PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA (CCEN - PPGG)

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA (CCEN)

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Banca de DEFESA: RAPHAELA BESERRA RAMALHO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: RAPHAELA BESERRA RAMALHO
DATA: 30/06/2025
HORA: 14:00
LOCAL: Sala Google Meet
TÍTULO: O modelo urbano bancário ultraneoliberal sob discurso da cidade inteligente: reconfiguração da forma estatal a partir do programa João Pessoa Sustentável
PALAVRAS-CHAVES: Cidade Inteligente; Modelo Urbano Bancário; Estado; Financeirização do Espaço Urbano.
PÁGINAS: 200
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Geografia
SUBÁREA: Geografia Humana
ESPECIALIDADE: Geografia Urbana
RESUMO: O tema central desta tese situa-se em torno da chamada Cidade Inteligente ou Smart City — do inglês, muito embora o nosso objeto não seja a cidade inteligente, mas possua relação com o conteúdo concreto que a constitui enquanto uma matriz discursiva contemporânea, o que denominamos modelo urbano bancário ultra neoliberal. Corresponde a uma intervenção urbanística que se distancia das condições tradicionais de planejamento urbano, configurando-se como expressão de uma racionalidade tecnocrática e padronizada, voltada à reestruturação seletiva do espaço. Trata-se ainda de um modelo conduzido por instituições financeiras que não somente financiam, mas também prescrevem diretrizes, atuam como agentes técnico-políticos e impõem condicionalidades que subordinam a administração pública urbana aos imperativos da austeridade fiscal. A noção de cidade inteligente consolidou-se como matriz discursiva central da política urbana contemporânea, forjada por uma rede epistêmica orientada por organismos multilaterais, articulando os imperativos do “desenvolvimento sustentável e da eficiência técnica”. Sob esse léxico pretensamente neutro, ocultam-se disputas em torno do espaço urbano, da condução das políticas, do fundo público e da reconfiguração das funções estatais. A cidade, nesse contexto, aprofunda sua condição de locus funcional à lógica da reprodução ampliada do capital e essa condição a inscreve em um regime de competitividade sistêmica, no qual seu desempenho econômico e tecnológico define sua posição nas hierarquias globais. A intensificação da competição subordina o espaço urbano à lógica da atração de investimentos, convertendo-o em ativo especulativo sobre dinâmicas crescentes de financeirização e privatização. Simultaneamente, a emergência do colonialismo de dados no capitalismo de plataforma introduz novas camadas de extração de valor, baseadas na captura de dados urbanos e na integração de infraestruturas digitais. Em tais condições, a cidade inteligente torna-se dispositivo de reorganização territorial seletiva, subordinado à lógica do capital informacional e às racionalidades bancárias e empresariais transnacionais. Esta tese busca desnaturalizar os sentidos hegemônicos atribuídos à cidade inteligente, compreendendo-a como dispositivo discursivo que subordina o planejamento urbano às lógicas da financeirização, esvaziando-o de sua dimensão política e reconfigurando-o como modelo funcional ao capital. Em contraposição ao argumento da incapacidade do Estado de prover o desenvolvimento urbano, o situamos como protagonista e mediador central dessa tão clamada “cidade inteligente”. Propõe-se, então, uma crítica ao seu papel, a partir da análise de sua forma atual, a qual opera para legitimar esse modelo e garantir sua efetividade nos planos discursivo, normativo e territorial. Defendemos a tese de que o conteúdo da cidade inteligente expressa um modelo urbano bancário ultra neoliberal, operado sob o discurso tecnocrático desenvolvimentista, que recrudesce o conservadorismo e patriarcalismo do Estado. A pesquisa adota uma abordagem crítica, de natureza quali-quantitativa, fundamentada no materialismo histórico-dialético. Utiliza revisão bibliográfica, análise documental, leitura técnica de planos e normativas, além da incorporação de falas públicas de moradores afetados pelas intervenções urbanísticas. O estudo de caso concentra-se em João Pessoa, com foco na implementação do Programa João Pessoa Sustentável, vinculado à Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1971043 - RAFAEL FALEIROS DE PADUA
Interno - 117.512.828-72 - ARLETE MOYSES RODRIGUES - UNICAMP
Interno - 337195 - DORALICE SATYRO MAIA
Externo à Instituição - ANA CRISTINA DE ALMEIDA FERNANDES
Externo à Instituição - DANILO VOLOCHKO