PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA (PROLING)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
- Telefone/Ramal
-
32167745
Notícias
Banca de DEFESA: PHELIPPE MESSIAS DE OLIVEIRA MOREIRA
Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: PHELIPPE MESSIAS DE OLIVEIRA MOREIRA
DATA: 26/09/2025
HORA: 09:00
LOCAL: Multimídia C - CCHLA
TÍTULO: O ENSINO DE CONCORDÂNCIA VERBAL ALÉM DAS REGRAS DA GRAMÁTICA NORMATIVA: O USO DE VERBOS E LOCUÇÕES VERBAIS COMO ESPAÇOS MENTAIS EM TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
PALAVRAS-CHAVES: Concordância verbal; Linguística Cognitiva; Espaços Mentais; Ensino de Gramática
PÁGINAS: 137
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO: Este estudo examina o ensino de concordância verbal (CV) no Ensino Médio, focando nas
limitações impostas pela ênfase na norma-padrão da língua portuguesa. O ensino tradicional da
CV, centrado na correção formal e na memorização de regras, desconsidera a multiplicidade de
contextos comunicativos e ignora processos linguísticos e cognitivos que emergem
naturalmente nas interações discursivas. Esta pesquisa busca explorar como a Linguística
Cognitiva (LC), em especial a teoria dos Espaços Mentais (EM) proposta por Fauconnier
(1994), oferece uma compreensão mais profunda e flexível das variações de CV em textos
dissertativo-argumentativos. A hipótese central é que muitas das construções que divergem da
norma-padrão não são erros gramaticais, mas indicam estratégias cognitivas mais complexas,
ligadas à gestão de informações contextuais e discursivas. O corpus da pesquisa é composto
por redações de alunos do 3º ano do Ensino Médio de uma escola privada em João Pessoa, na
Paraíba. A análise identificou que em aproximadamente 53% dos casos em que a CV padrão
não foi seguida ocorre em construções em que o sujeito está posposto ao verbo. Nessas
situações, o verbo geralmente aparece no singular, enquanto o sujeito é um substantivo plural.
Tal estrutura é interpretada como uma abertura de EM, em que o verbo no singular estabelece
uma cena genérica, preparando a introdução do sujeito, que recebe maior destaque e
especificidade no enunciado. Esse padrão revela a criação de EMs que organizam a informação
de modo a facilitar a construção argumentativa do texto. A análise dos dados demonstra que as
variações de CV, longe de serem desvios da norma, apontam a capacidade dos alunos de
gerenciar contextos comunicativos e de adaptar suas escolhas linguísticas a demandas
cognitivas e discursivas específicas. O estudo, baseado em teorias como as de Lakoff e Johnson
(1980), Fauconnier (1994), Fauconnier e Turner (2002), e Langacker (1980, 1987), propõe que
o ensino de gramática deveria incorporar uma visão mais dinâmica e discursiva da CV. Ao se
restringir à memorização de regras e à correção formal, o ensino atual limita o desenvolvimento
de competências comunicativas mais amplas, como a adaptação de registros linguísticos ao
contexto e a criatividade no uso da língua. Sob essa ótica, os desvios em relação à norma-padrão
não devem ser vistos como erros, mas como estratégias discursivas que revelam a interação
entre cognição e linguagem. A pesquisa aponta para a necessidade de um repensar no ensino de
gramática, sugerindo que a CV seja abordada como um fenômeno discursivo e cognitivo, em
vez de apenas normativo. Além disso, o estudo propõe explorar como a variação na CV pode
ser usada para incentivar a reflexão crítica sobre o uso da língua e suas implicações sociais. Isso
inclui a compreensão da gramática não apenas como imposição normativa, mas como
decorrente de relações de poder e controle social, conforme discutido por autores como Bagno
(2007, 2011) e Mendonça (2004). A análise dos casos de CV sugere que o ensino de gramática
precisa adotar uma abordagem mais abrangente e integradora, que reconheça a língua como um
fenômeno dinâmico, moldado por interações entre cognição, contexto e discurso.
MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1701396 - TIAGO DE AGUIAR RODRIGUES
Interno - 2295131 - JAN EDSON RODRIGUES LEITE
Externo à Instituição - RODRIGO ALBUQUERQUE PEREIRA