento, reinterpretando os meios.