PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA (PROLING)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
- Telefone/Ramal
-
32167745
Notícias
Banca de DEFESA: MARIANA MARIS RAMOS LIMA
Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARIANA MARIS RAMOS LIMA
DATA: 31/10/2025
HORA: 14:00
LOCAL: Plataforma Google Meet - https://meet.google.com/ziq-xmpn-uua
TÍTULO: Historiografia do processo de normatização da vírgula na gramaticografia portuguesa do século 16
PALAVRAS-CHAVES: história da vírgula; sistema de pontuação; gramaticografia portuguesa; historiografia da linguística; século 16.
PÁGINAS: 347
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO: Esta tese tem o objetivo geral de descrever e interpretar o processo de normatização da vírgula na gramaticografia portuguesa do século 16. Focalizando o contexto lusófono, a pesquisa, como ponto de partida, questiona a representação da história da pontuação ocidental como lenta conquista da sintaxe sobre a prosódia, nos termos de Houaiss (1983). Três fontes primárias compõem o corpus do estudo: Grammatica da lingua Portuguesa (1540), de João de Barros (1496-1570); Regras qve ensinam a maneira de escrever e Orthographia da lingua Portuguesa, com hum Dialogo que adiante se segue em defensam da mesma lingua (1574), de Pero de Magalhães de Gandavo (fl. 1574-1576); e Orthographia da lingoa portvgvesa (1576), de Duarte Nunes de Leão (c. 1530-1608). Para fundamentar a construção de um quadro interpretativo ajustado aos propósitos do trabalho, foram delimitados os contornos epistemológicos da área disciplinar e de duas subáreas às quais esta tese se filia: a historiografia da linguística (cf. Altman, 2012; Koerner, 2014c, 2014d; Swiggers, 2004, 2019; Vieira, 2024), a historiografia da gramaticografia (cf. Gomez Asencio; Montoro del Arco; Swiggers, 2014; Mesquita; Vieira, 2025; Swiggers, 2012, 2020) e a historiografia da terminografia (cf. Swiggers, 2009b, 2010). Nesse âmbito disciplinar, são assumidos como princípios teóricos: a questão da metalinguagem (cf. Altman, 2020; Koerner, 2014f); a questão da influência (cf. Cavaliere, 2020; Koerner, 2014e); a noção de retórica (cf. Murray, 1994); a concepção de gramática tradicional como tradição de pesquisa (cf. Vieira, 2020b); as linhagens gramaticográficas (cf. Faraco; Vieira, 2021; Vieira; Faraco, 2025); o conceito de gramatização (cf. Auroux, 2014); e os modelos de análise gramaticográfica e de calibragem das línguas (cf. Swiggers, 2012, 2021). Atendendo aos objetivos específicos da investigação, cinco categorias analíticas orientaram as análises das fontes: filiação retórica; formulação conceitual; estrutura normativa; metalinguagem gramatical; e modelização didática. Os resultados da pesquisa atestam que as dimensões sintático-semântica e prosódica da vírgula coocorrem, sem que uma suplante a outra, ao longo de seu processo de normatização na gramaticografia quinhentista portuguesa. Durante o século 16, o referido sinal simultaneamente institui pausas de curta duração e evidencia as fronteiras de unidades de sentido incompleto no interior de uma estrutura frástica cujos parâmetros de segmentação e hierarquização interna remontam à retórica clássica. Enquanto o critério pausal pouco se modifica de Barros (1540) a Leão (1576), o delineamento sintático-semântico dos segmentos linguísticos sobre os quais incide o emprego da vírgula passa, ao final do período investigado, a ser operacionalizado de maneira a conformar o aparato categorial e conceitual da retórica clássica ao modelo de descrição gramatical que, centrado nos casos latinos, concebe a sintaxe como combinação das partes do discurso. Foi possível, portanto, constatar que o processo de normatização da vírgula no século que inaugura o seu desenvolvimento no contexto lusófono foi impulsionado por mudanças na forma como as unidades internas à estrutura frástica delimitadas por esse sinal gráfico são descritas. A tese aponta, desse modo, para a pertinência de se integrar a história da vírgula à história da sintaxe, sem negligenciar sua interface com a prosódia.
MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - CARLOS ALBERTO FARACO
Externo ao Programa - 2528835 - FERNANDA ROSARIO DE MELLO
Presidente - 2349477 - FRANCISCO EDUARDO VIEIRA DA SILVA
Interno - 1786143 - MARGARETE VON MUHLEN POLL
Interno - 1653821 - RUBENS MARQUES DE LUCENA