Desde Santo Forte (1999), os filmes de Eduardo Coutinho apresentam um ponto em comum: a ideia de promover, através do encontro entre diretor e personagem, um acontecimento fílmico. Evento este que se exprime nos corpos e nas imagens a partir dos dispositivos e aparatos cinematográficos utilizados e, sobretudo, da escuta sensível do cineasta, que prefere impor um diálogo espontâneo, direto e íntimo. O que importa neste estilo é uma verdade performatizada, uma verdade efêmera que se faz no encontro entre cineasta e personagem, fabulada a partir das intervenções de Eduardo Coutinho sobre a fala dos personagens. Percebe-se, portanto, de que forma os entrevistados apresentam os universos poéticos e a fábula presente em expressões e gestos, num discurso do corpo encenado. Deste modo, o objetivo deste trabalho é analisar como a escuta sensível do diretor aciona a performance em Jogo de Cena (2007) e como as entrevistadas participam do processo de construção criativo proposto pelo documentarista em questão.