PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA (PROLING)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

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Notícias


Banca de DEFESA: GENIVAN SILVA PEREIRA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: GENIVAN SILVA PEREIRA
DATA: 24/07/2025
HORA: 15:00
LOCAL: Plataforma Google Meet - https://meet.google.com/cje-jwws-oib
TÍTULO: Gongando a norma, aqüendando as pajubeyras: ideologias linguísticas e resistência no pajubá
PALAVRAS-CHAVES: Glotopolítica. Ideologias Linguísticas. Pajubá. Comunidade LGBTQIAPN+. Instrumento Linguístico.
PÁGINAS: 114
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO: Esta dissertação analisa, a partir da perspectiva glotopolítica, as Ideologias Linguísticas (ILs) relacionadas ao Pajubá — repertório linguístico originado do contato entre línguas africanas, o Português Brasileiro (PB) e as práticas linguísticas da população LGBTQIAPN+, especialmente travestis e pessoas transexuais — é representado em instrumentos lexicográficos como dicionários. O estudo investiga de que maneira essas representações contribuem para afirmar ou marginalizar o Pajubá enquanto prática linguística e política atravessada por relações de poder e disputas simbólicas, tendo como problema de pesquisa a forma como tais registros reforçam, tensionam ou subvertem ideologias relacionadas à norma culta, à legitimidade e ao pertencimento linguístico no Brasil. A metodologia adotada nesta pesquisa é qualitativa, com caráter exploratório, descritivo e interpretativo, conforme Denzin e Lincoln (2006), fundamentada nos aportes teóricos de Kroskrity (2004), que propõe cinco dimensões das ideologias linguísticas, e de Lagares (2018), que apresenta três condições fundamentais para sua constituição, além dos estudos de Araújo (2019), Barroso (2017) Del Valle (2007; 2013; 2014), Lima (2017) Melo (2016), Moita Lopes(2013). O corpus da pesquisa é composto por dicionários escritos em Pajubá, tais como Diálogo das Bonecas (1995), Bichonário – um dicionário gay (1996) e Aurélia – a dicionária da língua afiada (2006), cuja materialidade se concretiza como objeto sócio-histórico e técnico-cultural, refletindo práticas linguísticas de resistência e afirmação identitária. A análise evidencia que os dicionários Diálogo das Bonecas (1995), Bichonário (1996) e Aurélia (2006) materializam um sistema ideológico linguístico conforme proposto por Lagares (2018). Essas obras contextualizam o Pajubá a partir das vivências da comunidade LGBTQIAPN+, naturalizam seus termos como parte de um léxico legítimo e circulam em espaços culturais e acadêmicos, o que evidencia um processo de institucionalização dessa variedade linguística. Pelas dimensões de Kroskrity (2004), o Pajubá é compreendido como um marcador identitário e ferramenta de resistência, enquanto os dicionários revelam a mediação de poderes e o tensionamento entre marginalização e reconhecimento. Assim, conclui-se que, ao ser dicionarizado, o Pajubá atravessa disputas ideológicas e de poder, afirmando-se como prática discursiva de resistência e identidade de sujeitos marginalizados. Essa dicionarização não apenas descreve o léxico, mas também produz e reproduz sentidos sobre quem tem o direito de falar, o que pode ser dito e quais repertórios podem ocupar espaços de visibilidade social e política.
MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1657457 - ANDREA SILVA PONTE
Interno - 3212008 - CAROLINA COELHO ARAGON
Presidente - 1957145 - ÁNGELA MARÍA ERAZO MUNOZ